A maquina partidária é a capacidade de influencia geopolítica, financeira e política, que um partido possui, não somente em termos de defender seu território político, como também aumentar sua influencia geopolítica, financeira e hierárquica dentro e fora de seu espectro político.
Na área geopolítica, uma maquina partidária, as políticas territoriais na relação de poder e influencia dentro de seu espectro político, aonde se visa manter seu poder e influencia política dentro de um determinado seguimento. Uma maquina partidária, envolve no seu sentido geopolítico, o gerenciamento e expansão de poder e influencia de um determinado partido em um determinado espectro político.
Na área hierárquica, uma maquina partidária é uma esfera de poder aonde um determinado partido administra e mantem sua hierarquia e influencia , em conjunto de expansão territorial, na administração governamental , aonde este partido se torna a maior agremiação política dentro de um determinado espectro político.
Uma maquina partidária, na sua área hierárquica, garante a influencia absoluta de um determinado partido dentro do seu espectro político. Com uma maquina partidária, na sua área hierárquica, garante a influencia expansionista de um determinado partido, além das bases do seu espectro político.
No âmbito financeiro, uma maquina partidária, garante á um determinando partido, se sobrepor pelo poder econômico. Mantendo sua influencia geopolítica e hierárquica, uma maquina partidária, representa a concepção total na sua "natureza política", em uma clara manifestação da hierarquia econômica, política e territorial de um determinando partido, dentro e fora de seu espectro político.
Uma maquina partidária, garante a "natureza política" de um determinado partido, no seu total e absoluto poder e influencia expansionista por meio do seu poder econômico, que se traduz na "natureza política", dentro e fora do seu espectro político, em uma influencia geopolítica, hierárquica e financeira, pelo "natureza política" do poder econômico que uma maquina partidária proporciona á um determinado partido político.
Uma maquina partidária, garante á um determinado político, a plena capacidade de estrutura e poder político, para se adaptar organicamente a qualquer mudança em uma sociedade.
Republicanos e democratas nos EUA são os representantes dos partidos Republicano (Grand Old Party - GOP) e Democrata (Democratic Party). Os dois grupos configuram a polarização política que existe no país desde a época de sua independência, em 1776. Ao contrário do que muitos pensam, não há apenas esses dois partidos nos EUA, mas a forma como o sistema eleitoral funciona nesse país acaba fazendo com que os dois dominem a cena política.
Em suas origens, os republicanos e democratas mantinham posições bem distintas das atuais. Os republicanos defendiam o fim do sistema escravocrata e o estímulo à indústria, por exemplo. Seus representantes estavam concentrados no Norte do país. Já os democratas se concentravam no Sul, e defendiam o sistema escravocrata bem como a propriedade privada, entre outros pontos. Após a Guerra Civil Americana, no entanto, republicanos migraram para o Partido Democrata, que se alinhou mais ao campo progressista
Republicanos e democratas são os grupos partidários que compõem a polaridade política dos Estados Unidos que existe desde a sua independência.
O Partido Republicano tem uma visão conservadora da organização pública, baseada em pontos como a defesa da propriedade privada e do porte de armas; bem como uma visão liberal da economia, defendendo o livre mercado, por exemplo.
O Partido Democrata tem uma visão progressista associada a uma esquerda democrática, defendo políticas sociais assistencialistas e movimentos de minorias, por exemplo
A origem dos republicanos esteve na independência dos EUA, em 1776. À época, os federalistas formaram o Partido Republicano, atrelado a lideranças políticas do Norte do país. Seus agentes defendiam questões como o fim do sistema escravagista.
A origem dos democratas se deu no Partido Republicano Jeffersoniano, que teve uma presença forte no Sul dos EUA. Tinham uma visão alinhada com a exploração econômica via sistema de escravidão e concentração agrária.
Após a Guerra Civil Americana (1861-1865), membros do Partido Republicano foram para o Partido Democrata, que passou a se posicionar mais à esquerda a partir da década de 1920.
O Partido Republicano tem um viés mais alinhado ao pensamento ao conservadorismo moderado ou liberal conservador. Nesse sentido, há, por parte dos republicanos, um apreço pelos princípios conservadores, como a defesa da propriedade privada, do porte de armas, do livre mercado e da livre concorrência. Nesse sentido, o Partido Republicano pode ser denominado de centro direita.
Já o Partido Democrata tem um viés associado à tradição da centro esquerda democrática, que se diferencia da esquerda anticapitalista , com foco nas políticas sociais assistencialistas, a intervenção do Estado l na economia, com bandeiras de movimentos sociais, como a dos negros afro-americanos, a dos gays, a dos imigrantes latinos . Seno classificado como centro esquerda.
As eleições presidenciais nos Estados Unidos decidem sobre o cargo do presidente e vice-presidente dos Estados Unidos. Trata-se de um sistema de eleição indireta em que os cidadãos dos Estados Unidos registrados para votar em um dos cinquenta estados americanos ou em Washington D.C., votam não diretamente para esses cargos, mas sim para membros do Colégio Eleitoral. Esse sistema de votação data de 1787, quando a Constituição dos EUA estava sendo elaborada, e era praticamente impossível a realização de uma votação popular nacional para eleger um presidente, por conta do tamanho do país e das dificuldades de comunicação.
Como há 538 delegados no total, um candidato precisa de pelo menos 270 para ser eleito. O que se traduz em metade dos 538 (ou 269) + 1 = 270 delegados a serem eleitos presidente dos Estados Unidos. Nas cédulas de votação, cada candidato a presidência leva junto do nome, o nome do vice-presidente e do partido afiliado. Segundo a Mestra e Historiadora Sandra Lima. No Primeiro Período da habilitação em Jornalismo na Comunicação Social. Pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAAM FAAM).
Confira o artigo da autora Camila Feix Vidal1
Camila Feix Vidal1
Polarização Partidária e Política Externa nos
Estados Unidos (1936-2012)
Party Polarization and Foreign Policy in
United States (1936-2012)
1. Introdução
O debate acadêmico nos Estados Unidos da década de 1950
criticava a “falta de opções” para os eleitores por conta de políticas
ideologicamente semelhantes entre os dois principais partidos norte
americanos (APSA, 1950, p. 3). Conhecido como “me too politics”
(FIORINA, 1999), esse período caracterizava-se por partidos
ideologicamente próximos em que facções liberais e conservadoras
encontravam e dividiam espaço tanto no Partido Republicano,
como no Democrata. Esse é também o período do consenso e das
políticas centristas e bipartidárias no Congresso norte-americano
que facilitava a implantação de medidas e aprovação de leis
(MCCARTHY et al., 2006), de níveis altos de split-ticket voting2
e de apartidarismo no eleitorado (LEVENDUSKY, 2009). Como
resultado, essa baixa coesão ideológica intrapartidária (inclusive em
que vários membros do Congresso votavam mais frequentemente
com a oposição do que com seu próprio partido) dava a impressão
de fragilidade ao sistema partidário (SINCLAIR, 2006). Não por
acaso, afloravam nesse período trabalhos que previam o declínio
1 É professora de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande,
RS, Brasil. E-mail: <camilafeixvidal@gmail.com> .
2 O split-ticket voting refere-se ao voto em partidos distintos em uma mesma eleição.
Revista Brasileira de Ciência Política, nº 25. Brasília, janeiro - abril de 2018, pp 167-204.
DOI: 10.1590/0103-335220182505
168
Camila Feix Vidal
(CROTTY, 1984 e WATTENBERG, 1998) e, até mesmo, o fim
dos partidos políticos (BROADER, 1972) e da ideologia (BELL,
1980). Também não por acaso, esse mesmo momento presenciava
a emergência de abordagens racionalistas, em especial a partir
da obra de Downs (1999), que explicava e legitimava o atual
posicionamento centrista dos partidos políticos – uma estratégia
racional para angariar o maior número de votos. Conforme Fiorina
(1999) aponta, o tempo não seria gentil com esses autores.
Em 2003, Broader, que algumas décadas atrás escrevia The
party is over (1972), agora atentava para o “excesso partidário”
que contribuía para uma “perversão do sistema representativo de
governo” (BROADER, 2003 apud MASKET, 2012). Também algumas
décadas depois do discurso proferido na APSA que questionava a
falta de opções ideológicas entre os partidos, o presidente dessa
mesma organização atentaria para a “incongruência ideológica”
entre governo e sociedade e para a crescente polarização partidária
que questiona o próprio entendimento lógico que se tem sobre
democracia (POWEL, 2012). De fato, o debate acadêmico atual nos
EUA não mais trata do fim da ideologia, mas da ideologia extremada;
não mais da fragilidade dos partidos políticos, mas da força desses
mesmos; não mais do eleitor mediano, mas da “base”; e, por fim,
não mais das políticas centristas, mas das políticas extremadas
partidárias. Segundo Fiorina (2014, p. 3), “Today partisanship,
ideology and issue positions go together in a way they did not in the
mid 20th century. Issues and ideology used to cross-cut partisan
distribution, now they reinforce it”.
