sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Liderança Nacional.

A liderança nacional  no Brasil se manifesta em diversas frentes, principalmente na política, com figuras como o presidente e líderes do Congresso, e em outras áreas de influência, como a empresarial. Em 2025, o cenário político continua polarizado, refletindo nas lideranças da situação e da oposição. 

Principais lideranças políticas em 2025

Poder Executivo

Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva, principal liderança da situação e do Partido dos Trabalhadores (PT).

Fora do governo: Jair Bolsonaro continua sendo considerado o principal líder da direita no país, com influência significativa, segundo pesquisas. 

Congresso Nacional

Liderança do Governo: No Congresso, a liderança do governo é ocupada pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

Liderança da Oposição: Em junho de 2025, o senador Izalci Lucas (PL-DF) assumiu a liderança da oposição no Congresso. 

Câmara dos Deputados

Líder do Governo: José Guimarães (PT-CE) ocupa a liderança do governo na Câmara.

Líder da Minoria: Em setembro de 2025, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi oficializado como líder da Minoria.

Líder da Maioria: Arlindo Chinaglia (PT-SP) ocupa a liderança da maioria. 

Senado Federal

Líder do Governo no Senado: Jaques Wagner (PT-BA) lidera a base governista na Casa.

Líder da Oposição no Senado: Rogério Marinho (PL-RN) foi mantido na liderança da oposição em fevereiro de 2025.

Líder da Minoria no Senado: Ciro Nogueira (PP-PI) é o líder da minoria. 

Outras lideranças relevantes

Setor empresarial: Figuras como Luiza Helena Trajano e Jorge Gerdau são citadas como exemplos de liderança no meio empresarial brasileiro. Recentemente, a revista Forbes também destacou os "Melhores CEOs do Brasil 2025", abordando lideranças do setor privado.


 Confira logo abaixo  , o artigo da autores Maria Hermínia Tavares de Almeida do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo e Leandro Piquet Carneiro do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo .

Liderança local, democracia e  

políticas públicas  no Brasil 

Maria Hermínia Tavares de Almeida 

Departamento de Ciência Política 

Universidade de São Paulo 

Leandro Piquet Carneiro 

Departamento de Ciência Política 

Universidade de São Paulo 

Resumo 

Este artigo aborda a questão democrática enfocando a dinâmica da política local no Brasil.  À luz das evidências 

políticas que embasaram o importante papel do município como alicerce da democracia, estabelecida pelo 

modelo federativo resultante da Constituição de 1988, como a dinâmica de transferência de recursos e o 

desenho das políticas sociais, o trabalho analisa de forma geral o mapa de valores e opiniões de elites e 

lideranças locais com relação a atribuições e competências de diferentes níveis de governo. Os dados 

analisados provêm da pesquisa Democracia e governo local, realizada com 450 lideranças de municípios 

brasileiros. 

Palavras-chave: federalismo, município, política local, lideranças, valores  

Abstract 

This article analyses the democratic question in Brazil,  focusing on the dinamycs of the local politics. Based on 

the evidences that show the main role of the municipality in the democraic process, as it was established in the 

federative model of the 1988 Constitution, for instance, the model of resources distribution and the model of 

social policies, this work analyses in a general way the map of values and opinions of the local elites and 

leaderships in what refers to the competences of different levels of government. The data were produced in the 

research Democracy and local government, with 450 interviews conducted with Brazilian local leaderships. 

Key words: federalism, municipality, local politics, leadership, values 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol. IX, n 1, 2003, pp. 124-147 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

Introdução 

Não são muitos os estudos que se concentram na dimensão local da 

presente experiência democrática no Brasil. Qualquer que seja a abordagem ou o 

objeto da análise, o foco quase sempre incide na esfera nacional. Entretanto, a 

política local está longe de ser irrelevante para o sistema democrático do país. Do 

ponto de vista institucional, a federação brasileira tende a ser um sistema bastante 

descentralizado – ainda que não se tenha completado o processo de transferência 

de atribuições e competências para os municípios. Do ponto de vista do processo 

político, é  sobretudo no âmbito local, mas não exclusivamente, que emergem 

formas inovadoras de ação governamental, gestão pública e participação dos 

cidadãos. 

Um dos muitos aspectos ignorados da experiência local recente é o das as 

lideranças políticas e sociais nos municípios. O objetivo deste artigo é começar a 

levantar o véu que cobre essa face tão importante quanto desconhecida da política 

democrática no Brasil. Seu alcance é  necessariamente limitado. O material 

empírico são alguns resultados da pesquisa Democracia e governo local, composta 

de  450 entrevistas, utilizando um questionário padrão, com lideranças de  30 

municípios de 50 mil a 200 mil habitantes de todo o Brasil. 

Os dados selecionados procuram descrever as atitudes da elite local frente a 

diferentes temas políticos. A premissa é a de que o desempenho das instituições 

públicas e a sua capacidade para atender de maneira menos ou mais eficiente o 

interesse coletivo  não resultam só de arranjos institucionais e dos incentivos que 

eles criam. Dependem também das atitudes da elite e da população (PUTNAM, 

1995), que formam  o contexto subjetivo que dá sentido e vida às instituições e 

constitui a substância da convivência civil em regimes democráticos. 

A primeira parte do texto apresenta as condições políticas e institucionais que 

produziram a valorização política da esfera municipal. A segunda discute 

brevemente as condições que, por sua vez, tornaram possível  esse resultado. A 

terceira parte trata das opiniões, atitudes e valores das elites em relação a cinco 

temas: i) preferências partidárias e posição ideológica;  (ii) democracia;  (iii) 

problemas e prioridades nacionais; (iv) o papel do Estado; (v) direitos e cidadania; 

(vi) meio ambiente e temas globais. Finalmente, a quarta parte mostra a visão dos 

líderes locais sobre o papel do município na prestação de serviços públicos.  

O município no discurso e na lei 

No Brasil, durante bem mais de meio século, o município foi considerado o 

território onde se frustravam ou se pervertiam os projetos democráticos; o espaço 

da dura realidade do poder oligárquico, do patrimonialismo e das relações de 

125 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

clientela, enraizados na desigualdade da propriedade e das oportunidades 

econômicas. Pensadores políticos influentes deram forma a esse consenso sobre a 

natureza da política local.  Escrevendo entre os anos 20 e o final dos 40,  Oliveira 

Vianna viu no município mera projeção do poder privado do grande domínio rural e 

cenário das instituições políticas que cresceram à sua sombra: “o partido do 

coronel”, braço municipal do “partido do governador”; o “juiz nosso”, o “delegado 

nosso”; o “eleitor de cabresto”; o “afilhado”; o “governista incondicional” (Vianna, 

1974, p.173). Vitor Nunes Leal (1947) mostrou como, sob o sistema representativo 

da Constituição de 1946, a combinação entre restrita autonomia municipal de jure 

face aos governos estaduais e federal, de um lado, e subordinação de fato do 

eleitorado rural aos proprietários de terras, de outro, prolongava a vida do poder 

privado em decadência e transformava o município em sua reserva de domínio. 

Muitos outros autores contribuíram para completar o retrato do município como 

antítese da polis. 

