Geopolítica é um ramo da ciência que aborda a relação entre a geografia, acontecimentos históricos e políticos, com o objetivo de interpretar fenômenos globais.
O campo geopolítico e o da geografia política têm relação direta, mas apresentam abordagens distintas. Enquanto a segunda tem uma análise voltada para a relação dos Estados com seu próprio território, mais administrativa, a primeira traz estudos mais amplos.
Isso porque o estudo geopolítico vai além do território próprio de um país e avalia a relação de poder entre diferentes Estados, considerando disputas internacionais, com base nas vias militares e na diplomacia.
Confira meu artigo. Link: https://diariodeumjoranlista.b
Confira meu artigo. Link: https://diariodeumjoranlista.b
Confira meu artigo,Link: https://diariodeumjoranlista.b
Centro-esquerda é uma posição política que se situa entre o centro e a esquerda no espectro ideológico. Representa uma abordagem que busca a justiça social dentro de um sistema estabelecido, com foco em políticas que combinam elementos do centro e da esquerda, como a social-democracia e o progressismo.
Características:
Combinação de Ideias:
A centro-esquerda geralmente adota políticas que promovem a igualdade social e a justiça, mas sem rejeitar completamente o sistema capitalista ou a economia de mercado.
Ênfase na Justiça Social:
O foco principal é a redução das desigualdades sociais e econômicas, buscando garantir direitos básicos e oportunidades para todos.
Intervenção Estatal Moderada:
A centro-esquerda pode defender a intervenção do Estado na economia, mas geralmente de forma moderada, com o objetivo de corrigir falhas de mercado e proteger os mais vulneráveis.
Aceitação do Mercado:
Diferente da extrema-esquerda, a centro-esquerda geralmente aceita o papel do mercado na alocação de recursos, embora possa defender a regulação e a fiscalização para garantir um funcionamento mais justo.
Exemplos de políticas de centro-esquerda:
Social-democracia:
Busca um equilíbrio entre o capitalismo e o bem-estar social, com políticas como programas de proteção social, sistemas de saúde universais e educação pública de qualidade.
Progressismo:
Promove reformas sociais e políticas que buscam avançar em direção a uma sociedade mais igualitária e justa, com foco em temas como direitos civis, igualdade de gênero e combate à discriminação.
Políticas ambientais:
Busca soluções para os desafios ambientais, como a redução da emissão de gases de efeito estufa e a proteção da biodiversidade, muitas vezes combinando medidas de mercado com regulamentação.
Exemplos de partidos de centro-esquerda:
No Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT) é frequentemente classificado como um partido de centro-esquerda à esquerda, embora em algumas fases tenha adotado políticas mais à esquerda.
Em outros países, partidos social-democratas e progressistas em geral se enquadram na categoria de centro-esquerda.
A esquerda acredita em uma educação que foque no contexto em que os alunos vivem. A esquerda acredita em uma educação voltada para a cidadania e os valores. O conservadorismo também foca em uma educação voltada para cidadania e valores. Mais nos valores antigos das familias tradicionais.
A esquerda prega o investimento na educação pública .
A esquerda prega a igualdade social. Uma intervenção do Estado na economia e maior regulação dos mercados financeiros. A esquerda tem uma maior preocupação com o desemprego. Uma esquerda mais moderna. Tem facilidade em garantir a facilidade para fazer negócios. Como vimos na América do Sul e nos países escandinavos.
A esquerda aceita déficits fiscais na contas públicas. Focando nos investimentos em Saúde, Educação , Moradia e Seguridade Social.
A esquerda acredita em uma saúde universal e gratuita para todos. Como o SUS.
Progressismo é uma corrente de pensamento político e social que defende a ideia de progresso e mudança social como meios para melhorar a condição humana. Geralmente, associa-se a ideologias de esquerda, com foco em temas como igualdade, direitos humanos e justiça social. No entanto, o termo também pode ser usado para descrever partidos políticos e movimentos que buscam modernizar estruturas e instituições.
O progressismo é baseado na ideia de que as sociedades podem e devem progredir através da razão, da ciência e da aplicação de princípios morais e éticos
O conceito de progresso tem raízes no Iluminismo europeu, que acreditava no poder da razão e da ciência para transformar a sociedade.
