terça-feira, 26 de agosto de 2025

Consenso de Washington.

O Pós-Consenso de Washington: globalização, Estado e desenvolvimento 

revisitados* 

Eli Diniz* 

Em relação ao ano de 2002, as eleições presidenciais de 2006 realizam-se num momento 

particularmente favorável a uma revisão de paradigmas para pensar os desafios 

contemporâneos dos países latino-americanos em geral e do Brasil em particular. Mais 

especificamente, as condições externas apresentam-se extremamente favoráveis para a 

retomada de um debate mais profundo e profícuo em torno de estratégias alternativas de 

desenvolvimento, bem como acerca do papel do Estado na condução de um processo de 

crescimento sustentado, acompanhado da sempre tão almejada, mas tão postergada redução 

da concentração da renda no país. E isto é verdadeiro tanto do ponto de vista da conjuntura 

econômica, quanto das condições políticas e intelectuais.  

Consideremos, em primeiro lugar, os aspectos econômicos. Como ressaltam diversos 

analistas e observadores do cenário externo, a partir de 2002 e até pelo menos fins de abril 

de 2006, como não ocorria há várias décadas, a economia internacional vinha se 

comportando de modo excepcionalmente favorável. Tal desempenho traduziu-se pelo vigor 

do comércio internacional, pela expansão continuada das exportações, pela elevação 

crescente dos preços das mercadorias e pelo equilíbrio relativo dos movimentos de capitais. 

Assim, o relatório semestral do FMI, divulgado naquele período, pôs em destaque as 

elevadas taxas de crescimento alcançadas por diferentes regiões do mundo sem aumento 

das pressões inflacionárias1. Em 2005, por exemplo, a economia mundial cresceu 4,8%, 

enquanto os países emergentes e em desenvolvimento cresceram 7,2% (excluindo, segundo 

a classificação adotada pelo FMI, Coréia do Sul, Israel e Cingapura). Em contraste, o Brasil 

teve um crescimento de apenas 2,3%. Entre 1998-2007, segundo o referido relatório (que 

inclui as projeções para 2006 e 2007), a economia mundial registra, em média, a expansão 

de 4,1% ao ano, os países emergentes e em desenvolvimento, 5,8% e o Brasil, a modesta 

taxa de 2,3%.  Ainda no referido relatório, o FMI projeta para a economia mundial uma 

expansão de 4,9% em 2006 e 4,7% em 2007. Para os países emergentes e em 

desenvolvimento, a projeção é de taxas de crescimento do PIB de 6,9% em 2006 e 6,6% em 

2007, enquanto para o Brasil, essa projeção é de 3,5% para os dois anos considerados. Para 

a América Latina, a estimativa da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) 

seria de 4,5%. Ou seja, o Brasil seguirá crescendo menos do que a economia mundial, o 

que, aliás, já vem ocorrendo há onze anos. 

A partir de maio de 2006, o cenário externo passou a apresentar sinais desfavoráveis sob os 

efeitos da turbulência econômico-financeira desencadeada pelo comportamento da 

economia dos Estados Unidos. Entretanto, a economia brasileira não foi abalada, revelando 

menor vulnerabilidade externa do que nos anos 1990, sendo inclusive bem avaliada pelas 

*Texto apresentado na Mesa-Redonda 16, O Desenvolvimento Revisitado, 30° Encontro Anual da ANPOCS, 

Caxambu, 24 a 27 de outubro de 2006. 

* Professora Titular do Instituto de Economia da UFRJ e Pesquisadora Associada do IUPERJ 

1 Os dados a seguir foram comentados pelo economista Paulo Nogueira Batista Jr, em sua coluna semanal de 

27/04/2006, publicada na Folha de São Paulo, sob o título “Um país inibido” 

1

principais agências de classificação de risco. Ademais, os juros internos continuaram sua 

trajetória descendente, mesmo num contexto de aperto da política monetária em escala 

mundial.  

Desta forma, nesse ano eleitoral, a observação do contexto internacional impôs aos 

diferentes atores uma pergunta inescapável, qual seja, como fazer para que país possa tirar 

melhor proveito quando as circunstâncias externas se tornam favoráveis e adquira 

capacidade para ingressar na rota do crescimento sustentado? 

Em segundo lugar, as condições políticas mostraram-se igualmente favoráveis a uma 

postura mais aberta à inovação. Como é sabido, a partir do início do novo milênio, o 

panorama político latino-americano mudou substancialmente mediante um movimento de 

inflexão à esquerda por via eleitoral. A ascensão de governos de esquerda e centro

esquerda2, em países como Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Uruguai e Chile, a 

despeito de suas diferenças internas, deflagaria um debate em torno da redefinição de 

prioridades da agenda pública, para além da estabilização e da rigidez fiscal. Assumem 

destaque temas como a redução da exclusão social, o inconformismo diante de uma posição 

periférica na ordem internacional, a aspiração por mudanças na geopolítica mundial pela 

busca de autonomia e pelo reforço da integração regional, a ênfase nas reformas sociais e 

na busca de novas modalidades de inserção externa.  