Essa maneira de encarar o âmbito local da política mudou radicalmente durante 

a longa transição do autoritarismo para a democracia, a partir da segunda metade 

da década de 70. A valorização da política local foi um leit motiv importante do 

processo de democratização do Brasil nos anos 80. O discurso e as propostas das 

oposições democráticas ao regime autoritário eram fortemente descentralizadores, 

situando o município no centro de um sistema democrático renovado, que tornaria 

possível a participação ampliada e o controle dos cidadãos sobre os atos dos 

governantes (MDB, 1978, p.100-107). 

Na Assembléia Nacional Constituinte, a valorização do município como alicerce 

da democracia, consensual entre os partidos e movimentos políticos que nasceram 

do MDB e dos grupos de oposição à ordem autoritária, tomou forma em um 

conjunto de propostas descentralizadoras1. Elas provocaram uma redefinição em 

regra  da estrutura do Estado brasileiro: o federalismo centralizado até então 

predominante deu lugar a um  modelo federativo descentralizado e em boa medida 

cooperativo2.  

O município foi transformado em ente federativo3, caso único nos sistemas 

federais contemporâneos. Ganhou autonomia plena nos âmbitos político, 

1 Para uma descrição dessa discussão na Constituinte ver Leme. 1992. 

2 Usamos os termos federalismo centralizado na acepção de Friederich e federalismo cooperativo na definição de ACIR 

(1981). O federalismo centralizado implica na transformação dos governos estaduais e locais em agentes administrativos do 

governo federal. Este possui um forte envolvimento nos assuntos das unidades subnacionais, além de primazia decisória e de 

recursos.  Já o  federalismo cooperativo comporta graus diversos de intervenção do poder federal e se  caracteriza por formas 

de ação conjunta entre instâncias de governo, nas quais as unidades subnacionais guardam significativa autonomia decisória 

e capacidade própria de financiamento. 

3 "entidade estatal, político-administrativa, com personalidade jurídica, governo próprio e competência normativa" 

 ( Meirelles, 1993, p.116, apud Neves, 2000, p.18) 

126 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

administrativo, legislativo e financeiro4. Ademais, o município foi o principal 

beneficiário da descentralização de recursos, que se avolumaram com a ampliação 

das transferências constitucionais5. A evolução da carga tributária e a distribuição 

das receitas entre esferas de governo, antes e depois da Constituição de 1988, pode 

ser vista na Tabela 16. Ela evidencia os ganhos obtidos pelos municípios. 

A nova Carta estabeleceu competências comuns para a União, Estados e 

municípios nas áreas de saúde, assistência social, educação, cultura, habitação e 

saneamento, meio ambiente, proteção do patrimônio histórico, combate à pobreza 

e integração social dos setores desfavorecidos, e educação para o trânsito. 

Legislação complementar deveria definir as formas de cooperação entre os três 

níveis de governo (Constituição Federal, Art.23). 

Atribuíram-se competências legislativas concorrentes7 aos governos federal 

e estaduais em uma ampla gama de áreas: proteção ao meio ambiente e aos 

recursos naturais; conservação do patrimônio cultural, artístico e histórico; 

educação, cultura e esportes; juizado de pequenas causas; saúde e previdência 

social; assistência judiciária e defensoria pública; proteção à infância, à 

adolescência e aos portadores de deficiências; organização da polícia civil 

(Constituição federal, art. 24).  

4 A autonomia política significa não apenas "capacidade de autogoverno", i.e. "eleição direta de prefeito, vice-prefeito e 

vereadores", como "auto-organização", por meio de uma Lei Orgânica municipal própria. A autonomia administrativa 

implica na liberdade para organizar as atividades do governo local, criar o quadro de servidores municipais e criar ou 

suprimir distritos. A autonomia legislativa implica seja em capacidade de legislar sobre assuntos de interesse local, seja de 

complementar as legislações estadual e federal. Finalmente, a autonomia financeira se materializa na capacidade de criar e 

arrecadar os  tributos próprios; elaborar, aprovar e executar o orçamento municipal e aplicar os recursos, levadas em conta 

algumas limitações constitucionais (Neves, 2000, p.18-19) 

5 São elas, as  transferências da União por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e as transferências do 

Estado, na forma de cota-parte municipal do ICMS. 

6 Desde 1996 a participação relativa do governo federal voltou a crescer, em decorrência de esforços ad hoc para reduzir o 

déficit público, que implicaram no aumento da participação das contribuições sociais, que não são compartilhadas. Em 

consequência, em 1998, a participação da União, estados e municípios era respectivamente: 58.8%, 26.1% e 15.1% (BNDES, 

1999).  A participação na carga tributária bruta  que, em 1991/92,  era 17,% para a União, 7,3% para os Estados e 1,1% para 

os municípios foi de 21,1%; 7,8% e 1,2% respectivamente, em 1998/99. Nesse período a carga tributária total passou de 

25,5% do PIB para 30,1% (Delfim Neto, 2000, p.2). 

7A União tem competência para estabelecer normas gerais que podem ser complementadas por legislação estadual. Na 

ausência de legislação federal, os Estados exercem competência legislativa plena. 

127 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

 

 128 

Tabela 1 - Brasil 

 Carga tributária sobre o PIB e distribuição da receita entre esferas  governamentais 

1960-1995 

 

 Carga 

Trib/PIB 

Receita Gerada Receita Disponível 

1960 17,42 63,9 31,2 4,7 59,4 34 6,5 

1965 18,82 63,6 30,8 5,6 54,9 35 10,2 

1970 25,98 66,7 30,6 2,7 60,7 29,1 10,2 

1975 25,22 73,7 23,5 2,8 68,2 23,2 8,6 

1980 24,56 75,3 21,8 2,9 69,4 22 8,6 

1985 23,75 72,8 24,8 2,4 64,2 25,1 10,7 

1986 25,74 70,5 27 2,5 61,4 26,7 11,9 

1987 23,27 72,3 25,2 2,5 63,8 25,6 10,6 

1988 23,64 67,4 29,8 2,7 59,8 28 12,1 

1990 30,04 67 29,6 3,4 56,7 28,5 14,9 

1991 26,04 63,4 31,1 5,4 53,5 29,5 17,1 

1992 25,91 66,2 29,3 4,5 57 28,1 14,9 

1993 26,37 68,6 26,6 4,7 57,8 26,4 15,8 

1994 28,64 67,9 27,4 4,7 59,4 25,4 15,2 

1995 28,83 66,3 29 4,7 56,4 26,7 16,3 

 

Fonte: Elaborado pelo CEPP com base nas Contas Nacionais e Anuário FMI (FGV/CEEG e IBGE/DECNA) e dados adicionais 

do Ministério da Fazenda  

Obs: Receita tributária no conceito  amplo das contas nacionais:impostos, taxas e contribuições, inclusive para seguridade social 

e fundos patrimoniais dos trabalhadores (FGTS e PIS/PASEP) 

No terreno das políticas sociais, a Constituição substituiu um modelo 

totalmente centralizado em certas áreas e competitivo8 em outras  por uma 

modalidade de federalismo cooperativo, caracterizado pela existência de funções 

compartilhadas entre as diferentes esferas de governo e pelo "fim de padrões de 

autoridade e responsabilidade claramente delimitados" (Acir, 1981, p.4). O sistema 

deveria ser também marcadamente descentralizado, em contraste com a legislação 

e as práticas do autoritarismo burocrático. Com freqüência, descentralizado queria 

dizer municipalizado. 

Durante os anos 90, extensa produção legislativa - além de normas no 

âmbito ministerial - foi dando conteúdo aos princípios constitucionais.  A tendência 

à descentralização impôs-se em todas as áreas de política social, exceto nas da  

previdência e ciência e tecnologia, que continuaram sob responsabilidade federal9.  