O progressismo frequentemente se relaciona com questões como direitos das minorias, igualdade de gênero, proteção ambiental e justiça social.
Embora frequentemente associado à esquerda, o progressismo também pode ser encontrado em outras áreas do espectro político, com diferentes partidos e movimentos adotando bandeiras progressistas em suas plataformas.
No Brasil, o progressismo tem raízes em movimentos sociais e intelectuais que buscavam modernizar o país e combater desigualdades. O Partido Progressistas (PP), por exemplo, é um partido político de centro-direita que passou por diversas mudanças ao longo da história, tendo inclusive apoiado diversos ex-presidentes.
Enquanto o progressismo tende a enfatizar a mudança e a busca por soluções inovadoras, o conservadorismo costuma valorizar a tradição e a manutenção das estruturas existentes.
O debate entre progressistas e conservadores é comum em diversos países, inclusive no Brasil, e envolve questões como direitos civis, política econômica e questões sociais.
Assim como outras correntes de pensamento, o progressismo evoluiu ao longo do tempo, com diferentes abordagens e prioridades em diferentes contextos históricos e geográficos. Segundo o Socióçgo, Mestre e Doutor Cesar Portantiolo Maia, no Quarto Periodo da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcantara Machado (FIAAM FAAM).
O populismo, enquanto conceito, refere-se a um conjunto de práticas políticas que apelam diretamente ao "povo", geralmente em contraposição a uma "elite" ou "sistema". É uma forma de vida política democrática que se fundamenta no engajamento dos setores sociais populares, podendo ser visto tanto como uma força positiva como um perigo para a democracia.
Apelo ao "povo" vs. "elites":
O populismo caracteriza-se por um discurso que divide a sociedade em dois grupos antagônicos: o "povo", geralmente representado como o "real", e as "elites", consideradas como corruptas ou distantes da realidade.
Um líder populista tende a ser carismático e a comunicar-se diretamente com o "povo", frequentemente utilizando um tom emotivo e simplista.
O populismo é um conceito polêmico e com diferentes interpretações. Pode ser entendido como uma forma de democracia participativa, como uma ameaça à estabilidade política ou como um simples estilo retórico.
O populismo pode manifestar-se tanto na direita quanto na esquerda, com cada vertente utilizando diferentes argumentos e visões de mundo.
O populismo tem uma longa história, desde o século XIX, e tem sido observado em diversas culturas e contextos políticos.
Algumas críticas ao populismo incluem o risco de polarização, a desvalorização do conhecimento técnico e a potencial ameaça à democracia.
É importante analisar o populismo com cautela, evitando simplificações e considerando as diferentes facetas do fenômeno.
Populismo de Esquerda:
Tendem a atacar o neoliberalismo e o capitalismo, defendendo políticas de justiça social e igualdade.
Enfatiza o combate a estruturas socioeconômicas que prejudicam o povo comum e a necessidade de políticas redistributivas.
Hugo Chávez na Venezuela, movimentos de esquerda radical com forte discurso anticapitalista.
Populismo de Direita:
Defendem valores tradicionais e a identidade nacional, muitas vezes em oposição ao progressismo e ao multiculturalismo.
Enfatiza a necessidade de defender a cultura e os valores nacionais contra o que consideram ameaças externas ou internos, como a imigração ou a agenda progressista.
Movimentos nacionalistas, partidos que defendem a volta à soberania nacional e a proteção de seus valores.
Inimigo do povo:
Populistas de esquerda tendem a identificar o inimigo como estruturas socioeconômicas, enquanto os populistas de direita definem o inimigo como "outras" pessoas (imigrantes, refugiados, etc.).
Ambos utilizam a comunicação com as massas para alcançar seus objetivos políticos, muitas vezes utilizando meios de comunicação alternativos para contornar a mídia tradicional.
Ambos compartilham a ideia de um "povo" puro e homogêneo, que se opõe a uma "elite" corrupta, e a necessidade de um líder carismático que possa representar esse povo.
Relação com a democracia:
Embora ambos possam surgir de forma democrática, a relação com a democracia liberal pode variar. O populismo de esquerda é frequentemente associado a discursos inclusivos e/ou emancipatórios, enquanto o de direita pode legitimar discursos de exclusão. Segundo e Sociólogo, Mestre e Doutor Cesar Portatiolo Maia. No Quarto Período da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social. Pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAAM FAAM).