Assim, o atual debate acadêmico nos EUA centra-se em estudos
sobre uma suposta polarização política. Por polarização entende-se
uma separação ideológica entre os campos liberal x conservador e
a ida para os seus extremos (MCCARTHY et al., 2006; e FIORINA,
2014). Esse mesmo debate busca entender a atual política norte
americana (em que o termo extreme politics passou a ser a norma) e
redefinir o papel e a importância tanto dos partidos políticos como da
ideologia, questionando, portanto, as próprias abordagens teóricas
então vigentes. Partido e ideologia, hoje, estão muito mais alinhados
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
169
do que na geração passada, com o campo liberal sendo representado
pelo Partido Democrata, e o conservador pelo Partido Republicano.
Da mesma forma, com os partidos políticos mais diretamente
relacionados a determinada ideologia (e, com isso, a determinada
agenda e posicionamentos), o número de eleitores apartidários e
mesmo de split-ticket voting, diminuiu consideravelmente. Longe de
ser irrelevante para a política, o partido passa a ser o fator principal
de comportamento eleitoral3.
Estudos acerca da polarização partidária, no entanto, são recentes,
pouco numerosos e, por vezes, empiricamente frágeis. Na maioria
dos casos, ou se concentram em uma análise de posicionamentos
de congressistas (MANN, 2014; POOLE e ROSENTHAL, 1985 e
1984; e MCCARTHY et al., 2006)4; ou refletem um senso comum,
na sua maioria de forma qualitativa e indutiva, que inclui desde
a relação entre lideranças e a comparação entre elas, bem como
a relação do partido com a mídia e com eventos específicos
(WOLFE in HUNTER e WOLFE, 2006; MANN e ORNSTEIN,
2012; PIERSON e HACKER, 2005; MANN, 2014; e FIORINA e
3 Esses dados podem ser verificados na própria literatura especializada como também em gráficos
desenvolvidos pelo Pew Research Center e por Poole e Rosenthal em Polarized America.
4 O primeiro estudo detalhado (e até hoje utilizado como referência) sobre a polarização partidária
foi feito por Poole e Rosenthal em 1984. Intitulado The polarization of American politics, o estudo
utilizava-se de dados de votações de senadores (democratas e republicanos) e de avaliação de
determinados grupos de interesse sobre esses mesmos senadores no período 1959-1980. No
ano seguinte à publicação, Poole e Rosenthal afinaram a metodologia usada e desenvolveram a
mais utilizada e referenciada técnica nos estudos de polarização partidária: o Nominate (ou DW
Nominate). Essa técnica utiliza-se de contabilização de votos de congressistas e os posiciona em
uma escala liberal x conservador. Recentemente, em conjunto com McCarthy, desenvolveram
um estudo a partir de votações no Congresso de 1900 a 2000, concluindo que entre 1900 e 1975
a fração de posicionamentos moderados cresce; no entanto, a partir de 1975, a polarização no
Congresso mantém-se em constante ascendência. Ainda que extremamente importantes para se
entender a polarização estadunidense, esses estudos lidam com um único e determinado setor:
os congressistas.
170
Camila Feix Vidal
ABRAMS, 2008; PRIOR, 2013)5. Assim, busca-se neste trabalho
uma análise empiricamente mais robusta acerca da suposta ida para
os extremos ideológicos do espectro político por parte dos dois
principais partidos nos EUA, tendo como foco a política externa
defendida por eles.
Objetiva-se fazer, tendo o auxílio de ferramentas informacionais
como NVivo e SPSS, uma análise comparada dos posicionamentos
e ideologias expostas pelos próprios partidos nas suas plataformas
nacionais, compreendidas como o melhor indicador ideológico
partidário (LAVER e GARY, 2000; POMPER, 1967; BUDGE et al.,
1987; D’ALESSANDRO, 2012) por ser esse o único documento
atribuído ao partido e endossado por todos, tácita ou formalmente,
em que os posicionamentos políticos e pressupostos ideológicos do
partido estão expostos. Elas são, em última instância, sinalizações
do que o partido pretende implementar, uma vez eleito e que em
um sistema bipartidário como é o caso dos Estados Unidos geral
mente são facilmente implementadas
O recorte temporal feito diz respeito ao momento em que os
conceitos de “liberalismo” e “conservadorismo” começavam a ser
debatidos e construídos no meio acadêmico e político: a partir da
instauração do primeiro New Deal, em 1933; até o período mais
recente, caracterizado pela eleição a presidência em 2012. No que
diz respeito às plataformas nacionais, esse recorte se dá entre 1936
(primeira eleição presidencial pós New Deal) e 2012.
5 Um espaço desproporcional é dado a lideranças do PR, tais como Pat Robertson, Newt Gingrich
e G.W.Bush, sugerindo que a polarização estaria mais fortemente vinculada a emergência dessas
f
iguras. Da mesma forma, há autores que se utilizam de eventos específicos, tais como o filibuster
orquestrado pelo PR na questão do teto da dívida pública como indícios de um maior conflito
entre os partidos e, portanto, de polarização partidária. Por fim, há ainda autores que buscam
relacionar a emergência de uma mídia partidária, em específico a republicana Fox News e de novos
mecanismos midiáticos, tais como talk shows e C-SPAN que teriam sido utilizados de maneira mais
eficaz por republicanos e conservadores, tal como Rush Limbaugh. De todo modo, esses trabalhos
limitam-se ao estudo de certos eventos ou certas lideranças.
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
171
2. Conservadorismo e Liberalismo nos EUA: ideais
antagônicos
A definição de uma ideologia é, por si só, um trabalho difícil em
função da pluralidade de aspectos e de temas, da fluidez com que
essa se transforma e do próprio contexto em que ela está inserida.
Obviamente, quando se lida com conceitos tão amorfos como
conservadorismo e liberalismo, não se tem a intenção de defini-los
de forma estanque. Nada mais são do que abstrações por vezes
utilizadas de forma ambígua e bastante flexível que, no entanto, por
conta de processos de reificação, são capazes de dar às pessoas certa
coesão e base de pensamento. De fato, é difícil buscar uma única,
satisfatória e abrangente definição de fenômenos tão complexos
como conservadorismo e liberalismo. Entretanto, se pode ao menos
buscar certos eixos (um núcleo) que perpassam tempo e espaço e
que seriam responsáveis por dar certa forma a essas ideologias.
Nesse sentido, é importante mencionar que apesar do
“conservadorismo” e do “liberalismo” serem conceitos relativamente
novos nos EUA (datando de meados do século XX), sempre
existiram vertentes que poderiam hoje ser caracterizadas como
liberais ou conservadoras. O próprio debate acerca da organização
federal e constitutiva norte-americana já atentava para dois grupos
(federalistas e antifederalistas): um que preconizava a união
federal, portanto, com um governo federal com certo escopo de
atuação, e o outro que defendia a independência dos estados,
portanto, um governo federal mínimo. Ao invés de rótulos como
“conservadorismo” e “liberalismo”, falava-se em “paternalismo” e
“individualismo”: o primeiro seria a dependência de um estado de
bem-estar social, enquanto o segundo a rejeição desse. Assim, esses
conceitos não nascem do nada. São continuações de certas visões
de mundo e de filosofias políticas que fizeram parte da história
norte-americana. No entanto, passam a ser mais bem definidas,
justificadas e legitimadas a partir de determinado momento por
conta da atuação de certos atores-chave que buscam, por meio do
uso desses rótulos, impor uma caracterização ideológica própria
e atrelá-los a um partido político. No caso do liberalismo, a partir
172
Camila Feix Vidal
de meados da década de 1930, com o governo Franklin Delano
Roosevelt (FDR); no caso do conservadorismo, a partir da década
de 1950, com o desenvolvimento de um network composto por
intelectuais, ativistas e empresários (VIDAL, 2016).
O entendimento de liberalismo nos EUA é, em primeiro lugar,
distinto do entendimento de liberalismo no Brasil ou mesmo
na Europa – onde é associado ao liberalismo clássico, portanto
à escola austríaca que privilegia a “mão invisível” do mercado
e a não interferência na economia. Nesse país, o liberalismo é a
ideologia política atual mais fortemente vinculada com a esquerda
do espectro político, portanto, uma ideologia que, ao contrário do
laissez faire associado ao liberalismo clássico, defende um amplo
escopo de atuação federal na construção de um estado de bem-estar
social. Em segundo lugar, a emergência dessa ideologia deve-se ao
papel central desenvolvido por lideranças políticas democratas, em
específico, FDR. Em terceiro lugar, o liberalismo está diretamente
vinculado a problemas de ordem prática; ou seja, longe de ser
uma ideologia que já nasce a partir de certos preceitos e de uma
agenda política clara, é o resultado de uma série de tomada de
posições frente a assuntos práticos de ordem política. Por fim,
ainda que a emergência do liberalismo como uma filosofia política
esteja diretamente vinculada com o governo FDR, ela possui raízes
tanto nos movimentos progressistas quanto nos movimentos
populistas nos Estados Unidos. Com a presidência de Roosevelt,
essas tendências seriam “rebatizadas” com o nome de “liberalismo”
sem, no entanto, perder as linhas basilares que definiam esses
movimentos, em específico a ênfase na igualdade e no papel do
governo para a condução de uma sociedade mais igualitária6.