                                                 

8 Muitas vezes, duas ou as três esferas de governo prestavam algum tipo de serviço em uma mesma área de política social de 

forma independente e descoordenada. O caso mais notável era do da saúde onde em um mesmo município governo federal, 

estado e governo local atuavam com redes próprias e sem articulação entre si. 

9 Entretanto, nesse período, multiplicaram-se as agências de fomento estadual à ciência e tecnologia, inspiradas no modelo 

paulista da Fapesp, criada em 1962 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

Ainda assim, a descentralização assumiu significados e conteúdos distintos - 

conforme o desenho de cada política específica, a distribuição prévia de 

competências e do controle sobre os recursos - entre os três níveis de governo. 

Descentralização podia significar transferência parcial ou total de responsabilidades 

do governo federal para os Estados; do governo federal para o nível local ou do 

governo estadual para o local. Podia significar, também, mudança de funções entre 

níveis de governo, ou de um nível do governo para outras organizações públicas ou 

privadas, por exemplo: do governo estadual para as escolas; ou do governo para 

organizações assistenciais, cooperativas, ONGs. 

De toda forma, o resultado foi uma ampliação considerável da latitude e das 

atribuições dos governos municipais. 

As bases do municipalismo 

O modelo federativo resultante da Constituição de 1988 não parece 

congruente com a interpretação do processo de transição para a democracia, que 

enfatizou o papel de liderança dos governadores, especialmente depois de 1982 

(Abrucio, 1994, 1998; Abrucio & Samuels, 1997; Almeida, 1993; Kugelmas & Sola, 

1999). Se assim foi, como explicar que tenha sido o município o principal 

beneficiário da reforma do sistema federativo brasileiro?  

Com efeito, além de ter se transformado em ente federativo, o município 

recebeu a parcela maior do aumento das transferências constitucionais e foi o 

principal  destinatário da descentralização de competências e atribuições na área 

social. 

Naturalmente, o impulso descentralizador não foi uma idiossincrasia 

nacional, mas um fenômeno mais difundido, presente na maioria das democracias 

ocidentais (Sharpe, 1988). Além do mais, aproximar o governo dos cidadãos, por 

meio da valorização dos governos locais, constituiu dimensão importante das 

propostas de democracia participativa que floresceram no Primeiro Mundo, a partir 

da década de 70, na esteira da crítica às limitações das instituições representativas. 

No Brasil que transitava do autoritarismo para a democracia, as idéias que 

vinham de fora caíram como uma luva. Assim,  a bandeira da descentralização 

tornou-se comum ao conjunto das forças que se opunham ao regime militar, 

independente do âmbito em que atuavam. Constituía uma resposta à centralização 

extrema de recursos e capacidade de decisão então prevalecente. 

Entretanto, o entendimento do processo que levou à valorização do 

município depende ainda de estudo mais sistemático do papel dos interesses e 

forças políticas locais no final do regime autoritário e especialmente  durante a 

Assembléia Nacional Constituinte. De todo modo, não é descabido supor que aquele 

129 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

processo tivesse relação também com a existência de lideranças locais, formadas 

no período anterior, em circunstâncias especiais.  

Em primeiro lugar, eram lideranças treinadas na competição política. 

Convém lembrar que, sob o regime de 64,  a competição eleitoral jamais foi 

interrompida na imensa maioria dos municípios, exceção feita às capitais e algumas 

cidades consideradas áreas de "segurança nacional". Nos demais, embora limitada 

pela camisa de força do bipartidarismo, a disputa eleitoral teve continuidade 

durante os 20 anos de autoritarismo10. Na primeira metade dos anos 80,  as forças 

de oposição municipais se articularam na Associação Brasileira de Municípios, que 

parece ter exercido alguma influência sobre as decisões da Assembléia Nacional 

Constituinte (Leme, 1992). 

Em segundo lugar, a centralização de recursos e poder decisório no 

Executivo federal conviveu com algum grau de descentralização para os municípios 

na execução de programas, especialmente na área social e de infra-estrutura 

(Medeiros,1986). Isso possibilitou a acumulação de experiência,  capacidade 

administrativa e de gestão no âmbito municipal, ainda que de forma muito desigual,  

em função do tamanho da cidade e dos recursos disponíveis11. De toda forma, na 

volta à democracia, o país contava, em dimensão impossível de precisar, com  

lideranças locais formadas no jogo eleitoral e, freqüentemente, com alguma 

experiência de gestão de programas sociais.   

Conhecer as idéias e convicções de um segmento dessas lideranças pode ser 

importante. As informações apresentadas a seguir resumem opiniões, valores e 

atitudes de líderes locais, em postos de governo e em posições de destaque na 

sociedade, colhidas na pesquisa aqui apresentada. 

 Quem são e o que pensam as lideranças locais 

Os dados selecionados da pesquisa Democracia e governo local procuram 

descrever opiniões, valores e atitudes da elite local diante de diferentes temas: (i) 

preferências partidárias e posição ideológica;  (ii) democracia;  (iii) problemas e 

prioridades nacionais; (iv) o papel do Estado; (v) direitos e cidadania; (vi) meio 

ambiente e temas globais; e, finalmente, o papel do município na prestação de 

serviços públicos.  

Sessenta por cento da amostra foi composta por políticos, administradores 

municipais, membros do Judiciário local, entre outros representantes do poder 

10 Melhem (1998) mostra a importância da competição política local e das lideranças aí formadas para organização do MDB 

no interior do Estado de São Paulo e para a formação da base política de Orestes Quércia. 

11 Arretche (2000) considera a existência de capacidade prévia uma das condições para o êxito das políticas 

descentralizadoras. 

130 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

público, e 40% por membros da elite sem funções públicas, embora com destacada 

importância social, política ou econômica.  

Constataram-se algumas diferenças demográficas importantes entre os dois 

segmentos. A Tabela 2 indica que no segmento governamental é maior a  

participação de mulheres, de pessoas de escolaridade mais elevada, mais tempo de 

vida no município. Não foram constatadas diferenças estatisticamente significativas 

quanto à cor, religião e origem em  famílias de políticos. As elites locais tampouco 

diferem em relação ao tempo de vida pública. Em média, sua entrada na política  

coincidiu com o retorno do país à democracia. 

131 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

 

 132 

Tabela 2: Características Gerais dos entrevistados 

 

Porcentagem segundo... Segmento governamental 

Segmento não 

governamental 

Total 

Sexo**  

Mulheres 12,4 4,9 9,3 

Homens 87,6 95,1 90,7 

Cor  

Brancos 66,5 75,3 70,1 

Não Brancos 33,5 24,7 29,9 

Religião*  

Católicos 81,3 88,1 84,1 

Protestantes 11,1 3,4 8,0 

Outros 7,6 8,5 8,0 

Grupo de Idade*  

40 anos ou menos 30,1 23,5 27,4 

41 à 50 anos 39,8 34,4 37,6 

Mais de 50 anos 30,1 42,1 35,0 

Tempo de vida no município  

Nasceram no município 39,7 30,1 35,8 

Menos da metade da vida 4,7 7,3 5,6 

Mais da metade da vida 95,3 92,7 94,4 

Não nasceram no município** 60,3 69,9 64,2 

Menos da metade da vida 51,6 69,3 59,5 

Mais da metade da vida 48,4 30,7 40,5 

Escolaridade**  

Superior 69,7 57,4 64,7 

Segundo grau ou menos 30,3 42,6 35,3 

Pais com função pública 18,4 13,2 16,3 

Média de anos na vida pública 17,76 17,58 17,69 

 

*sig p <0,05 

** sig p<0,01 

 

Os resultados indicam que não apenas diferem as funções públicas desses 

segmentos da elite local, como também algumas de suas características 

demográficas e sociais. Optou-se, assim, por apresentar os principais resultados do 

survey desagregando-os por segmento da elite.  