Confira abaixo a dissertação da autora , Priscila de Morais
A POBREZA NO CONTEXTO DA SOCIABILIDADE CAPITALISTA
RUFINO, Priscila de Morais1
RESUMO:
Esse trabalho faz uma síntese da abordagem marxiana e
liberal sobre a pobreza. A primeira, no sentido de nos
aproximar da apreensão da problemática geradora da
pobreza no contexto da sociedade capitalista, através de
um estudo de base teórica crítica, considerando as
transições históricas e sua materialidade na sociabilidade
vigente. A segunda perspectiva, no sentido de apreender
como esta sociedade compreende e reproduz a ideologia
da pobreza como algo alheio, que sempre existiu e
sempre continuará a existir, como uma condição natural e
a-histórica.
Palavras chaves: Pobreza; perspectiva marxiana;
perspectiva liberal.
INTRODUÇÃO
Este texto tem como objetivo tecer algumas considerações sobre a pobreza,
enquanto expressão da questão social, fazendo um breve levantamento sobre seu
fundamento histórico e suas dimensões, articulado-as com os princípios da
sociabilidade capitalista, sob o olhar da direção teórica marxiana que procura explicar
a pobreza em sua gênese.
O presente trabalho também faz uma analise da direção teórica
liberal/neoliberal, que se encontram sustentadas por um aparato de leis e direitos que
as legitimam, por meio do Estado, enquanto estrutura fundamental para o
“gerenciamento” das relações sociais no modelo de sociabilidade capitalista. Ainda
nesse trabalho iremos examinar alguns dados relevantes, referentes à pobreza, postos
por instituições de grande relevância política, ideológica, econômica e social como o
Opera Mundi, ONU e Banco Mundial.
A realização desse estudo se deu através de pesquisa de caráter bibliográfica e
empírica. A exposição do trabalho está estruturada em três itens. Para discussão
1 Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Alagoas. Mestranda em Serviço Social pela
Universidade Federal de Alagoas.
inicial, referente à pobreza segundo a perspectiva Marxiana, recorremos às obras de
Marx (2010), Netto (2006), Lessa e Tonet (2011), Montaño (2012) e Pimentel (2012).
No tocante à pobreza segundo o pensamento liberal/neoliberal, fez-se uso dos
estudos de Behring e Boschetti (2011) e Siqueira (2013). No terceiro e ultimo item
tratamos sobre dados recentes sobre a pobreza, por meio de uma análise de um
recorte dessa realidade.
I.
A POBREZA SEGUNDO A PERSPECTIVA MARXIANA
A pobreza é um fenômeno que permeia a sociedade antes do seu fundamento
como sociedade de classes. Sendo assim, a pobreza não é fruto apenas da sociedade
capitalista, esta passa a existir a partir das primeiras formas de exploração do homem
pelo homem, no processo de transição da sociedade primitiva para as sociedades de
classe. Como nos mostra Lessa e Tonet:
Com o aparecimento da agricultura e pecuária, os homens puderam, pela
primeira vez, produzir mais do que necessitavam para sobreviver, ou seja,
surgiu um excedente da produção.
A existência desse excedente tornou economicamente possível a exploração
do homem pelo homem. [...] Com o surgimento da exploração do homem pelo
homem, pela primeira vez as contradições sociais se tornaram antagônicas,
isto é, impossíveis de serem conciliadas. (LESSA. TONET, 2011, p. 53).
Nas sociedades pré-capitalistas a pobreza era resultado da escassez de
produção e não haviam forças produtivas suficientemente desenvolvidas para produzir
os bens necessários de forma excedente. Tudo o que se produzia era o essencial para
atender às necessidades coletivas. Assim: “Nas sociedades primitivas, os indivíduos,
por mais que divergissem, tinham no fundo o mesmo interesse: garantir a
sobrevivência de si e do bando ao qual pertenciam.” (LESSA. TONET, 2011, p. 53).
Assim, como coloca Montaño:
Em sociedades pré-capitalistas a pobreza é o resultado (para além da
desigualdade na distribuição da riqueza) do insuficiente desenvolvimento da
produção de bens de consumo, ou seja, da escassez de produtos.
(MONTAÑO, 2012, p. 279).