Desse modo, podemos definir algumas características que dão a
ele a forma que atualmente tem: o objetivo está na igualdade (seja ela
econômica ou social). Nesse sentido, o governo detém um papel de
provedor dessa sociedade – intervém, portanto, em áreas até então
6 É importante mencionar que o progressivismo nos Estados Unidos comportava uma dimensão moral.
Dentre as suas prerrogativas, existiam componentes que buscavam impor uma certa moralidade
à sociedade norte-americana, diferentemente do liberalismo.
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
173
consideradas “privadas” ou locais sem, no entanto, descaracterizar
o capitalismo típico estadunidense. Por exemplo, regula relações de
trabalho e atuação de corporações, redistribui recursos por meio de
auxílio financeiro, saúde ou programas de emprego, entre outros;
mas não socializa terras ou abole a propriedade privada. Assim,
o liberalismo nos EUA é caracterizado por uma mixed economy
ao estilo keynesiano – o governo intervém como um árbitro para
direcionar o andamento da economia capitalista e mitigar os seus
efeitos negativos na sociedade. Na área social, o liberalismo defende
certa concepção multicultural, perceptível na preocupação com os
direitos das minorias, sejam elas afro-descendentes, imigrantes,
mulheres ou homossexuais. O liberalismo intervém na esfera social
(por exemplo, na questão racial e de gênero) com o objetivo de
assegurar a igualdade formal e a liberdade de escolha. Por fim, no que
diz respeito à política externa, o liberalismo caracteriza-se por um
anticomunismo ativo caracterizado por políticas intervencionistas,
mas que enfatizam a concertação multilateral e a interdependência
entre os estados (Quadro 1).
Ao contrário do liberalismo que emerge na política como
resposta a determinadas questões pontuais e cujos proponentes são
facilmente identificáveis; o conservadorismo inicia-se no âmbito
externo às instituições políticas por meio do esforço conjunto de
intelectuais, empresários e movimentos sociais (BRENNAN, 1995;
CRITCHLOW, 2007; ABERBACH e PEELE 2011; NASH, 1996 e
2009). Longe de comportar uma única e identificável ideologia, esse
movimento compõe-se de várias vertentes, por vezes antagônicas,
entre elas o tradicionalismo, o libertarianismo e o intervencionismo
autônomo; formando uma espécie de “guarda-chuva ideológico”
(NASH, 2009). Desse modo, devido as suas constantes tensões e
contradições, não é possível chegar a uma definição amplamente
aceita de conservadorismo, ou mesmo de um “perfeito” conservador
(NASH, 1996; ABERBACH e PEELE, 2011).
É importante mencionar que até 1945 não havia uma
força intelectual, social ou política conservadora relativamente
articulada e coordenada (NASH, 1996). É certo que já havia vozes
174
Camila Feix Vidal
dissidentes em relação ao que começava a ser caracterizado como
liberalismo, da mesma forma que havia vozes a favor e contra o
“engrandecimento” do estado federal desde a concepção dos EUA.
Essas vozes agrupavam-se em três grandes grupos: os libertários,
os tradicionalistas e os anticomunistas intervencionistas (ibidem).
No entanto, eram vozes soltas, faltando-lhes uma ideologia própria
ou mesmo uma “cola” que as unisse e as fizesse mais identificável e
palatável aos olhos da população e mesmo dos partidos políticos.
Essas vozes pouco adentravam na política norte-americana. Desde
a eleição de FDR, que proporcionou sucessivas vitórias democratas
no âmbito federal, o PD trilhava um caminho liberal – cada um dos
presidentes empossados por esse partido buscava dar continuidade
às práticas do New Deal. De modo não muito contrário, o PR passou
a trilhar o mesmo caminho. De fato, o governo de Eisenhower não
se distancia demasiadamente dos governos democratas no que
diz respeito à política econômica, às questões sociais e mesmo à
política externa, em que ambos os partidos passariam a priorizar o
internacionalismo multilateral (THOMPSON, 2007; BRENNAN,
1995; NASH, 1996; GIFFORD e WILLIAMS, 2012)7. É justamente
esse o período considerado me too politics, em que afloravam
trabalhos sobre o fim da ideologia e o fim dos partidos políticos.
Ao que parecia, havia, até a década de 1960, uma única tendência
ideológica na política norte-americana: o liberalismo. Não sendo o
PR um artifício para desafiá-la, coube a indivíduos fora do sistema
político norte-americano, descontentes com o rumo que a política
norte-americana traçava, o desenvolvimento de uma alternativa.
O conservadorismo nasce, assim, como reação ao liberalismo
a partir de fins da década de 1950 (PIERSON e SKOCPOL, 2007;
SCHNEIDER, 2009; NASH, 1996 e 2009; BRENNAN, 1995;
GIFFORD e WILLIAMS, 2012; THOMPSON, 2007; ABERBACH
e PEELE, 2011; HIMMELSTEIN, 1989; PHILIPS-FEIN, 2009).
Ainda que tenha raízes antigas datando da própria formação dos
7 Segundo Brennan (1995), a ala “liberal” republicana (Eastern Establishment) passou a dominar o
partido a partir da década de 1940, o que contribuía para uma “crise de identidade” desse último,
haja vista que passava a não se diferenciar em grande escala do seu oponente, o PD.
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
175
Estados Unidos, essa ideologia em conjunto com as vertentes que a
definem hoje foi efetivamente “inventada” (GOTTFRIED, 2007) ou
“construída” (NASH, 1996) no período imediatamente posterior ao
f
im da Segunda Guerra Mundial com dois objetivos muito claros:
fazer uma contraposição à ideologia dominante (o liberalismo) e
“capturar” um partido político com esse fim (o PR) (GIFFORD e
WILLIAMS, 2012; THOMPSON, 2007). Assim, há que se notar
que não é uma continuação ou uma releitura de Edmund Burke. O
conservadorismo norte-americano é bastante diferente do Europeu
tanto pela sua origem como pelos seus ideais – não é unicamente
reacionário, mas, ao contrário, corresponde por vezes a respostas
proativas em um mundo em constante mudança (GIFFORD e
WILLIAMS, 2012; THOMPSON, 2007).
Esse movimento tem início a partir do debate que se trava
entre intelectuais e acadêmicos insatisfeitos com a ideologia liberal
dominante. No entanto, como argumenta Nash (1996), livros, por
si só, não criam um movimento intelectual da mesma forma que
ideias por si só são insuficientes para alterar o rumo da política.
Daí a necessidade da construção de uma ampla rede de networks
de influência (com a criação de associações, movimentos sociais,
revistas e think tanks, por exemplo) com impacto político (Ibidem;
BRENNAN, 1995). Essa construção de networks, por sua vez, só pode
ser efetivada com recursos financeiros. Ideias e recurso financeiro,
nesse sentido, tornar-se-iam cruciais para a criação e manutenção
do movimento conservador. O estudo do conservadorismo
norte-americano, desse modo, está intimamente associado com
intelectuais (bem como com a construção de revistas e think tanks
por esses desenvolvidos), com ativistas (por meio de movimentos
sociais) e mesmo com empresários (pelo “financiamento” desses
projetos). Esses indivíduos, assim, construiriam uma ideologia
e um movimento baseado, ao fim, em três pilares: na economia,
uma aversão ao estado de bem-estar social que representava o New
Deal; nas questões sociais, a retomada da moralidade, das tradições
e da religião; e na política externa, o combate ao comunismo
por meio de uma política intervencionista unilateral. Esses três
176
Camila Feix Vidal
elementos permanecem até hoje como as bases dessa ideologia: o
libertarianismo, o tradicionalismo e o anticomunismo militante
(HIMMELSTEIN, 1989). O ponto central do fusionismo (síntese das
vertentes conservadoras), é o entendimento de que a preocupação
libertária com a liberdade individual e a preocupação tradicionalista
com a moralidade e a religião, longe de serem antagônicas, faziam
parte de uma mesma filosofia política.
Assim, o conservadorismo é, em primeiro lugar, uma reação
contra o liberalismo. Para os libertários, o liberalismo significa
um governo federal cada vez maior, associando-se a um estado
totalitário, que retira parte da propriedade privada do indivíduo
para redistribuição e para manutenção do seu aparato burocrático.
Para os tradicionalistas, o liberalismo significa a erosão dos valores
cristãos e da tradição norte-americana. É a desintegração da
família tradicional, é a erosão do papel dos pais como educadores,
a desestruturação das funções tradicionais desenvolvidas por
homens e mulheres, o comportamento “libertino”, etc. Já para os
intervencionistas militaristas, o liberalismo é a capitulação dos
Estados Unidos frente ao mundo externo. É o enfraquecimento da
sua soberania frente a acordos e organismos internacionais e do
próprio território nacional frente a políticas de appeasement.
