O capitalismo é um sistema econômico, social e político predominante na maioria do mundo, que se baseia em princípios como a propriedade privada, a economia de mercado, a busca pelo lucro e o acúmulo de capital.
Princípios Fundamentais
Propriedade Privada: Os meios de produção (fábricas, terras, ferramentas) são de propriedade de indivíduos ou empresas privadas, e não do Estado.
Busca pelo Lucro: O principal objetivo da atividade econômica é a geração de lucro, que é o capital que excede os custos de produção.
Economia de Mercado (Livre Concorrência): A produção e a distribuição de bens e serviços são reguladas pela lei da oferta e da procura. A concorrência entre produtores ajuda a regular os preços e a oferta.
Acúmulo de Capital: A riqueza (capital) é acumulada na forma de bens e dinheiro por indivíduos e empresas.
Divisão de Classes: A sociedade é estratificada em classes sociais, principalmente a burguesia (donos dos meios de produção) e o proletariado (trabalhadores que vendem sua mão de obra por um salário).
Não Intervenção Estatal (em teoria): Propõe-se que o Estado não deve intervir diretamente na economia, permitindo que o mercado se autorregule, embora na prática o grau de intervenção varie entre os países.
O sistema capitalista passou por diversas fases ao longo da história, adaptando-se às realidades de cada época:
Capitalismo Comercial (ou Mercantilismo): (Séculos XIV ao XVI) Focado no acúmulo de riquezas através do comércio, com forte intervenção do Estado e busca por balanças comerciais favoráveis (metalismo).
Capitalismo Industrial: Impulsionado pelas Revoluções Industriais, a produção em massa e a indústria tornaram-se o centro da economia.
Capitalismo Financeiro: Caracterizado pela predominância do capital financeiro (bancos, investimentos, bolsas de valores) sobre o capital produtivo, especialmente a partir do século 20.
O capitalismo se opõe historicamente ao socialismo, que defende a coletividade e a distribuição igualitária da riqueza.
Confira a dissetração dos autores Valdir Damázio Júnior1
Hanen Sarkis Kanaan2
Juliana Niesborski
NEGACIONISMO CLIMÁTICO E
OS INTERESSES DO CAPITAL
reflexões sobre o projeto
obscurantista e a atuação
dos intelectuais
Valdir Damázio Júnior1
Hanen Sarkis Kanaan2
Juliana Niesborski3
1 Doutorando em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Mestre em Educação
Científica e Tecnológica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor do
departamento de Matemática da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC). E-mail:
valdir.damazio@udesc.br
2 Doutora em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Professora da rede pública
estadual de educação de Santa Catarina no curso de magistério e ensino médio. E-mail:
hanensc@gmail.com
3 Doutoranda em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Mestre pelo Programa
de Pós-Graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais pela
Universidade Federal do Paraná Setor Litoral (UFPR). Professora da Prefeitura Municipal
de Matinhos (PR). E-mail: juliana.niesborski@gmail.com
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, edição especial
ResUMO:
O presente trabalho analisa como as mudanças climáticas antropogênicas estão
diretamente relacionadas às contradições presentes no modo de produção capitalista,
destacando o papel da ideologia neoliberal e dos intelectuais orgânicos ao capital na
ocultação dessa problemática. Argumenta-se que um projeto obscurantista, sustentado
por pseudociências e falta de rigor ético e científico, busca minar a credibilidade do
conhecimento científico contribuindo para a inércia social frente à crise ambiental. Com
base nos escritos e estratégias de atuação de Gramsci, discute-se a função dos intelectuais
na disputa pela hegemonia. Conclui-se que o enfrentamento ao obscurantismo exige
uma crítica estrutural ao capitalismo e a formação de intelectuais orgânicos às classes
subalternas capazes de iniciar um processo de transformação intelectual e moral da
sociedade.
Palavras-chave: Crise climática; Obscurantismo;
Neoliberalismo; Intelectuais orgânicos.
aBsTRacT:
This paper analyzes how anthropogenic climate change is directly related to the
contradictions present in the capitalist mode of production, highlighting the role of
neoliberal ideology and organic intellectuals aligned with capital in concealing this
problem. It is argued that an obscurantist project, supported by pseudosciences and
a lack of ethical and scientific rigor, seeks to undermine the credibility of scientific
knowledge, contributing to social inertia in the face of the environmental crisis. Based
on Gramsci’s writings and strategies of action, the role of intellectuals in the dispute
for hegemony is discussed. It is concluded that confronting obscurantism requires a
structural critique of capitalism and the formation of organic intellectuals from the
subaltern classes, capable of initiating a process of intellectual and moral transformation
of society.
Keywords: Climate crisis; Obscurantism; Neoliberalism; Organic intellectuals.