Finalmente, no que se refere à dimensão intelectual, o momento revelou-se também 

propício a uma reflexão inovadora, uma vez que, na esfera internacional, rompeu-se o 

consenso que, nos anos 1990, deu sustentação às políticas inspiradas no receituário do 

Consenso de Washington3, garantindo a supremacia da agenda pró-mercado e do Estado 

mínimo. Esta deixou de ser uma agenda consensual, passando a ser objeto de crítica 

acirrada, voltada para demonstrar a debilidade das estratégias econômicas calcadas no 

paradigma neoliberal. Como ressalta o professor Bresser Pereira, os equívocos dos anos 90 

provocaram o questionamento da ortodoxia convencional4. A célebre frase de Margaret 

Thatcher de que não havia outra alternativa senão executar as reformas orientadas para o 

mercado para adaptar as economias nacionais à nova ordem global deixou de ser um 

dogma. E o mais interessante é que tal crítica não ficou confinada à periferia do mundo 

capitalista, mas se deu dentro do próprio establishment, sendo conduzida por teóricos de 

grande projeção internacional, muitos deles ligados às agências multilaterais, como o 

Banco Mundial. Este é o cerne do que venho designando por terceira geração de 

interpretações sobre o fenômeno da globalização: não há um caminho único e, por mais 

estreitas que sejam as margens de manobra, há sempre um espaço para a busca de 

2 Muitos autores preferem classificar tais governos ao longo das categorias populismo (por exemplo, 

Venezuela e Bolívia) e social-democracia (por exemplo, Chile). Tais categorias não nos parecem apropriadas. 

Ambas estão referidas a momentos históricos bastante específicos da trajetória do capitalismo em escala 

mundial, sendo arbitrário esvaziar estas categorias de sua historicidade. No caso do termo populismo, existe o 

agravante de que está contaminado ideologicamente. Quanto à social democracia foi uma experiência bastante 

exitosa no contexto dos países capitalistas europeus avançados, num quadro de expansão econômica e pleno 

emprego. Em contraste os países latino-americanos da periferia do sistema capitalista jamais tiveram algo 

semelhante à social-democracia, mesmo nos períodos de alto crescimento do PIB, entre 1945- 1980. 

3Ver Williamson, 1990 e 1994. 

4Ver os trabalhos do autor sobre o novo desenvolvimentismo: Bresser Pereira (2005). 

2

alternativas; não se trata, por outro lado, de rejeitar as diretrizes da ortodoxia convencional 

em nome da supremacia de uma Terceira Via, tal como proposta pelo Primeiro Ministro da 

Grã-Bretanha Tony Blair, em fins dos anos 90.5    

A Complexidade do Debate Internacional: Principais pontos de inflexão 

É exatamente o reconhecimento do teor multidimensional do processo de globalização, a 

rejeição da visão determinista e economicista do passado recente, a aceitação de que não se 

trata de um fenômeno monolítico, e, sim, de um processo submetido à interferência de uma 

pluralidade de fatores, o que caracteriza a terceira geração de análises sobre a globalização 

e seus impactos nas economias periféricas. Em contraposição, ao omitir a dimensão 

política, os enfoques dominantes nos anos 1980 e 1990 trataram políticas de teor 

contraditório em seus efeitos, tais como a liberalização do comércio ou a liberalização 

financeira, como aspectos consensuais de uma agenda igualmente inquestionável. 

Cada vez mais, os Estados nacionais tornam-se parte de um sistema de poder de teor 

supranacional, tornando artificial a rígida contraposição entre fatores externos e fatores 

internos. Eis porque administrar com maior ou menor autonomia a inserção do país no 

sistema internacional não requer apenas capacitação técnica de elites de alta qualificação, 

mas depende fundamentalmente de opções políticas mais ou menos comprometidas com a 

defesa da soberania e do fortalecimento do poder de negociação dos governos nacionais. 

Ademais, como já ressaltara Celso Furtado em livro publicado em 1992, conquistar 

posições favoráveis no jogo de poder internacional implica uma alta capacidade de gestão 

do Estado, ao contrário do que seguem advogando os defensores do Estado mínimo. Cabe 

acrescentar, por outro lado, que reverter uma posição subordinada, controlar o capital 

especulativo, reduzir situações de extrema vulnerabilidade externa ou rejeitar a 

predominância da lógica das empresas transnacionais na estruturação das atividades 

econômicas de um país, é antes de tudo um ato de natureza política, requerendo uma ação 

deliberada capaz de definir e executar uma nova estratégia nacional. Em outros termos, a 

definição de um projeto autônomo de desenvolvimento é um constructo político, que 

depende para sua formulação e execução da sustentação de coalizões políticas identificadas 

com tal objetivo (Diniz, 2000). 