Em resumo, na área econômica o conservadorismo é, sobretudo,
libertário. Valoriza o laissez faire, a iniciativa privada e um governo
federal com escopo de atuação mínimo. Defende o “mérito” e a
propriedade privada como um bem supremo, portanto, acredita
que impostos devem ser mínimos e iguais. Essa é a sua concepção
de justiça. Essa característica está muito visível na área social. O
conservadorismo valoriza certa hierarquia em todos os sentidos:
familiar, social, econômica, etc. Como já atentava Kirk (1953), é
a diferença entre o escalão da frente e o de trás a força-motriz do
progresso. A utilização da religião como forma de justificativa e
legitimação dessas questões é facilmente verificada nessa área. Por
f
im, na arena externa (Quadro 1), o conservadorismo defende uma
ideia de defesa nacional pela expansão militar e intervencionismo
autônomo. Valoriza a sua soberania, o seu território e os seus
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
177
nacionais. Essa questão fica clara na contínua transferência de
“inimigos externos”: antes relegados à URSS, agora a diferentes
movimentos internacionais, países e ameaças. A condução da
política externa é, assim, intervencionista e unilateral – não só
não há necessidade de aliados na tomada de uma decisão, como
qualquer tipo de organização ou tratado internacional que limite de
alguma forma a atuação norte-americana é condenado.
Quadro 1: Oposição entre liberalismo e conservadorismo referente à política externa
Conservadorismo
Liberalismo
Ênfases
Ênfase no exército
Valorização das forças armadas
Ênfase na diplomacia
Valorização dos organismos multilaterais
Defesa e segurança
Defesa e segurança é projeto autônomo
Defesa e segurança é projeto coletivo
Intervencionismo
Intervencionismo unilateral
e independente
Intervencionismo multilateral
e dependente
Escopo de atuação
Questões estratégicas de
segurança e interesse nacional
Questões de segurança, interesse
nacional e humanitárias
Organizações multilaterais e
tratados internacionais
Contra: limitam a autonomia
e a soberania dos EUA
A favor: responsáveis por maior
ordem e segurança mundial
Fonte: Elaboração própria.
3. Ferramentas metodológicas: variáveis, categorias e
formas de mensuração do modelo adotado
A análise de plataformas partidárias está inserida em uma
metodologia ampla de análise de conteúdo; no entanto, vem sendo
progressivamente estruturada de maneira a abarcar diferentes
métodos no estudo de textos partidários. Na maioria dos casos, a
análise de plataforma é feita de maneira comparada, buscando corre
lações com outras plataformas ou manifestos partidários. Essa não
é uma abordagem nova nos estudos de partidos e ideologias parti
dárias. Gerald Pomper (1967), por exemplo, já atentava na década
de 1960 para a importância de estudos aprofundados com base
178
Camila Feix Vidal
nesses documentos e as várias possibilidades de se compreender as
mudanças intra e interpartidárias a partir deles. No entanto, apesar
de relativamente antiga, ainda pode ser considerada marginal no
âmbito da Ciência Política; em especial (e paradoxalmente) nos
Estados Unidos em comparação com estudos europeus. Em sua
maioria, seguem uma abordagem candidate centered e racionalista,
como é o caso dos estudos de Pomper (1967), Fishel (1985) e Maisel
(1993-1994).
A análise de programas partidários, atualmente, parece ser mais
estudada e divulgada no âmbito europeu. É lá que teve início o
Comparative Manifesto Project (CMP) desenvolvido por Michael
Laver e Ian Budge que visa posicionar os programas partidários
de diversos países em uma escala direita x esquerda por meio de
técnicas de handcoding feita de maneira sistemática a partir de
um único padrão de códigos. Assim, toda a plataforma é manual
mente dividida em quasi-sentences8 que serão posteriormente cate
gorizadas de acordo com determinado tema e a menção feita a ele.
Ainda que a codificação manual continue tendo espaço nas análises
de conteúdo no que diz respeito aos programas partidários, outros
métodos vêm sendo disponibilizados com esse mesmo fim, entre
eles determinados programas computacionais como Wordscores e
Wordfish e desenvolvidos por Laver, Benoit e Garry (2003) e Slapin
e Proksch (2008). Em ambos os casos, utiliza-se de determinadas
técnicas que contabilizam e codificam palavras, frases, parágrafos
e argumentos com objetivo de posicionar o programa partidário
no espectro político direita x esquerda. Assim, alguns temas e a
menção feita a eles (se positiva ou negativa) são pré-definidos como
de “esquerda” ou de “direita” e, dependendo da frequência e catego
rização dos dados escolhidos na plataforma, o partido passa a ser
situado em uma parte desse espectro político.
O trabalho aqui proposto tem como ponto de partida o uso
dessas técnicas na análise das plataformas nacionais Republicanas
e Democratas utilizando-se, para isso, de programas e softwares
8
São argumentos que podem ser computados a partir de uma frase ou, no caso de mais de um
argumento na mesma frase, parte dela.
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
179
como SPSS, NVivo e ManyEyes/IBM para a construção de scores de
quantificação. Nesse sentido, a abordagem aqui feita assemelha-se
aos moldes da escala desenvolvida por Feinstein e Schickler (2008),
Koster (et al., 2012) e Lange (2007). Assim, são pontuados posicio
namentos explicitados na plataforma de acordo com uma escala
que visa verificar a presença de preceitos conservadores e liberais,
bem como analisar a inflexão desses posicionamentos ao longo do
tempo em uma espécie de escala de gradação (ver indicadores no
apêndice). É importante mencionar que essa análise possui certa
semelhança com o método de codificação manual desenvolvido
pelo Manifest Research Group; no entanto, não é uma releitura ou
continuação dessa; ao contrário, a abordagem aqui escolhida possui
importantes diferenças.
Em primeiro lugar, o foco não está na saliência, mas no confronto.
Entende-se que os partidos não possuem temas “próprios” e, com
isso, os exploram em detrimento de outros. O que esse estudo
feito nos mostra é que os temas de maior repercussão e de maior
polarização ideológica nascem de eventos na sociedade aos quais
os partidos acabam por se posicionarem sem, no entanto, manter
a “propriedade” do tema em questão. A abordagem aqui feita,
portanto, busca quantificar o posicionamento partidário expresso
na plataforma a partir das categorias específicas e da presença dessas
ou não na plataforma. E, em segundo lugar, buscou-se categorizar
também a abstenção do partido acerca de um tema já pautado no
debate político atribuindo-lhe um posicionamento centrista e o “0”
na sua quantificação por entender que a recusa em posicionar-se
acerca de um tema é, também uma escolha – nesse caso, centrista.
Essa recusa em posicionar-se, por fim, foi contabilizada como 0
na média feita com os outros indicadores. Assim, faz-se o seguinte
calculo: P/T, onde P é a somatória dos pontos em dada plataforma
e T é a somatória dos temas parte do debate político na época,
perfazendo, desse modo, uma média aritmética.
180
Camila Feix Vidal
3. Análise da Política Externa – Partido Republicano
A política externa defendida pelo PR oscila ao longo do período
analisado (Gráfico 1). Ainda assim, é possível notar três períodos
relativamente distintos. Um primeiro momento entre 1936 e 1940;
um segundo entre 1944 e 1972; e um terceiro a partir de 1976.
O primeiro período, caracterizado pelas plataformas de 1940 e
1944 é um momento em que se pode verificar uma maior presença
de posicionamentos conservadores – em específico no que diz
respeito às Organizações Internacionais (OIs), projetos de defesa
e atuação externa. No entanto, que foge do internacionalismo
caracterizado tanto pelo liberalismo quanto pelo conservadorismo
e que seria característica do partido a partir da plataforma de 1944.
O partido, nesse primeiro período, é isolacionista – defende a não
atuação norte-americana no cenário internacional; seja relativo
às instituições internacionais, seja relativo a um envolvimento
internacional no que tange à Segunda Guerra Mundial.
Gráfico 1 – Média Política Externa – Partido Republicano
Fonte: Elaboração própria.
Já o segundo momento é um período de grande oscilação
que conjuga plataformas tipicamente liberais (1944, 1948, 1968 e
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
181
1972), conservadoras (1952 e 1964) e “mistas” – em que as duas
f
ilosofias políticas estão igualmente apresentadas (1956 e 1960).
As plataformas da década de 1940, tipicamente liberais, defendem
maior engajamento do país no cenário internacional e a valorização
de instituições e arranjos internacionais multilaterais. Estão inseridas
na lógica da Segunda Guerra Mundial e o inimigo é caracterizado
pelo nazismo, ou de maneira mais abrangente, pela ameaça de
“governos totalitários”. O discurso centra-se no fortalecimento da
ONU e na valorização de organismos jurídicos internacionais,
como a Corte Internacional de Justiça (CIJ). A paz mundial, assim,
é entendida como um projeto multilateral em que efetivos militares
são menos relevantes. Em 1944, o partido argumenta: “We believe
[...] that peace and security do not depend upon the sanction of
force alone, but should prevail by virtue of reciprocal interests and
spiritual values”. Nesse momento, o discurso passa a enfatizar a
segurança coletiva para lidar com ameaças externas.
