terça-feira, 31 de agosto de 2021

Um pais de muitos preconceitos.

 A chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros no Brasil em 2019 foi de 29,2, enquanto a da soma dos amarelos, brancos e indígenas foi de 11,2.

Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2021, divulgado nesta terça-feira (31) e elaborado por meio de uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério da Economia, e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), ligado ao governo do Espírito Santo.

O estudo, feito com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos do Ministério da Saúde, mostra que a taxa geral de homicídios por 100 mil habitantes em 2019 foi de 21,7.

De acordo com a pesquisa, os negros representaram 77% das vítimas de assassinato no país em 2019. Essa prevalência é, historicamente, um dado frequente em estudos sobre a violência no Brasil, o que é preocupante na avaliação dos autores do estudo, porque persiste a cada nova edição do Atlas.

“A desigualdade racial se perpetua nos indicadores sociais da violência ao longo do tempo e parece não dar sinais de melhora, mesmo quando os números mais gerais apresentam queda. Os números deste Atlas, mais uma vez, comprovam essa realidade”, diz o estudo.

Para o economista Daniel Cerqueira, diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves e um dos coordenadores do Atlas, esse dado “é uma herança maldita da nossa história colonial, que é a herança do racismo”. “Esse processo de racismo subsiste desde os tempos coloniais até hoje. Todo ano, quando a gente faz esse tipo de análise, a gente vê essa discrepância tão grande entre mortes de negros e não negros.”

A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e coordenadora do Atlas, Samira Bueno, diz que há dois "Brasis".

“Mais do que persistir, o fato é que o Atlas mostra que essa desigualdade racial se acentua ao longo da última década. Então, além de a gente ter, historicamente, negros mortos em função de homicídios, e essa taxa de mortalidade ser muito maior do que entre não negros, o fato é que a gente tem dois Brasil: o Brasil em que brancos, amarelos vivem e a taxa de homicídios é de 11 por grupo de 100 mil habitantes, e o Brasil em que negros habitam e a taxa é de 29 por 100 mil habitantes. Então, é essa distância brutal e isso vem se acentuando nos últimos anos."

O recorte por gênero também aponta os negros como a maioria das vítimas assassinadas no Brasil. Em 2019, as mulheres negras representaram 66% do total de mulheres mortas no país, com uma taxa de mortalidade por 100 mil habitantes de 4,1, enquanto a taxa entre mulheres não negras foi de 2,5.

O estudo ressalta ainda a queda, em menor ritmo após uma década, da taxa de homicídios entre os negros quando comparada à da soma dos brancos e indígenas.

Entre 2009 e 2019, a taxa geral de homicídio do Brasil caiu 20,3%, já entre negros, a redução foi de 15,5%, enquanto o recuo entre não negros foi de 30,5%.

"Se considerarmos ainda os números absolutos do mesmo período, houve um aumento de 1,6% dos homicídios entre negros entre 2009 e 2019, passando de 33.929 vítimas para 34.446 no último ano, e entre não negros, por outro lado, houve redução de 33% no número absoluto de vítimas, passando de 15.249 mortos em 2009 para 10.217 em 2019”, diz o estudo.

“Isso é nosso legado, fruto de uma nação racista, escravocrata, e que relegou a população negra às piores condições de vida, aos piores absurdos do ponto de vista de discriminação, e que se refletem até hoje quando a gente fala dos indicadores de educação, quando a gente fala dos indicadores de mercado de trabalho e que talvez ainda mais visíveis quando a gente está falando dos índices de violência", afirma Samira.

Disparidades regionais

Outro dado que chama a atenção no estudo é que, apesar de a taxa de homicídios de negros ter caído 15,5% em todo o país entre 2009 e 2019, em seis estados do Nordeste e em cinco da região Norte, ela aumentou.

Acre e Rio Grande do Norte foram os estados com maior aumento percentual das taxas de homicídios de negros entre 2009 e 2019, respectivamente 114,5% e 100,4%. Já o Distrito Federal (-59,3%) e São Paulo (-53,1%) contabilizaram as maiores quedas no mesmo comparativo.

Todos os estados de Centro-Oeste, Sudeste e Sul registraram queda nesse indicador. “Isto é um fenômeno particularmente interessante, porque mostra como as oscilações nas taxas de violências ocorridas nessas regiões, muito marcadas pelas disputas entre organizações criminais, pela competição no mercado das drogas e pela posição estratégica ocupada por alguns estados na rota do tráfico contribuíram diretamente para a reprodução da desigualdade racial nessas localidades, conforme mostrado a seguir”, diz o estudo.

De acordo com o Atlas da Violência 2021, “em quase todos os estados brasileiros, um negro tem mais chances de ser morto do que um não negro, com exceção do Paraná e de Roraima que em 2019 apresentaram taxa de homicídios de não negros superior à de negros”. Alagoas, por sua vez, é o estado com maior discrepância de vitimização entre os dois grupos, com taxas de homicídios de negros 42,9 vezes maiores do que as de não negros, segundo o estudo.

Adolescente negro morto

O juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, marcou para as 13h do dia 13 de outubro deste ano o início do julgamento, em sessão plenária, do policial militar Adriano Fernandes de Campos. Ele está preso sob a acusação de ter assassinado, em junho de 2020, o adolescente negro Guilherme Silva Guedes, na Zona de Sul da capital paulista.

Após ficar desaparecido, o corpo do jovem foi encontrado em Diadema, no ABC paulista, com dois tiros na cabeça e marcas de espancamento.

