segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O eleitorado feminino neste momento.

 Todas as pesquisas eleitorais apontam que o índice de rejeição a Jair Bolsonaro é expressivamente maior entre mulheres do que entre homens. À primeira vista, o dado pode suscitar uma conclusão óbvia e, por isso mesmo, incompleta. Seria uma resposta a um presidente que não perde a chance de proferir piadas machistas ou reproduzir discursos misóginos. Essa atitude de Bolsonaro, no entanto, precede a vitória que o presidente obteve no pleito de 2018 – e, se essa visão fosse majoritária, ele jamais teria se sagrado vencedor da disputa em um país em que as mulheres são maioria.

Poucos são os que exploram com profundidade as razões por trás dessa avaliação tão negativa. Um deles foi o cientista político Felipe Nunes, diretor do instituto de pesquisas Quaest. Em entrevista à jornalista Thaís Oyama, do UOL, ele sugeriu que a resposta pode estar no papel central que as mulheres têm no gerenciamento doméstico e na relevância que o eleitorado feminino dá a políticas públicas.

Pagar contas, fazer compras e administrar um lar não é uma atribuição exclusiva das mulheres, mas é inegável que a divisão de tarefas entre a maioria dos casais não é equilibrada, algo que transcende a questão da renda. Portanto, é sobre as mulheres, sobretudo as mães, que recai a responsabilidade de lidar com um orçamento doméstico apertado ante a alta dos preços, de administrar a escassez quando o desemprego afeta a família e de recorrer a serviços públicos de qualidade duvidosa para cuidar da saúde e da educação dos filhos.

É certo que isso ajuda a explicar o fracasso das tentativas de aproximação que Bolsonaro faz com esse público. Há poucos dias, num almoço com cerca de 50 empresárias em São Paulo, o presidente disse que em seu governo as mulheres “praticamente conseguiram quase tudo que queriam”. Diante de um público previamente selecionado composto por simpatizantes, Bolsonaro foi aplaudido, mas certamente não seria se ali estivessem algumas das inúmeras mulheres anônimas que têm escassa ajuda para enfrentar o desafio de cuidar da família num cenário de carestia e de serviços públicos precários.

É incerto que essas eleitoras rejeitem Bolsonaro porque o presidente faz declarações consideradas ofensivas às mulheres; afinal, Bolsonaro venceu a eleição de 2018 com expressiva votação feminina, inclusive entre as mais pobres, mesmo demonstrando pouco respeito pelas mulheres. O mais provável é que a robusta rejeição feminina a Bolsonaro no momento seja resultado de seu desgoverno, que prejudicou diretamente a vida de mulheres responsáveis pelo bem-estar familiar num ambiente de privação. 

Bolsonaro, hoje, não tem como vender às mulheres o sonho de um futuro melhor, como faz o petista Lula da Silva, porque foi incapaz de resolver as questões do presente. Nesse sentido, é irrelevante fazer um inventário das leis e políticas públicas aprovadas pelo presidente, como fez a primeira-dama Michelle Bolsonaro no lançamento da candidatura do marido, a título de provar a preocupação dele com as mulheres. Pouco importa se foram 46 iniciativas, como apontou uma reportagem do Estadão, ou 70, como disse a primeira-dama. Nenhuma delas teve impacto significativo na vida das mulheres.

Para piorar, Bolsonaro estragou o que de fato tinha relevância para as mulheres pobres: o programa de transferência forçada de renda. Ao desejar ardentemente capturar para si o maior ativo eleitoral do PT, o Bolsa Família, o presidente destruiu o espírito do programa, que era o foco em quem mais precisava do dinheiro. Agora, o programa bolsonarista, chamado de Auxílio Brasil, em vez de priorizar as mães que são chefes de família e que têm mais filhos pequenos, paga o mesmo valor a todos, inclusive homens que vivem sozinhos. Além disso, em vez de aumentar o benefício pago a mulheres pobres que chefiam famílias, ele optou por privilegiar categorias em que a presença feminina é absolutamente minoritária, como caminhoneiros e taxistas.

Bolsonaro está coberto de razão quando afirma que as eleitoras estão à procura de um presidente, não de um casamento. Ser presidente requer governar. Mais que uma questão ideológica ou mera antipatia, a rejeição feminina expressa a disfuncionalidade de seu governo e seu fracasso como presidente. Esta é a coluna do Jornal Estado de São Paulo.





Á você que está me lendo eu digo : As mulheres conquistaram o direito de votar em 24 de Fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076, do então presidente Getúlio Vargas, que instituiu o código eleitoral.
A década de 1920 assitiu a diversos movimentos da ordem vigente. Em 1922, houve acontecimentos que colocavam em cheque a Republica Velha, entre eles a Semana da Arte Moderna, o Movimento Tenetista e Fundação do Partido Comunista do Brasil .
Neste contexto, ganhou força o Movimento Feminista, tendo na liderança a professora Maria Lacerda de Moura e bióloga Bertha Lutz, que fundaram a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher , que era um grupo de estudo que tinha por objetivo a igualdade plena de direitos entre homens e mulheres.
Posteriormente, Maria Bertha Lutz, criou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que foi considerada a primeira sociedade feminina  brasileira. Essa organização tinha como objetivos básicos : promover a educação da mulher e elevar o nível de instrução feminina; proteger as mães e a infância : obter garantias legislativas e práticas para o trabalho feminino : auxiliar as boas iniciativas da mulher e orienta-la na escolha de uma profissão ; estimular o espirito de sociabilidade e cooperação entre as mulheres e interessa-las pelas questões sociais e alcance público : assegurar as mulheres os direitos políticos e a preparação das mulheres para o exercício inteligente destes direitos; e também estreitar os laços de amizade com os demais países americanos. Segundo os dados do  site oficial da Câmara dos Deputados. 
Na politica, a polarização se refere a divergências entre ideologias políticas. Essa divergência pode acontecer na população em geral ou dentro de certos grupos e instituições.
Desde a primeira eleição presidencial no Brasil em 1989, a grande maioria do eleitorado brasileiro se divide em dois grupos. O primeiro grupo são os eleitores que votam do centro para a direita. O segundo grupo são os eleitores que votam do centro para a esquerda.
Identificados com a agenda ultra conservadora  do presidente Jair Bolsonaro (PL), boa parte dos homens evangélicos, estão indo do centro para a direita.
Já as mulheres evangélicas, estão dívidas neste dois grupos. Mesmo identificadas com pautas conservadoras, algumas mulheres evangélicas, estão votando neste momento, do centro para a esquerda.
A política genocida do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia do novo corona vírus no Brasil, tem  levado parte do eleitorado feminino do centro para a esquerda. 
Não podemos esquecer das mulheres que perderam algum ente querido durante as fases mais agudas da pandemia no Brasil. Claro que o agravamento da crise econômica, e consequentemente a perda de renda, influencia o eleitorado feminino do centro para a esquerda.
Contudo, o eleitorado feminino, em boa parcela, avalia criticamente os governantes que melhor cuidaram da saúde pública durante a pandemia.
Avaliação esta. Que leva boa parte do eleitorado feminino do centro para a esquerda. Pelo menos neste momento.
A necropolítica implantada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), ao menos neste momento, tem levado boa parte do eleitorado feminino, a se movimentar do centro para a esquerda, ao menos neste atual momento.

E assim caminha a humanidade. 

Imagens : Jornal BBC News Brasil. 






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