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

Preferências partidárias e posição ideológica 

A relação das elites com os partidos políticos é forte:  56,9%dos 

entrevistados declaram-se filiados a um partido político. A taxa de filiação partidária 

é duas vezes maior no segmento governamental:   71,5% entre os que ocupam 

postos no governo e 35,5% entre as lideranças sociais. Mesmo entre estas últimas, 

a taxa de filiação é significativamente maior do que a da população brasileira (entre 

2% e 5%, dependendo do tamanho da cidade). A classificação dos partidos em 

direita, centro e esquerda permitiu constatar  uma inclinação para a direita entre a 

elite: 25,8 % dos filiados pertencem a algum partido de esquerda (PT, PDT,PSB ou 

outros pequenos partidos), 33,6 % optaram por partidos de centro (PSDB ou 

PMDB) e  40,6 % aderiram a partidos de direita (PTB, PPB, PFL ou outros 

pequenos partidos de mesma inclinação). Existem diferenças  estatisticamente 

significativas entre os segmentos da elite quanto à preferência partidária.  

Tabela 3: Posição ideológica e preferência partidária dos entrevistados 

Porcentagem segundo... 

Segmento governamental 

Segmento não 

governamental 

Posição ideológica**  

Total 

Apoia Esquerda 

16,1 

Apoia Centro 

12,6 

14,7 

25,5 

Apoia Direita 

9,8 

19,1 

30,0 

Não apoia 

28,5 

13,1 

23,1 

64,5 

Preferência partidária  

43,1 

PT, PDT, PSB e ppe 

23,1 

PSDB, PMDB 

35,9 

26,4 

36,6 

PFL, PPB, PTB e ppd 

28,1 

34,4 

40,3 

** sig p<0,01 

35,9 

39,2 

Utilizando-se uma escala de 1 a 10 solicitou-se aos entrevistados que se 

classificassem em termos políticos-ideológicos. Na escala adotada, o valor 10 

indicava uma posição muito de direita e o valor 1  muito de esquerda. Apenas 2% 

dos respondentes deixaram de se auto-classificar na escala esquerda-direita, e a 

variável apresenta distribuição aproximadamente normal. (respondentes em 

esquerda (1 a 4), centro (5 e 6) e direita (7 a 10). Constatou-se uma correlação de 

0,43 (coeficiente de contingência) entre a preferência partidária e a auto

classificação político-ideológica, indicando que, apesar das suspeitas naturais 

133 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

 

 134 

quanto à validade da escala de auto-classificação, a sua capacidade de classificação 

é confiável.  

Lideranças locais e democracia 

 

É enorme o consenso das lideranças locais no que diz respeito à 

superioridade do sistema democrático. A quase totalidade dos líderes o prefere. 

Somente 7,8%  são indiferentes à forma de regime ou acreditam que, em certas 

circunstâncias, a ditadura pode ser boa. 

 

Tabela 4: Sistema Político e prioridades nacionais 

 

Porcentagem 

segundo... 

Segmento 

governamental 

Segmento não

governamental 

Total 

A democracia é o melhor 

sistema político 

93,6 90,1 92,2 

Uma ditadura pode ser 

boa em certas 

circunstâncias. 

5,7 8,8 7,0 

Definição de democracia 

Liberal 44,7 48,9 46,4 

Participativa 29,4 23,0 26,8 

Social 10,6 6,9 9,1 

Outras 15,3 21,3 17,7 

Objetivos Nacionais 

Manter a Ordem 18,7 23,0 20,4 

Garantir a participação 

nos assuntos públicos 

14,6 19,7 16,7 

Combater a inflação 7,9 8,2 8,0 

Proteger a liberdade de 

expressão 

1,5 3,3 2,2 

Combater a pobreza 32,2 27,3 30,2 

Promover o 

desenvolvimento 

25,1 18,6 22,4 

 

Pediu-se às lideranças  entrevistadas que atribuíssem um significado à 

democracia. A maioria das respostas pode ser agrupada em três categorias, de 

acordo com as ênfases dadas às liberdades, à participação ou à igualdade social. A 

Tabela 4 mostra uma clara inclinação pela idéia de democracia como sistema que 

garante liberdades ou que assegura participação, em detrimento de uma concepção 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

de democracia social, preferida por apenas  9,1% dos líderes entrevistados. A 

concepção liberal predomina tanto entre os membros do governo (44,7%) como 

entre o segmento não-governamental (48,9%). Esse resultado é coerente com a 

posição ideológica da maioria dos entrevistados, que os situa no centro ou à direita, 

como se viu. Chama a atenção, entretanto, que, embora  27,5% dos membros do 

governo e 24,6% das elites não-governamentais se auto-definam como de esquerda, 

apenas  10,6% daqueles e  6,9% destes atribuam conteúdo social à democracia. 

Problemas e prioridades nacionais 

A despeito do predomínio de concepções de democracia com baixo 

conteúdo social, a pobreza ocupa lugar importante entre as preocupações das 

lideranças locais. Como se verá mais adiante, desemprego e pobreza são 

considerados os dois problemas mais graves do município. Em conseqüência,  

promover o desenvolvimento e combater a pobreza constituem objetivos 

importantes do país. Eles aparecem como as duas principais metas nacionais 

indicadas pelas lideranças locais, em uma lista de seis itens, como se pode 

observar  ainda  na Tabela 4.  

Entretanto, neste caso há discrepância – estatisticamente significativa - 

entre os que desempenham função pública e os outros. Promover o 

desenvolvimento e combater a pobreza são as prioridades claras dos membros do 

governo.  

O combate à pobreza também é prioridade para o setor não

governamental, mas em seguida, em ordem de importância, estão a manutenção da 

ordem e a garantia da participação popular, e só então, em quarto lugar na ordem 

de prioridades, está a promoção do desenvolvimento.  