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, edição especial
inTROdUçãO
Nesse trabalho destacamos que as mudanças climáticas
antropogênicas não são apenas fruto de problemas de
gestão ou descaso, mas estão diretamente relacionadas
às contradições do modo de produção capitalista e aos interesses de
classe. Dado as diretrizes de crescimento exponencial e de acumu
lação infinita de capital, capitalismo e degradação ambiental
constituem dois polos de uma contradição insuperável internamente
ao modo de produção capitalista.
Diante disso, buscamos analisar algumas condições necessárias
para que essa contradição seja ocultada enquanto raiz do problema,
levando a letargia e inércia da população frente a tão relevante temá
tica. Consideramos que, na disputa pela hegemonia, a ideologia
neoliberal necessita se valer de um projeto obscurantista que visa
minar a credibilidade dos conhecimentos sistematicamente produ
zidos, essenciais para a atuação política no que diz respeito aos atuais
desafios de nosso momento histórico.
Um dos fatores indispensáveis para que o projeto em questão obscu
rantista tenha se desenvolvido nas últimas décadas é a constante
atuação de intelectuais ligados aos interesses do capital. De acordo
com Gramsci (2001), a atuação dos intelectuais é um elemento
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
fundamental na captação do consenso das classes subalternas e na
disputa pela hegemonia.
Ainda que para Gramsci (2001), poderíamos dizer que “todos
os homens são intelectuais”, uma vez que não é possível separar
claramente atividade física e atividade intelectual, “[...] nem
todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais”
(GRAMSCI, 2001, p. 18).
No que diz respeito ao nosso tema em questão, a ocultação das contra
dições do capitalismo que levam ao aprofundamento dos problemas
ambientais por meio de um projeto obscurantista, a atuação dos inte
lectuais nesse processo também exerce um papel fundamental. Nesse
caso, os intelectuais que contribuem continuamente para o forta
lecimento do obscurantismo vão desde jornalistas, influenciadores
digitais, políticos, cientistas, professores etc.
O que chama a atenção nesse ponto específico é que dada a natureza
da questão climática, a atuação de intelectuais atrelados aos inte
resses do capital só é possível mediante a falsificação e deturpação
de conhecimentos científicos consolidados. Não raro, esse projeto
obscurantista flerta com o negacionismo científico, com pseudo
ciências, com a perseguição a intelectuais comprometidos com o
rigor científico e preceitos éticos, com perseguição às universidades
e demais instituições produtoras de conhecimento e dados etc.
Diante das características peculiares da atuação desses intelectuais
e das dinâmicas contemporâneas de difusão de concepções obscu
rantistas, as contribuições de Gramsci sobre o papel dos intelectuais
na desestabilização da classe trabalhadora tornam-se especialmente
relevantes. Sua análise e denúncia do papel exercido por intelectuais
na manipulação teórica como mecanismo para induzir letargia e
ofuscar os antagonismos de classe oferecem um instrumental valioso
para compreensão e combate ao projeto obscurantista em curso.
É o caso, por exemplo, das análises de Gramsci referentes aos inte
lectuais lorianistas4, que se caracterizavam principalmente pela
4 O termo lorianismo foi criado por Gramsci tendo como referência o pensador italiano
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
“[...] falta de organicidade, ausência de espírito crítico sistemático,
negligência no desenvolvimento da atividade científica, ausência
de centralização cultural, frouxidão e indulgência ética no campo
da atividade científico-cultural, etc.” (GRAMSCI, 2001, p. 257). Ou
seja, um grupo de “[...]. intelectuais que não são rigorosos em suas
pesquisas e em seus argumentos, nem quanto ao método e nem
quanto à ética” (SCHLESENER, 2024, p. 131).
Diante da atual necessidade de enfrentamento ao obscurantismo e
aos intelectuais que contribuem para a hegemonia do capitalismo
e de todo o desequilíbrio e destruição ambiental indissociável a
esse modo de produção, acreditamos que as proposições feitas por
Gramsci para combater os intelectuais lorianistas podem contribuir
para pensarmos em formas de enfrentar o obscurantismo atual. Sua
perspectiva, que passa em grande medida pela função social dos
intelectuais, auxilia na reflexão sobre a formação de dirigentes e
intelectuais organicamente ligados à construção de uma sociedade
mais justa, igualitária e ambientalmente sustentável.
a eMeRgência cliMáTica e a cOnTRadiçãO capiTal-naTUReza
Os atuais problemas que envolvem a crise climática e seus desdo
bramentos políticos, econômicos, culturais e educacionais em suas
múltiplas dimensões não podem ser vistos apenas como efeitos cola
terais e solucionáveis dentro da ordem estabelecida. Não se trata
apenas de um processo que se desencadeia com o aumento das
emissões de gases do efeito estufa que se iniciam com o processo de
industrialização. Tal análise determinística desconsidera as dimen
sões econômicas, políticas e ideológicas envolvidas.
