Mérito é uma palavra que significa merecimento. O mérito é
qualidade atribuída a uma pessoa, cujo ato ou atividade foram reconhecidos como
de grande valor. De maneira tradicional, o mérito é o reconhecimento público,
demonstrado através da concessão de medalhas, condecorações, títulos ou
diplomas, para destacar os atos reconhecidos.
Um dos grandes embates no Brasil, diz respeito a palavra
meritocracia. O termo meritocracia vem da junção dos vocábulos do latim “merere”,que
significa “merecer” ou “ganhar”, com o sufixo da Grécia antiga “Kpatia” (o significado
“Kratos” – “Cracia”) ,que significa “força” ou “poder”.
No Brasil, temos o embate entre os críticos e os defensores
das cotas em universidades públicas e federais. Bom meus amigos, antes de
entrarmos nessa discussão, é preciso fazer uma reflexão sobre o inicio da
história do nosso país.
Durante 322 anos, entre 1500 a 1822, o Brasil foi uma colônia
de exploração da coroa portuguesa. Nesses 322 anos, os lusos estavam
interessados apenas em subtrair todas as riquezas naturais do Brasil. Além
disso, durante o período entre 1500 a 1822, os portugueses proibiram totalmente
a construção de escolas e universidades no Brasil. Os brasileiros mais abastados
economicamente, iriam estudar na colônia portuguesa, e nas demais colônias europeias.
Já os demais brasileiros, permaneciam no país, totalmente a mercê da
desigualdade e da defasagem educacional imposta pela coroa portuguesa.
E justamente durante o período colonial, tivemos o problema
do racismo no Brasil. Sim leitor (a). O
racismo no Brasil tem sido um grande problema, desde a nossa era colonial e
escravocrata, imposta pela coroa portuguesa. A escravidão segregou os negros
justamente quando se iniciava os preparativos para a grande revolução
industrial.
O racismo brasileiro foi um legado da nossa colonização. Os índios
brasileiros não se viam como um povo único, portanto, as animosidades entre as
tribos geravam constantes conflitos. Mas, no entanto, os conceitos discriminatórios,
que se baseavam na aparência física, cultura ou religião, foram trazidos pelos
nossos colonizadores portugueses. Na época do descobrimento brasileiro,
Portugal era de fato, uma das nações mais intolerantes da Europa.
Para você ter uma ideia, em 1496, os Judeus que viviam há
muitos anos em Portugal, acabaram sendo expulsos do país, devido ao grande
preconceito na Península Ibérica, que era divida na sua maior parte entre Espanha
e Portugal.
Chegando no Brasil, os lusos se depararam com uma grande
quantidade de indignas. Os indígenas brasileiros sofriam grande preconceito,
tanto da metrópole portuguesa, quanto por parte da então Igreja Católica.
Com a chegada dos primeiros escravos africanos, a sociedade
brasileira acabou se dividindo em duas porções desiguais, muito semelhante as
castas da alta sociedade. Sim caro (a) leitor (a). De um lado tínhamos os
brancos livres, e do outro lado, tínhamos os negros escravizados e entregues a
própria sorte em uma sociedade capitalista. Cabe também ressaltar, que mesmo os
negros livres e estudados, não eram considerados cidadãos livres. O racismo no
Brasil colonial já era bem institucionalizado, e tinha total amparo legal. Para
ocupar serviços públicos na Coroa, da municipalidade, do judiciário, nas
igrejas e nas ordens religiosas, era preciso que se comprovasse a chamada “pureza
de sangue”. Ou seja. Se admitia apenas a população branca, negros e mulatos,
eram completamente excluídos da sociedade. Os cargos relevantes eram apenas aos
candidatos que tivesses sua “brancura” comprovada.
Ou seja. Mesmo com a libertação dos escravos pela lei áurea
em 1889, os afro brasileiros continuavam excluídos da sociedade. A libertação
dos escravos os deixou a mercê da miséria no começo da industrialização, sem políticas
públicas, os negros e pardos não tinham o preparo educacional para sobreviverem
no capitalismo industrial.
Os negros e pardos passaram a viver em guetos, se sujeitando
a trabalhos mal remunerados, que não lhes garantiam as mínimas condições de sobrevivência.
Portanto, a nossa história nos mostra a divida histórica que o Brasil tem com
os negros.
Falar em meritocracia em um país tão desigual é pura bobagem.
A nossa história nos mostra que no Brasil os estudantes não partem todos do
mesmo ponto de partida.
A meritocracia somente existe em um país aonde todos os
vestibulandos partem exatamente do mesmo ponto de partida. Infelizmente não é esse
o caso no Brasil. Os vestibulares nas universidades públicas, apenas premiam os estudantes
que contam com o maior poder socioeconômico para estudar nos melhores colégios durante
a vida.
É completamente inviável falar em meritocracia em um país que
tem sua história enraizada no racismo institucional. Definitivamente não existe
a meritocracia em um país historicamente desigual.
Não será possível se falar em meritocracia no Brasil quando o
país ressarcir os negros e pardos pela herança nefasta do período colonial.
Caso contrário, é inviável se falar em meritocracia no Brasil.
E assim caminha a humanidade.
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