Ressalte-se que lideranças não possuem uma visão neodarwinista ou  

determinista  sobre a pobreza no país. Para a maioria dos entrevistados, a pobreza 

existe não por falta de empenho dos pobres, nem devido à lógica inevitável do 

capitalismo. As razões apontadas são outras, como mostra a Tabela 5: 

135 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

 

 136 

Tabela 5: Pobreza e desigualdade 

 

Porcentagem segundo... Segmento governamental 

Segmento não 

governamental 

Total 

 discorda concorda discorda concorda discorda Concorda 

As políticas de distribuição 

de renda prejudicam os 

mais competentes 

65,8 34,2 69,4 30,6 67,3 32,7 

Causas da desigualdade 

A existência de uma 

capacidade desigual entre 

as pessoas explica a 

desigualdade de renda no 

Brasil 

20,5  21,1  20,7  

A desigualdade de renda é 

explicada pelas políticas 

econômicas 

79,2  78,3  78,8  

Os dois fatores explicam a 

desigualdade 

0,4  0,6  0,5  

Causas da pobreza 

Falta de vontade política 20,6  21,4  20,9  

Concentração das 

oportunidade 

23,6  23,6  23,6  

Não-cumprimento das 

funções sociais do estado 

16,1  17,0  16,5  

Falta de desenvolvimento 

econômico 

14,6  9,3  12,5  

Falta de consciência das 

elites 

7,1  7,1  7,1  

Falta de empenho dos 

pobres 

4,9  10,4  7,1  

A lógica instável do 

sistema capitalista 

5,6  6,6  6,0  

A recessão do país 4,9  2,2  3,8  

Concentração de renda 2,6  2,2  2,4  

 

Embora  quase um quarto dos entrevistados atribua a pobreza a fatores 

estruturais – concentração das oportunidades nas mãos de poucos – a pobreza 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

resulta fundamentalmente de condicionantes políticos: o descumprimento das 

funções do Estado e a "falta de vontade política". Eis, portanto, uma visão 

claramente voluntarista. Mas as lideranças locais não responsabilizam as elites pela 

situação. Apenas 7,1% acreditam que a falta de consciência social das elites seja 

causa importante da existência de um grande número de pobres no país. Assim, o 

Estado e os governantes que careceriam de vontade política não parecem ser 

percebidos como parte das elites, mas como realidades exteriores e independentes. 

As autoridades públicas são antes "eles" do que "nós12. 

O papel do Estado 

Depois de uma década de reformas voltadas para o mercado, a retórica e a 

agenda neoliberais ainda dividem as lideranças locais.  

Tabela 6: Papel do Estado 

Porcentagem segundo... 

Segmento não 

governamental 

Segmento 

governamental 

Total 

 discorda 

interferência do Estado na 

atividade econômica traz mais 

malefícios que benefícios**. 

concorda 

discorda 

concorda discorda Concorda 

51,7 48,3 

A competição econômica acarreta 

desperdícios e problemas. 

52,1 47,9 

35,2 

64,8 

45,0 

55,0 

55,2 

44,8 

53,3 

46,7 

Atividades econômicas que devem ser exclusivas de empresas estatais 

Em nenhuma atividade 

39,1  

Exploração de petróleo 

49,7  

43,4  

11,7  

Energia elétrica 

8,7  

10,5  

42,9  

Telecomunicações 2,3  

33,3  

39,0  

3,3  

Siderúrgica 1,5  

2,7  

1,6  

Transportes urbanos 

1,6  

2,6  

O governo municipal deve se 

responsabilizar pelas políticas que 

afetam o bem estar. 

78,8  

3,3  

2,9  

73,4  

** sig p<0,01 

76,6  

A maioria dos entrevistados considera que a interferência do Estado na vida 

econômica é negativa. Também são divididas as avaliações sobre os resultados da 

competição econômica. As opiniões a favor do mercado e mais críticas com relação 

12 Reis (2000) encontrou resultados semelhantes em sua pesquisa sobre as concepções das elites nacionais sobre a pobreza. 

137 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

à interferência do Estado possuem mais adeptos entre as lideranças não

governamentais. Essas  diferenças são estatisticamente significativas no que diz 

respeito às conseqüências da intervenção estatal na economia. 

Confrontadas com questões mais concretas sobre a intervenção do Estado 

na economia, as lideranças locais - estejam elas no governo ou em posições de 

destaque na sociedade - não obstante estarem mais uma vez divididas, são 

bastante favoráveis à agenda de privatização de empresas públicas do governo 

federal. É quase sempre baixa a porcentagem de entrevistados que defende o 

controle estatal sobre os setores já transferidos  à iniciativa privada. Essa atitude se 

verifica  até mesmo com relação à exploração de petróleo, que permanece em mãos 

do Estado. A única exceção é o setor de energia elétrica que, para 39% dos 

entrevistados e 49,7% da elite que está fora do governo, deveria ser uma atividade 

exclusiva do governo. 

Os direitos e a cidadania 

Muito embora a consolidação das instituições de representação política no 

Brasil tenha permitido a constituição de governos democráticos estáveis nos 

últimos 15 anos, a construção de um regime político que assegure plenamente os 

direitos dos cidadãos ainda permanece como meta a ser conquistada. Uma nova 

arena surge nesse processo: a das instituições desenhadas para garantir a vigência dos 

direitos civis13. 

As fontes mais importantes de informação sobre a situação dos direitos 

humanos no mundo (Freedom House, Anistia Internacional, Comissariado da ONU 

para os Direitos Humanos, Departamento de Estado dos EUA) concordam que a 

situação dos direitos civis no Brasil piorou consideravelmente a partir da segunda 

metade dos anos 90. Mais de uma década após o fim do regime autoritário persiste 

um claro contraste entre a situação dos direitos civis no país e a ampliação dos 

direitos políticos obtida nesse período. A nova Constituição democrática, 

promulgada em 1988, ampliou praticamente ao máximo o direito de participação 

política e introduziu uma série de dispositivos inéditos na legislação brasileira, 

envolvendo a defesa das liberdades civis14. Entretanto, estes últimos são antes 

direitos-em-princípio do que direitos-em-uso15.  

13  O´Donnell (1996) 

14 A constituição de 1988 reduz para 16 anos a idade mínima para se votar (até 18 anos o voto é opcional) e estende aos 

analfabetos o direito de voto. No campo dos direitos civis, a constituição introduz uma série de dispositivos de proteção às 

liberdades civis: define o racismo como crime, garante ampla liberdade religiosa e de organização política, define a tortura 

como crime, dentre outros direitos-em-princípio. 

15Ver, por exemplo, os relatórios do Comissariado da ONU para os Direitos Humanos encarregado da avaliação da situação 

dos direitos humanos no Brasil: a Anistia Internacional (1996), o Departamento de Estado Norte Americano (1996) e o 

survey anual da Freedom House.  

138 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

Uma das características do período da pós-transição no Brasil é a lentidão 

do ajustamento das instituições de segurança e justiça – essenciais à conversão dos 

direitos civis em direitos-em-uso – aos procedimentos legais característicos de uma 

democracia. É preciso levar em conta, ainda, a relação entre os grupos que 

compõem a sociedade brasileira, no debate sobre o problema da vigência dos 

direitos civis, dado que o Brasil é uma sociedade  multiétnica. Tome-se, por 

exemplo, o problema da cor. Embora no Brasil republicano nunca tenham existido 

leis ou mesmo mecanismos informais que restringissem a participação política em 

função da etnia, há evidências sociológicas significativas de que a população negra 

apresenta diferenças importantes em comparação com a maioria branca, no que 

diz respeito à escolaridade, ao acesso à justiça e ao tratamento recebido da 

polícia16, entre outros aspectos que afetam direta ou indiretamente os direitos 

daquele contingente da população.  

Tabela 7: Atitudes diante das minorias 

Porcentagem segundo... 

Segmento governamental 

Segmento não governamental 

Total 

Concordam que existem minorias no Brasil 

 80,2 

79,7 

Principais minorias 

80,0 

Negros 29,6 

25,7 

Índios 16,1 

28,0 

19,1 

Pobres 6,0 

17,3 

8,2 

Trabalhadores sem terra 

6,9 

3,0 

Homossexuais 0,7 

4,4 

3,6 

2,2 

Outros 44,6 

1,3 

40,4 

42,9 

Mas o que pensa a elite local sobre as minorias e seus direitos? Oitenta por 

cento dos respondentes consideram que existe alguma minoria, social, étnica, 

cultural, racial ou religiosa no Brasil (Tabela  7) e 89,3% concordam com a idéia de 

que o governo deve zelar pelos direitos das minorias (Tabela 8). Entretanto, a 

opinião sobre quais são as minorias relevantes no Brasil é bastante fragmentada. 