No debate internacional, David Held, entre outros, reforçaria esse argumento contrapondo

se à tão propalada visão que vigorou entre meados das décadas de 1980 e 1990 prevendo 

que os Estados-nação seriam eclipsados pelo avanço da globalização. Segundo seu ponto de 

vista, a globalização não se traduziria necessariamente numa diminuição do poder do 

Estado, senão que estaria transformando as condições sob as quais este poder passaria a 

exercer-se. Efetivamente, os impactos da globalização são mediados pelas estratégias 

específicas dos governos de cada país para administrar, desafiar ou aliviar os imperativos 

da globalização (Held, 1991; 1995 e 1999). Assim, os Estados-nação têm um papel cada 

vez mais estratégico. 

5 Como aparece em diversas passagens das conferências de Joseph Stiglitz, reunidas em livro organizado por 

Chang, se há um consenso hoje sobre que estratégias são as mais favoráveis para promover o 

desenvolvimento dos países mais pobres, é que não há consenso, exceto quanto à visão de que o Consenso de 

Washington não é a resposta (Chang, 2001). 

3

A crítica aos malefícios de uma postura passiva, a defesa de um enfoque mais independente 

das relações com o sistema internacional e o questionamento da concepção minimalista do 

Estado seriam, aliás, posições assumidas publicamente pela alta tecnocracia das agências 

multilaterais, a partir de fins da década de 1980, após a constatação dos fracassos das 

políticas rigidamente norteadas pelas recomendações do Consenso de Washington. 

Aprofundando esta linha de pensamento, o World Development Report de 1997 adota o 

ponto de vista de que “Estados capazes e ativos constituem elementos-chave em qualquer 

esforço bem sucedido para construir modernas economias de mercado.”6 Em outros termos, 

a capacidade de ação autônoma dos governos, a presença de um Estado ativo e eficiente 

ganhariam realce como condições favoráveis à superação de dificuldades na busca de novas 

estratégias de crescimento. E mais ainda, de acordo com o novo enfoque, o fortalecimento 

de economias de mercado num mundo globalizado não só não seria incompatível, como 

exigiria a presença de um Estado capaz e efetivo, como demonstrado pelo êxito dos países 

da industrialização recente do leste asiático, os chamados NICs7 (Wade, 1990; Evans, 

1995). 

Esta inflexão no debate internacional alcança seu ponto máximo com a publicação, em 

2002, do livro Globalization and its discontents, de Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio 

Nobel de economia de 2001 e ex-dirigente do Banco Mundial, do qual foi economista-chefe 

e vice-presidente sênior. Comparando casos de sucesso e de fracasso na condução de 

políticas de estabilização e reformas orientadas para o mercado, durante as duas últimas 

décadas, conclui que a busca de soluções próprias e a preservação de margens razoáveis de 

autonomia estão na raiz dos casos bem sucedidos (por exemplo, Polônia e China) em 

contraste com a aplicação acrítica das fórmulas consagradas pelas agências multilaterais 

freqüentemente associadas a experiências desastrosas (por exemplo, Rússia e República 

Tcheca)8.  

Na mesma linha de reflexão, podem ser situados os trabalhos mais recentes de Ha-Joon 

Chang (2002 e 2003), nos quais o autor focaliza a falência do neoliberalismo, 

especialmente nos países menos desenvolvidos (Less Developed Countries), em 

decorrência, sobretudo, de sua incapacidade, quer no plano teórico, quer na esfera das 

políticas públicas, de construir uma visão complexa e equilibrada das interrelações entre o 

mercado, o Estado e outras instituições relevantes, bem como da falta de formulação de 

estratégias autônomas de ação.9 De forma similar, Rodrik (2002; 2004) afirma que, durante 

6Apud Evans (1998:52) 

7NICs, Newly Industrializing Countries 

8 Em suas palavras: “A Polônia e a China empregaram estratégias alternativas àquelas defendidas pelo 

Consenso de Washington. A Polônia é o mais bem sucedido país da Europa Oriental; a China experimentou a 

maior taxa de crescimento de qualquer grande economia do mundo nos últimos 20 anos”(Stiglitz, 2002: 225) 

Em livro mais recente, Stiglitz insiste neste argumento, salientando que o resultado da aplicação da receita 

neoliberal pela América Latina, nos anos 90, foi altamente desfavorável, conduzindo à estagnação, ao 

aumento do desemprego, da informalidade e da pobreza (Stiglitz, 2003). Ver também, Stiglitz, 2004.   

