domingo, 30 de janeiro de 2022

O preconceito de marca no Brasil.

 Diante da falta de explicações das autoridades, o cantor lírico Jean William, de Barrinha (SP), acredita que foi vítima de racismo estrutural em uma abordagem policial durante uma travessia de balsa no litoral paulista.

O tenor de Barrinha (SP), conhecido por já ter cantado para personalidades como o Papa Francisco e o príncipe de Mônaco, e por seu trabalho em parceria com o maestro João Carlos Martins, relatou ter sido abordado aos gritos e com uma arma apontada na cabeça por policiais militares enquanto seguia de carro de Santos para o Guarujá com um amigo na última quinta-feira (27), sem uma motivação apresentada pelos agentes.

"Eu estava dirigindo um carro que era um carro de uma marca famosa, enfim, a única coisa que me leva a crer é que eu era um indivíduo negro dirigindo um carro de alto padrão. E eu conheço muitos casos de pessoas que são abordadas exatamente do mesmo jeito, com a mesma truculência", conta.

Além de tornar público o episódio nas redes sociais, William relatou o caso à Ouvidoria da Polícia Militar, que prometeu pedir uma apuração à Corregedoria da corporação, assim que a denúncia fosse registrada.

"Esse caso é da Ouvidoria do estado. Eu falei com o ouvidor, relatei tudo que aconteceu e agora vamos esperar a resposta da ouvidoria, daí por adiante", afirma o cantor.

A PM informou que a abordagem seguiu princípios legais e técnicos, e que nenhuma denúncia ainda tinha sido apresentada.

A abordagem

Jean William conta que, na última quinta-feira, pegou uma balsa com um amigo em Santos para chegar ao Guarujá, onde passaria o dia, e que, devido ao calor, permaneceu dentro do automóvel, com ar-condicionado ligado e vidros fechados.

Enquanto esperava a saída da embarcação, ele relata que foi submetido a uma abordagem inesperada e truculenta dos policiais.

"A gente estava lá conversando, de repente, quando eu olho pra frente tem um policial apontando a arma na minha direção e por um milésimo de segundo eu fui tentando entender qual era o problema, o que estava acontecendo e aí eu peguei e levantei a mão, fiquei com as mãos pra cima assim, fui saindo com as mãos pra cima com muito medo porque tinha uma arma apontada na frente", diz.

Ao descer do carro, o cantor conta que viu outra arma apontada na direção dele, por parte de outro agente, enquanto era questionado sobre drogas e antecedentes criminais.

"Eu fiquei ali em um beco, com as mãos pra cima, e aí ele já começou a falar: tem droga no carro? Você já foi preso? Esse carro é seu mesmo? E falei que sim, obviamente, que o carro era meu, que eu nunca tinha sido preso nem que tinha droga no carro."

O clima começou a se acalmar, de acordo com o tenor, depois que ele apresentou os documentos e deu mais detalhes pessoais aos policiais.

"Ofereci o documento pra ele com medo de pegar no bolso e causar um movimento brusco, depois ele pediu o documento do carro e aí reiterou se a gente tinha sido preso já ou não e tal, e perguntou as nossas profissões, o que cada um fazia. Meu amigo falou que era farmacêutico, eu falei que era cantor lírico, aí ele ficou olhando meus documentos, tirando foto e fazendo provavelmente o padrão de checagem da polícia", afirma.

Segundo o tenor, um dos policiais chegou a questioná-lo se ele havia feito algo suspeito que motivasse a abordagem. Jean William mencionou uma manobra corriqueira, em baixa velocidade, para desviar de um caminhão para conseguir entrar na balsa, mas não acreditando que aquilo fosse suficiente para causar alarde aos policiais. Ainda assim, nenhuma justificativa ficou evidente por parte dos PMs, de acordo com o cantor.

"Eu falei, olha moço, única coisa estranha foi que quando eu estava entrando na balsa eu não vi um caminhão que estava do meu lado e eu desviei um pouquinho meu carro, mas não estava em alta velocidade, eu estava entrando na balsa. Aí ele falou: pode ser que isso tenha de alguma forma tornado você suspeito e ter causado uma denúncia. Aí eu perguntei: então, mas denúncia do quê? E ele não respondeu nada."

Depois de ter os documentos de volta, a falta de explicação, segundo Jean William, permaneceu. "A gente seguiu viagem sem entender o que tinha acontecido. Ninguém deu uma explicação, ninguém pediu desculpas", relata.

Luta contra o racismo

Hoje com uma carreira de sucesso no Brasil e no exterior, com passagem pelos principais teatros do mundo, Jean William lutou muito não só para mostrar seu talento como também para vencer as barreiras do preconceito.

Ainda antes de ser revelado como solista da Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi-SP, comandada pelo maestro João Carlos Martins, e de se apresentar em países como Itália, Emirados Árabes, Índia, Argentina e Estados Unidos, o promissor tenor chegou a ouvir comentários preconceituosos de pessoas que consideravam estranho um negro cantando músicas em italiano.

O preconceito vencido por Jean William partiu até mesmo de uma professora de música que, segundo ele, o orientou a seguir por uma carreira que não fosse a do canto lírico porque "não existem príncipes negros."

Para ele, a forma com que foi recebido pelos policiais no litoral paulista foi mais um episódio a superar dentro de uma realidade de discriminação que insiste no país, que está muito além das falas preconceituosas.

"Existem muitos relatos sobre abordagens agressivas. A gente conhece muito bem como é que funciona a estrutura do racismo no Brasil, que às vezes não é você chamar alguém de macaco só, mas é toda uma abordagem, todo um sistema que trata o negro quando ele está muito 'fora' do seu ambiente", analisa. A informação é do Portal G1 da Rede Globo, na manhã deste domingo (30).





Á você que está me lendo eu digo : O movimento negro no Brasil corresponde a uma série de movimentos realizados por pessoas que lutam contra o racismo e por direitos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu primeiro artigo, diz que "todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
Movimentos sociais expressivos envolvendo grupos negros perpassam toda a história do Brasil. Contudo, até a abolição da escravatura em 1888, estes movimentos eram quase sempre clandestinos e de caráter específico, posto que seu principal objetivo era a libertação dos negros cativos. Visto que os escravos eram tratados como propriedade privada, fugas e insurreições, além de causarem prejuízos econômicos, ameaçavam a ordem vigente e tornavam-se objeto de violência e repressão não somente por parte da classe senhorial, mas também do próprio Estado e seus agentes.
Depois da abolição da escravatura o movimento negro continuou em suas ações reivindicatórias, sempre enfrentando resistências, repúdio e incompreensão de vários setores da sociedade, ocorrendo fases de avanço e outras de recuo. , de acordo com uma das aulas de conceito histórico  para horas de atividades complementares, que eu tive durante o curso de Comunicação Social  na FIAAM FAAM, com a professora, doutora  e socióloga Lilian Torres.
O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a era colonial e escravocrata, imposto pelos colonizadores portugueses. Uma pesquisa publicada em 2011 indica que 63,7% dos brasileiros consideram que a raça interfere na qualidade de vida dos cidadãos
Com a chegada dos escravos africanos, a sociedade brasileira dividiu-se em duas porções desiguais, semelhante a um sistema de castas, formada por uma parte branca e livre e outra parte negra e escrava. Mesmo os negros livres não eram considerados cidadãos. O racismo no Brasil colonial não era apenas sistêmico, vez que também tinha base legal. Para ocupar serviços públicos da Coroa, da municipalidade, do judiciário, nas igrejas e nas ordens religiosas era necessário comprovar a "pureza de sangue", ou seja, apenas se admitiam brancos, banindo negros e mulatos, "dentro dos quatro graus em que o mulatismo é impedimento". Era exigida a comprovação da "brancura" dos candidatos a cargos.
Basicamente leitor (a),existem dois tipos de discriminação racial, o preconceito de marca e o preconceito de origem.
O Preconceito de marca é aquele que se relaciona ao fato de outros indivíduos não aceitarem aquela pessoa, tendo relação com o aspecto da cor da pele, se parece muito com as agressões á pessoas obesas, observadas como “diferentes”.
O preconceito de origem se aplica um grupo que descende de negros, como por exemplo, os negros  e seus descendentes sofrem com o preconceito e os nordestinos e seus descendentes sofrem com a xenofobia. Ou seja, o preconceito de origem se aplica basicamente como xenofobia.
No Brasil o preconceito de marca é praticado há séculos, e esse tipo de preconceito racial ficou mais forte no nosso país, pelo conceito de “hierarquia social” que se estabeleceu após o fim da escravidão.
No conceito de “hierarquia social", existe o conceito de “branqueamento", sendo assim, o negro primeiro é discriminando por não ter o diploma superior. Entretanto, quando consegue, acaba sofrendo pelo conceito típico da “hierarquia sócial”,simplesmente pelo fato de ser negro.
A origem do preconceito de marca no Brasil se deu com o inicio da escravidão, quando os primeiros navios negreiros começaram a trazer negros  da África para serem comercializados no Brasil. Durante o período da escravidão, os negros eram tratados como “diferentes", devido a cor da sua pele, podemos dizer      que na época da escravidão, com os primeiros navios negreiros, começava a ser implantados o conceito da “hierarquia social” no Brasil.
O conceito da “hierarquia social” ficou ainda mais forte com os negros escravos trancados em senzalas, sendo impedidos de comer a mesma comida dos seus senhores. Mesmo  o final do período da escravidão  no Brasil com a lei áurea, não libertou os negros da “hierarquia social", o conceito mais perverso da escravidão.
O final do período da escravidão no Brasil acabou coincidindo com os primeiros passos da revolução industrial, os negros libertos já sofriam os primeiros conceitos da “hierarquia social”, pois no tempo em que eram escravos, não tiveram qualquer acesso á educação, e depois de libertos, não estavam preparados para a era da grande industrialização, então podemos dizer que a herança dos negros nos dias atuais começou naquele tempo.
A herança que a população negra no Brasil carrega é extremamente cruel, primeiro o negro é discriminando por não ter o diploma superior como os brancos. Mas, no entanto, quando finalmente obtém o diploma universitário, os negros sofrem com a discriminação, simplesmente por serem negros, esse é o preconceito de marca, praticado há séculos e que persiste até hoje no Brasil. de acordo com uma das aulas de conceito histórico  para horas de atividades complementares, que eu tive durante o curso de Comunicação Social  na FIAAM FAAM, com a professora. doutora  e socióloga Lilian Torres.

E assim caminha a humanidade. 

Imagens : Portal G1 da Rede Globo. 










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