As próximas três plataformas se caracterizariam pela defesa de
posicionamentos tanto liberais quanto conservadores, defendendo,
ao mesmo tempo, políticas e propostas contrárias entre si. Esse é o
momento de início do contencioso com a União Soviética (URSS),
portanto está pautado na lógica da Guerra Fria. De modo geral,
verifica-se nas plataformas de 1952, 1956 e 1960 uma inflexão
conservadora no que diz respeito à atuação externa e aos projetos
de defesa e segurança. Há, nesse sentido, a valorização de um papel
de liderança a ser desempenhado pelos Estados Unidos de forma
relativamente unilateral no cenário externo. Faz-se, ainda, referência
constante à necessidade de maiores recursos militares para garantia
da segurança e da paz mundial – conforme a plataforma de 1956,
“The military strength has been a key factor in the preservation of
world peace”. O relacionamento com a URSS, nesse sentido, tende a
ser mais confrontacionista, pautado pela defesa de armamentos e de
um discurso que privilegia a liderança norte-americana. Ainda assim,
defende-se um fortalecimento de organismos internacionais como
a ONU e de segurança coletiva como a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan). Nota-se, também, maior preocupação com
182
Camila Feix Vidal
a assistência internacional humanitária, econômica e militar. Nesse
sentido, valoriza-se o envio de recursos financeiros ou de efetivo
para países aliados. A busca por uma “opção” ideológica e todo o
esforço feito por conservadores para levar o conservadorismo para
dentro do PR seria, ao fim, evidenciada na plataforma de 1964.
Essa, no entanto, seria mais um “experimento” conservador do que
efetivamente uma tendência. Assim, a plataforma de 1964 situa-se
como um “hiato” entre plataformas liberais. De fato, os próximos
dois documentos partidários seriam pautados pelo liberalismo
como corrente ideológica, atestando para a grande oscilação
ideológica e mesmo lutas intrapartidárias que caracterizavam o
período.
Relativo à plataforma de 1964, nota-se a manutenção de
princípios conservadores já esboçados nas plataformas anteriores – em específico, a defesa do unilateralismo e de liderança norte
americana nos assuntos externos, o caráter confrontacionista
com a URSS, e a ênfase em armamentos e efetivo militar para
manutenção da paz mundial e segurança interna. Há, no entanto,
importantes inflexões no que diz respeito às questões humanitárias
e às organizações internacionais. Relativo ao primeiro ponto,
a plataforma, passa a enfatizar o custo-benefício em termos de
interesse nacional. Nesse sentido, passa a defender a assistência
a partir de contrapartidas e cujo resultado seja de interesse dos
Estados Unidos. Da mesma forma, há uma desvalorização no que
concerne à ONU. Antes entendida como um instrumento de paz,
agora a instituição passa a ser caracterizada como um instrumento
autoritário, não necessariamente favorável aos interesses norte
americanos: “Republicans will never surrender to any international
group the responsibility of the United States for its sovereignty, its
own security, and the leadership of the free world” (1964). Por fim,
a plataforma traz, pela primeira vez, o tema da religião ao relacionar
comunismo com ateísmo.
Após o hiato conservador de 1964, o PR retornaria à defesa de uma
política externa tipicamente liberal nas duas próximas plataformas
(1968 e 1972) por conta da valorização do multilateralismo, da
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
183
cooperação entre países e dos organismos internacionais. Conforme
a plataforma de 1968, “Our best hope for enduring peace lies in
comprehensive international cooperation”. A ONU, que nas últimas
plataformas vinha sendo alvo de críticas, passa a ser valorizada
como um importante instrumento para a paz. Da mesma forma,
a aprovação da CIJ, que contava com uma constante oposição
republicana nas plataformas anteriores, passa a ser defendida.
Nessas plataformas, há pouca menção a armamentos, exército e
defesa – ao contrário, defende-se o fim da corrida armamentista por
meio da ONU. A ameaça internacional, ao contrário das plataformas
anteriores que enfatizavam o comunismo, passa a ser relacionada
de modo mais amplo, a abarcar aspectos sociais e econômicos
de diversos países, tal como a pobreza, a fome e o aumento da
população. Essas questões gerariam uma insegurança mundial a ser
combatida por meio de cooperação entre países. Também nessas
duas plataformas, a ênfase na liderança e na atuação unilateral
norte-americana dá espaço a uma valorização da cooperação e da
multilateralidade. Ao contrário de uma postura confrontacionista
com a URSS, há a valorização do diálogo baseado em relações mais
construtivas, de maiores intercâmbios de ideias e pessoal, e mesmo
de cooperação econômica e militar que não se restringe à URSS,
mas abarca também países como a China. Por fim, condizente com
a postura liberal, há ainda a defesa de redução de armamentos
nucleares, incluso de armamentos norte-americanos. A plataforma
de 1972 referiria-se a essa nova atuação republicana com o golden
age of american diplomacy. As plataformas de 1968 e 1972 foram
as últimas genuinamente liberais produzidas pelo PR na área de
política externa. A partir de 1976 começaria um terceiro e último
período que se caracteriza pela ascensão e manutenção de políticas
conservadoras.
Consoante com os preceitos conservadores, esse terceiro período
seria caracterizado por: a) ênfase na defesa nacional por meio
de maiores armamentos (inclusive nucleares), b) valorização do
papel de liderança estadunidense na arena internacional e retorno
do unilateralismo, c) desvalorização de organizações e tratados
184
Camila Feix Vidal
multilaterais – de modo geral, a desvalorização do multilateralismo
(salvo os anos 2000, quando há uma inflexão nesse padrão), d) um
caráter mais moralista e religioso nas relações internacionais; e e)
uma postura mais agressiva caracterizada pela valorização da força
bélica e da desvalorização da diplomacia no que tange aos inimigos
e ameaças externas.
Durante esse período, o PR defende exaustivamente a ampliação
das Forças Armadas. A paz mundial, nesse sentido, está relacionada
com a segurança dos Estados Unidos por conta de mecanismos de
defesa e de força militar; ou seja, a segurança norte-americana é ela
própria indicativo de paz mundial. Segundo a plataforma de 1976, “A
superior national defense is the fundamental condition for a secure
America and for peace and freedom in the world”. A partir de 1980,
a relação entre paz, armamentos e força militar norte-americana
seria resumida no conceito de peace through strength, presente em
todas as plataformas analisadas a partir de então. Mesmo o discurso
acerca da redução de armamentos nucleares está inserido nessa
lógica: modernizar e ampliar as forças e armamentos militares
por parte dos Estados Unidos como garantia de desarmamento
nuclear futuro dos outros países. Ao contrário de diminuição de
armamentos nucleares, as plataformas, em sua maioria, defendem a
modernização e a criação de novas armas nucleares em uma espécie
de corrida armamentista contra a URSS até a década de 2000 e, em
2012, contra grupos terroristas. Busca-se uma posição de força por
meio de uma ampla capacidade nuclear, mesmo quando se defende
negociações com adversários. Conforme a plataforma de 1988:
“Even as we engage in dialogue with our adversaries to reduce the
risk of war, we must continue to rely on nuclear weapons as our
chief form of deterrence”.
A partir década de 1980, o PR passaria ainda a defender em todas
as plataformas seguintes a exportação dos ideais estadunidenses – em específico, a democracia, a liberdade e o livre mercado –
como condição para a paz e para o desenvolvimento dos países. Há
um entendimento de que democracias são pacíficas – não fazem
guerras entre si e de que o livre mercado é condição necessária para
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
185
crescimento econômico. Desse modo, o partido passa a criticar a
assistência humanitária nas relações internacionais por meio de
efetivo pessoal ou de recursos financeiros. Defendem-se, nesse
sentido, reformas políticas e econômicas que garantiriam o livre
mercado como condição de desenvolvimento. Além disso, há
maior preocupação com todo tipo de assistência norte-americana,
agora mais crítica e pragmática: deve servir aos interesses norte
americanos de maneira direta.
Tipicamente conservadora é, também, a inflexão republicana
referente às organizações internacionais e, em específico, à ONU.
Nesse terceiro período, são feitas constantes críticas a arranjos
internacionais que supostamente entrariam em conflito com a
soberania norte-americana. Em 1984, por exemplo, defende-se
a diminuição de recursos às OIs – postura que seria mantida nas
próximas plataformas; a saída norte-americana de OIs vinculadas
à ONU, tal como a Unesco; e a não ratificação de tratados
internacionais que supostamente violariam direitos constitucionais,
tal como a Convenção sobre Leis Marítimas. A partir de 1984,
o Partido Republicano passaria a desvalorizar a ONU por conta
de uma suposta influência soviética (1984), má direção (1996)
e discriminação contra Israel (2000). Além disso, durante esse
período há uma recusa no envio de tropas sob comando das forças
de paz da ONU. Há, por fim, o entendimento de que OIs ‘não
são garantias de segurança ou mesmo de promoção dos interesses
norte-americanos.
A partir da década de 1980, é possível notar, também, um caráter
mais moralista nas plataformas republicanas na área da política
externa. Defende-se, por exemplo, o fim de financiamentos às
organizações ou a países que, de alguma maneira, defendem ou
fazem pesquisa sobre aborto; a não entrada (e a não permanência
dos que lá estão) de homossexuais no exército – supostamente
incompatível com o serviço militar; e maior ênfase na liberdade
religiosa (entenda-se por “Cristã”) no âmbito externo.
Por fim, no que diz respeito às ameaças e inimigos externos,
as plataformas, entre 1976 e 2000, definem-se por uma postura
186
Camila Feix Vidal
mais agressiva com URSS/Rússia. Enfatiza-se deterrence a partir de
maiores efetivos militares e armas nucleares. A plataforma de 1976,
por exemplo, argumenta a impossibilidade de um relacionamento
construtivo ou de paz com a URSS. Já em 1988, o PR redige uma
lista de precondições a serem seguidas pela URSS como condição
para um futuro relacionamento, dentre eles, o respeito aos
direitos humanos e religiosos, a reforma na economia, o fim do
apoio a regimes comunistas, e a redução da capacidade ofensiva
e convencional. A partir dos anos 2000, com o fim da Guerra Fria
e, em específico, após o atentado de 11 de setembro; há um novo
inimigo – o terrorismo – que substitui o papel da URSS/Rússia.
Nesse sentido, a “Guerra ao Comunismo” é substituída pela “Guerra
ao Terrorismo”.
As plataformas de 2000, 2004 e 2008 fazem certa inflexão ao
liberalismo ao valorizar maiores arranjos institucionais internacionais
e cooperação internacional. É importante mencionar que a Rússia
deixa de ser tratada como ameaça para ser caracterizada como um
país que compartilha os mesmos interesses norte-americanos. A
plataforma de 2000, por exemplo, preocupa-se em não ditar regras
ou tentar refazer a Rússia aos moldes norte-americanos – uma clara
oposição à década de 1980. Nesse período, as plataformas trazem
novos inimigos – Coreia do Norte, Irã, Iraque e, a partir de 2004, o
terrorismo. De fato, a partir de 2004, a principal ameaça à segurança
norte-americana passa a ser o terrorismo nuclear. Aliado a isso, o
cyberterrorismo e o bioterrorismo. Frente a essas novas ameaças e
novos inimigos, as plataformas de 2004 e 2008 iriam valorizar uma
ampla consertação internacional. Há o entendimento de que essas
são questões difíceis de serem resolvidas unilateralmente. Com isso,
as plataformas exibem uma grande valorização de alianças, tratados
e cooperação entre países. Nessas duas plataformas, valorizam-se
sanções para países “ameaça” e coordenação internacional para o
combate ao terrorismo por meio, principalmente, da inteligência. A
questão armamentista, nesse sentido, é relativamente desvalorizada.
Defende-se, inclusive, a redução de arsenal nuclear (incluso o norte
americano) como meio de proteção.
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
187
Entretanto, essa leve inflexão liberal nos anos 2000 não seria
repetida na última plataforma analisada – a plataforma de 2012,
tipicamente conservadora. Nesse ano, há um discurso recorrente
sobre o american exceptionalism e a valorização da defesa e de
armamentos como garantia para a paz mundial e segurança
nacional. Novamente a ênfase está na liderança norte-americana
e na atuação relativamente unilateral pela rejeição a alianças ou
OIs que supostamente coíbem a soberania norte-americana.
Valorizam-se maiores recursos para defesa e para modernização
de armamentos nucleares. Ao contrário de redução de armamentos
nucleares, entende-se que a única forma de dissuadir a ameaça
de um ataque terrorista seria justamente com maior capacidade
nuclear dos Estados Unidos.
4. Análise da Política Externa – Partido Democrata
Semelhante ao PR, a política externa do PD caracteriza-se
por constantes oscilações entre períodos cujos posicionamentos
podem ser definidos como genuinamente liberais e outros em que
convivem tanto posicionamentos liberais quanto conservadores
(Gráfico 2). Podemos, assim, perceber cinco períodos na análise das
plataformas: um primeiro, entre 1936 e 1948, predominantemente
liberal (ainda que o ano de 1940 apresente alguns indicadores
conservadores); um segundo período entre 1952 e 1964, caracte
rizado pela exposição de posicionamentos “mistos”; um terceiro
entre 1968 e 1976, tipicamente liberal; um quarto entre 1980 e 1992,
caracterizado por posicionamentos “mistos”; e, por fim, um quinto
momento entre 1996 e 2012, quando há um retorno ao liberalismo.
É importante mencionar que as duas primeiras plataformas
caracterizam-se por posicionamentos isolacionistas em um
contexto de emergência da Segunda Guerra Mundial. Ainda assim,
valoriza-se o multilateralismo para solução dos conflitos (1936) e o
entendimento mais holístico de defesa que contempla não só o meio
militar, mas, também, o econômico e social (1940).
188
Camila Feix Vidal
Gráfi co 2 – Média Política Externa – Partido Democrata
Fonte: Elaboração própria.
As plataformas seguintes (1944 e 1948) passam a valorizar o
intervencionismo multilateral – característica típica do liberalismo
no que concerne à atuação internacional. Em 1944, o PD defende
a cooperação entre nações aliadas como meio para se estabelecer a
paz mundial. A paz seria um resultado conjunto de diversas nações
e organizações internacionais. De fato, há grande ênfase e valo
rização das OIs. Praticamente não há menção a armamentos ou
a defesa. A política externa democrata nesse momento preocu
pa-se com a necessidade de se instaurar uma nova ordem mundial
“mais pacífi ca” quando a guerra acabar. Daí a valorização de uma
ampla gama de OIs e mesmo do estabelecimento de uma OI para
“prevenção da guerra e manutenção da paz e segurança”. A plata
forma seguinte (1948) caracteriza-se pela defesa de um papel de
liderança dos Estados Unidos nas relações internacionais, mas
de modo multilateral – mais especifi camente, uma liderança por
meio da ONU. A preocupação com armamentos nucleares aparece
pela primeira vez nas plataformas democratas. Nesse momento,
defende-se um maior controle de armas nucleares por meio de
organismos internacionais. Por fi m, a preocupação humanitária
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
189
reflete-se na criação do Marshall Plan para países europeus e no
estabelecimento de planos de ajuda econômica.
A partir de 1952 até 1964, há uma leve inflexão conservadora.
Nesse segundo momento, o partido passa a valorizar o belicismo
e um engajamento internacional mais unilateral. Além disso, a
paz mundial é constantemente enfatizada a partir da liderança
desempenhada pelos Estados Unidos. Inicia-se aqui o discurso
acerca do papel dos Estados Unidos na instauração da liberdade
e da democracia no mundo. Enfatizam-se arranjos de segurança
coletiva, tal como Otan e Organização dos Estados Americanos
(OEA) ao mesmo tempo em que se defende maiores recursos para
a defesa. Esse período, no entanto, apresenta, também, posiciona
mentos liberais. Preconiza-se o desarmamento nuclear e o papel
de organizações internacionais no estabelecimento e uma ordem
mundial mais segura. Além disso, há certa valorização do papel
da diplomacia no trato com inimigos, em específico com a União
Soviética. A plataforma de 1960 argumenta a necessidade de se
abrir todas as “linhas de comunicação” entre Estados Unidos e
comunistas defendendo, inclusive, maior intercâmbio de pessoas e
ideias. Por fim, defende-se o estabelecimento de programas huma
nitários por parte dos EUA. A plataforma de 1960, por exemplo,
argumenta que a ênfase dada na ajuda humanitária deve ser menos
militar e mais econômica. A plataforma seguinte valorizaria o papel
de programas como a Aliança pelo Progresso na América Latina e o
estabelecimento de uma agência de desenvolvimento internacional.
Entre 1968 e 1976, as plataformas passam a ser ideologicamente
homogêneas caracterizadas por posicionamentos tipicamente
liberais. Ainda que se valorize certa liderança norte-americana
(de fato, a ênfase na liderança e no engajamento mundial esta
dunidense é uma constante nas plataformas democratas); há a
preocupação com a coletividade. Ou seja, as plataformas valorizam
uma liderança tão somente na organização de arranjos coletivos,
tratados e convenções internacionais. Em 1968 defenderia um
cuidado na atuação norte-americana que contemplasse a variedade
de nações e de idiossincrasias no contexto internacional. Longe de
190
Camila Feix Vidal
postular uma atuação unilateral, o partido nesse momento defende
ampla consertação com “amigos e aliados” no que se refere à ordem
internacional.
No que diz respeito à União Soviética, valoriza-se os pontos
de comum interesse entre ambos, inclusive no que diz respeito
à redução do custo da defesa nacional. Nesse sentido, a União
Soviética não é tratada como um “inimigo”, mas como uma espécie
de possível parceiro em diversas questões internacionais. Nesse
período (nas plataformas de 1968 e 1972, especificamente) defen
de-se, ainda, a saída militar e política do Vietnã.
Consoante com o liberalismo, o partido defenderia ainda,
nesse período, uma percepção holística relativa à defesa nacional.
Nesse sentido, advoga uma transferência de recursos advindos da
defesa para áreas outras como educação, habitação, desemprego,
etc. Conforme a plataforma de 1972, “Military defense cannot be
treated in isolation from other vital national concerns. Spending
for military purposes is greater by far than federal spending for
education, housing, environmental protection, unemploment
insurance or welfare”. Há a primazia, nesse sentido, de certa rede
de proteção social e econômica. Essa mesma plataforma enfatizaria,
ainda, o dilema da segurança a partir de maiores investimentos em
defesa: “Moreover, too much that is now spent on defense not only
adds nothing to our strength but makes us less secure by stimulating
other countries to respond”.
Esse período caracteriza-se ainda por um discurso crítico acerca
da pobreza no mundo e da necessidade de ajuda humanitária por
parte dos Estados Unidos. Traz ainda novos temas a serem tratados
pela coletividade das nações como questões ambientais e escassez
de alimentos, por exemplo. Nesses casos, atenta para os limites de
uma política externa baseada na defesa armamentista. Conforme a
plataforma de 1976, “Experience has taught us not to rely solely on
military strength or economic power, as necessary as they are, in
pursuit of international objectives”. Esse posicionamento é refletido,
também, no trato com a URSS. Nesse sentido, valoriza-se um
relacionamento mais profícuo a partir de interesses em comum.
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
191
Valoriza-se, ainda, uma maior troca comercial e aproximação
política. Por fim, no que tange à redução de armamentos, o PD
defende uma ampla gama de negociações e acordos, dentre eles, a
ratificação do SALT, o banimento de testes nucleares, a aderência ao
TNP e a ratificação do protocolo sobre armas químicas.
A plataforma seguinte, no entanto, retornaria ao padrão
“misto” das plataformas anteriores. Entre 1980 e 1992, as plata
formas democratas compartilham, novamente, de posicionamentos
tanto conservadores quanto liberais. O objetivo principal passa
a ser o fortalecimento das Forças Armadas por meio de maiores
recursos. Ao contrário de valorizar os aspectos em comum entre
União Soviética e Estados Unidos, as plataformas desse período
valorizam, sobretudo, as diferenças. Nesse momento, ao contrário
da expansão de trocas comerciais, como defendido pelo mesmo
partido no período anterior, agora há a defesa da suspensão dessas
trocas com a União Soviética. Ainda que esses sejam posiciona
mentos tipicamente conservadores, mantêm-se os posicionamentos
liberais no que se refere ao desarmamento – defendendo a redução
de armamentos nucleares por meio de consertação multilateral – e
ajuda humanitária. Além disso, o entendimento holístico relativo à
segurança é, também, mantido. Na plataforma de 1984, o partido
evidencia uma série de problemas internacionais, dentre eles a
pobreza expondo a necessidade de esforço multilateral para maior
desenvolvimento econômico e social.
Por fim, o último período, entre 1996 e 2012, representa um
retorno ao liberalismo. É importante lembrar que esse momento
é caracterizado pelo fim da Guerra Fria. Há, nesse sentido, uma
percepção mais “otimista” das relações internacionais e mesmo
da Rússia. Mantém-se o posicionamento referente à redução de
armamentos nucleares pelos meios multilaterais e de ajuda huma
nitária às nações necessitadas. Há maior valorização do papel da
diplomacia na busca por soluções a novas ameaças, dentre elas,
terrorismo, crimes internacionais, tráfico de drogas, entre outros. A
segurança e a paz mundial, nesse sentido, passam a ser valorizadas
a partir de um engajamento multilateral que privilegia aspectos
192
Camila Feix Vidal
outros que não só militares. Há a percepção de que essas ameaças
(e, consequentemente, a solução para eliminá-las) são globais e
interdependentes. Conforme a plataforma de 2000, “Today, for
both good and ill, our destiny and the destinies of billions of people
around the world are increasingly intertwined, and our domestic
and international challenges are bound together as never before”.
Desse modo, o PD defende um conceito de forward engagement
como diretriz de sua política externa, ou seja, o entendimento de
que, para conter as ameaças atuais, há a necessidade de se agir de
modo mais “profundo” – na origem do problema, seja ele econô
mico, social ou político. Esse engajamento internacional – e que
inclui maior aproximação com inimigos da Guerra Fria – pres
supõe, por fim, a necessidade de colaboração de outras nações.
A política externa defendida pelo PD ao longo de todas as
plataformas analisadas expõe certas conclusões: Há oscilação entre
posicionamentos conservadores e liberais ao longo dos anos. No
entanto, não se pode afirmar que o partido apresentou em determi
nado momento plataformas com predominância do conservado
rismo. Desse modo, a inflexão democrata para o conservadorismo
não é uma inflexão de “ampla envergadura” predominando, na
média apresentada, posicionamentos liberais.
5. Análise comparativa entre os partidos políticos
Os posicionamentos expressados pelos partidos acerca da
política externa podem ser considerados como correlacionados
entre si (Gráfico 3). Com efeito, ambos os partidos oscilam ao longo
de todo o período analisado de maneira relativamente convergente
contribuindo para uma maior aproximação ideológica entre eles
em praticamente todo o período – mais especificamente até a plata
forma de 2008. De fato, o ano de 2008 marca uma ruptura nesse
padrão caracterizando-se por um crescente distanciamento entre
os partidos e refletindo, no ano de 2012 na mais clara polarização
partidária durante todo o período analisado. Nessa última plata
forma, o PR situa-se no extremo do espectro político no âmbito
conservador enquanto o PD, no extremo do âmbito liberal. Ao que
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
193
parece, enquanto o período de 1936 a 1996 convive com aproxi
mações entre os partidos por conta de constantes infl exões, tanto
conservadoras por parte do PD, quanto liberais por parte do PR,
indicando respostas semelhantes a eventos e questões externas
comuns, as duas últimas plataformas, ao se distanciarem entre si,
contribuiriam para a percepção de maior polarização partidária nos
anos recentes. Nesse caso, a polarização pode ser entendida como
resultado de um distanciamento causado tanto por uma ascensão
conservadora por parte do PR a partir de 2008 quanto por uma
ascensão liberal por parte do PD a partir dos anos 2000.
Gráfi co 3- Médias política externa – Partidos Democrata e Republicano
Fonte: Elaboração própria.
Como se pode perceber, há um importante alinhamento de
posições e de graus liberais e conservadores de ambos os partidos
durante boa parte do período analisado. O PR demonstra pontua
ções oscilantes entre altos graus de liberalismo como durante a
década de 1940 e na plataforma de 1972; bem como altos graus de
conservadorismo durante a década de 1980, culminando no ano de
2012 – o mais alto grau conservador já apresentado por esse partido
nessa área. De modo semelhante, o PD demonstra posicionamentos
194
Camila Feix Vidal
que adentram o âmbito conservador, ainda que não chegue a se
distanciar do centro do espectro ideológico (ao contrário do PR,
o PD, quando ultrapassa para o âmbito conservador, não o faz
de modo a pontuar altos índices, mas geralmente permanecendo
próximo do 0, portanto, do âmbito central do gráfico). Ao contrário
do PR, o PD não demonstra uma rápida ascensão liberal a partir
das duas últimas plataformas, mas, sim, uma ascensão gradativa
originária da década de 1990 e que se mantém relativamente a
mesma durante todo o período dos anos 2000. Nesse caso, a pola
rização atual que se verifica pode ser entendida como resultado de
uma ascensão liberal gradativa que já vinha sendo delineada desde
a década de 1990 pelo PD e por uma rápida ascensão conservadora
pelo PR a partir da plataforma de 2008.
6. Considerações finais
A suposta polarização partidária estadunidense tem sido objeto
de inúmeros estudos, conforme já apontado. As análises feitas,
ao associar o posicionamento de congressistas com a polarização
partidária, caracterizam o partido político unicamente a partir
dessas lideranças políticas. É importante lembrar que os partidos
norte-americanos são instituições bastante complexas caracteri
zadas por certo horizontalismo hierárquico e completa descen
tralização, o que permite ampla gama de atores na sua condução:
delegados, presidente, congressistas, membros associados, braços
intelectuais e estratégicos (think tanks).
Esse trabalho, diferentemente dessas análises, buscou apresentar
uma forma diferente de se analisar o fenômeno da polarização
partidária. É importante mencionar que de modo algum busca
sobrepor-se aos estudos já feitos ou subjulgá-los; ao contrário,
busca ser um complemento a esses a partir de certas lacunas que
foram evidenciadas. Desse modo, buscou-se inicialmente fazer uma
apresentação das duas mais importantes correntes ideológicas nos
EUA – o liberalismo e o conservadorismo – a partir de como esses
conceitos foram sendo construídos, seja por determinadas lide
ranças políticas que trouxeram à superfície preceitos progressistas
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
195
como no caso do liberalismo; seja por certos grupos de indivíduos
outsiders dos partidos políticos que conscientemente se articularam
para levar para o campo da política a sua visão de mundo, como no
caso do conservadorismo. Assim, foi feita uma releitura de como
esses movimentos foram sendo construídos e se aproximando do
que hoje se entende por conservadorismo e por liberalismo nos EUA
a partir de determinados pilares e de visões de mundo distintas.
Apropriando-se de uma corrente de estudos que percebe nas
plataformas o melhor retrato ideológico do partido político, esse
estudo buscou verificar o posicionamento dos partidos a partir de
uma categoria em específico – no caso, a política externa. Nesse
sentido foi feita uma análise dos posicionamentos dos partidos a
partir de indicadores que contam com a presença e ausência de
preceitos liberais ou conservadores e a gradação desses preceitos ao
longo dos anos a partir de escalas de quantificação.
Desse modo, o trabalho aqui apresentado é fruto de um exaus
tivo trabalho de interpretação – de leitura e de releitura de cada
uma das 40 plataformas analisadas. Documentos bastante extensos
(contando com plataformas que beiram as 100 páginas) e complexos
(com temas não só que abarcam áreas diversas como defesa, agri
cultura, economia, etc., mas, também, que dizem respeito a deter
minada realidade que obviamente não é a brasileira) ao mesmo
tempo que propiciam um retrato ideológico partidário passível de
ser comparado ao longo dos anos de maneira bastante precisa por
serem documentos formalmente atribuídos ao partido; convive por
vezes com declarações ambíguas e mesmo posicionamentos contra
ditórios. Nesse sentido, se buscou ser o mais objetiva possível na
interpretação dessas o que não se traduz em maior facilidade nessa
tarefa. De todo modo, o resultado é, muito provavelmente, uma
contribuição importante tanto para a academia brasileira quanto
para a academia norte-americana no sentido de codificar a partir
de escalas de posicionamento em áreas distintas e de ênfase na
presença de certos conceitos e o uso feito deles ao longo de quase
um século de história política. Nesse sentido, se pode observar
como certos temas foram sendo trazidos para o debate político ao
196
Camila Feix Vidal
longo dos anos, como os partidos foram se posicionando nesses
temas e como houve inflexões nesses mesmos posicionamentos.
Ao fim, a análise aqui feita corrobora com a hipótese levantada
referente à polarização partidária. De fato, há um distanciamento
ideológico entre esses partidos caracterizados por posicionamentos
e causado, sobretudo, por uma importante inflexão conservadora
pelo Partido Republicano. No entanto, como se pode observar nos
gráficos apresentados, os partidos não tendem a seguir padrão linear
mas, ao contrário, possuem oscilações abruptas e uma polarização
relativamente recente. Ainda que de forma muito incipiente e possi
velmente com lacunas explicativas, o trabalho aqui feito buscou
elucidar, mesmo que timidamente, um fenômeno importante nos
EUA e mesmo na Ciência Política, qual seja, o atual distanciamento
dos partidos do centro do espectro político.
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Apêndice
Indicador de presença/ausência de preceitos liberais ou
conservadores:
1 Atuação externa
1.1 A plataforma enfatiza a soberania e/ou os interesses estadu
nidenses –unilateralismo. A prioridade está na liderança norte-a
mericana (+1)
1.2 A plataforma não faz menção (0)
1.3 A plataforma enfatiza parcerias e/ou tratados multilaterais –
multilateralismo. A prioridade está na cooperação (-1)
2 Defesa e segurança
2.1 Projeto unilateral. Segurança interna está baseada priorita
riamente em armamentos (+1)
2.2 A plataforma não faz menção (0)
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
201
2.3 Projeto coletivo. Segurança interna está baseada em alianças
externas e/ou em fatores estruturais internos (pobreza e educação)
(-1)
3 Paz mundial
3.1 Projeto unilateral por meio de liderança norte-americana
(+1)
3.2 A plataforma não faz menção (0)
3.3 Projeto coletivo por meio de cooperação internacional (-1)
4 Relacionamento com o inimigo
4.1 A plataforma prioriza armamentos e efetivos. Foco está na
dissuasão através da punição. A abordagem é unilateral (+1)
4.2 A plataforma não faz menção (0)
4.3 A plataforma prioriza a diplomacia. Foco está na dissuasão
através do diálogo. A abordagem é multilateral (-1)
5 Armamentos nucleares
5.1 A plataforma enfatiza a manutenção ou aumento desses de
modo unilateral, ou seja, desarmamento para os outros e manu
tenção ou aumento para os EUA. Entendimento de que essa é a
melhor forma de dissuasão (+1)
5.2 A plataforma não faz menção (0)
5.3 A plataforma enfatiza a diminuição desses de modo multi
lateral, ou seja, desarmamento para todos incluso EUA. Entendi
mento de que armamentos nucleares não são indicativo único de
segurança (-1)
6 Organizações Internacionais (OIs) e tratados multilaterais
(exceto Otan)
6.1 A plataforma mostra-se reticente – ênfase recai no custo-be
nefício e/ou na soberania norte-americana (+1)
6.2 A plataforma não faz menção (0)
6.3 A plataforma as valoriza – fortalecimento através de recursos
financeiros e/ou efetivo pessoal, por exemplo, mesmo que sem
interesse norte-americano direto (-1)
202
Camila Feix Vidal
7 ONU
7.1 A plataforma mostra-se reticente – enfatiza os problemas da
instituição e/ou a primazia da soberania norte-americana. Pode,
assim, evocar a diminuição de recursos e/ou a não participação em
certos programas ou unidades da ONU (+1)
7.2 A plataforma não faz menção (0)
7.3 A plataforma a valoriza – enfatiza os benefícios da insti
tuição. Pode assim, evocar a manutenção e/ou aumento de recursos
e participação norte-americana (-1)
8 Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)
8.1 Fortalecimento através de liderança norte-americana –
Ênfase recai no custo-benefício para a defesa norte-americana (+1)
8.2 A plataforma não faz menção (0)
8.3 Fortalecimento através do multilateralismo – Ênfase recai na
defesa multilateral que a organização propicia (-1)
9 Corte Internacional de Justiça (CIJ)
9.1 A plataforma mostra-se reticente quanto à participação dos
EUA (+1)
9.2 A plataforma não faz menção (0)
9.3 A plataforma a valoriza a participação dos EUA (-1)
10 Ajuda humanitária
10.1 A plataforma mostra-se reticente - Não é papel do governo,
salvo em casos de interesse nacional direto. Enfatiza as “private
entities” (iniciativa privada e instituições voluntárias) (+1)
10.2 A plataforma não faz menção (0)
10.3 A plataforma a valoriza - É papel do governo, através de
ajuda financeira e/ou efetivo pessoal direta ou por meio de institui
ções multilaterais (-1)
11 Relacionamento com a URSS/Rússia
11.1 A plataforma enfatiza deterrence – prioridade está na
questão armamentista (+1)
Polarização partidária e política externa nos Estados Unidos (1936-2012)
203
11.2 A plataforma não faz menção (0)
11.3 A plataforma enfatiza appeasement – prioridade está no
diálogo (-1)
Resumo:
O artigo aqui exposto dedica-se ao estudo da suposta atual polarização
partidária nos Estados Unidos. Por meio de análise de plataformas
nacionais e de indicadores de gradação no período de 1936 a 2012, este
estudo busca evidenciar empiricamente aproximações e distanciamentos
entre os dois partidos políticos na área de política externa. Os resultados
nos indicam que há uma polarização partidária no período recente de
modo relativamente inédito na história dos partidos norte-americanos,
causada, sobretudo, por uma importante inflexão conservadora pelo
Partido Republicano.
Palavras-chave: Polarização; Política Externa; Estados Unidos; Partido
Republicano; Partido Democrata
Abstract:
The research here presented dedicates itself to the study of the party
polarization in the United Stantes betweeen 1936 and 2012. Through
national platform analysis and gradation indicators, this study seeks to
empirically point distances and approximations between the two political
parties on the foreign policy arena. The results indicate that here is a recent
party polarization relatively new in the history of these two parties caused,
mainly, by an important conservative ascendacy by the Republican Party.
Keywords: Polarization; Foreign Policy; United States; Republican Party;
Democratic Party
Recebido em 12 de julho de 2017
Aprovado em 29 de outubro de 2017. O artigo da autora Camila Feix Vidal.
Política e poder estão intrinsecamente ligados: poder é a capacidade de influenciar ou controlar o comportamento de outros, enquanto a política é o processo de disputar, exercer e administrar esse poder na sociedade, especialmente no âmbito do Estado, com o objetivo de organizar e governar a vida coletiva. O poder pode se manifestar de forma econômica, ideológica ou política, e o exercício do poder precisa ser legítimo para ter a concordância da população.
Conceito de Poder
Capacidade de Ação:
Poder é a habilidade de fazer com que alguém faça ou deixe de fazer algo, ou de influenciar decisões e comportamentos.
Relação Social:
O poder está presente em todas as relações sociais, seja na família, entre amigos ou na esfera pública, e pode ser pacífico ou conflituoso.
Formas de Poder:
Econômico: Posse de bens materiais, como meios de produção e recursos financeiros.
Ideológico: Manipulação de ideias e informações para influenciar as pessoas, como o poder da mídia.
Político: Exercido por meio de instrumentos como a legislação e a força policial.
Conceito de Política
Esfera Pública:
A política se relaciona com a organização e a resolução de problemas na esfera pública, sobretudo no âmbito do Estado.
A Disputa por Poder . É o instrumento pelo qual diferentes grupos disputam o poder para administrar a sociedade e o Estado.
O poder político, para ser efetivo, tem que ter o consentimento da população, o que confere legitimidade a quem o exerce.
A Conexão entre Política e Poder
Não há política sem poder:
A política é o espaço onde o poder é constantemente disputado e exercido.
O poder implica uma relação de mando e controle sobre outros indivíduos ou grupos.
O Estado, como detentor do monopólio do uso legítimo da força, exerce poder sobre os cidadãos, mas esse poder é legitimado pela população e deve ter limites claros.
Confira a noticia no UOL https://noticias.uol.com.br/
E assim caminha a humanidade.
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