9 O autor refere-se ao esforço de utilizar os graus de liberdade existentes, por mais estreitos que sejam, em 

benefício de objetivos nacionais: “Embora as restrições impostas pelas empresas transnacionais sobre as 

políticas industriais nacionais sejam crescentes, em nenhuma parte chegaram a ponto de impossibilitar uma 

política industrial estratégica. A literatura corrente tende a encarar a globalização como um processo 

incontrolável, no interior do qual as nações, especialmente as nações em desenvolvimento, tornam-se agentes 

4

a hegemonia da agenda neoliberal, a adesão incondicional às diretrizes do Consenso de 

Washington foi responsável pelo período da mais longa estagnação dos países latino

americanos, em contraposição aos países do Leste Asiático, que experimentaram altos 

índices de desenvolvimento. Em palestra proferida no seminário do BNDES sobre os 

“Novos Rumos do Desenvolvimento no Mundo”, realizado entre 12 e 13 de setembro de 

2002, assim se expressou: “Os poucos exemplos de sucesso ocorreram em países que 

dançaram conforme sua própria música e dificilmente serviriam de cartazes de propaganda 

para o neoliberalismo. É o caso da China, do Vietnã e da Índia – três nações importantes 

que violaram praticamente todas as regras do manual neoliberal, mesmo tomando um rumo 

mais orientado para o mercado” (Rodrik, 2002: 278). 10  

Entre os economistas brasileiros, também se observou o fortalecimento de uma visão crítica 

do passado recente11, bem como o reconhecimento de que, desde o início do século XXI, 

tornara-se evidente a mudança de rumo na América do Sul. Em artigo publicado em fins de 

2005, referindo-se aos países da região, Paulo Nogueira Batista Jr assim se manifestou: 

“(...) como desconhecer que o quadro econômico e político e os referenciais ideológicos 

mudaram consideravelmente nos últimos cinco anos? As forças que predominaram na 

década de 1990 sofreram derrotas em vários países da América do Sul e já não reinam 

incontestes em lugar algum. O fracasso (...) da maioria dos países que seguiram fielmente 

as receitas econômicas do chamado Consenso de Washington abalou convicções arraigadas 

e produziu reviravoltas políticas, não raro dramáticas”.12  

De forma similar, Bresser-Pereira, em trabalhos acadêmicos e artigos publicados na 

imprensa, manifestou inúmeras vezes sua discordância em relação à ortodoxia 

convencional, posta em prática no Brasil através da política macroeconômica do governo 

Fernando Henrique, à qual o presidente Lula daria continuidade, em seu primeiro mandato. 

A combinação juros altos e câmbio valorizado seria um permanente fator de entrave ao 

crescimento do país. A alternativa que propõe constitui o chamado novo

desenvolvimentismo, cujo tripé macroeconômico afirma que “a estabilidade 

macroeconômica, entendida como taxa de inflação sob controle razoável e pleno emprego, 

será alcançada desde que: (1) o governo controle suas despesas e o déficit público e logre 

passivos, tornando-se presas do dilema de submeter-se incondicionalmente ou perecer. Entretanto, trata-se de 

uma visão equivocada, já que há ampla margem de manobra para os governos nacionais (...). Seria um grande 

erro para um país em desenvolvimento renunciar voluntariamente a esta margem de manobra adotando  

políticas liberais indiscriminadas em relação aos investimentos diretos estrangeiros em todos os setores” 

(Chang, 2003: 269). Tradução livre. Ver também Chang (2001 e 2004). 

10 Ver Rodrik, Dani, (2002), Depois do Neoliberalismo, O Quê?, Desenvolvimento e Globalização,  

Desenvolvimento em Debate: www.bndes.gov.br/conhecimento/livro_debate/1-desnv&glob.pdf

 . Aliás, outros 

autores que integram os textos da parte denominada Desenvolvimento e Globalização: Perspectivas para as 

Nações, como Joseph Stiglitz (Políticas de Desenvolvimento no Mundo da Globalização) e José Antonio 

Ocampo (Globalização e Desenvolvimento), este último então Secretário Executivo da CEPAL, convergem 

para a visão de que as concepções integrantes do mainstream dos anos 90, a chamada década neoliberal,  

tornaram-se superadas pelas mudanças ocorridas na ordem mundial Pós-Consenso de Washington, sobretudo 

em função do êxito dos países emergentes que se afirmaram no contexto internacional por terem optado por  

estratégias autônomas, desafiando o saber então dominante. Ver também Rodrik (2004). 

11 Ver, entre outros, os artigos reunidos em Fiori & Medeiros (orgs) (2001) e, mais recentemente, Sicsú, J., 

Paula, L. F. de & Michel, R. (orgs) (2005). 

12 Ver Batista Jr, 2005: 3. Artigo obtido no site http://www.scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103

40142005000300005&1n

 . Acessado em 6/3/2006.   