Esse processo se intensifica ao longo do século XX e resiste
em ter sua ordem alterada no século XXI, apesar do vasto
Achille Loria (1857 - 1943). Gramsci foi bastante crítico da influência de Loria sobre os
operários e sobre o partido socialista italiano, denunciando constantemente a falta de
rigor metodológico e ético de Lori.
23
Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
conhecimento científico das causas dos problemas e da urgente
necessidade de tomadas de decisões que revertam as causas mate
riais (aparentes) do problema.
O sistema capitalista, completamente baseado, desde a
Revolução Industrial, em combustíveis fósseis, é o respon
sável pela crise ecológica atual, e, em particular, pela
mudança climática. Sua lógica irracional de expansão e
acumulação infinitas, desperdício de recursos, consumo
ostentatório, obsolescência programada, produtivismo
obcecado com a busca do lucro a qualquer preço, está
levando o planeta à beira do abismo (LÖWY, 2021, p. 478).
Assim, no modo de produção capitalista, a relação do capital com a
natureza representa dois polos de uma contradição que impossibilita
qualquer solução sustentável no que diz respeito à questão climática.
Isto porque “[...] esse sistema impõe o crescimento exponencial, incita
a destruição ambiental e destrói o tecido social enquanto aumenta a
concentração de poder e riqueza” (HARVEY, 2022, p. 74).
Dada a própria lógica do capital de maximização de lucros e de cres
cimento exponencial do capital, associado ao fato de que vivemos em
um ambiente com uma quantidade finita de recursos, a reprodução
das condições existentes torna-se uma tarefa impossível.
Ou seja,
operando em descompasso com a natureza, promove a
destruição dos recursos naturais e evidencia um dese
quilíbrio entre a crescente necessidade de produção
de mercadorias e a incapacidade do planeta de prover
recursos naturais no mesmo ritmo para atender a essa
demanda. (ARAÚJO; SILVA, 2021, p. 156).
Assim, qualquer ação séria que colocasse o equilíbrio ambiental e
o bem-estar das pessoas como prioridade seria uma real ameaça
à reprodução do modo de produção capitalista. Por outro lado,
enquanto as diretrizes de crescimento exponencial, maximização
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
de lucros e a manutenção do poder e privilégios de uma minoria
em detrimento do planeta e demais seres humanos permanecerem
como hegemônicas, a degradação ambiental e humana seguirá seu
curso como sacrifícios necessários à lógica do capital.
A contradição entre capital e preservação ambiental nos coloca
diante de uma importante questão: trata-se de uma contradição
que, embora relevante, não compromete estruturalmente a dinâ
mica capitalista, permitindo sua continuidade; ou os problemas
provocados pelas mudanças climáticas podem chegar ao ponto de
inviabilizar a própria lógica de reprodução capitalista?
Mesmo que exista a possibilidade (e os prognósticos científicos
não são nada animadores) de que os problemas ambientais levem
a uma desestruturação produtiva e social do que conhecemos, não
podemos contar com o bom senso das elites (e do conjunto de inte
lectuais que representam os seus interesses) para que abram mão
de seus privilégios.
O atual estágio dos conhecimentos produzidos sobre a crise climá
tica já seriam mais do que suficientes para engendrar ações efetivas
em um mundo em que a racionalidade e o bem comum fossem
as diretrizes principais. Porém, por mais contraditório que possa
parecer, racionalidade, bom senso e preceitos éticos não são os
únicos elementos que influenciam a atuação de intelectuais em
uma sociedade marcada pela divisão de classes e em constante
disputa pela hegemonia.
Em um modelo de produção onde o crescimento infinito e a maxi
mização de lucros são as diretrizes principais, mesmo ações ditas
ecológicas e “preocupadas” com a preservação ambiental, oriundas
de concepções teóricas e de intelectuais bem intencionados, mas não
detentores do devido rigor científico, ético e metodológico, são postas
a serviço da maximização de lucros no curto prazo e na manutenção
dos interesses de classe. Isso porque “[...] todos os projetos ecoló
gicos e ambientais são projetos socioeconômicos (e vice-versa). Sendo
assim, tudo depende do propósito dos projetos socioeconômicos e
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
ecológicos: bem-estar das pessoas ou taxa de lucro?” (HARVEY,
2022, p. 323). Portanto, qualquer movimento ecológico que pretenda
ir “[...] além de uma política meramente cosmética ou de melhoria,
deve ser anticapitalista” (HARVEY, 2022, p. 328).
Löwy (2020, não paginado) destaca que ações como
[...] ‘capitalismo verde’, ‘mercados de crédito de emissões’,
‘mecanismos de compensação’ e outras manipulações da
chamada ‘economia de mercado sustentável’ provaram ser
completamente ineficazes. Enquanto a ‘ecologização’ está
sendo feita a cada curva, as emissões estão disparando e a
catástrofe está se aproximando rapidamente.