Apenas dois grupos se destacam. Em primeiro lugar, os negros, apontados por 28% 

da amostra como a minoria mais importante do Brasil; em segundo lugar, os índios, 

reconhecidos por 17,3% como minoria também relevante. Surpreendentemente, os 

pobres foram apontados em terceiro lugar, por  6,9% dos entrevistados, como uma 

16 Adorno, S. (1998), artigo sobre população prisional e PIQUET CARNEIRO, L. 1999. Para medir a violência, In: Dulce 

Pandolfi et all., Cidadania justiça e violência, Rio de Janeiro, FGV. 

139 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

das minorias do Brasil. Trabalhadores sem terra e homossexuais também foram 

lembrados por uma fração dos entrevistados.  

Esses dados revelam que a percepção do que sejam as minorias relevantes é 

bastante imprecisa e variável, o que sugere, por sua vez, que as bases para uma 

discussão dos direitos das minorias raciais, religiosas e culturais no Brasil não 

conta, em princípio, com um ambiente propício entre as elites locais. 

O segundo problema a ser analisado neste bloco diz respeito à opinião das 

elites sobre os procedimentos policiais, judiciais e a questão dos direitos humanos. 

O apoio da elite a ações extra-judiciais por parte da polícia é claro nos dois 

segmentos:  65,8% concordam com a idéia de que a criminalidade chegou a tal 

ponto que é muito difícil a polícia cumprir à risca as regras legais e  56,4% 

acreditam que o respeito aos direitos humanos serve de pretexto para a 

impunidade. Além disso,  41,8% apoiam a pena de morte. Os testes estatísticos 

indicam que não há diferenças significativas entre os segmentos governamental e 

não-governamental das elites diante dessas questões.   

Tabela 8: Direitos das minorias e direitos humanos 

Porcentagem segundo... 

Segmento não 

Segmento governamental 

governamental 

Total 

discorda 

O governo deve zelar pelo direito 

concorda 

10,5 89,5 

das minorias 

discorda concorda discorda concorda 

10,9 

89,1 10,7 

89,3 

O respeito aos direitos humanos 

serve de pretexto para a 

impunidade 

45,3 54,7 

41,0 

59,0 43,6 

56,4 

A criminalidade chegou a tal 

ponto que seria difícil a polícia 

36,0 64,0 

31,7 

cumprir, à risca, as normas legais 

A pena de morte deve ser 

implantada no Brasil 

58,1 48,9 

58,2 

68,3 34,2 

41,8 58,2 

65,8 

41,8 

Em resumo, as elites locais demonstram dificuldade em reconhecer a 

existência de minorias, aceitam procedimentos extra-judiciais como parte do 

esforço para o controle da criminalidade e consideram o "respeito aos direitos 

humanos" um freio à eficiência da justiça e da polícia. A vigência dos direitos civis e 

a sua universalização são, como indicam os resultados comentados, temas de 

fronteira no debate político sobre a democratização do Brasil. 

140 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

O município e os temas globais 

Temas como a poluição das águas e do ar e as mudanças climáticas  em 

geral invadiram a política local em várias partes do mundo nos últimos 20 ou 30 

anos. Não no Brasil. Os temas ambientais ainda são ignorados e tratados como de 

competência de outros níveis de governo. Os dados do survey indicam que os líderes 

locais consideram que os principais problemas ambientais, embora ocorram em 

diferentes partes do mundo e mesmo no Brasil, não afetam os municípios onde 

vivem, pelo menos não na mesma intensidade de outras partes. Dos sete temas 

apresentados na Tabela 9 apenas um mobiliza a maioria: a destinação do lixo.  

Tabela 9: Problemas considerados muito sérios no Mundo, no Brasil e no Município 

Município (%) 

Brasil (%) 

Mundo (%) 

Poluição do ar 

8,9 

Lixo químico e atômico 

58,3 

82,7 

12,4 

Água potável 

53,8 

87,5 

27,4 

Extinção da vida silvestre 

65,4 

76,2 

31,5 

Desmatamento 37,1 

67,4 

75,9 

87,9 

Poluição hídrica 

87,2 

37,4 

Destinação do lixo 

72,0 

75,1 

53,7 

78,1 

74,8 

Mesmo sem sistematizar os dados sobre as condições ambientais dos 

municípios estudados é possível supor sua existência, dada  a proximidade de 

muitas das cidades estudadas com centros urbanos que apresentam de forma 

crítica alguns dos problemas listados na Tabela acima: poluição do ar,  

desmatamento ou graves carências de áreas verdes, poluição das águas e da 

atmosfera. Uma interpretação possível é que tais resultados refletem uma 

combinação de pessimismo com relação ao meio ambiente em escala global e 

alienação com respeito ao impacto desses problemas nas localidades em que 

vivem.  

Há outras evidências desse divórcio entre temas globais e suas 

conseqüências locais. Os dados da Tabela 10 mostram que, segundo as elites, os 

municípios deveriam desenvolver ações frente a temas de abrangência mundial. À 

primeira vista, seria possível contar com um sólido apoio das elites para 

desenvolver localmente ações contra o aquecimento do planeta, a fome no mundo, 

o desenvolvimento da economia mundial e o tráfico internacional de drogas. Mas, 

como se verá a seguir, em nenhuma dessas áreas as elites parecem seriamente 

comprometidas com a idéia de que o município tem poder e autonomia para atuar. 

141 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

Constatou-se ainda o apoio majoritário à idéia de que as iniciativas em áreas como 

o meio ambiente e a segurança pública deveriam ser transferidas para outros níveis 

de governo (Quadro 1). Ou seja, parece razoável duvidar da interpretação de que a 

disposição manifesta para agir diante de temas globais venha a ter alguma 

conseqüência local. No mesmo sentido, o reconhecimento de que graves problemas 

ambientais afetam o Brasil e o mundo não está associado à formulação de uma 

pauta ambiental local. Seria esta uma elite que age como espectadora dos 

problemas nacionais e globais e frente aos quais hesita em assumir sua parcela de 

responsabilidade?  

Tabela 10: Iniciativas que competem à administração municipal (percentual que afirma que o 

município deve desenvolver ações) 

Porcentagem segundo... 

Segmento não 

governamental 

Segmento 

governamental 

Aquecimento do planeta 

Total 

54,5 

Fome em algumas partes do mundo 

61,0 

57,1 

61,8 

Desenvolvimento da economia mundial 

67,0 

63,9 

51,9 

Tráfico internacional de drogas 

58,8 

54,7 

77,2 

Desarmamento nuclear* 

80,8 

78,6 

38,2 

Países do terceiro mundo 

49,2 

49,2 

42,6 

*Sig p<0,05 

51,1 

A nova agenda local 

50,0 

Quando perguntadas, de forma genérica, sobre as atribuições do governo 

municipal, as lideranças locais, no governo ou na sociedade, afirmam de maneira 

inequívoca que dele há de ser a responsabilidade pelas políticas que afetam o bem

estar da população. Apenas 21,2% dos líderes com cargos públicos e  26,6% das 

lideranças não governamentais estão dispostos a delegar a tarefa ao governo federal 

(Tabela 6). Mas o quadro é outro quando são especificadas as áreas de atuação 

governamental. 