5

uma poupança pública positiva para financiar seus investimentos; (2) o Banco Central tenha 

um duplo mandato: o controle da inflação e o equilíbrio do balanço de pagamentos e dois 

instrumentos, a taxa de juros e o câmbio e (3) a taxa de câmbio seja administrada para ser 

mantida competitiva, usando-se para isso os controles de capital, quando for necessário, e a 

taxa de juros seja mantida a mais baixa possível compatível com a estabilidade de preços” 

(Bresser-Pereira, 2006: 28)13.  

Como já foi ressaltado, a década de 1990 destacou-se pela execução da agenda neoliberal 

tanto nos países da Europa oriental, egressos da experiência socialista, quanto nos países da 

América Latina, recém-saídos de ditaduras e regimes autoritários de diferentes tipos. Os 

resultados destas primeiras seqüências de reformas implicariam uma profunda 

reestruturação produtiva destas economias, levando ao desaparecimento de grande número 

de empresas, impulsionando fusões e incorporações, provocando ainda uma nova 

modalidade de inserção no sistema internacional, através da desregulamentação dos 

mercados de produtos, financeiros e de trabalho. Em seus efeitos cumulativos, tais 

processos levariam ao que Colin Leys designaria por internacionalização do Estado.14  

Entretanto, como foi salientado anteriormente, apesar da intensidade da mudança no antigo 

padrão de desenvolvimento, alguns desafios tornaram-se ainda mais agudos. Em primeiro 

lugar, a integração na economia mundial não pode ser avaliada necessariamente sob a ótica 

de um jogo de soma positiva, no qual todos os parceiros tenderiam a ganhar. Ao contrário, 

longe de se ter produzido uma ordem mundial mais integrada e inclusiva, o que se observou 

foi a configuração de um sistema internacional marcado por grandes contrastes e 

polaridades, aumentando o hiato entre as grandes potências e os países menos 

desenvolvidos, reeditando-se os desequilíbrios preexistentes. Os acontecimentos de 11 de 

setembro de 2001, em que o espaço territorial norte-americano foi atingido pelos ataques 

terroristas que destruíram as torres gêmeas de Nova York, só intensificaram este tipo de 

dificuldades, criando uma ordem mundial ainda mais restritiva, dada a hegemonia dos 

Estados Unidos enquanto superpotência que desqualifica os fóruns internacionais de 

negociação e torna cada vez mais longínqua a meta de aperfeiçoar os mecanismos de 

governança global.  

Dessa maneira, garantir internamente as metas de estabilidade econômica e higidez fiscal 

podem ser condições necessárias, mas certamente não são suficientes para a conquista da 

tão almejada governabilidade, diante dos graus de imprevisibilidade, e mesmo de incerteza 

absoluta, que caracterizam a ordem financeira internacional, o que a transforma em 

importante fonte externa de ingovernabilidade. E mais ainda, os efeitos desse potencial de 

instabilidade, típico de um capitalismo global desorganizado, são tanto mais incontroláveis 

quanto maior a fragilidade externa do país considerado. 

13 A esse respeito ver também Sicsu, J., Paula, L. F. e Michel, R. Por que Novo-desenvolvimentismo? A ser 

publicado na Revista de Economia Política. 

14 Nas palavras do autor: “As três diferenças mais significativas entre 1914 e a economia global do final do 

século XX estão na escala e no poder dos mercados financeiros globais contemporâneos, na produção e 

comercialização global de serviços e bens manufaturados pelas TNCs (corporações transnacionais) e nas 

estruturas transnacionais para regulamentar a nova ordem global” (...) “As forças dos mercados financeiro e 

produtivo afetam (de maneira decisiva) a política estatal nacional (...) (Leys, 2004: 25; 34).  

6

As inconsistências de uma política macroeconômica fundada no cálculo de curto prazo, 

dissociada de uma visão estratégica independente, tornam a economia em questão 

particularmente vulnerável às oscilações na conjuntura internacional, aprofundando as 

causas de sua desvantagem relativa, num círculo vicioso de efeitos perversos. É preciso 

lembrar que a montagem da arquitetura do sistema financeiro em âmbito internacional 

transcende as fronteiras dos Estados nacionais, o que é particularmente marcante no caso 

dos países periféricos, que têm reduzida margem de influência na formulação e 

implementação dos acordos de reordenamento. Assim, por exemplo, o destaque atribuído 

pelo último acordo do Comitê da Basiléia à avaliação das agências de rating pode afetar 

negativamente o financiamento do desenvolvimento desses países. Tais agências de 

classificação de risco de crédito têm tido um papel não desprezível na propagação de crises 

de desconfiança, reforçando atitudes de pânico e o comportamento de manada, 

característico do funcionamento dos mercados financeiros.15  

Portanto, os riscos de crise de governabilidade devem ser avaliados não apenas em seus 

aspectos internos, relacionados à capacidade do governo de administrar seus problemas de 

ordem doméstica, mas também, em seus aspectos externos, ligados à capacidade de 

alcançar o equilíbrio entre ajuste interno e inserção internacional. Um complicador 

adicional decorre de que as fortes assimetrias no sistema de poder internacional tornam 

bastante improvável para qualquer Estado, agindo isoladamente, alterar a seu favor o 

equilíbrio de forças. Esta constatação coloca em relevo a necessidade da definição de 

estratégias nacionais concertadas, tendo em vista a reversão de situações desfavoráveis, 

particularmente no que tange aos países menos desenvolvidos.  