Vivenciamos um cenário distópico em que, ao mesmo tempo em
que preparam bunkers (MELLO, 2023) (ou sonham com fugas para
Marte) para se protegerem de um possível colapso climático, as elites
mundiais buscam formas de obter ainda mais lucros com as opor
tunidades abertas pelo colapso. Isto é um indício de que o capital
[...] pode perfeitamente continuar a circular e se acumular
sob condições de catástrofe ambiental. Desastres
ambientais criam oportunidades abundantes para um
‘capitalismo do desastre’ lucrar com prodigalidade. Não
necessariamente a morte por inanição de pessoas expostas
e vulneráveis e a destruição generalizada de habitats
prejudicarão o capital (a não ser que provoquem rebelião
e revolução), justamente porque grande parte da popu
lação mundial já se tornou redundante e descartável
(HARVEY, 2022, p. 324).
O aproveitamento das oportunidades pelo grande capital muitas
vezes aparece travestido de uma “louvável” roupagem de anseio por
mudança, como, defesa de uma economia verde, transição energética
sustentável, utilização de produtos menos poluentes etc. Ou, então,
se aproveitando diretamente dos efeitos do colapso ambiental como
forma de destruição de capital fixo (com vidas humanas incluídas
26
Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
no processo) e início de novos ciclos de extração de valor na subs
tituição de tal capital.
Com esse intuito, toda uma indústria da tragédia (ou capitalismo
de desastre) começa a se estruturar. É o caso de empresas como a
Alvarez & Marsal, que atuou, por exemplo, na recuperação de desas
tres como o furacão Katrina em New Orleans nos Estados Unidos
no ano de 2005, Brumadinho (2019) em Minas Gerais e que firmou
parcerias com a prefeitura de Porto Alegre após as cheias que asso
laram o estado do Rio Grande do Sul em 2024 (DIAS, 2024). Essa
lógica de reconstrução traz junto a necessidade do aprofundamento
das sempre infalíveis práticas neoliberais.
Alves (2024) destaca que, entre as medidas de recuperação propostas
pela Alvarez & Marsal na reconstrução de New Orleans, constam
medidas de gestão alinhadas às diretrizes neoliberais, cortando
gastos com serviços públicos como educação. Apenas em New
Orleans foram demitidos mais de 7 mil professores com o intuito
de tornar a gestão pública mais eficiente e abrir caminho para a
privatização do sistema público.
Ou seja, “[...] cidades onde há descontrole de serviços públicos ou
devastação por tragédias naturais, viram laboratório para empresas
privadas lucrarem com planos de recuperação” (ALVES, 2024, não
paginado). Permitem a instalação de condições favoráveis para “[...]
os urubus da crise criarem novas fronteiras de acumulação de capital – e implantarem as reformas e medidas antipopulares que tanto
desejam” (DIAS, 2024, não paginado).
Isto significa dizer que
[...] o capital prospera e evolui por meio da volatilidade dos
desastres ambientais localizados, que não só criam novas
oportunidades de negócios, como também fornecem um
disfarce conveniente para esconder as falhas do capital: a
‘mãe natureza’, caprichosa, imprevisível e teimosa, é quem
leva a culpa pelas desgraças que em boa parte são causadas
pelo capital (HARVEY, 2022, p. 331).
27
Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
Se por um lado a negação, inação ou a busca por vantagens diante
dos problemas desencadeados pela crise climática que vivenciamos
sejam totalmente compreensíveis como ações necessárias para a
manutenção dos privilégios de classe e aos interesses do capital, o
mesmo não ocorre na perspectiva das classes subalternas, as prin
cipais vítimas da degradação ambiental.
Diante disso, existe uma necessidade em se negar as condições que
possibilitem uma compreensão da atual situação, bem como o acesso
aos conhecimentos que permitam uma avaliação do problema pelas
massas subalternas. Tal ofensiva se dá por meio de um processo de
difusão ideológica que se vale de ideias obscurantistas, descrédito
sistemático do conhecimento científico, sucateamento das institui
ções científicas que estejam minimamente fora do controle direto
dos interesses do capital e toda uma rede de desinformação estru
turada em torno das redes sociais digitais.
É com o objetivo de pôr em circulação esse projeto obscurantista
que uma rede de intelectuais dos mais variados setores busca operar
junto às classes subalternas causando confusão e tentando impedir a
tomada de consciência necessária para perceber as contradições do
capitalismo no que diz respeito à sustentabilidade social e ambiental.
OBscURanTisMO e desinfORMaçãO cOMO pROjeTO
Se, como buscamos argumentar anteriormente, os interesses de
classe e as diretrizes da lógica do capital são os responsáveis prin
cipais para a negação da realidade material e para a inação frente às
mudanças necessárias, o que justifica a apatia das massas perante
uma tragédia anunciada na qual serão os maiores afetados?