142 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

Tabela 11: Responsabilidades e capacidades do governo municipal e importância dos 

problemas locais 

Área 

(A) Responsabilidade 

local (%) 

(C) Importância do 

problema (%) 

Assistência social 

(B) Capacidade local 

(%) 

70,0 65,0 

Desenvolvimento 

econômico 

37,1 

31,7 58,9 

Educação 

47,9 

45,5 79,2 

Emprego 

33,4 

22,1 32,2 

Habitação 

81,3 

35,8 47,3 

Lazer 

45,1 

79,5 75,0 

Meio ambiente 

43,2 

45,3 56,6 

Obras públicas 

20,5 

70,3 72,6 

Pobreza 

31,2 

58,2 47,2 

Relações raciais 

67,3 

52,1 64,0 

Saneamento 

3,3 

59,1 63,5 

Saúde 

45,5 

54,4 73,8 

Segurança pública 

41,8 

16,6 30,7 

48,2 

A Tabela 11 mostra  a opinião das lideranças locais acerca das 

responsabilidades do governo local no trato dos problemas considerados 

importantes em suas cidades. Na coluna "responsabilidade local" (A) aparecem as 

porcentagens daqueles que consideram que o governo local deve assumir a 

iniciativa de políticas em cada uma das áreas sociais listadas. A coluna "capacidade 

local" (B) diz respeito à percepção dos entrevistados do poder e da autonomia do 

município para assumir responsabilidade pelo provimento de serviços em cada uma 

das áreas. E, finalmente, a coluna (C) mostra a importância dos problemas, 

segundo os entrevistados, em termos da porcentagem daqueles que afirmaram que 

o problema era muito importante. 

O resultado descrito na Tabela é complexo. Os dois principais problemas 

locais são de fato nacionais: desemprego e pobreza. Significativa maioria dos 

entrevistados consideraram ambos problemas muito importantes no município 

(pobreza – 67,3%, desemprego – 80,9%) . Entretanto, poucos acreditam que o 

governo local deveria ser responsável por iniciativas na área (pobreza – 57,8%, 

desemprego – 21,8%). De acordo com as elites, o governo local não tem poder e 

não deveria ser responsável pelo problema local mais importante, o desemprego. A 

pobreza também é bastante importante, mas o município, embora devesse assumir 

a  responsabilidade por este problema, não tem capacidade para solucioná-lo. De 

143 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

acordo com esses resultados, as elites locais não estão convencidas de que tenham 

capacidade e meios para enfrentar os problemas mais relevantes de sua cidade.   

O Quadro 1 combina as três variáveis da Tabela 11, apresentando as características 

da agenda local na visão das elites. Nas linhas está a importância de cada 

problema. Na primeira linha estão os problemas considerados muito importantes 

por 50%, pelo menos, dos entrevistados. Na segunda, aparecem os problemas 

considerados muito importantes por menos de 50% e mais de 30% dos 

entrevistados e, na terceira, aqueles aos quais menos de 30% atribuíram grande 

importância. "Capacidade local" é a variável da coluna e "responsabilidade local" a 

variável de controle. O critério de maioria foi utilizado para classificar o problema: 

se mais de 50% da amostra considerou que o governo local tem poder e autonomia 

para lidar com  a questão, ela foi classificada na coluna "tem poder". O mesmo 

critério foi utilizado para classificar a posição dos problemas em termos de 

responsabilidade local.  

Quadro 1: Problemas Públicos Municipais segundo (C) a importância do problema, (B) a 

competência do município para lidar com estes problemas e (A) a distribuição de 

responsabilidades entre os níveis de governo prescrita pelas elites.    

A: Responsabilidade Prescrita 

Responsabilidade municipal 

Outros níveis 

B. Capacidade 

atual do 

município 

Tem capacidade 

Tem capacidade 

Não tem 

capacidade 

Não tem 

capacidade 

C. Importância do Problema 

Alta 

 Pobreza  

Média 

Baixa 

Asst. Social, Lazer, 

Obras Públicas, 

Saneamento, Saúde 

Desenvolvimento/ 

Educação 

Desemprego 

Habitação, 

Segurança 

Relações 

Raciais 

Meio Ambiente 

 

 

O Quadro 1 mostra que cinco questões constituem o núcleo do governo 

local: saneamento, lazer, obras públicas, saúde e assistência social. São 

considerados problemas locais e os entrevistados acreditam que o município pode e 

144 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

deve ser o principal responsável por enfrentá-los. Pobreza é uma questão local 

importante. Mas as elites pensam que o governo local não tem poder para combatê

la, embora acreditem que esta deveria ser uma atribuição municipal. Ao mesmo 

tempo, relações entre raças não constituem problema relevante aos olhos das elites 

locais. 

Embora o governo local tenha poder e autonomia para assumir iniciativas no 

terreno do desenvolvimento econômico, educação e meio ambiente, intervenções 

nessas áreas devem ser responsabilidade de outros níveis de governo.  

Finalmente, três questões não parecem caber na arena local: desemprego, 

habitação, e segurança pública Os líderes locais acreditam que o município não 

pode nem deve assumi-los. O município teria capacidade para desenvolver ações 

voltadas para o meio ambiente, mas esse não é um problema municipal, além de 

ser visto como pouco relevante. 

Os entrevistados afirmam que as administrações locais não devem atuar em 

áreas críticas, como desemprego e pobreza. Ao mesmo tempo, desejam transferir a 

outros níveis de governo a responsabilidade por iniciativas na área de educação, 

meio ambiente e desenvolvimento econômico, embora reconheçam que o governo 

local tenha poder e autonomia suficientes para tomar iniciativas eficientes nesses 

terrenos. 

Em síntese, segundo os dados da pesquisa, o governo local permanece 

claramente subordinado ao governo federal no combate aos problemas mais sérios 

do município. Os resultados revelam, resistências potenciais à descentralização de 

atribuições e competências em várias áreas importantes para as suas comunidades 

entre as lideranças locais. A existência de uma tendência a valorizar as funções do 

governo municipal não garante assim uma aceitação ampla de responsabilidades. 

145 

OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, Vol IX, nº 1, 2003, pp. 124-147 

Anexo: A amostra e a metodologia 

Os dados analisados neste artigo são provenientes do survey Democracia e 

governo local, desenvolvido com o apoio da FAPESP.  O levantamento realizou 450 

entrevistas com um questionário padrão, traduzido e adaptado da pesquisa 

comparativa internacional Democracy and Local Governance. Foi utilizada uma 

amostra aleatória de municípios de 50 mil a 200 mil habitantes de todo o Brasil. 

Para uma adequada representação dos Estados brasileiros, optou-se por uma 

amostra estratificada. Cada Estado com mais de 10 municípios de 50 mil a 200 mil 

habitantes constituiu um estrato. O critério visava garantir que pelo menos um 

município de cada um dos Estados incluídos nesse estrato teria probabilidade 1 de 

ser selecionado para a amostra.  Os demais Estados foram  agrupados em dois 

estratos: Estados com 5 a 8 municípios em condições de participar do estudo, e 

Estados com menos de 5 municípios dessa categoria.  