A recusa a exercer um papel mais ativo e independente tende a agravar posições de  

desvantagem relativa. Nessa linha, mais uma vez, deve-se destacar a centralidade do papel 

dos Estados nacionais, tanto em relação ao enfrentamento de seus desafios internos, como 

no que se refere aos processos de coordenação de políticas de regulação global da 

economia, através da participação dos governos nacionais nos fóruns internacionais 

pertinentes. Este é o caso, por exemplo, das negociações para o estabelecimento de um 

regime regulatório que imponha restrições ao movimento do capital especulativo. De forma 

similar, a renovação dos acordos com as agências multilaterais, como o FMI, elevando os 

graus de liberdade, de forma a remover condicionalidades altamente restritivas para o 

desenvolvimento dos países periféricos, torna-se um imperativo da melhoria das condições 

de governabilidade, na era pós-reformas orientadas para o mercado.  

Um balanço das contribuições dos autores acima citados reafirma efetivamente a existência 

de uma vasta produção crítica. Desta forma, é possível destacar a existência de uma fratura 

na comunidade epistêmica internacional, que já não mais sustenta visões unilaterais 

calcadas no mainstream internacional (Haas, 1992). Além das questões já assinaladas, esta 

literatura mostra que a globalização não exclui, se não que reafirma a política do interesse 

nacional, não no sentido de um nacionalismo autárquico ou xenófobo, mas enquanto 

15 Como salientam Freitas e Prates, para os países em desenvolvimento, o anúncio de um rebaixamento na 

classificação das agências de rating pode ter implicação sistêmica, já que pode originar uma fuga de capitais, 

desorganizando a economia e provocando um colapso financeiro. Freitas & Prates (2003: 248-249).  

7

capacidade de avaliação autônoma de interesses estratégicos, tendo em vista formas 

alternativas de inserção externa. Se a globalização implicou o avanço da integração do 

sistema internacional, por outro lado, não excluiu as assimetrias econômicas e políticas 

entre os países concorrentes (Diniz, 2005). Sob esse aspecto, agravou-se a tensão entre a 

esfera nacional e a ordem mundial globalizada, tensão que necessita ser administrada de 

forma independente, de maneira a possibilitar o melhor aproveitamento possível dos 

reduzidos graus de liberdade existentes.16  

Neste contexto, torna-se imperativa a capacidade de formular uma estratégia nacional de 

desenvolvimento, que seja compatível com as mais recentes análises sobre a globalização e 

as novas modalidades de inserção internacional. De forma similar, é preciso gerar uma 

nova visão das funções do Estado tanto na ordem econômica, como no campo das políticas 

sociais de forma a superar definitivamente as amarras de antigas dicotomias, como a 

oposição Estado-mercado (Diniz & Boschi, 2004). Em outros termos, a discussão sobre o 

papel do Estado segue tendo atualidade. Porém, esse debate para ser proveitoso deve 

concentrar-se não mais na questão do grau de intervenção do Estado, senão que no tipo e 

qualidade da intervenção.  

Tal perspectiva se contrapõe às análise de primeira e segunda geração de interpretações 

sobre a globalização que a concebiam como um processo inexorável, postulando a abertura 

indiscriminada e a adesão incondicional à dinâmica do capital financeiro internacional 

como o caminho mais favorável para o êxito dos países em desenvolvimento. E aqui 

chegamos a um segundo ponto de inflexão: as abordagens contemporâneas propõem um 

enfoque alternativo que resgata a relevância do papel regulador e indutor do Estado. A 

natureza e a qualidade do intervencionismo estatal aparecem, assim, em primeiro plano na 

discussão sobre as vias de desenvolvimento no contexto do capitalismo globalizado, 

admitindo-se a existência de várias formas de capitalismo, distintas combinações 

institucionais e a importância da coordenação estatal para alcançar o aumento do 

crescimento e da competitividade das economias nacionais (Soskice, 1999; Hall & Soskice, 

2001). No caso dos países em desenvolvimento, este é um ponto ainda mais relevante, pois 

tais economias não podem prescindir de um Estado ativo em todas as esferas, 

particularmente na ordem econômica. O Estado necessita intervir, segundo uma estratégia, 

uma visão de longo prazo, que seja capaz de coordenar a ação dos agentes públicos, bem 

como dos atores privados. 