Tal questionamento se torna ainda mais incompreensível quando
presenciamos que ao invés de precisar recorrer a estruturas repres
sivas para conter as pressões populares por mudanças significativas,
as elites contam com o consentimento popular. Tal consentimento
se dá por meio da adoção de argumentos que implicam na negação
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
dos problemas que nos afligem ou com um completo desconheci
mento do tema, independente da sua relevância.
Retomamos o argumento apresentado anteriormente de que, caso
medidas efetivas de mitigação e superação dos problemas climáticos
fossem adotadas, isso implicaria em superar as próprias estruturas
do capitalismo, dada a impossibilidade da resolução da contradição
capital/preservação ambiental sem a superação das próprias condi
ções estruturais que levam a atual relação metabólica produção/
natureza. Como aponta Schlesner (2024, p. 223),
a violência contra as classes subalternas lançadas no
desemprego e na miséria e na destruição do meio
ambiente, o desprezo pelo conhecimento científico, a
apologia à violência e a disseminação do ódio, são alguns
dos problemas sociais a serem enfrentados.
Diante disso, restam apenas medidas que não alterem as estru
turas do problema. Para isso, é necessário a criação de estratégias
que não permitam que a contradição fundamental seja exposta e
compreendida pelos bilhões de homens e mulheres interessados na
manutenção de condições planetárias favoráveis à vida da espécie
humana no planeta.
É nesse sentido que a busca pelo consentimento passivo das massas
passa pela instituição de um senso comum que busca materializar
elementos da ideologia hegemônica e, para isso, a atuação dos inte
lectuais é essencial. Para Gramsci (1999), o senso comum trata-se de
“[...] uma concepção do mundo absorvida acriticamente pelos vários
ambientes sociais e culturais nos quais se desenvolve a individuali
dade moral do homem médio” (GRAMSCI, 1999, p. 114).
No atual contexto social, o senso comum almejado e ideologica
mente construído para a manutenção do consenso passa por alguns
pontos-chave. 1) A naturalização da ideologia neoliberal como única
forma possível, inclusive interiorizando elementos neoliberais para
a gestão da vida privada tais como, empreendedorismo de si, defesa
29
Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
da meritocracia etc.; 2) A utilização de fragmentos desconexos de
questões científicas e técnicas, de modo a permitir a manipulação de
ideias e conceitos, mas impedindo uma real apropriação dos funda
mentos necessários para a compreensão do conhecimento produzido;
e 3) A utilização de pautas morais que sustentem maniqueísmos como
bem e mal, nós e eles, amigos e inimigos etc.
Com esse intuito se recorre à ação de intelectuais que contribuam
para a manutenção de um permanente pânico moral, de funda
mentalismos religiosos, de elogios à segurança propiciada pela
militarização da vida e, até mesmo, de concepções neofascistas,
misóginas, machistas, entre outros.
Como condição para a manutenção destes elementos ideológicos no
senso comum, é necessário negar o acesso a um conjunto de saberes,
práticas e conhecimentos que possibilitem a população a passagem
do senso comum (conjunto de conhecimentos fragmentados e desco
nexos) para o bom senso5. Ou seja, impedir que se desenvolvam
condições que possibilitem a percepção crítica dos problemas natu
rais e sociais e das possíveis soluções para os mesmos. Isso porque
superar o senso comum significa superar uma visão de
mundo fragmentária que, por suas condições, nos mantém
vinculados ao saber dominante; implica, por suposto,
compreender e criticar o instituído, elaborando um modo
de pensar autônomo (SCHLESENER, 2024, p. 204).
Ao negar o acesso a tais conhecimentos, objetiva-se também impedir
que se desenvolvam intelectuais orgânicos que trabalhem em prol
dos interesses das classes subalternas e que possam se tornar diri
gentes em um processo que vise a superação das contradições postas.
A formação desses intelectuais e dirigentes é essencial para que
haja uma mudança significativa nas posturas e ações referentes à
crise climática, uma vez que a inação e a ocultação dos problemas
5 Para Gramsci (1999, p. 98), o bom senso consiste no núcleo sadio do senso comum “[...] e
que merece ser desenvolvido e transformado em algo unitário e coerente”.
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
é uma das condições necessárias para que se mantenham as atuais
engrenagens de exploração natural e humana responsáveis pela
reprodução do capitalismo. Nesse cenário, “[...] interesses econô
micos e políticos de uma classe social podem impulsionar ou cercear
ou impedir a busca das verdades sobre a natureza, a sociedade, as
relações entre sociedade e natureza etc” (DUARTE, 2022, p. 56).
Podemos, desta forma, falar em um projeto político que se vale do
obscurantismo para garantir os interesses de classe. Se, por um lado,
temos a hegemonia do neoliberalismo como programa político, o
obscurantismo em suas mais diversas manifestações (econômico,
fundamentalismo religioso, científico etc.) torna-se condição
necessária para a manutenção dessa hegemonia. Isto porque o “[...]
neoliberalismo e o obscurantismo são duas faces da mesma moeda”
(DUARTE; MAZZEU; DUARTE, 2020, p. 717).