É no modo de produção capitalista que esse fenômeno apresenta uma
“qualidade nova” (PIMENTEL, 2012, p. 154), qual seja, a pauperização da classe
trabalhadora, como um fenômeno recorrente do processo de industrialização que teve
origem na Inglaterra, no final do século XVIII.
Na percepção dos “observadores da época, independente da sua posição
ideopolítica”, ficou claro que essa pobreza que surgia no interior da dinâmica
capitalista e seus desdobramentos se tratava de um fenômeno novo, nunca
visto na história, gerando uma inquietação muito grande entre eles.
(PIMENTEL, 2012, p. 15).
Desse modo, continua a autora:
[...] O surgimento de amplas camadas populacionais relegadas à esfera da
pobreza na sequência do processo de industrialização inquietava pensadores e
ativistas políticos, que requisitavam soluções para os problemas daí
decorrentes. Surgem, então, muitos questionamentos em torno de qual a
resposta mais adequada para o seu enfrentamento. (PIMENTEL, 2012, p. 15).
É a partir do advento do modo de produção capitalista que ocorre o
desenvolvimento das forças produtivas, comandada pelo sistema do capital, agora na
esfera da produção. A relação capital e trabalho nessa sociabilidade, ou seja, a
exploração da classe trabalhadora pelo capitalista em seu processo de extração da
mais- valia, dá origem a um tipo de pobreza nunca visto anteriormente. É nesse
contexto que a pobreza se agrava e ganha maiores proporções. Portanto,
No modo de produção capitalista a pobreza (pauperização absoluta ou
relativa) é o resultado da acumulação privada do capital, mediante a
exploração (da mais-valia), na relação entre capital e trabalho, entre os donos
dos meios de produção e os donos de mera força de trabalho, exploradores e
explorados, produtores diretos da riqueza e usurpadores do trabalho alheio.
(MARX apud MONTAÑO, 2012, p. 279).
Contrariamente às sociedades pré-capitalistas, no modo de produção
capitalista não são as precárias condições de desenvolvimento das forças produtivas
que gestam a pobreza de amplos setores sociais, mas o próprio desenvolvimento e
acumulação privada da riqueza que gera a desigualdade e a pobreza. Na lógica desse
sistema, quanto mais se desenvolve as forças produtivas, maior será a acumulação
ampliada de capital e consequentemente, maior será a pobreza.
A ordem socialmente determinada parece estabelecer ideologicamente a
pobreza como um fenômeno essencialmente ligado apenas a carência monetária,
fenômeno esse que deve ser “combatido” através da intensificação do uso de
mecanismos estatais, a exemplo dos programas de transferência de renda. Ao passo
em que o Estado “combate” a pobreza, ele a mantém, segundo Iamamoto e Carvalho
(1996, p. 104), um dos resultados que se obtêm, através de muitos desses serviços
sociais “é a institucionalização, pelo Estado, da pobreza, transformando o que era um
“problema social” em uma questão sob controle”, pois este precisa conservar a lógica
de funcionamento da ordem social vigente, onde se encontra o fundamento da
pobreza, enquanto expressão primeira da questão social2.
Quando o Estado admite a existência de problemas sociais ele os procura ou
em leis da natureza, que nenhuma força humana pode comandar, ou na vida
privada, que é independente dele, ou na ineficiência da administração que
depende dele. (MARX, 2010, p. 23).
As políticas sociais representam o Estado no gerenciamento da pobreza, sem
tomar medidas estruturais, mas apenas mantê-la em “níveis amenos”, desenvolvendo
programas focalizados e emergenciais. “Como não pode atinar com as causas
fundamentais desses males, só resta ao Estado tomar medidas paliativas. Em resumo,
o Estado, é insuperavelmente impotente face aos problemas sociais.” (MARX, 2010, p.
23).
A pobreza é um produto necessário ao capitalismo, que acumula riqueza ao
mesmo passo que produz e reproduz a pobreza. Segundo Netto (2006, pág 142):
“desenvolvimento capitalista é, necessariamente e irredutivelmente, produção
exponenciada de riqueza e produção reiterada da pobreza”. A riqueza produzida na
sociedade do capital não gera sua distribuição, mas sua acumulação nas mãos de
poucos que se apropriam desta, mediante a exploração dos que não a possuem. Por
isso, para Netto (2006), é falsa a tese segundo a qual o crescimento econômico é a
única condição necessária para enfrentar, combater e reduzir o pauperismo que
decorre da acumulação capitalista.