O ex-policial militar Gilberto Eric Rodrigues também está preso sob a acusação de participação no assassinato. Todavia, o julgamento desse suspeito ainda não foi marcado pela Justiça.

Violência contra homossexuais e bissexuais

O Atlas da Violência 2021 traz ainda dados relativos à quantidade de pessoas LGBTQI+ que passaram pelo sistema de saúde, embora não especifique, por insuficiência de dados, a motivação das violências sofridas por elas. Os números são os registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam).

Em 2019, o Brasil registrou 5.330 casos de violência contra homossexuais e bissexuais, o que representa um aumento de 9,8% em comparação com o ano anterior, de acordo com o Atlas da Violência 2021.

Ainda segundo o estudo, com 3.967 casos contabilizados ao longo de 2019, os registros de violência contra trans e travestis aumentaram 5,6% em relação a 2018. A informação é do Portal G1 da Rede Globo, na manhã desta terça feira (31).


Á você que está me lendo eu digo : O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a era colonial e escravocrata, imposto pelos colonizadores portugueses. Uma pesquisa publicada em 2011 indica que 63,7% dos brasileiros consideram que a raça interfere na qualidade de vida dos cidadãos

Com a chegada dos escravos africanos, a sociedade brasileira dividiu-se em duas porções desiguais, semelhante a um sistema de castas, formada por uma parte branca e livre e outra parte negra e escrava. Mesmo os negros livres não eram considerados cidadãos. O racismo no Brasil colonial não era apenas sistêmico, vez que também tinha base legal. Para ocupar serviços públicos da Coroa, da municipalidade, do judiciário, nas igrejas e nas ordens religiosas era necessário comprovar a "pureza de sangue", ou seja, apenas se admitiam brancos, banindo negros e mulatos, "dentro dos quatro graus em que o mulatismo é impedimento". Era exigida a comprovação da "brancura" dos candidatos a cargos.

O movimento negro no Brasil corresponde a uma série de movimentos realizados por pessoas que lutam contra o racismo e por direitos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu primeiro artigo, diz que "todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos…".

Movimentos sociais expressivos envolvendo grupos negros perpassam toda a história do Brasil. Contudo, até a abolição da escravatura em 1888, estes movimentos eram quase sempre clandestinos e de caráter específico, posto que seu principal objetivo era a libertação dos negros cativos. Visto que os escravos eram tratados como propriedade privada, fugas e insurreições, além de causarem prejuízos econômicos, ameaçavam a ordem vigente e tornavam-se objeto de violência e repressão não somente por parte da classe senhorial, mas também do próprio Estado e seus agentes, de acordo com uma das aulas de conceito histórico  para horas de atividades complementares, que eu tive durante o curso de Comunicação Social  na FIAAM FAAM, com a professora, doutora  e socióloga Lilian Torres.

Basicamente leitor (a),existem dois tipos de discriminação racial, o preconceito de marca e o preconceito de origem.

O Preconceito de marca é aquele que se relaciona ao fato de outros indivíduos não aceitarem aquela pessoa, tendo relação com o aspecto da cor da pele, se parece muito com as agressões á pessoas obesas, observadas como “diferentes”.

O preconceito de origem se aplica um grupo que descende de negros, como por exemplo, os negros  e seus descendentes sofrem com o preconceito e os nordestinos e seus descendentes sofrem com a xenofobia. Ou seja, o preconceito de origem se aplica basicamente como xenofobia.

No Brasil o preconceito de marca é praticado há séculos, e esse tipo de preconceito racial ficou mais forte no nosso país, pelo conceito de “hierarquia social” que se estabeleceu após o fim da escravidão.

No conceito de “hierarquia social", existe o conceito de “branqueamento", sendo assim, o negro primeiro é discriminando por não ter o diploma superior. Entretanto, quando consegue, acaba sofrendo pelo conceito típico da “hierarquia sócial”,simplesmente pelo fato de ser negro.

A origem do preconceito de marca no Brasil se deu com o inicio da escravidão, quando os primeiros navios negreiros começaram a trazer negros  da África para serem comercializados no Brasil. Durante o período da escravidão, os negros eram tratados como “diferentes", devido a cor da sua pele, podemos dizer      que na época da escravidão, com os primeiros navios negreiros, começava a ser implantados o conceito da “hierarquia social” no Brasil.

O conceito da “hierarquia social” ficou ainda mais forte com os negros escravos trancados em senzalas, sendo impedidos de comer a mesma comida dos seus senhores. Mesmo  o final do período da escravidão  no Brasil com a lei áurea, não libertou os negros da “hierarquia social", o conceito mais perverso da escravidão.

O final do período da escravidão no Brasil acabou coincidindo com os primeiros passos da revolução industrial, os negros libertos já sofriam os primeiros conceitos da “hierarquia social”, pois no tempo em que eram escravos, não tiveram qualquer acesso á educação, e depois de libertos, não estavam preparados para a era da grande industrialização, então podemos dizer que a herança dos negros nos dias atuais começou naquele tempo.

A herança que a população negra no Brasil carrega é extremamente cruel, primeiro o negro é discriminando por não ter o diploma superior como os brancos. Mas, no entanto, quando finalmente obtém o diploma universitário, os negros sofrem com a discriminação, simplesmente por serem negros, esse é o preconceito de marca, praticado há séculos e que persiste até hoje no Brasil. de acordo com uma das aulas de conceito histórico  para horas de atividades complementares, que eu tive durante o curso de Comunicação Social  na FIAAM FAAM, com a professora. doutora  e socióloga Lilian Torres.

E assim caminha a humanidade. 

Imagens : Portal G1 da Rede Globo.











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