O obscurantismo se manifesta quando “[...] há um esforço delibe
rado para que o conhecimento não avance ou para que as pessoas
não tenham acesso aos conhecimentos já existentes, ou seja, um
esforço para a manutenção da ignorância” (DUARTE; MAZZEU;
DUARTE, 2020, p. 731).
Projetos políticos que se valem do obscurantismo buscam
[...] eternizar relações de poder que são favoráveis a deter
minados setores da sociedade e, para isso, precisa difundir
preconceitos sobre qualquer pessoa, grupo ou linha de
pensamento que possa pôr em questão essas relações de
poder (DUARTE; MAZZEU; DUARTE 2020, p. 732).
Assim, a circulação de visões de mundo obscurantistas; o ataque
sistemático ao conhecimento científico; o descrédito de instituições
e intelectuais que fazem ciência; o boicote a uma educação pública
e a manutenção de uma estrutura tecnológica que facilite a disse
minação de desinformação podem ser consideradas um projeto.
Projeto este que tem por finalidade impedir o desenvolvimento das
31
Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
condições que permitiriam às classes subalternas a compreensão
crítica da realidade em que estão inseridas.
É importante destacar que “[...] a luta do obscurantismo contra o
conhecimento é sempre uma luta política e socialmente reacionária,
é uma reação à possibilidade de mudanças profundas nas estruturas
e nas dinâmicas de uma sociedade” (DUARTE; MAZZEU; DUARTE,
2020, p. 732). Tal ponto fica explícito se voltarmos à questão refe
rente às transformações necessárias ao enfrentamento dos desafios
impostos pelas mudanças climáticas.
Diversas estratégias são postas simultaneamente em ação com o
objetivo de confundir deliberadamente a população e dar margens
às convenientes ideias obscurantistas. São ações que visam desle
gitimar o conhecimento científico, dirigindo ataques às instituições
produtoras de ciência e aos intelectuais comprometidos com o rigor
ético e metodológico necessários à pesquisa científica, sob o argu
mento de que estão dominadas por ideologias que buscam minar as
bases tradicionais da sociedade.
Ou, então, pela tentativa de banalizar a ciência, buscando criar
uma imagem de que o conhecimento científico se trata de uma das
possíveis opiniões, igualando os conhecimentos sistematizados e
rigorosamente desenvolvidos aos que circulam ao nível do senso
comum. Ponto este que a atuação de intelectuais sem comprometi
mento ético e metodológico, “[...] sem preocupação com as evidências
históricas ou mesmo com a veracidade dos fatos” (SCHLESENER,
2024, p. 131), de forma muito similar aos intelectuais lorianistas
combatidos por Gramsci (2001), é fundamental.
Uma outra estratégia na disseminação do obscurantismo social
que aprisiona as massas na ignorância e inércia, que é diretamente
dependente da atuação de “novos lorianistas”, é a parodização do
conhecimento científico. Tal ofensiva busca criar deliberadamente
estratégias para que teorias da conspiração, pseudociências assim
como interesses específicos de grupos sejam apresentados com uma
roupagem científica e acadêmica.
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Pol. Cult. Rev., Salvador, v. 18, p. 19-40, 2025, edição especial
Trata-se de uma abordagem que não tem por objetivo incitar as
pessoas a desacreditarem na ciência, mas sim de “[...] provocar a
dúvida e a desconfiança sobre uma certa ciência, restrita a certos
grupos de pesquisadores, em certas instituições que, de forma
proposital, passam a ser associadas a certos ‘interesses escusos’”
(GUIMARÃES, 2022, p. 3).
Ao se aproveitar do contexto artificialmente produzido de polari
zação social que se baseia num constante embate do bem contra o
mal, busca-se mimetizar, campos do conhecimento sistematizado
apresentando o “outro lado” (o bem) da ciência. É o caso de “teorias”
como o Design inteligente, em oposição a teoria da evolução em
biologia (HENTGES; ARAÚJO, 2020, p. 4) e revisionismos histó
ricos como os realizados por plataformas como o Brasil Paralelo,
se contrapondo a história ideológica esquerdista desenvolvida nas
universidades (PICOLI; CHITOLINA; GUIMARÃES, 2020).
Com esse intuito, são utilizados como critério de cientificidade para
a defesa de interesses específicos e propulsão de desinformação, a
seleção de cientistas sem o mínimo rigor e de estudos científicos
específicos que validariam certas ideias ideologicamente conve
nientes. Quase sempre ideias sem nenhuma aceitação dentro da
sistematização do conhecimento e do consenso científico. A margi
nalização destes cientistas se daria por conta de um complô de
cientistas (do mal) em ocultar a verdade da população.
