O bolsonarismo é um fenômeno político e sociocultural no Brasil associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, caracterizado por uma ideologia de extrema-direita que combina elementos de conservadorismo social, nacionalismo, liberalismo econômico e populismo.
Características Principais
Conservadorismo Social e Moralismo: Defende valores tradicionais da família e da fé cristã, opondo-se ao progressismo e a pautas identitárias de minorias (como movimentos negro, LGBT e feminista).
Nacionalismo e Antiglobalismo: Promove uma identidade nacional forte, frequentemente excluindo grupos considerados "não pertencentes" ao país, e adota uma postura antiglobalista.
Antipetismo e Criação de Inimigos: O movimento se consolidou em parte pela forte oposição aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) e pela constante identificação de inimigos, como a "esquerda" e a "imprensa tradicional".
Militarismo e Discurso de Ordem: Inclui a defesa da militarização e uma retórica que apela à ordem e à segurança.
Antipolítica e Anti-establishment: Embora se utilize do sistema político, o bolsonarismo adota um discurso de desconfiança em relação às instituições democráticas tradicionais, acusando o sistema de corrupção e distanciamento das necessidades populares.
Uso Intensivo de Redes Sociais: Baseia-se em uma estratégia de comunicação que utiliza redes sociais para mobilização e disseminação de narrativas, criando "bolhas" informacionais e emulando táticas de movimentos globais de extrema-direita.
Liberalismo Econômico: No campo econômico, defende a desburocratização, a redução da intervenção estatal e a facilitação da atividade empresarial.
Contexto e Análise
O bolsonarismo é frequentemente analisado como uma versão brasileira da onda internacional de reacionarismo político e moral, com inspiração em movimentos como o de Donald Trump nos Estados Unidos. Críticos o comparam a movimentos fascistas ou o descrevem como populismo de extrema-direita, que busca deslegitimar a democracia e os direitos humanos, e que resultou em ataques a instituições democráticas, como os de 8 de janeiro de 2023.
Para os defensores do ex-presidente, o termo "bolsonarista" é usado para ostentar uma posição política de orgulho e alinhamento com seus valores. O movimento enfrenta desgastes recentes com questões jurídicas envolvendo o ex-presidente e seus aliados. Segundo a analistas politicos nos veiculos de imprensa no Brasil.
Confira o artigo do autor Sergio Schargel (https://orcid.org/0000-0001-5392-693X),
Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Rio de Janeiro, RJ, Brasili.
Interpretações múltiplas
para um fenômeno complexo:
explorando as multifacetas da
origem do bolsonarismo
PINHEIRO-MACHADO, Rosana; FREIXO, Adriano de (Orgs.). Brasil em transe: nova
direita e desdemocratização. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2019.
Sergio Schargel (https://orcid.org/0000-0001-5392-693X),
Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Rio de Janeiro, RJ, Brasili.
M uita tinta tem sido despendida para explicar e entender o bolsonarismo. E
com razão. Por ser um fenômeno múltiplo, que agrega grupos tão hetero
gêneos – virtualmente todas as classes, todos os setores sociais e grupos
identitários declararam voto em Bolsonaro no segundo turno de 2018. De acordo
com dados do Datafolha, dos 60% da comunidade judaica aos 70% da evangélica,
dos 30% dos LGBT+ às 50% das mulheres, dos 55% entre os que recebem de dois a
cinco salários-mínimos aos 60% dos que recebem mais de 10, é preciso mobilizar
esforços em diferentes frentes e áreas interdisciplinares para compreender alguns
de seus fragmentos. Brasil em transe, organizado por Rosana Pinheiro-Machado e
Adriano de Freixo, apresenta, com sobriedade, algumas interpretações possíveis.
É sempre mais complexo resenhar uma coletânea de ensaios do que um livro de
apenas um autor, dada a pluralidade no pensamento e a parcimônia teórica que
textos curtos impõem. Mas, apesar de seu pequeno tamanho, Brasil em transe ofe
rece visões interessantes sobre fragmentos do bolsonarismo distribuídos em seus
oito ensaios, incluindo a Introdução, que funciona como ensaio à parte.
O ensaio de abertura, “Dias de um futuro (quase) esquecido”, escrito pelos organi
zadores, fornece não apenas uma apresentação do que será discutido nos ensaios
subsequentes, mas também, ele próprio, uma recapitulação dos eventos que le
varam à ascensão do bolsonarismo. A história é conhecida e tem sua gênese nas
Jornadas de Julho. Não que as jornadas tenham sido o princípio do bolsonarismo
Recebido: 11.07.21
Aprovado: 26.07.21
i. Sergio Schargel é
doutorando na Uerj e
na UFF.
<sergioschargel_
maia@hotmail.com>.
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em si – foram muito mais do que isso, seria incorrer ao reducionismo tratá-las como
uma massa única e não um cenário plural e heterogêneo –, mas escancarou a in
satisfação e o sentimento antipolítico da população que, em parte, seria absorvido
posteriormente. Como lembram os autores (p. 10), as jornadas podem ser tomadas
como um momento de ruptura por serem as primeiras desde a segunda metade da
década de 1970 que não apenas não tiveram o PT como protagonista, mas, tanto
mais, o tomaram amplamente como antagonista; e por evidenciarem o ressurgi
mento de um discurso de extrema-direita que havia caído em semi-irrelevância – a
despeito de algumas figuras pontuais, como Enéas – desde a redemocratização.
Nesse sentido, Freixo e Pinheiro-Machado acertam ao mostrar a importância das
jornadas na história recente do país, como consequência do “esgotamento de um
modelo político que começou a se estruturar durante o processo de transição de
mocrática e atingiu o seu auge nos anos Lula” (p. 11); e o seu significado à extre
ma-direita, mas sem incorrer à retórica de reduzir o bolsonarismo às jornadas. Isso
porque, como os autores lembram, o bolsonarismo é um “fenômeno político que
transcende a própria figura de Jair Bolsonaro” (p. 19), e o presidente não é uma
causa, mas um sintoma da fragilização democrática.
O ensaio que efetivamente abre o livro, “A cosmovisão da ‘nova direita’ brasilei
ra”, de Debora Messenberg, conforme o próprio nome indica, procura mapear as
raízes ideológicas e as interpretações de mundo dessa direita que ascendeu após
2013, através de alguns de seus principais influenciadores digitais. Naturalmente
interpretando a direita como um campo polissêmico, sem fronteiras e contornos
evidentes – bebendo diretamente da interpretação do clássico de Norberto Bob
bio, Direita e esquerda –, Messenberg, por meio de diversos métodos, mas, prin
cipalmente, pautando-se na coleta de dados em redes sociais, identifica os princi
pais formadores de opinião desse campo político, bem como suas principais ideias.
Nesse escopo, Messenberg identifica três grandes campos discursivos que unem
esse amplo espectro retórico heterogêneo, que engloba desde Jair Bolsonaro até
movimentos que romperam com o presidente, como o MBL: o antipetismo, o con
servadorismo e os princípios liberais (p. 36-37). Ainda que seja notável que alguns
desses atores encarnem parte desses campos com mais intensidade que outros,
a própria autora ressalta que o antipetismo é, em última análise, o elo de ligação
entre todos eles (p. 37).
Na sequência, em “Golpe de Estado”, Alvaro Bianchi volta a uma discussão em
voga desde 2016: o conceito de golpe de Estado. Uma discussão claramente pau
tada por um ponto fulcral: afinal, a queda de Dilma se deu por um golpe ou um
impeach ment legal? Uma discussão que, mesmo se por vezes destaque os procedi
mentos legais do caso, o aborda de forma rasa ao não trabalhar o conceito de golpe
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em si e, na prática, se torna um mecanismo discursivo de disputa política. Bianchi
afasta essa superficialidade ao adentrar em curta, porém eficiente, genealogia do
conceito de golpe de Estado, do século XVII aos dias de hoje (p. 51). Interessante
apontar – como bem lembra o autor – que os golpes se reinventam conforme os
séculos. Dessa forma, é natural que golpes do século XXI possuam configurações
e lógicas distintas dos golpes do século XX. Em outras palavras, se no século an
terior eram comuns imagens marcantes de tanques depondo presidentes, neste – ainda que o modo antigo continue sendo usado, como Myanmar recentemente
evidencia –, com particular destaque à América Latina, vem se disseminando uma
espécie de golpe travestido de impeachment, uma manobra judicial que o bana
liza, o transforma em voto de desconfiança e ignora a teórica impossibilidade de
destituir um líder por questões apenas políticas no presidencialismo – ao mesmo
tempo em que, ironicamente, blinda outro que comete crimes de responsabilida
de em escala diária. Nesse novo formato, diferentemente do anterior, apesar da
ruptura não há uma mudança institucional ou a transição para um autoritarismo
declarado (p. 58-59).
No ensaio seguinte, Ana Flauzina trata da violência do Estado brasileiro em rela
ção à sua população negra, intensificada após o processo de impeachment. Um
tema retomado por Tulio Custódio algumas páginas depois, analisando não apenas
a violência, mas os limites da democracia em si. Esther Solano Gallego, no ensaio
seguinte, abre praticamente retomando de onde Flauzina parou, lembrando da po
lítica estatal de extermínio de populações marginalizadas (p. 83). Gallego, contu
do, volta sua análise às redes sociais, em perspectiva alinhada à de Messenberg,
buscando apreender a construção de uma retórica do antagonismo, da criação de
inimigos imaginários: comunistas, maconheiros, petistas, esquerdistas, feministas,
entre infinitas possibilidades (p. 88). Uma vez mais em consonância com Messen
berg, Gallego identifica três grandes campos semânticos que agregam a retórica an
tagônica desses grupos: belicismo policial, combate à corrupção e conservadores/
liberais. Ainda que o ensaio se limite a um espaço temporal de 2014 a 2017, mais
voltado, portanto, à movimentação na época do impeachment, grande parte dos
atores identificados continuam ativos na base bolsonarista, especialmente os que
estão no centro do diagrama (p. 89).
Luis Felipe Miguel traz evidente, já no título de seu ensaio, sua proposta: “Há solu
ção sem revolução?” Miguel debate o processo de erosão da democracia brasilei
ra, até pouco tempo classificada como “democracia consolidada”, e o fracasso das
instituições em proteger o Executivo de um voto de desconfiança travestido de im
peachment (p. 99). O autor não esconde sua perspectiva pessimista: considerando
as oligarquias e a estrutura autoritária secular do Estado brasileiro, crê que apenas
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uma revolução – e, aqui, é importante ressaltar que não fala da imagem clássica de
revolução, mas de um processo de radicalização da democracia e combate à desi
gualdade – é capaz de alterar a alternância desse pêndulo, para utilizar a imagem
criada por Leonardo Avritzer (2019) entre democracias limitadas e autoritarismos.
Ademais, também lembra que a Constituição possui um mecanismo legal que, em
última instância, legitima a ação direta dos militares. O artigo 142 concede poderes
às Forças Armadas que, a depender da interpretação, pode servir para legitimar
uma intervenção direta, como em 1964. Robert Dahl (2005: 64) lembra que, ainda
na década de 1970,
[...] nos lugares onde as forças militares são relativamente gran
des, centralizadas e hierárquicas [...] a poliarquia é certamente
impossível a menos que os militares sejam suficientemente des
politizados para permitir um governo civil (Dahl, 2005: 64).
Por fim, Tatiana Vargas Maia e Fabrício Pontin apresentam o último ensaio: “Cida
dania, semicidadania e democracia no Brasil contemporâneo”. Nele, os autores se
dobram sobre as limitações da democracia brasileira em relação à semicidadania
que impõe a alguns de sua população, em especial sobre um recorte de raça e
gênero. Maia e Pontin resgatam uma breve genealogia do conceito de cidadania,
apontando sua relação intrínseca com o nascimento da política contemporânea
e da própria democracia em si. Assim, definem o ser cidadão como o ato de “ser
t
itular de um poder público não limitado e participar de modo estável do poder de
decisão coletiva” (p. 146). Nesse cotejo, desenvolvem a noção de semicidadania,
a partir de ideias de Nancy Fraser em que o cidadão, nas concepções contemporâ
neas, é reduzido a consumidor (p. 147).
Os ensaios discutidos se interseccionam ao apontar a origem de alguns dos princi
pais caminhos e vertentes do bolsonarismo; ademais, divididos sobre as mais diver
sas frentes, ressaltam a importância de tomar o bolsonarismo como ele de fato é:
um movimento amplo e heterogêneo. Todavia, ainda que o livro tenha sido lançado
em 2019, faz falta algumas análises mais voltadas para o primeiro ano de governo,
ou para as eleições do ano anterior. Por mais que seja impossível entender o bolso
narismo sem entender o contexto que levou à sua ascensão, considerando-o como
um sintoma da degradação democrática, não como causa, seria pertinente que a
obra tivesse um ou mais ensaios atualizados para o contexto de e após 2018. A des
peito do “bolsonarismo” no título, o livro trata mais do cenário nos anos anteriores
à sua eleição, do que do bolsonarismo em si.
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Referências
AVRITZER, Leonardo. O pêndulo da democracia. São Paulo: Todavia, 2019.
BOBBIO, Norberto. Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção políti
ca. São Paulo: Editora Unesp, 2012.
DAHL, Robert. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo, Editora USP, 2005.
DATAFOLHA. Eleições 2018. Disponível em: <http://media.folha.uol.com.br/datafol
ha/2018/10/26/3416374d208f7def05d1476d05ede73e.pdf>. . Acesso em: 05 Maio . O artigo do autor Sergio Schargel (https://orcid.org/0000-0001-5392-693X),
Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Rio de Janeiro, RJ, Brasili.
Base eleitoral refere-se a um grupo específico de eleitores, geralmente geográfico ou demográfico, onde um candidato ou partido político tem forte apoio e pode contar com um número significativo e consistente de votos. É, essencialmente, o núcleo de sustentação do político ou da legenda.
O conceito envolve:
Apoio Fiel: Uma base eleitoral é composta por eleitores que tendem a votar no mesmo candidato ou partido de forma recorrente, muitas vezes independentemente de fatores externos ou de campanhas de oposição.
Território Específico: Para políticos que concorrem a cargos legislativos (como vereador, deputado estadual ou federal), a base eleitoral geralmente se concentra em uma cidade, bairro ou região específica do estado, onde ele é mais conhecido e influente.
Estratégia Política: Candidatos e partidos trabalham para consolidar e expandir sua base eleitoral, investindo em ações e políticas públicas (quando já estão no poder) ou em propostas que atendam aos interesses desse grupo específico de eleitores, visando garantir sua vitória nas eleições.
Diferença do Colégio Eleitoral: Diferente de colégio eleitoral, que é o conjunto total de cidadãos aptos a votar em uma determinada eleição, a base eleitoral é apenas uma parcela desse total, aquela que apoia um determinado concorrente.
Em resumo, a base eleitoral é o "curral eleitoral" ou o conjunto de eleitores que um político considera como seus apoiadores garantidos em um pleito. Segundo o Sociólogo, Mestre e Doutor Cesar Portantiolo Maia, no Quarto Período da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAAM FAAM).
Uma maquina partidária é a capacidade de influencia geopolítica, financeira e política, que um partido possui, não somente em termos de defender seu território político, como também aumentar sua influencia geopolítica, financeira e hierárquica dentro e fora de seu espectro político.
Na área geopolítica, uma maquina partidária, as políticas territoriais na relação de poder e influencia dentro de seu espectro político, aonde se visa manter seu poder e influencia política dentro de um determinado seguimento. Uma maquina partidária, envolve no seu sentido geopolítico, o gerenciamento e expansão de poder e influencia de um determinado partido em um determinado espectro político.
Na área hierárquica, uma maquina partidária é uma esfera de poder aonde um determinado partido administra e mantem sua hierarquia e influencia , em conjunto de expansão territorial, na administração governamental , aonde este partido se torna a maior agremiação política dentro de um determinado espectro político.
Uma maquina partidária, na sua área hierárquica, garante a influencia absoluta de um determinado partido dentro do seu espectro político. Com uma maquina partidária, na sua área hierárquica, garante a influencia expansionista de um determinado partido, além das bases do seu espectro político.
No âmbito financeiro, uma maquina partidária, garante á um determinando partido, se sobrepor pelo poder econômico. Mantendo sua influencia geopolítica e hierárquica, uma maquina partidária, representa a concepção total na sua "natureza política", em uma clara manifestação da hierarquia econômica, política e territorial de um determinando partido, dentro e fora de seu espectro político.
Uma maquina partidária, garante a "natureza política" de um determinado partido, no seu total e absoluto poder e influencia expansionista por meio do seu poder econômico, que se traduz na "natureza política", dentro e fora do seu espectro político, em uma influencia geopolítica, hierárquica e financeira, pelo "natureza política" do poder econômico que uma maquina partidária proporciona á um determinado partido político.
Uma maquina partidária, garante á um determinado político, a plena capacidade de estrutura e poder político, para se adaptar organicamente a qualquer mudança em uma sociedade.
Uma máquina partidária é uma organização que pratica política de máquina, isto é, que atrai e direciona seus membros primeiramente para o uso destes incentivos". As máquinas políticas surgiram como fenômeno e categoria prática-teórico-analítica nos Estados Unidos, principalmente em grandes centros urbanos.
Não me iludo. O ex Presidente Jair Bolsonaro (PL), Ainda tem uma base eleitoral consolidada. E é uma maquina partidária forte.
Confira a noticia no UOL .https://noticias.uol.com.br/
E assim caminha a humanidade.
Imagem ; UOL
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