II.
A SEGUNDO A PERSPECTIVA LIBERAL/NEOLIBERAL
A pobreza segundo o pensamento liberal de Adam Smith é entendida por meio
do atraso econômico. Logo, este seria um problema indiretamente passível de se
eliminar, levando em consideração o seguinte pensamento: “É o crescimento da
produção de todos os setores econômicos, decorrente da divisão do trabalho, que
2 No entendimento de Pimentel, “a questão social é constituída por três dimensões essenciais
que se articulam entre si. São elas: 1. Suas raízes materiais e seu fundamento teórico, contidos
na Lei Geral da Acumulação Capitalista; 2. Sua dimensão política, que diz respeito à
organização e a luta dos trabalhadores; 3. A intervenção do Estado, que depende da fase do
desenvolvimento capitalista que este experimenta.” (2013, p. 2).
Ainda sobre a questão social, Braz e Netto (2012, p. 152), pontuam que o surgimento da
questão social se deu na terceira década do século XIX, no processo de desenvolvimento
urbano-industrial do capitalismo, quando este começava a consolidar as bases de sua
acumulação.
produz numa sociedade bem governada, essa opulência universal, que se estendem
as camadas inferiores da população.” (SMITH apud SIQUEIRA, 2013, p.47).
Smith presumia que o progresso econômico de um capitalismo dinâmico com
livre concorrência promoveria a eliminação da pobreza com a geração de empregos e
renda, assim o padrão de vida dos trabalhadores subiria com o aumento progressivo
das taxas salariais e da produtividade do trabalho. A riqueza e a pobreza na fase do
liberalismo clássico, conforme a percepção de Adam Smith, remetem a uma questão
de liberdade ou escolha. Nesse sentido, compete ao indivíduo, por meio de suas
capacidades e esforços restritos, os bons ou os maus resultados referentes à sua
ascensão econômica e social. “Trata-se de uma sociedade fundada no mérito de cada
um em potenciar suas capacidades supostamente naturais.” (BEHRING. BOSCHETTI,
2011, p. 60).
A pobreza no liberalismo democrata de Keynes, se caracteriza pela
incapacidade para o consumo, levando a uma queda da demanda efetiva do mercado
que, por sua vez, é resultante de escolhas individuais. Diferente do liberalismo clássico
de Smith que culpabiliza o indivíduo por sua condição de pobreza, o liberalismo de
Keynes parece responsabilizar o sistema pelo enfrentamento da pobreza. Tudo leva a
crer que seu interesse era a reprodução do sistema capitalista, com uma proposta de
Estado que alterou a leitura liberal clássica, um Estado que ocupa o papel de
reestabelecer o equilíbrio econômico, estimulando a própria economia, de modo a se
tornar um Estado intervencionista.
Keynes não apresenta, assim, uma teoria sobre o Estado, mas uma proposta
sobre o papel do Estado para “salvar o capitalismo” de suas deficiências
naturais. Ele concebe o Estado como um instrumento a serviço da economia,
do equilíbrio econômico entre oferta e demanda, da superação da crise. Para
ele, quando a demanda efetiva é elevada, assiste-se a um boom e à inflação;
porém, quando ela é reduzida, há a recessão e a deflação (redução dos preços).
Portanto, em contexto de baixa demanda (como num período de uma crise), o
objetivo do Estado é estimular a produção e a demanda efetiva (o gasto público
e o consumo), suprindo o déficit de investimento privado com a ampliação do
investimento público e promovendo a demanda efetiva com o estímulo ao
“pleno emprego”. (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 56).
A pobreza e a miséria, a partir da concepção keynesiana, passam a ser vistas
como um problema decorrente da ação do mercado, um descompasso na relação
oferta e demanda de bens e serviços. Para enfrentar esse problema de distribuição,
segundo o pensamento de Keynes, o Estado deveria passar a intervir no sentido de
criar condições para a produção e o consumo, incentivando a contenção do
desemprego ou a transferência de renda que seria feita via políticas sociais e
seguridade social. Promoveu-se o casamento que duraria trinta anos, entre o Estado
de Bem Estar Social e o modelo econômico vigente, os quais organizariam parte da
produção e a redistribuição mediante políticas sociais e econômicas.