Ao invés de se pensar em termos de modelos mutuamente excludentes, como modelo 

estatista-protecionista x modelo de mercado, modelo exportador x modelo voltado para o 

mercado interno, modelo desenvolvimentista x neodesenvolvimentista, ou ainda a adesão 

indiscriminada à chamada terceira via, parece-me mais profícua a proposta de Soskice de 

16 Como salienta Leys, “Há um conflito óbvio entre a lógica da acumulação de capital, que impulsiona a 

economia global, e a lógica da legitimação, que impulsiona a política de todos os Estados com eleições livres. 

A primeira dá prioridade às necessidades do capital à custa da mão-de-obra e à custa do financiamento do 

setor público, do qual depende a maioria dos bens públicos e quase todos os serviços sociais; a segunda 

depende de atender a essas outras necessidades além de garantir o crescimento econômico (...) Na era da 

economia nacional, o conflito entre essas duas lógicas era contido, embora de forma imprevisível, pela 

relativa imobilidade do capital. A globalização separou, pela primeira vez, os campos de operação das duas 

lógicas” ( Leys, 2004: 40).  

8

observar a distinção entre regimes produtivos dentro dos marcos do capitalismo. Segundo a 

definição de Soskice, regime produtivo expressa a estreita relação de complementaridade 

entre o mercado, a atividade associativa, os micro-agentes econômicos e os aspectos 

centrais do marco institucional vigente. Isto é, regimes produtivos dizem respeito à 

organização da produção por intermédio de mercados e instituições correlatas. Trata-se do 

processo pelo qual “os micro-agentes estruturam suas relações a partir de estruturas de 

incentivos e restrições estabelecidos por instituições de mercado, tais como os sistemas 

financeiros, de política industrial, educacional e de treinamento de mão-de-obra ou ainda de 

pesquisa e desenvolvimento de relações entre empresas” (Soskice, 1999: 102).  

Neste sentido o Estado, o mercado, as associações e os grupos de interesse são parte 

integrante de um dado regime produtivo, ou seja, estão inseridos num sistema mais amplo e 

abrangente de relações. Aqui a pergunta que cabe fazer é a seguinte: em cada caso 

concreto, ao longo das reformas orientadas para o mercado, ou no período pós-Consenso de 

Washington, observou-se ou não a institucionalização de um novo regime produtivo? No 

caso do Brasil, creio que a resposta seria negativa, sobretudo se pensarmos na instauração 

de um novo marco regulatório e na execução de políticas públicas capazes de 

compatibilizar as metas de estabilização com a retomada do desenvolvimento e a 

instauração de uma ordem mais igualitária. Não se chegou a uma síntese institucional capaz 

de resolver tais dilemas. Mas, certamente, a ruptura com os paradigmas dominantes nas 

chamadas décadas neoliberais representa um passo decisivo nesta direção.  

Tais considerações remetem-nos a um terceiro ponto de inflexão no debate internacional. 

Trata-se da contribuição de Armatya Sen que, em dois de seus mais conhecidos livros, On 

Ethics & Economics (1987) e Development as Freedom (1999), rompe com uma visão 

unidimensional da economia, ao enfatizar a dimensão ética e política de problemas 

econômicos prementes de nosso tempo, colocando em xeque a visão de que a economia 

deve ser avaliada apenas sob o ângulo da eficiência, já que envolve também questões de 

moralidade e justiça, além de questionar a concepção convencional de desenvolvimento. As 

visões mais restritas de desenvolvimento – como crescimento do PNB, da industrialização 

ou expansão das exportações - passam ao largo da importante concepção de que liberdades 

substantivas, como a liberdade de participação política ou a oportunidade de receber 

educação básica ou assistência médica, estão entre os elementos constitutivos do 

desenvolvimento. Segundo o autor, desenvolvimento deve ser interpretado como um 

processo de expansão das liberdades reais de que desfrutam os cidadãos de um país e como 

tal requer, antes de tudo, que se removam as principais fontes de privação de liberdade, tais 

como a tirania e a pobreza, a carência de oportunidades econômicas, a destituição social 

sistemática, a negligência de oferta de serviços públicos essenciais e a insegurança 

econômica, política e social17. O crescimento econômico é um componente importante, 

pois contribui não só elevando rendas privadas, mas também possibilitando ao Estado 

financiar a seguridade social e a intervenção governamental ativa. Desta forma, a 

contribuição do crescimento econômico tem que ser avaliada não apenas pelo aumento da 

renda, mas também pela expansão dos serviços sociais que o crescimento pode viabilizar 

(Sen,1999,cap 2). 