Tal prática foi amplamente utilizada durante a pandemia de Covid-19
com “estudos científicos” e intelectuais a serviço do projeto obscu
rantista (políticos, jornalistas, médicos, cientistas etc.) recomendando
a utilização de medicamentos já amplamente tidos como ineficientes,
como a cloroquina, e mesmo apresentando os perigos das vacinas
enquanto propunham soluções como a “imunidade de rebanho”.
Essa é uma estratégia recorrente também quando o tema são as
mudanças climáticas antropogênicas. Na mídia ou em ações que
buscam questionar a natureza antropogênica das mudanças climá
ticas são frequentes a participação de nomes como Ricardo Felício, da
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Universidade do Estado de São Paulo e Luiz Carlos Baldicero Molion,
da Universidade Federal de Alagoas, ambos sem relevância acadê
mica na área, mas tomados como grandes especialistas em bolhas de
desinformação, conforme apontado por Miguel (2020) e por Pontes,
Soares e Geraque (2023).
Tais intelectuais, inclusive, estão diretamente relacionados a setores
do agronegócio brasileiro (Miguel, 2022), muitas vezes interessados
em negar os problemas ambientais e “passar a boiada” com relação
às legislações ambientais. Ricardo Felício inclusive foi cotado para
ser ministro do meio ambiente do governo Bolsonaro (Matoso, 2018).
Diante do exposto, fica evidente a necessidade do combate aos
intelectuais vinculados ao projeto obscurantista e ao negacio
nismo científico. Tais intelectuais, orgânicos ao neoliberalismo,
são frequentemente alinhados a interesses políticos e econômicos
e distorcem a ciência para promover agendas obscurantistas, colo
cando em risco vidas e o meio ambiente.
cOnsideRações finais
Como podemos inferir da análise precedente, qualquer problema
decorrente das contradições internas ao modo de produção capita
lista não pode ser encarado de forma isolada. Por este motivo, pensar
em soluções para a crise climática antropogênica atual implica
perceber as múltiplas conexões econômicas, sociais, políticas, cultu
rais e ideológicas que permitiram a falha metabólica propiciada pelo
modo de produção capitalista na relação dos seres humanos com o
ambiente natural. Além disso, é fundamental a compreensão das
condições que possibilitam o ocultamento dos problemas e a conse
quente inércia com relação a tomada de atitudes que objetivem suas
resoluções, ponto este que está diretamente relacionado à atuação
dos intelectuais.
Nesse sentido, consideramos que as propostas e ações de Gramsci
no combate aos danosos efeitos dos intelectuais lorianistas sobre
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o movimento operário podem servir para pensarmos formas de
enfrentamento ao projeto obscurantista em curso.
Uma das ações propostas e colocadas em prática por Gramsci é o
enfrentamento direto aos intelectuais que atuam junto às massas
populares para causar confusão e gerar a apatia necessária a manu
tenção da ordem estabelecida. Durante o período que se dedicou à
produção de escritos jornalísticos destinados aos operários, de 1915 a
1926, por diversas vezes Gramsci dirigiu-se à figura de Achille Loria
com o intuito de desmascará-lo perante os trabalhadores. Ou seja,
mostrar a falta de rigor, a bizarrice de suas concepções, a natureza
pseudocientífica de suas teorias etc.
Não raras vezes, Gramsci recorria ao sarcasmo e a ironia para tentar
despertar o bom senso dos operários com uma apropriada alfine
tada, com o intuito “[...] de criar a aversão ‘instintiva’ pela desordem
intelectual, acompanhando-a com o senso do ridículo” (GRAMSCI,
2001, p. 266). A atuação de Gramsci com relação a Loria e demais
intelectuais lorianistas mostra a necessidade de se atuar junto às
classes subalternas buscando desmascarar a falta de rigor, a falta
de comprometimento ético e mesmo mostrar o ridículo que muitas
concepções hoje defendidas representam.
Porém, cabe ressaltar que a atuação de intelectuais orgânicos aos
interesses neoliberais se dá no campo da disputa pela hegemonia e
tem como objetivo conduzir
[...] a grande massa da população a um determinado
nível cultural e moral, nível (ou tipo) que corresponde
às necessidades de desenvolvimento das forças produ
tivas e, portanto, aos interesses das classes dominantes
(GRAMSCI, 2012, p. 288).
Com esse intuito, um dos objetivos do projeto obscurantista é
garantir a hegemonia cultural da ideologia neoliberal necessária
à manutenção de um Estado neoliberal. Essa hegemonia permite
a dominação, por meio de força e consenso, de corpos e mentes de
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modo a impor relações sociais e produtivas que sustentem o indi
vidualismo, a meritocracia e a responsabilização individual por
problemas decorrentes das contradições do capitalismo.
Ou seja, relações sociais e culturais que permitem a reprodução de
um imaginário social que impede que as massas populares tomem
consciência das contradições que alimentam a atomização social, a
competitividade entre indivíduos e um eterno desejo irrealizável por
consumo. Elementos essenciais para a reprodução da ordem esta
belecida e o agravamento da crise climática.