Em cada município foi selecionada uma amostra intencional de 15 

representantes da elite local. Sessenta por cento da amostra foi composta por 

políticos, administradores municipais, membros do Judiciário local, entre outros 

representantes do poder público, e 40% por representantes da elite que não 

desempenham funções públicas, embora tenham destacada importância social, 

política ou econômica. Estipulou-se que apenas poderiam ser substituídos de 27% a 

33% dos selecionados em cada município (4 ou 5 casos). Em nenhum dos 

municípios pesquisados a quota prevista de substituições foi excedida. 

Liderança local, democracia e políticas públicas  no Brasil 

BIBLIOGRAFIA 

ABRUCIO, Fernando. 1994. “Os Barões da Federação”. Lua Nova 33, São Paulo. Cedec. 

________. 1998. Os Barões da Federação – os governadores e a redemocratização brasileira. 

SãoPaulo. DCP/USP-Hucitec. 

ABRUCIO, Fernando & SAMUELS, David. 1997. “A nova política dos governadores”. Lua Nova 

40/41. São Paulo. Cedec. 

ADORNO, Sergio. 1995.  “A Violência na Sociedade Brasileira: um painel inconcluso em uma 

democracia não consolidada”. Sociedade e Estado, X (2): 299-342. 

ADVISORY COMMISSION ON INTERGOVERNMENTAL RELATIONS (Acir). 1981, The condition of 

contemporary federalism: conflicting theories and collapsing constraints, Washington. 

ALMEIDA, M. H. Tavares de. 1995. “Federalismo e Políticas Sociais”. Revista Brasileira de Ciências 

Sociais, 28(10): 88-108. 

ARRETCHE, Marta. 2000. Estado Federativo e políticas sociais – determinantes da 

descentralização, Rio de Janeiro, Revan. 

DELFIM NETO, Antônio. 2000. “Carga Tributária”, Folha de São Paulo, 21/06, São Paulo, 1º 

Caderno: 2. 

FRIEDERICH, Carl. 1968. Constitutional government and democracy, Massachussets, Blaisdell Co. 

KUGELMAS, Eduardo e SOLA, Lourdes. 1999. “Recentralização/ descentralização- dinâmica do 

regime federativo no Brasil”, Tempo Social, 11(2). 

LEME, Heladio José. 1992. O federalismo na Constituição de 1988: representação política e 

distribuição de recursos tributários, dissertação de mestrado, Campinas, IFCH/Unicamp. 

LIMA, Maria Regina Soares de & CHEIBUB, Zairo. 1996. “Instituições e valores: dimensões da 

democracia na visão da elite brasileira”; Revista Brasileira de Ciências Sociais, 31, São Paulo, 

Anpocs, pp.83-110. 

MEDEIROS, Antonio Carlos. 1986.  Politics and intergovernmental relations in Brazil, 1964-1982, 

New York, Garland Publishing. 

MEIRELLES, Ely Lopes. 1993. Direito Municipal Brasileiro, 6ª ed., São Paulo, Malheiros. 

MDB, 1978. Constituinte com anistia – Compromissos, políticos, sociais e econômicos do MDB, 

Coleção Alberto Pasqualini,  Brasília, MDB. 

MELHEM, Celia Soibelman. 1998. Política de botinas amarelas, São Paulo, Hucitec/DCP-USP 

NEVES, Gleisi Heisler. 2000. " O município no Brasil- marco de referência e principais desafios", Os 

Municípios e as eleições de 2000, Cadernos Adenauer, São Paulo Konrad Adenauer Stiftung. 

NEVES ET ALLII. "Os municípios e as eleições de 2000". Cadernos Adenauer  4, São Paulo, 

Fundação Konrad Adenauer, pp.9-32. 

O’DONNELL, G. 1996, “Illusion About Consolidation”, Journal of Democracy,  7(2): 34-51. 

OLIVEIRA VIANNA, J.F. 1974. Instituições políticas brasileiras, 3a.ed. Rio de Janeiro, Record 

Cultural, 2 volumes. 

PUTNAM, Robert. 1996. Comunidade e Democracia - a experiência da Itália Moderna, Rio de 

Janeiro, FGV editora. 

REIS, Elisa P. “Percepções da elite sobre pobreza e desigualdade”, Revista Brasileira de Ciências 

Sociais, 2000, Fevereiro, vol.15 (42): 143-152. 

SHARPE, L. J. 1988. The growth and decentralisation of modern democratic state, European Journal 

of Political Research 16 (4), Dordrecht, Elsiever ed., p. 365-380. 

Recebido para publicação em setembro de 2002 

Aprovado para publicação em março de 2003.  O artigo da autores Maria Hermínia Tavares de Almeida do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo e Leandro Piquet Carneiro do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo .

O extremismo político se refere a correntes de pensamento e grupos que adotam posições radicais e contrárias ao pluralismo democrático, muitas vezes utilizando retórica agressiva e métodos que podem questionar ou subverter as instituições democráticas. A intensificação desse fenômeno tem sido um tema de debate global, com diversas notícias e análises recentes destacando a ascensão de grupos extremistas em diferentes países. 

Principais características

Rejeição ao pluralismo: Ignora a legitimidade de ideias e grupos políticos diferentes, defendendo uma visão política única e hegemônica.

Violência e agressividade: Pode se manifestar por meio de discursos de ódio, ameaças e, em casos mais graves, ações violentas contra adversários políticos, minorias ou instituições.

Discursos polarizados: Utiliza narrativas que dividem a sociedade em "nós contra eles", impedindo o diálogo e o debate construtivo.

Desestabilização institucional: Busca enfraquecer ou deslegitimar as instituições democráticas, como o judiciário, o legislativo e a imprensa, questionando sua autoridade e imparcialidade. 

Tendências recentes (2025)

Ascensão global: Notícias recentes de setembro de 2025 indicam que o extremismo político tem dominado o cenário político em diferentes partes do mundo, como nos Estados Unidos, por exemplo.

Combate à desinformação: O combate ao extremismo é pauta em eventos internacionais de alto nível. Um evento realizado em setembro de 2025 pelo governo brasileiro, com a presença de chefes de Estado, abordou a defesa da democracia e o combate ao extremismo, apontando a desinformação como um de seus principais instrumentos.

Impacto nas eleições: O extremismo tem sido associado a crenças conspiratórias e à polarização nas eleições em diversos países, como apontado em estudos sobre o comportamento eleitoral em municípios brasileiros.

Ultraconservadorismo e projetos antidemocráticos: Em setembro de 2025, houve debate sobre a influência de projetos da ultradireita, como o "Projeto 2025" nos EUA, que visa desmantelar instituições e implementar uma agenda conservadora, causando apreensão sobre o futuro democrático. 

Extremismo no Brasil

Notícias recentes: A mídia brasileira tem acompanhado de perto a questão. Em setembro de 2025, houve menções sobre o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) na contenção de atos extremistas e a percepção de que a extrema-direita se tornou uma "indústria".

Extremismo politico. As vezes podem causar eventuais derrotas.

Confira a noticia no Portal G1 da  Rede Globo                                          .https://g1.globo.com/politica/blog/gerson-camarotti/post/2025/09/26/em-conversas-reservadas-tarcisio-avisa-que-esta-fora-da-disputa-presidencial-em-2026-diante-de-uma-direita-fragmentada.ghtml

E assim caminha a humanidade.

Imagem ; Portal G1 da Rede Globo. 





 

 




Nenhum comentário:

Postar um comentário