terça-feira, 30 de junho de 2020

A iniviavel meritocracia no Brasil.

A imagem pode conter: Leandro Lúcio De Oliveira Ribeiro



Mérito é uma palavra que significa merecimento. O mérito é qualidade atribuída a uma pessoa, cujo ato ou atividade foram reconhecidos como de grande valor. De maneira tradicional, o mérito é o reconhecimento público, demonstrado através da concessão de medalhas, condecorações, títulos ou diplomas, para destacar os atos reconhecidos.

Um dos grandes embates no Brasil, diz respeito a palavra meritocracia. O termo meritocracia vem da junção dos vocábulos do latim “merere”,que significa “merecer” ou “ganhar”, com o sufixo da Grécia antiga “Kpatia” (o significado “Kratos” – “Cracia”) ,que significa “força” ou “poder”.

No Brasil, temos o embate entre os críticos e os defensores das cotas em universidades públicas e federais. Bom meus amigos, antes de entrarmos nessa discussão, é preciso fazer uma reflexão sobre o inicio da história do nosso país.

Durante 322 anos, entre 1500 a 1822, o Brasil foi uma colônia de exploração da coroa portuguesa. Nesses 322 anos, os lusos estavam interessados apenas em subtrair todas as riquezas naturais do Brasil. Além disso, durante o período entre 1500 a 1822, os portugueses proibiram totalmente a construção de escolas e universidades no Brasil. Os brasileiros mais abastados economicamente, iriam estudar na colônia portuguesa, e nas demais colônias europeias. Já os demais brasileiros, permaneciam no país, totalmente a mercê da desigualdade e da defasagem educacional imposta pela coroa portuguesa.

E justamente durante o período colonial, tivemos o problema do racismo no Brasil.  Sim leitor (a). O racismo no Brasil tem sido um grande problema, desde a nossa era colonial e escravocrata, imposta pela coroa portuguesa. A escravidão segregou os negros justamente quando se iniciava os preparativos para a grande revolução industrial.

O racismo brasileiro foi um legado da nossa colonização. Os índios brasileiros não se viam como um povo único, portanto, as animosidades entre as tribos geravam constantes conflitos. Mas, no entanto, os conceitos discriminatórios, que se baseavam na aparência física, cultura ou religião, foram trazidos pelos nossos colonizadores portugueses. Na época do descobrimento brasileiro, Portugal era de fato, uma das nações mais intolerantes da Europa.

Para você ter uma ideia, em 1496, os Judeus que viviam há muitos anos em Portugal, acabaram sendo expulsos do país, devido ao grande preconceito na Península Ibérica, que era divida na sua maior parte entre Espanha e Portugal.

Chegando no Brasil, os lusos se depararam com uma grande quantidade de indignas. Os indígenas brasileiros sofriam grande preconceito, tanto da metrópole portuguesa, quanto por parte da então Igreja Católica.

Com a chegada dos primeiros escravos africanos, a sociedade brasileira acabou se dividindo em duas porções desiguais, muito semelhante as castas da alta sociedade. Sim caro (a) leitor (a). De um lado tínhamos os brancos livres, e do outro lado, tínhamos os negros escravizados e entregues a própria sorte em uma sociedade capitalista. Cabe também ressaltar, que mesmo os negros livres e estudados, não eram considerados cidadãos livres. O racismo no Brasil colonial já era bem institucionalizado, e tinha total amparo legal. Para ocupar serviços públicos na Coroa, da municipalidade, do judiciário, nas igrejas e nas ordens religiosas, era preciso que se comprovasse a chamada “pureza de sangue”. Ou seja. Se admitia apenas a população branca, negros e mulatos, eram completamente excluídos da sociedade. Os cargos relevantes eram apenas aos candidatos que tivesses sua “brancura” comprovada.

Ou seja. Mesmo com a libertação dos escravos pela lei áurea em 1889, os afro brasileiros continuavam excluídos da sociedade. A libertação dos escravos os deixou a mercê da miséria no começo da industrialização, sem políticas públicas, os negros e pardos não tinham o preparo educacional para sobreviverem no capitalismo industrial.

Os negros e pardos passaram a viver em guetos, se sujeitando a trabalhos mal remunerados, que não lhes garantiam as mínimas condições de sobrevivência. Portanto, a nossa história nos mostra a divida histórica que o Brasil tem com os negros.

Falar em meritocracia em um país tão desigual é pura bobagem. A nossa história nos mostra que no Brasil os estudantes não partem todos do mesmo ponto de partida.

A meritocracia somente existe em um país aonde todos os vestibulandos partem exatamente do mesmo ponto de partida. Infelizmente não é esse o caso no Brasil. Os vestibulares nas universidades públicas, apenas premiam os estudantes que contam com o maior poder socioeconômico para estudar nos melhores colégios durante a vida.

É completamente inviável falar em meritocracia em um país que tem sua história enraizada no racismo institucional. Definitivamente não existe a meritocracia em um país historicamente desigual.

Não será possível se falar em meritocracia no Brasil quando o país ressarcir os negros e pardos pela herança nefasta do período colonial. Caso contrário, é inviável se falar em meritocracia no Brasil.


E assim caminha a humanidade.

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