Hayek inaugura uma nova interpretação nesse campo de estudo, sendo a sua
contribuição conhecida como neoliberalismo. Conforme o seu pensamento, a pobreza
é fundamentada nos princípios liberais, logo, torna a ser vista como questão de
responsabilidade individual, sendo a desigualdade necessária, pois serve para
impulsionar o desenvolvimento. Hayek classifica o pobre como o sujeito que fracassa
na livre concorrência do mercado.
O que fazer com os pobres? Hayek dirá: “existem perdedores; eles são pobres porque
são perdedores e é claro que o Estado não pode ser insensível a isso”. O que dizer
então das bolsas? Dar bolsas... Bolsas e não direito social organizado em torno do
trabalho. Bolsa para aliviar o sofrimento, para aliviar a pobreza. [...] Assim eles
classificam: “aqui nós temos a faixa dos extremamente pobres... estes ganham a bolsa
X”. Vocês sabem do que eu estou falando. Bolsa assistência e não mais seguridade
social. É dessa forma que são estruturadas as políticas dos anos 1980 e 1990 em
diante. (SIQUEIRA, 2013, p. 78 e 79).
A apreensão da pobreza, nesse contexto, supõe a manutenção de uma
intervenção mínima do Estado na área social, com ações focalizadas e precárias, com
programas de combate à miséria e à fome, financiados em parte, pela sociedade civil
e pela classe trabalhadora através de rendas obtidas a partir das reformas
previdenciárias, tributos fiscais e arrocho salarial.
O pensamento neoliberal concebe a pobreza mais uma vez como um problema
individual-pessoal, devolvendo à filantropia, a responsabilidade pela intervenção social
à própria sociedade civil, ao terceiro setor, reforçando a autoajuda, a solidariedade, a
filantropia e o benefício, substituindo o direito constitucional dos indivíduos enquanto
cidadãos, impedindo-os de obter uma resposta do Estado.
A estratégia neoliberal orienta-se numa tripla ação. Por um lado a ação estatal, as
políticas sociais do Estado, orientadas para a população mais pobre (cidadão usuário);
ações focalizadas, precarizadas, regionalizadas e passíveis de clientelismo. Por outro
lado, a ação mercantil desenvolvida pela empresa capitalista, dirigida à população
consumidora, com capacidade de compra, tornando os serviços sociais mercadorias
lucrativas. Finalmente, a ação do chamado “terceiro setor”, ou da chamada “sociedade
civil”, orientada para a população não atendida nos casos anteriores, desenvolvendo
uma intervenção filantrópica. (MONTAÑO, 2002, p.186)
A pobreza na perspectiva neoliberal também se vincula à esfera da distribuição
nessa perspectiva, contrariando o pensamento Keynesiano, que concebe a pobreza
como vinculada a um déficit de oferta de bens e serviços, como um problema de
escassez. Para o neoliberalismo, o problema está em uma deficiência da oferta no
mercado, necessitando assim de um processo de desenvolvimento econômico prévio.
Desse modo, o Estado deveria aprimorar sua capacidade de arrecadação para
alcançar tal propósito, em lugar de estimular o consumo, como anteriormente no
modelo adotado pelos monopólios. O Estado, agora deveria estimular o capital a
investir, garantindo e preservando os ganhos, principalmente em contexto de crise
para estabilizar a economia e manter os lucros. Paralelamente a isso, a intervenção
social passa a ser focalizada e precária no âmbito estatal que responsabiliza à ação
voluntária de indivíduos e organizações da sociedade civil por ações que competem
legalmente ao próprio Estado.
III.
DADOS RECENTES SOBRE A POBREZA: Uma análise de um recorte da
realidade
Os indicadores da pobreza são sempre objetos polêmicos, segundo Netto
(2006), pois costumam apresentar resultados muito diversos, servindo como meios de
mistificação política e ideológica. A pobreza e a desigualdade, segundo o autor, estão
intimamente vinculadas: a exploração é constituinte da dinâmica econômica do modo
de produção capitalista. Na atualidade, dados do Opera Mundi revelam que cerca de
2,2 bilhões de pessoas no mundo vivem atualmente, ou se encontram a ponto de
estar, em situação de pobreza, segundo o relatório anual do PNUD3 apresentado
recentemente. A cifra representa mais de um terço da população global.
O Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU, em 2014, dá a entender
que há uma "persistência de vulnerabilidades" que minam a melhora das condições de
vida em nível global, e formula recomendações políticas para conseguir um
desenvolvimento humano sustentável. Ainda de acordo com o documento, cerca de
1,5 bilhão de pessoas sofre de "pobreza multidimensional" em 91 países em
desenvolvimento, ou seja, passam por privações nas áreas de saúde, educação e
padrões básicos de vida. O PNUD atribui essa persistência da pobreza às crises
financeiras, oscilações dos preços da comida, desastres naturais e conflitos violentos
e defende o acesso universal a serviços básicos de proteção social, tanto nos países
ricos como naqueles em vias de desenvolvimento, com objetivo de aumentar a
resistência dos grupos de população mais vulneráveis perante fatores negativos
externos.
3 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Contrariando os dados em nível mundiais acima citados, dados do Banco
Mundial revelam que a pobreza, no Brasil, caiu substancialmente, de 26.7% da
população em 2003 para 12.6% em 2011. A extrema pobreza (pessoas vivendo com
US$ 1,25 por dia) também diminuiu: de 11.2% em 2003 para 5.4% em 2011. Entre
2001 e 2011, a taxa de crescimento da renda dos 40% mais pobres foi de 6.2% ao
ano. Isso permitiu que a desigualdade de renda (medida pelo coeficiente de Gini) 4,
chegasse a 0.519 em 2011. Esse foi o índice mais baixo em 50 anos. Apensar dessas
“conquistas” apontadas pelo Banco Mundial, a desigualdade se mantém em níveis
relativamente altos no país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme a perspectiva marxiana, que orienta esse trabalho, a pobreza jamais
pode ser analisada separadamente da riqueza, por se tratar de uma unidade
contraditória de opostos. Para a tradição marxista, a riqueza é uma categoria
fundamental para a análise da pobreza, pois segundo essa perspectiva, a
concentração da riqueza gera a exploração, o que se constitui elemento fundante da
pobreza.
Segundo Siqueira (2013), para Marx, a pobreza não é apenas um aspecto
marginal ou um problema de ordem natural, trata-se de um elemento central e
fundante da acumulação capitalista. Para entender a pobreza na sociedade
capitalista, segundo essa perspectiva, é necessário conhecer as determinações
impostas historicamente pelas contradições próprias desse modelo de sociedade.
Essas determinações constituem a realidade na qual os sujeitos empobrecidos se
encontram. A pobreza, que se constitui no núcleo da sociedade capitalista, precisa
ser apreendida para além de suas expressões e impactos sociais, geralmente
naturalizados e postos fora de uma totalidade. O entendimento da pobreza deve ir
além de seus conceitos e enfrentamento morais e psicologizantes que, na realidade
tendem a fragmentar, reproduzir e gerenciar o problema, mistificando a sua origem
basilar no contexto dessa sociabilidade.
Entende-se que quanto maior é o crescimento econômico ou acumulação de
capitais, maior será o contingente de trabalhadores e a capacidade produtiva de seu
4 O índice de Gini é comumente utilizado para calcular a desigualdade de distribuição de renda, mas pode
ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à
completa igualdade de renda ou rendimento (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa
desigualdade no qual uma pessoa tem toda a renda, e as demais não têm nada ou muito pouco.
trabalho, logo, é crescente também o exército industrial5 de reserva, que cresce ao
mesmo passo em que se produz e reproduz a riqueza social. Segundo Siqueira
(2013), o entendimento da pobreza implica necessariamente o estudo da acumulação.
Sem considerar os processos que fundam a acumulação não se pode caracterizar
corretamente os fundamentos da pobreza. Assim, os estudos que desconsideram essa
relação (pobreza/acumulação) fazem parte de uma análise apenas descritiva da
pobreza, sem ir aos seus fundamentos.
Por fim, é importante a compreensão de que a pobreza não findará neste
modelo de sociedade, pois é este mesmo modelo que trata de produzir e reproduzir a
pobreza e suas diversas refrações. Não será o enfrentamento da pobreza via políticas
sociais e públicas que acabará com essa expressão primeira da questão social.