17 Este aspecto foi aprofundado por Álvaro de Vita em sua tese de livre-docência, “O Liberalismo Igualitário 

em Perspectiva Doméstica e Internacional”. São Paulo, USP, março de 2006. 

9

Os desafios éticos, inclusive aqueles ligados à eqüidade, passaram, portanto, para o centro 

do debate sobre o desenvolvimento. Este tipo de concepção abrangente do desenvolvimento 

refletiu-se na adoção pela ONU do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para medir 

o grau de avanço alcançado pelos diferentes países do mundo18. Além de computar o PIB 

per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra de cada país, o IDH leva também em 

conta a expectativa de vida ao nascer e a educação, esta última avaliada pelo índice de 

analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. 

Finalmente, esta visão ressalta ainda a relevância de uma concepção de justiça distributiva 

apropriada às sociedades democráticas contemporâneas, num contexto internacional 

globalizado, em que a riqueza e a opulência convivem com graus extremamente elevados 

de privação e destituição social. Este conceito de desenvolvimento é um contraponto 

necessário à realidade do mundo capitalista contemporâneo em que afinal predomina um 

certo ceticismo quanto à viabilidade de projetos igualitários, ainda mais quando, após o 

colapso dos países comunistas em escala mundial, o socialismo deixou de ser considerado 

um modelo para realizar aquele tipo de projeto.  

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18 Como é sabido, o conceito de Desenvolvimento Humano é a base do Relatório de Desenvolvimento 

Humano (RDH), publicado anualmente pelo PNUD/ONU (Programa das nações Unidas para o 

Desenvolvimento). O IDH foi criado pelo economista paquistanês Mahbud ul Haq com a colaboração do 

economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998. 

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BATISTA JÚNIOR, P.N. “Um País Inibido”. Folha de São Paulo, 27 de abril de 2006:B2 . A Dissertação da autora Eli Diniz*

O Consenso de Washington foi um conjunto de dez recomendações de políticas econômicas neoliberais elaboradas em 1989 por John Williamson, com o objetivo de combater as crises econômicas e promover o crescimento em países da América Latina. Incluíam medidas como a liberalização do comércio e dos fluxos de capital, disciplina fiscal, privatizações e flexibilização do mercado de trabalho, mas resultaram em crises e estagnação em muitos países da região, com sua aplicação sendo fortemente criticada e questionada ao longo do tempo. 

Origem e Propósito

O Consenso surgiu após a "década perdida" dos anos 80, um período de crise e estagnação econômica na América Latina. 

Foi formulado por economistas e instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial, com o economista John Williamson tendo um papel fundamental na sua sistematização. 

Promover a estabilidade macroeconômica, o controle da inflação e o crescimento econômico sustentável por meio de reformas neoliberais. 

Principais Recomendações (os "10 pontos")

As recomendações do Consenso de Washington incluíam:

Disciplina Fiscal: Controlo do défice orçamental e superávit primário. 

Prioridade de Gastos Públicos: Desvio de recursos de gastos ineficazes. 

Reforma Tributária: Alargamento da base tributária e/ou redução de alíquotas. 

Liberalização de Taxas de Juro: Democratização e liberalização dos mercados. 

Taxas de Câmbio Competitivas: Incentivo às exportações e gestão das finanças públicas. 

Liberalização do Comércio: Redução de tarifas de importação e outras barreiras. 

Liberalização do Investimento Estrangeiro Direto (IED): Eliminação de restrições ao investimento estrangeiro. 

Privatização: Venda de empresas estatais para o setor privado. 

Desregulamentação: Eliminação de regulamentações que distorcem o mercado. 

Direitos de Propriedade: Garantia de direitos de propriedade e segurança jurídica para investimentos. 

Resultados Negativos:

O Consenso  teve  resultados desastrosos, como crises financeiras, insolvência econômica ( Insolvência refere-se a uma empresa que não consegue mais pagar suas dívidas. Uma empresa pode não conseguir pagar os credores se estiver com dificuldades financeiras) . e estagnação em países latino-americanos, como a Argentina, um dos exemplos citados. 

A flexibilização do mercado de trabalho, por exemplo, foi vista como um meio para aumentar lucros, mas sem gerar empregos na mesma proporção 

Com o tempo, o Consenso foi questionado, com o próprio FMI reconhecendo a necessidade de rever o foco excessivo em ajustes fiscais e no estímulo a investimentos de curto prazo. 

Em suma, embora o Consenso de Washington tivesse a intenção de gerar estabilidade e crescimento, a sua implementação prática foi criticada pelos seus efeitos negativos e insustentáveis para muitos países em desenvolvimento, tornando-se um ponto de grande debate na economia global. 

Confira a noticia no Portal G1 da Rede Globo..         https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/26/quaest-percepcao-brasileiros-estados-unidos-china.ghtml

 

E assim caminha a humanidade. 

Imagem  Site Investidor Sardinha.









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