Assim, conforme aponta Schlesener (2023, p. 299-300), a “[...] crítica
à sociedade capitalista nas novas dimensões que assume a ideo
logia mostra que a luta pela cultura popular [...]” é um dos pontos
fundamentais “[...] para a organização de movimentos sociais que
proponham um caminho alternativo a esta sociedade”
Por esse motivo, a construção das condições materiais capazes de
fazer frente ao projeto obscurantista a serviço do capital passa pela
formação de intelectuais orgânicos às classes subalternas capazes
tornarem-se dirigentes num processo de reforma intelectual, moral
e cultural da sociedade. Reforma esta que seja capaz de instituir rela
ções sociais solidárias, que rompam com o individualismo neoliberal.
A atuação contra-hegemônica de intelectuais orgânicos ligados aos
mais variados movimentos sociais pode contribuir para a criação de
novas relações ético-políticas no âmbito da sociedade e da cultura,
condição esta, necessárias para “[...] a construção de uma nova
concepção de mundo articulada a uma mudança estrutural da socie
dade” (SCHLESENER, 2024, p. 56).
É nesse ponto que as lutas por justiça social, o combate às causas da
crise climática e a superação das contradições capitalistas revelam
sua profunda interligação. Todas convergem na necessidade de
transformações estruturais que englobam simultaneamente as
esferas econômica, ética e cultural, exigindo um enfrentamento
direto tanto ao projeto obscurantista quanto aos intelectuais que
lhe dão sustentação teórica e política.
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Esse enfrentamento, por sua vez, demanda a formação de dirigentes
e intelectuais orgânicos às classes subalternas, que devem emergir
dos diversos espaços de resistência frutos da organização popular.
A formação destes intelectuais orgânicos
[...] envolve tanto a perspectiva política de organização
dos movimentos sociais pela qual se forma a consciência
crítica e luta por transformações radicais, quanto os meca
nismos de educação que a sociedade oferece, entre eles,
todo o sistema escolar (SCHLESENER, 2017, p. 33).
Porém, é importante não perdermos de vista que não interessa a
atual hegemonia neoliberal a aquisição por parte das massas popu
lares dos conhecimentos que possibilitem uma melhor leitura da
realidade material e social em que estão inseridos. Muito menos
o desenvolvimento de condições que permitam a formação de
indivíduos autônomos e com pensamento livre, capazes de serem
dirigentes num processo radical de transformação da sociedade.
Portanto, a formação de intelectuais orgânicos ligados às classes
populares não só se configura como uma resistência ao projeto
obscurantista e aos intelectuais a ele associados, mas também se
revela fundamental para a construção de alternativas à atual relação
dos seres humanos com o ambiente natural. Essas alternativas
são essenciais para enfrentar de maneira efetiva a crise climática
de origem antropogênica, diretamente derivada das contradições
inerentes ao sistema capitalista.
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escritos de Gramsci. Ponta Grossa, PR: Uepg, 2024. E-Book. O artigo dos autores Valdir Damázio Júnior1
Hanen Sarkis Kanaan2
Juliana Niesborski.
Há elação intrínseca entre o capitalismo e o negacionismo climático, na qual interesses econômicos e a lógica de acumulação de capital impulsionam a negação da ciência climática.
Capitalismo e Crise Climática
Lógica de Lucro e Crescimento: O capitalismo, em sua busca por lucro e crescimento exponencial e ilimitado, baseia-se na exploração intensiva dos recursos naturais e na emissão massiva de gases de efeito estufa, principalmente pela queima de combustíveis fósseis.
Destruição Ambiental como Característica: A degradação ambiental não é um acidente, mas uma característica do modo de produção capitalista, que tende a destruir a natureza da qual a humanidade depende para gerar lucro.
Muitos argumentam que o crescimento econômico sustentado dentro de uma estrutura capitalista é incompatível com as mudanças sociais necessárias para mitigar os impactos climáticos. Soluções capitalistas são vistas como ineficazes para combater a raiz do problema.
Proteção de Interesses Econômicos: O negacionismo climático não é sobre ciência, mas sobre proteção do grande capital . Ele serve como um projeto político e ideológico para proteger os interesses de classes dominantes e setores econômicos (como a indústria de combustíveis fósseis e o agronegócio) que teriam muito a perder com a transição para uma economia de baixo carbono.
O discurso capitalista visa a não compreensão da crise climática, impedindo processos de governamentalização e a implementação de políticas ambientais eficazes que poderiam limitar a lucratividade de certas indústrias.
: O negacionismo busca criar uma falsa controvérsia sobre o consenso científico em torno das mudanças climáticas e seu caráter antropogênico (causado pelo homem), para manter o status quo e evitar a responsabilização do sistema econômico vigente.
Confira a noticia no Jornal Estado de São Paulo .https://www.estadao.com.br/
E assim caminha a humanidade.

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