Segundo Netto, (2011), a ultrapassagem da pobreza só será possível em condições
em que se suprima a sociedade capitalista.
REFERÊNCIAS
BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: Fundamentos e
História. 9ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social
no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo, Cortez,
1996.
LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução a Filosofia de Marx. 2ª Ed. São Paulo:
Expressão Popular, 2011.
MONTAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, Classe e Movimento Social
. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e a questão social; critica ao padrão emergente
de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002.
5 Entende-se que: “Constitui um exército industrial de reserva, um contingente disponível, que pertence
ao capital de modo tão absoluto como se tivesse sido criado e se mantivesse às suas custas. Oferece-lhe o
material humano, disposto a ser sempre explorado, à medida que o exijam suas necessidades variáveis de
exploração e, além disso, independente dos limites que o aumento real da população lhe possa opor.”
(MARX apud IAMAMOTO; CARVALHO, 1996, p. 60)
Pobreza, “questão social” e seu enfrentamento. IN: Revista
Serviço Social & Sociedade (110). São Paulo: Cotez, 2012.
MARX, Karl. Glosas Criticas Marginais ao Artigo “O rei da Prússia e a reforma
social” de um prussiano. Trad.: Ivo Tonet. São Paulo: Expressão popular, 2010.
NETTO, José Paulo. Desigualdade, Pobreza e Serviço Social. IN: Revista da
Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (19). Rio de
Janeiro: revista em Pauta, 2007.
__________________. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 8ª Ed. São
Paulo: Cortez, 2011.
PIMENTEL, Edlene. Uma “Nova Questão Social”? Raízes materiais e humano
sociais do pauperismo de ontem e de hoje. 2ª Ed. São Paulo: Instituto Luckács, 2012.
SIQUEIRA, Luana. Pobreza e Serviço Social: diferentes concepções e compromissos
políticos. 1ª Ed. São Paulo: Cortez, 2013.
Endereços eletrônicos:
Brasil: aspectos gerais.
Disponível em: http://www.worldbank.org/pt/country/brazil/overview
Relatório da ONU aponta que 2,2 bilhões de pessoas vivem em situação de
pobreza no mundo. Redação. São Paulo - 24/07/2014. Disponível em:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/37154/relatorio+da+onu+aponta+que+
22+bilhoes+de+pessoas+vivem+em+situacao+de+pobreza+no+mundo.shtm A dissertação da autora Priscila de Morais.
A riqueza de alguns donos de capital no Brasil muitas vezes se construiu sobre a miséria e desigualdade social, através de processos como a exploração da força de trabalho, a concentração de renda e a falta de políticas públicas eficazes. A concentração de renda entre os mais ricos, enquanto a maioria da população enfrenta dificuldades, é um problema estrutural do capitalismo no país.
Exploração da força de trabalho: No sistema capitalista, a acumulação de capital se dá pela exploração da mão de obra, onde os trabalhadores recebem menos do que o valor que produzem (mais-valia). Essa exploração, combinada com a falta de oportunidades e acesso a direitos básicos, contribui para a manutenção da pobreza e da miséria.
Concentração de renda: A desigualdade de renda no Brasil é notória, com uma parcela mínima da população concentrando grande parte da riqueza do país. Essa concentração se acentua com a isenção de impostos sobre dividendos e a falta de correção da tabela do Imposto de Renda, enquanto os salários são mais tributados.
Falta de políticas públicas: A ausência ou insuficiência de políticas públicas eficazes de combate à pobreza, como acesso à educação, saúde e moradia, também contribui para a manutenção da miséria. O não reconhecimento da propriedade informal, como moradias e pequenos negócios, impede que as pessoas utilizem esses ativos para gerar renda e sair da pobreza.
Outros fatores: Além desses pontos, a concentração fundiária, o êxodo rural, a informalidade no mercado de trabalho e a falta de investimento em educação também desempenham um papel importante na perpetuação da desigualdade e da pobreza no Brasil.
É importante ressaltar que a pobreza não é um fenômeno natural, mas sim resultado de escolhas políticas e econômicas que privilegiam a acumulação de capital em detrimento do bem-estar social.
Confira a noticia na Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/
E assim caminha a humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário