sábado, 8 de novembro de 2025

Negacionismo climático.

 O negacionismo climático é a atitude tendenciosa de recusar, ignorar ou minimizar a existência das mudanças climáticas e, principalmente, a sua relação com as atividades humanas, apesar do consenso científico esmagador sobre o assunto. 

Esta atitude não se baseia em evidências científicas, mas sim na disseminação de dúvidas e desinformação, muitas vezes com o apoio de pseudociência ou dados isolados e distorcidos, para evitar a implementação de políticas públicas e ações de mitigação. 

Tipos e Estratégias

O negacionismo climático pode se manifestar de diversas formas:

Negação Clássica: Nega diretamente a ocorrência do aquecimento global ou das mudanças climáticas.

Negação da Causa Humana: Aceita que o clima está mudando, mas nega que a causa principal seja a ação humana, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, atribuindo a culpa a fatores naturais, como o Sol.

Atraso Climático (Pós-negacionismo): Esta é uma estratégia mais recente que não nega a crise, mas questiona a urgência ou a viabilidade das soluções propostas, atrasando a ação efetiva.

Minimização: Argumenta que as consequências não serão tão graves ou que as ações individuais não terão impacto significativo. 

O negacionismo climático representa um grande desafio para a sociedade e a política internacional: 

Inação: Leva à paralisia na tomada de decisões e na implementação de medidas necessárias de adaptação e mitigação climática.

Dificuldade Política: Dificulta a criação de consensos políticos para ações coordenadas em níveis nacional e internacional.

Desinformação: Semeia a dúvida na população, tornando mais difícil o apoio público a políticas climáticas robustas. 

Em contraste com o ceticismo científico, que é uma parte saudável do método científico e busca a validação de hipóteses, o negacionismo ignora o consenso de 99,9% dos cientistas do clima e baseia-se em argumentos frágeis ou inexistentes para refutar verdades estabelecidas.

Confira o artigo dos autores  Bruno Alysson Soares Rodrigues ,  Antônio Marcondes dos Santos Pereira e  Maria Aires de Lima 

ISSN 2595-3109, volume 22, número 01, jan/dez 2022. 

 

 

A IDEOLOGIA NEGACIONISTA E SEUS IMPACTOS NA CRISE DO 

CLIMA: UM INSUSTENTÁVEL DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 

EM MEIO A UMA CRISE PANDÊMICA 

The Denialism Ideology And Its Impact On The Climate Crisis: An Unsustainable Sustainable 

Development Inside Of A Pandemic Crisis 

 

 Bruno Alysson Soares Rodrigues 1 

https://orcid.org/0000-0003-1798-8177 

 

 Antonio Marcondes dos Santos Pereira 2 

https://orcid.org/0000-0002-0890-9011 

 

 

 Maria Aires de Lima 3 

https://orcid.org/0000-0003-4463-1691 

 

 

 

 

 

 

                                                           

1 Doutorando em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará 

(PPGE/UECE). E-mail: bruno.alysson@aluno.uece.br. 

2 Professor da Universidade Estadual do Ceará. E-mail: antonio.marcondes@uece.br 

3 Doutoranda em educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará 

(PPGE/UECE). E-mail: maria.aires@aluno.uece.br. 

 

 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

RESUMO  

Este artigo busca analisar a consequência social da ideologia negacionista e a difusão das sedutoras 

ideias que tentam conciliar a predatória expansão do desenvolvimento do capital e a preservação da 

natureza. Neste sentido, argumentamos que a produção destrutiva é uma categoria imanente ao 

capital e que ela exige, em economias dependentes como o Brasil, a flexibilização das legislações 

ambientais no intuito de ajustar a estrutura econômica do país à nefasta expansão do capital. Ainda, 

demonstramos que a expansão do negacionismo ocorre a partir do complexo social da educação em 

sentido amplo, convertendo-se em ideologia e adentrando diversas áreas da ciência. Por fim, 

analisamos as consequências sociais do negacionismo climático no Brasil, demonstrando como as 

legislações atuais não apenas se modificam, mas se ajustam aos desígnios da necessidade de 

acumulação primitiva de capital. 

Palavras-chave: Crise climática. Trabalho. Ideologia. Negacionismo. Crise estrutural. 

 

ABSTRACT  

This paper aims to analyze the social consequences of denialism ideology and the spread of 

seductive ideas that try to reconcile the predatory capitalism development expansion and the nature 

preservation. In this sense, we argue that destructive production is one of capitalism main category 

and that it requires, in dependent economies such as Brazil, the flexibility of environmental 

legislation in order to adjust the country's economic structure to the capitalism disastrous expansion. 

Furthermore, we demonstrate that the denialism expansion occurs by the social complex of 

education in a broad sense, becoming an ideology and entering in different areas of science. Finally, 

we analyze the climate crisis denialism social consequences in Brazil, demonstrating how current 

legislation not only changes, but adjusts to the designs of need for primitive capital accumulation. 

Keywords: Climate crisis. Work. Ideology. Denialism. Structural crisis. 

 

 

Introdução  

 

Nas últimas décadas, o debate sobre os impactos das ações humanas no planeta tem tomado 

a atenção de intelectuais, governos e até mesmo de camadas da sociedade que apenas conheciam o 

assunto de forma muito indireta (PIRES e SILVA, 2017). A imprensa, as redes sociais e demais 

meios de comunicação têm divulgado relatórios, estudos e pesquisas que demonstram o aumento 

dos níveis de aquecimento global4, a irracional taxa de consumismo5, obsolescência programada e o 

                                                           

4 Ver o Painel Intergovarnamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC, Aquecimento global de 1,5°: Relatório especial 

do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre os impactos do aquecimento global de 1,5°C 

acima dos níveis pré-industriais e respectivas trajetórias de emissão de gases de efeito estufa, no contexto do 

fortalecimento da resposta global à ameaça da mudança do clima, do desenvolvimento sustentável e dos esforços para 

erradicar a pobreza. Versão em português do Brasil disponível em 

https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2019/09/SR15_SPM_Portuguese.pdf. Acesso em 13/jun/2021. Os 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

consumo perdulário do mundo presente que, aliado ao fator do desenvolvimento econômico 

desigual e combinado (LÖWY, 1998), já esboça claros sinais de esgotamento dos recursos naturais 

deste planeta. 

É neste sentido que a preocupação com o meio ambiente tem ganhado um lugar cada vez 

maior na ordem do dia a partir de lemas bastantes sedutores e que provavelmente já são conhecidos 

pelo grande público, a saber, o desenvolvimento sustentável, a economia verde e a solidária, que 

têm sido usados para se referir ao esforço da burguesia e de camadas da pequeno-burguesia em 

tentar compatibilizar o crescimento econômico capitalista com a preservação dos recursos naturais, 

buscando mostrar meios alternativos de se manter o capitalismo sem que se torne violenta e 

predatória a busca pela acumulação de capital. 

Aqui cabe um importante lembrete: para a burguesia não há melhor alternativa possível para 

existir neste planeta que não seja o atual modo de produção, neste sentido, se as ideias dominantes 

são as ideias da classe dominante, a burguesia necessita reunir um conjunto de ideias, valores e 

pressupostos teóricos capazes de dar conta da tarefa de manter a ordem, o desenvolvimento 

econômico, a lei geral de acumulação capitalista e, principalmente, demonstrar que o capitalismo é 

a única, melhor e mais desenvolvida forma de se realizar o saudável metabolismo orgânico entre o 

homem e a natureza. Para justificar tais ideias, a classe que detém a propriedade privada dos meios 

de produção e que, portanto, suas ideias são as ideias dominantes, precisa difundir ideologicamente 

este conjunto de valores necessários para a manutenção do capitalismo, precisa que suas ideias 

sejam fluidas e sucintas o suficiente para que possam se espalhar por entre os complexos sociais que 

compõem a totalidade social (LUKÁCS, 2013). 

É nessa perspectiva que o complexo social da educação, em seu sentido amplo, conforme 

explica Lukács (2013), cumpre um importante papel na difusão das ideias que conservam a 

concepção de mundo e mantém o atual estado de coisas por meio de verbetes, teses ou categorias 

que se propõem transformadoras, mas que, na verdade, conduzem a classe trabalhadora para 

sorrateiras armadilhas que turvam ainda mais a visualização de um horizonte verdadeiramente 

                                                                                                                                                                                                 

relatórios parciais e atualizados podem ser encontrados no sítio da organização e está disponível no seguinte endereço 

eletrônico: https://www.ipcc.ch/about/preparingreports. 

5 Ver o relatório da ONG GFN intitulado Ecobytes: What can data tell us about the world’s natural resource producers 

and consumers? Fonte: GLOBAL FOOTPINRT NETWORK. Disponível em: 

https://www.footprintnetwork.org/2021/05/20/ecobytes-what-can-data-tell-us-about-natural-resource-producers-and

consumers. Acesso em 13/jun/2021. 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

transformador e radical, um horizonte em que uma outra alternativa de produzir a existência seja 

possível. 

Para tornar a situação ainda mais problemática, o período de decadência ideológica da 

burguesia inaugura também um período em que alguns dos avanços já consolidados pela própria 

classe dominante são negados em função da necessidade de se justificar a manutenção do atual 

estado de coisas. Entra em cena, com a ascensão de governos de extrema direita como o de Jair 

Bolsonaro no Brasil, o negacionismo científico e filosófico, isto é, temos percebido a intensificação 

das bases materiais que proporcionam a difusão de uma ideologia negacionista e que se configuram 

como “estratégias políticas e econômicas da direita para legitimar sua práxis, sobretudo na 

conjuntura da crise do capital” (LIMA, 2020, p. 363). Ainda segundo Lima (2020), essas 

estratégias, no campo da ideologia, criam cortes epistemológicos na compreensão da realidade 

social com o intuito de negar a objetividade concreta dos fatos, facilitando a manipulação de massas 

a partir do descrédito da razão dialética. 

Desta forma, o que antes era um aspecto progressista da burguesia, agora passa a ser negado, 

mistificado. O que antes servia como elemento de aproximação da realidade e de conhecimento de 

mundo, hoje passa a ser algo que produz subjetividades estranhadas6, causando deformações 

subjetivas (LUKÁCS, 2013). O caráter negacionista da burguesia é um dos elementos que 

assessoram as ideias que pretendem justificar o atual modo de produção, mantendo intacta a 

estrutura causal que sustenta a sociabilidade capitalista, apresentando o próprio capitalismo como 

alternativa a ele mesmo por meio de subterfúgios linguísticos e jogo de palavras que, na verdade, 

garantem a continuidade da superexploração da natureza em benefício do capital. 

Ocorre que a estrutura causal do modo de produção capitalista necessita utilizar 

incessantemente os recursos naturais para a produção de mercadorias e valorização do valor. Essa 

                                                           

6 O homem estranhado não é de modo absoluto, desprovido do “seu ser-homem social”; do vínculo de pertencimento “à 

sociabilidade do gênero humano”. Mesmo a designação do escravo como um instrumento em termos jurídicos que 

aponta para a sua condição real de cativo, ainda assim, afirma Lukács, objetivamente em si, [ele, o escravo] continua 

sendo um ser social, um modelo do gênero humano. Desta forma, o que efetivamente constitui um processo de 

estranhamento neste caso é o fato jurídico-político e histórico do ser homem do escravo estar subjugado a um sistema 

socialmente alienante; excludente, produtor de desigualdades, violência de classe e deformações subjetivas, morais e 

éticas, como foi o caso do escravismo antigo e o escravismo colonial moderno. A consequência, portanto, é que estas 

estruturas submetem o ser homem do escravo às formas alienantes de socialização desumanizadora, neste sentido, ele 

não perde sua condição ontológica de ser social, mas é privado de sua condição humana, de sua dignidade enquanto 

pessoa. 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

necessidade ontológica produz falaciosos discursos ideológicos que afetam, como afirmado outrora, 

o metabolismo orgânico entre a sociedade e o planeta, exaurindo recursos naturais que durariam 

anos se fossem racionalmente administrados para satisfazer as necessidades humanas e não as 

necessidades do capital. As teses da economia verde, do desenvolvimento sustentável e da 

economia solidária tentam, cada uma a seu modo, tornar-se um símbolo de articulação de esforços 

internacionais para diminuir danos ambientais, minimizar impactos nas comunidades vizinhas e 

conciliar a acumulação de capital ao nefasto mecanismo de uso dos recursos naturais do planeta. 

Nos propomos, diante do contexto apresentado, a elaborar algumas considerações sobre três 

questões que permeiam o debate aqui suscitado. Na primeira seção deste artigo, pretendemos 

demonstrar que a educação em sentido amplo se converte em ideologia no sentido em que pode 

servir como forma de sustentar e veicular ideias, valores e ideologias dominantes, e que essa 

ideologia incide sob o modo de se comportar dos indivíduos, seus pensamentos, valores e escolhas 

entre alternativas. Na segunda seção, argumentamos que as ideias dominantes, que demonstram de 

maneira cada vez mais transparente seu caráter irracionalista e negacionista, se difundem como 

manifestação ideológica de uma crise estrutural e de uma decadência ideológica que exige da classe 

dominante a difusão de ideias que mistificam a realidade no intuito de não alterar o atual estado de 

coisas. Na terceira seção, por fim, discutimos como a crise da estrutura causal do modo de produção 

capitalista propõe como alternativa ao nefasto metabolismo orgânico entre homem e natureza um 

desenvolvimento sustentável que, em outras palavras, se configura como uma forma de conciliar a 

lei geral de acumulação do capital, os interesses de desenvolvimento econômico da burguesia e a 

manutenção da dependência econômica de países periféricos. 

Desta forma, refletimos sobre o período de negacionismo científico a respeito da questão 

climática que, somado a crise pandêmica, tem se prolongado no Brasil com a ascensão da extrema

direita. Assim sendo, a respeito do negacionismo científico, concordamos com Lima (2020, p. 363

364), quando afirma que 

a negação dos pressupostos racionais, da objetividade e do movimento da história enquanto 

totalidade, são substituídos por interpretações subjetivistas sem mediações com o todo, 

surgindo daí o discurso da pós-verdade, pautados na negação da realidade concreta, que é 

substituída por interpretações subjetivistas. Na prática, existe um projeto de relativização do 

real a partir de achismos. 

  

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

A estrutura causal do capitalismo requer uma justificativa ideológica para a continuação da 

exploração dos recursos naturais do planeta para perpetuar o processo de acumulação de capital. No 

entanto, como o desenvolvimento do capitalismo e a preservação do meio ambiente são antípodas, a 

única forma de a classe dominante produzir uma justificativa plausível para seus nefastos propósitos 

é a negação do real, da objetividade e da razão dialética, constituindo assim uma ideologia 

negacionista7. É possível, no entanto, rastrear a gênese ontológica destes fenômenos 

contemporâneos, analisando suas manifestações no cotidiano dos indivíduos, nos fatos históricos 

recentes e no desdobramento da difusão desta ideologia no pensamento das massas manipuladas. 

Para dar conta das análises pretendidas nos pautamos em uma concepção materialista da 

história, tendo por base teórica a tradição do pensamento marxista para a crítica da economia 

política, o legado da ontologia lukacsiana para questões como ideologia, educação e a decadência 

ideológica burguesa e, além disso, lançamos mão das contribuições de alguns dos autores que se 

debruçaram sobre a questão da ruptura metabólica entre humanidade e natureza como Kohei Saito 

(2017; 2020), John Foster (2000) e Michel Löwy (2015). 

  

Ideologia, educação e reprodução social: o agir socialmente esperado 

  

A ideologia entendida como uma prévia ideação que desencadeia comportamentos sociais 

nos indivíduos e os levam a tomarem consciência dos conflitos que surgem das contradições 

econômicas (LARA, 2013), se manifesta também como uma ideia que visa influenciar outras 

consciências para atender a determinados interesses (VAISMAN, 2010). Esse é o caso da educação, 

que pressupõe um comportamento socialmente esperado dos indivíduos, um processo em que são 

prescritas normas gerais sociais para o comportamento futuro do indivíduo, normas que se 

estabelecem por modelos positivos ou negativos de comportamento (LUKÁCS, 2013). 

                                                           

7 Há alguns anos tem sido gestado no Brasil um ecossistema altamente danoso à produção de conhecimento científico. 

Capitaneado por Jair Bolsonaro, o negacionismo foi institucionalizado nos diferentes órgãos do governo. Mais 

informações no texto A guerra contra a ciência: pós-verdade e desinformação, de autoria de Pablo Ornelas Rosa, Carlos 

Eduardo Gama e Marcelo Fetz. Fonte: NEXO Jornal. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2021/A

guerra-contra-a-ciência-pós-verdade-e-desinformação. Acesso em 13/jun/2021. 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

Para Lukács (2013), só podemos entender concretamente o que é ideologia a partir da 

função social que ela exerce no conjunto da vida cotidiana dos indivíduos. A educação, portanto, 

pode se converter em ideologia quando ela pretende influenciar comportamentos que visam 

desenvolver os processos de reprodução da sociabilidade que se quer conservar ou transformar. A 

realização de objetivações sociais condiciona o conjunto da sociedade a essas exigências. Nesse 

aspecto, 

o mais importante […] é que esse desenvolvimento produz os pores teleológicos que visam 

suscitar um novo comportamento em seus semelhantes e lhes confere importância crescente 

tanto extensiva como intensivamente, tanto quantitativa como qualitativamente para o 

processo de produção, para a sociedade como um todo. (LUKÁCS, 2013, p. 483). 

  

Cada sociedade ao longo do tempo elabora um tipo específico de educação, processo pelo 

qual serão reproduzidas determinadas visões de mundo e valores vinculados às exigências do modo 

de produção e reprodução das condições de existência material que lhe corresponde. Esse processo 

expressa também os antagonismos de classe que são intrínsecos a cada momento histórico. 

Com efeito, o complexo da educação se refere a capacidade de instruir e influenciar o 

comportamento dos indivíduos para que possam dar novas respostas socialmente esperadas a novas 

alternativas de vida socialmente produzidas. No entanto, nem sempre essas respostas são 

efetivamente novas, pois o conjunto de valores e ideias contidos nas exigências da reprodução 

social podem se intensificar de tal maneira a influenciar os indivíduos a conservarem o atual estado 

de coisas. 

Nesse sentido, a concepção de educação em Lukács concorre para dois significados 

decisivos: primeiro, que a educação numa acepção ampla, nunca está inteiramente concluída, ela 

sempre prefigura um processo contínuo, o que constitui uma necessidade histórica socialmente 

determinada. Assim, podemos entender que a educação em sentido amplo diz respeito a todas as 

formas de produção de conhecimentos, saberes, práticas, valores, costumes, técnicas, experiências 

que os indivíduos adquirem em sua existência real, imprescindíveis ao seu processo de reprodução 

social como um todo. E, numa segunda concepção, a educação em um sentido estrito é aquela que 

ocorre em instituições específicas como escolas, universidades etc., e que prepara os indivíduos 

para corresponderem às exigências colocadas pela sociabilidade vigente. 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

As fronteiras entre educação em sentido estrito e educação em sentido mais amplo não 

podem ser concebidas de forma metafísica, pois cada sociedade traça seu desenvolvimento 

conforme as contradições entre as classes sociais no seu interior. A influência do processo 

educacional sobre a constituição dos indivíduos em seus aspectos gerais é sumamente decisiva. Se 

hoje, por exemplo, “não há mais crianças pequenas trabalhando nas fábricas, como ocorria no início 

do século XIX, não é por razões biológicas, mas em virtude do desenvolvimento da indústria e 

sobretudo da luta de classes” (LUKÁCS, 2013, p. 177), ou seja, a educação sofre uma forte 

influência dos processos sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade na qual ela é 

constituída, expressando, de certa forma, o atual estágio do desenvolvimento do conhecimento 

historicamente acumulado pelo conjunto dos homens em um dado momento histórico. Tais 

circunstâncias sociais assim modificadas constituem parte da base material que permite aos 

indivíduos realizarem escolhas ideológicas partindo de todo o arcabouço cognitivo acumulado 

durante suas vidas. 

Desta forma, a educação que resulta da lógica do desenvolvimento da sociabilidade 

burguesa cumpre o papel de formar no ser social traços e características que garantam a manutenção 

de legalidades sociais deste tipo de sociedade. Essas legalidades são uma expressão da totalidade de 

relações que se consolidam a cada geração como acúmulo de experiências (SAVIANI, 2008), 

comportamentos e conhecimentos a serem assimilados como categorias sociais. 

Essa autorreprodução do ser social, como vimos, produz constantemente momentos novos e 

contraditórios, no âmbito dos quais a educação se expressa como um pôr teleológico secundário. 

Conforme os conflitos de interesses de classes antagônicas se intensifica, as características do 

conjunto desta reprodução social se desdobram em novas conexões, relações e interações que fazem 

surgir igualmente novos momentos dinâmicos e contraditórios em seu desenvolvimento. Esses 

momentos inauguram novas possibilidades e que exigem tomada de decisões para a modificação ou 

a conservação das circunstâncias que foram postas pelo conflito de interesses. 

O processo de socialização criado pelas relações de produção capitalista engendra novas 

determinações que se impõem aos homens como resultado de um desenvolvimento econômico 

nunca visto antes. A generalização da produção de mercadorias, a complexificação tecnológica e a 

universalização das trocas comerciais representam o nível mais elevado de superação sucessiva das 

barreiras naturais. O caráter total do capital é uma das características mais fundamentais do modo 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

de produção capitalista e não se encontra paralelo nos modos de produção anteriores. Seguramente, 

essa universalização do capitalismo expressa exatamente a especificidade ontológica da sociedade 

como uma totalidade concretamente articulada, o que faz com que o modo de produzir a existência 

esteja organizado estruturalmente de modo interdependente, isto é, todos os países do planeta estão, 

em maior ou menor medida, conectados e dependentes um dos outros na complexa estrutura 

produtiva do capital. 

Se no âmbito da produção material o capital se encontra concretamente articulado, no 

âmbito ideológico também, considerando que é necessário ao capital construir e difundir um 

conjunto de valores ideológicos necessários para a sua manutenção, garantindo o melhor 

funcionamento dos mecanismos de dominação que compõem sua estrutura metabólica causal, e é 

neste preciso sentido que encontramos a educação em sentido amplo. 

Neste sentido, a educação pode atuar no intuito de conservar o atual estado de coisas, e 

cumpre essa função de duas formas, a saber, a primeira forma pela defesa direta dos valores, ideias 

e pressupostos morais que configuram o modo de vida burguês e que auxiliam a manutenção das 

relações sociais capitalistas, e a segunda forma pela negação do estágio de desenvolvimento das 

forças produtivas que, de algum modo, estabeleça um conflito entre as ideias necessárias para a 

conservação dos valores burgueses e o seu rompimento imediato. A segunda forma que aqui 

tratamos, adquirindo uma forma ideológica negacionista, se intensifica em períodos de decadência 

ideológica, pois é a forma que mais se ajusta ao modo decadente da vida burguesa, a negação do 

conhecimento, das evidências científicas, a negação do avanço das forças produtivas. 

Lukács (2013, p. 295), numa reflexão sobre a educação do homem e a totalidade social, 

afirma que 

a educação do homem é direcionada para fornecer nele uma prontidão para decisões 

alternativas de determinado feitio; ao dizer isso, não temos em mente a educação no sentido 

mais estrito, conscientemente ativo, mas como a totalidade de todas as influências exercidas 

sobre o novo homem em processo de formação. 

  

Aqui o filósofo marxista húngaro concebe a educação como um processo geral de formação 

dos valores, atitudes, personalidade, comportamentos, ideias e práticas que os indivíduos 

desenvolvem. Mas a educação nesse sentido também pode levar a resultados negativos, no plano da 

formação do comportamento e da personalidade, pois a influência da sociedade como uma 

10 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

10 

totalidade constitui um fator de grande impacto na práxis social e nas escolhas alternativas dos 

indivíduos. 

Sobre isso afirma Lukács (2013, p. 295) que 

o maior erro na avaliação de tais processos consiste no hábito de considerar somente os 

impactos positivos como resultados da educação; porém, quando um filho do aristocrata se 

converte em revolucionário, o descendente de oficiais se torna um antimilitarista, quando a 

educação para a ‘virtude’ produz uma queda para a prostituição etc., estes são, no sentido 

ontológico, resultados da educação, tanto quanto aqueles em que o educador atingiu as suas 

finalidades. 

  

A educação em sentido geral concorre, portanto, para formar nos indivíduos valores, 

comportamentos, ideais, atitudes que afirmam sua maneira de estar no mundo. Os processos 

educativos que são desenvolvidos no interior de cada sociedade ao longo do tempo vão se 

acumulando como experiências culturais que prefiguram para cada geração posterior o conjunto de 

conhecimentos historicamente acumulados. A educação surge, assim, como um processo de 

reprodução social fundamental para garantir a continuidade de uma dada sociabilidade, difundindo 

as ideias da classe dominante como as ideias fundamentalmente dominantes. Essas ideias 

configuram o modo de vida dos indivíduos no sentido de perpetuar suas condições econômicas e 

manter as relações de produção do atual estado de coisas. 

Ocorre que, em períodos de decadência ideológica, a reprodução social e a manutenção do 

atual estado de coisas exigem que a classe dominante cumpra um papel de negação ou ocultação de 

aspectos específicos que outrora eram considerados progressistas para ela (LARA, 2013). Em 

períodos de crise intensa do atual modo de produção a acumulação de capital é a única lei que 

inexoravelmente se sobressai em relação aos demais pilares que sustentam o capitalismo. É 

precisamente a exigência de manter essa acumulação em todas as esferas da produção material que 

cria a base ideológica para que a burguesia reúna um conjunto específico de ideias para justificar, 

por exemplo, a extração cada vez intensa de recursos naturais para a produção de mercadorias, não 

obstante os limites físicos da própria vida humana. 

Concordamos com Lima (2020, p. 364) quando comenta sobre a estratégia ideológica de 

fragmentação e negação do real, e assevera que 

  

11 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

11 

primeiramente   pega-se   um   fato   e/ou acontecimento, isola-o do todo, recorta-o em 

fragmentos, descontextualiza-o da história objetiva, que por sua vez, é transformada em 

uma opinião subjetivista para posteriormente ser apresentada de forma generalizada, como 

se tudo fosse igual. Isto é uma constante em nosso cotidiano, vai desde manipulações 

estatísticas da macroeconomia para “reformas” econômicas, e perpassa as manipulações 

dos discursos, onde é retirado somente um fragmento do mesmo e são aferidas 

interpretações subjetivistas. Igualmente ocorre na edição de vídeos, cujos fatos são 

descontextualizados e desistoricizados para se criar a narrativa desejada. 

  

A estratégia ideológica aqui mencionada se expressa também no negacionismo científico, 

que se difunde no cotidiano dos indivíduos com objetivo de criar um invólucro místico diante da 

realidade, impedindo que se perceba as nefastas consequências do avanço e intensificação do 

capitalismo na vida humana. A este respeito, Lima (2020, p. 366) afirma que “as análises e 

representações-gnosiológicas, negadoras de uma apreensão ontológica da realidade, tendem a uma 

leitura parcial da realidade”. 

Ainda, a negação da ciência em favor da lei geral de acumulação do capital tem impacto 

direto no metabolismo orgânico da humanidade com a natureza, na medida em que, ao negar ou 

ocultar as consequências sociais da extração de recursos naturais, o risco ambiental para 

comunidades vizinhas e os fatores de impacto no ecossistema ali presente, a burguesia coloca em 

risco a existência do próprio planeta, pois ela mesma coloca em movimento um mecanismo 

sociometabólico incontrolável: a produção destrutiva do capital. 

É precisamente a conjuntura em que a categoria da produção destrutiva se encontra que nos 

propomos a analisar no item seguinte deste artigo, demonstrando seu desdobramento diante da crise 

estrutural do capital. Buscamos ainda explicar como o surgimento da sociedade dividida em classes 

sociais representa a efetiva contradição entre burguesia e proletariado e que este conflito produz 

antagonismos nos mais diversos aspectos, tendo como núcleo central as disputas na base econômica 

em torno dos processos e das relações de produção e os conflitos engendrados no nível das 

superestruturas, ideologias, política, moral, educação. 

 

 

 

 

12 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

12 

A crise estrutural do capital e seus limites absolutos 

  

É notória a decadência de uma sociedade organizada a partir de um modo de produção da 

existência pautado na exploração do homem pelo homem e no processo de acumulação de capital. É 

curioso notar que este mesmo modo de produzir a existência já alcançou a possibilidade de criar a 

quantidade de riquezas suficiente para a satisfação das necessidades de absolutamente todos os 

indivíduos existentes no planeta. Mais curioso ainda é que essa mesma sociedade, que produz mais 

do que necessita, demonstra cada vez mais uma forte tendência a agravar os sofrimentos para uma 

grande maioria da população, tornando inacessível para a grande maioria o acesso à riqueza social. 

Esta capacidade quase infinita de criação de riqueza alcança sua finitude precisamente na questão 

do metabolismo entre o homem e a natureza, questão que evidencia um alerta do risco de toda a 

humanidade deixar de existir no planeta. 

O capitalismo tem mostrado um lado nefasto de sua existência, sendo o primeiro modo de 

produção que anuncia que o seu fim poderá significar ser também o fim da própria humanidade, 

pois não há possibilidade de pensar qualquer forma saudável de reprodução metabólica entre o 

capitalismo e a maneira como ele próprio se relaciona com os recursos de que necessita para colocar 

em movimento sua estrutura causal (JACOB, 2020). 

Assim sendo, a humanidade passa hoje por uma crise histórica sem precedentes 

(MÉSZÁROS, 2000; FOSTER, 2000). Essa crise, segundo Mészáros (2000), decorre de um caráter 

estrutural do próprio capitalismo, uma crise imanente, que se alimenta a partir de uma lógica de 

produção destrutiva e que revela, em sua expansão, suas respectivas contradições e aspectos 

sociometabólicos que nos conduzem ao aprofundamento da desigualdade e do esgotamento dos 

recursos do planeta. 

A estrutura causal dessa crise ativa seus limites absolutos, forçando o sistema a penetrar na 

vida cotidiana de cada indivíduo economicamente ativo ou não (JACOB, 2020). Esses limites 

absolutos tornam o modo de produção capitalista cada vez mais dinâmico (PIRES e SILVA, 2017), 

um sistema que afirma seu domínio sobre os seres humanos de forma ideológica, política e 

econômica e passa a afetar todo o conjunto das relações humanas, pois aquelas justificativas 

históricas da sua fundação já não são mais necessárias na vida cotidiana dos indivíduos 

13 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

13 

(MÉSZÁROS, 2002), isto é, apenas pela repressão, mentira e coerção o capitalismo pode se 

justificar como necessário ao mundo humano. 

Para os breves propósitos do presente artigo, nos deteremos em maiores detalhes sobre a 

segunda contradição, a saber, a devastação e destruição do meio ambiente, demonstrando os 

aspectos ideológicos que circundam a narrativa de flexibilização das legislações ambientais dos 

países periféricos do capital, como é o caso do Brasil. Nesse sentido, lançaremos mão da 

argumentação de Mészáros (2002), que afirma que o sistema sociometabólico do capital possui um 

caráter incontrolável, destrutivo e auto expansivo, características imanentes ao seu modo de existir. 

Desta forma, a crise estrutural tem, na perspectiva do filósofo húngaro, uma tendência de 

produção destrutiva que se intensifica também com a taxa de utilização decrescente do valor de uso 

das mercadorias. Mészáros (2000, p. 7, itálicos do autor) argumenta que a severidade dessa crise 

“pode ser medida pelo fato de que não estamos frente a uma crise cíclica do capitalismo mais ou 

menos extensa, como as vividas no passado, mas a uma crise estrutural, profunda, do próprio 

sistema do capital”. 

A severidade dessa crise8, segundo Mészáros (2000), afirma também a necessidade de novas 

formas de enfrentá-la, pois a dinâmica global da dependência econômica dos países da periferia do 

capital torna praticamente ineficazes a repetição das ajudas externas feitas nas crises do século 

passado no intuito de estabelecer a normalidade do capital frente aos nefastos corolários das crises 

cíclicas de outrora. Ao contrário, a crise estrutural do capital hoje em curso impõe um caráter de 

insuficiência crônica de ajuda externa em seu presente estágio de desenvolvimento, impedindo que 

a recuperação econômica de curto e médio prazo ocorram, adiantando problemas futuros que 

agudizam ainda mais a dependência econômica de países que não possuem protagonismo industrial 

ou tecnológico e que precisam de uma certa estabilidade na complexa conjuntura de 

interdependência produtiva do capital. 

Ainda, a crise que hoje presenciamos não possui alternativa nela mesma, pois sua estrutura 

causal não pode solucionar os problemas que são criados por sua própria existência, o que nos leva 

                                                           

8 Podemos elencar quatro características imanentes da crise do capital após a década de 1970, a primeira é que ela 

possui um caráter universal, não se resume ao reduto particular, individual, a segunda é que seu âmbito é 

eminentemente global e não circunscrito em apenas alguns países, a terceira é que sua escala temporal é extensa, 

prolongada e também contínua, ou seja, não mais cíclica e com períodos de ascensão, e a quarta reside no seu caráter 

rastejante, isto é, sua evolução é lenta ao mesmo tempo em que enseja períodos de convulsão social mais frequentes. 

14 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

14 

para uma solução única que é a sua superação. Mészáros (2002) argumenta que o sistema do capital 

se ergue sobre um conjunto de antagonismos estruturais explosivos, elementos que criam bases 

ideológicas para a afirmação de duas coisas que se retroalimentam conforme a expansão do capital 

ocorre, a saber, sua condição insuperável, ou seja, que não há um sistema melhor que o capitalismo 

e que o atual modo de produção é o mais compatível com a natureza humana, e o segundo elemento 

é precisamente a afirmação ideológica de sua ordem dominante, de seus valores. 

Dessa forma, a sustentação de um sistema pautado nos elementos acima descritos exige a 

manutenção de uma lógica de produção que seja produtiva-destrutiva, no intuito de criar as bases 

materiais necessárias para que as estruturas que garantem seu funcionamento se renovem a cada 

momento de desordem. No entanto, o caráter incontrolável de sua estrutura causal torna o capital 

estruturalmente incapaz de controlar e planejar sua irracionalidade destrutiva. 

Essa irracionalidade da produção de caráter destrutivo tem origem na evolução das 

condições de produção que, em última instância, modifica a lógica do padrão de consumo, os meios 

buscados pelos produtores dos bens de consumo e a interdependência de países em economias 

periféricas, que, pela falta de protagonismo industrial e tecnológico, precisam de um esforço maior 

para ajustarem gradativamente o modo de vida de seu povo aos ditames do grande capital. Como 

desdobramento do caráter incontrolável da crise hoje vivida, o sistema do capital exibe uma 

tendência já percebida nos períodos de decadência dos modos de produção anteriores, a saber, o 

esgotamento do caráter civilizatório posto pela agudização das contradições criadas pela estrutura 

causal dos problemas de uma crise dessa magnitude. 

Feitas as brevíssimas considerações acima sobre a crise estrutural do capital e a ativação de 

seus limites absolutos, seguimos então para a exposição de nossos argumentos acerca do problema 

da crise climática e seus desdobramentos na conjuntura brasileira. Como preâmbulo, faremos uma 

brevíssima contextualização histórica sobre um importante evento realizado há uma década, o 

Rio+20. Esse evento se assemelha a Cúpula do Clima ocorrida em 2021 e teve importantes 

desdobramentos para as lideranças mundiais no ano de sua realização, pois representou um marco 

na justificativa burguesa para pactuar a divisão estratégica da extração de recursos naturais que 

permitia a continuidade do processo de desenvolvimento do capitalismo e de intensificação de 

dependência econômica de países periféricos já em processos de desindustrialização, sob a difusão 

15 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

15 

ideológica de ideias como o desenvolvimento sustentável, economia solidária, economia verde e 

demais variantes. 

  

Completamos uma década da RIO+20: como ficaram as propostas do desenvolvimento 

sustentável do documento O futuro que queremos? 

  

Desde o surgimento do modo de produção capitalista temos aprendido e observado as 

tendências sociais da história e dos avanços do desenvolvimento das forças produtivas. Isso vale 

também para os avanços na produtividade que realizaram uma significativa mudança nos padrões 

de consumo na sociedade de classes. No entanto, a forma de sociabilidade capitalista tem um 

diferencial peculiar quando analisamos a enorme coleção de mercadorias, pois não há a necessidade 

de saber o que acontece com o produto do trabalho depois do ato de consumo, não há necessidade 

de pensar nas consequências dos atos singulares dos indivíduos. 

Sobre isso, Engels (s/d, p. 280, grifos nosso) afirma que 

a ciência social da burguesia, a economia política clássica, só se ocupa preferentemente 

daquelas consequências sociais que constituem o objetivo imediato dos atos realizados 

pelos homens na produção e na troca. Isso corresponde plenamente ao regime social cuja 

expressão teórica é essa ciência. Porquanto os capitalistas isolados produzem ou trocam 

com o único fim de obter lucros imediatos, só podem ser levados em conta, 

primeiramente, os resultados mais próximos e mais imediatos. Quando um industrial ou 

um comerciante vende a mercadoria produzida ou comprada por ele e obtém o lucro 

habitual, dá-se por satisfeito e não lhe interessa de maneira alguma o que possa ocorrer 

depois com essa mercadoria e seu comprador. O mesmo se verifica com as consequências 

naturais dessas mesmas ações. Quando, em Cuba, os plantadores espanhóis queimavam os 

bosques nas encostas das montanhas para obter com a cinza um adubo que só lhes permitia 

fertilizar uma geração de cafeeiros de alto rendimento pouco lhes importava que as chuvas 

torrenciais dos trópicos varressem a camada vegetal do solo, privada da proteção das 

árvores, e não deixassem depois de si senão rochas desnudas! Com o atual modo de 

produção, e no que se refere tanto às consequências naturais como às consequências sociais 

dos atos realizados pelos homens, o que interessa prioritariamente são apenas os primeiros 

resultados, os mais palpáveis. 

  

As ações de produzir bens de consumo em intensidades maiores que a capacidade de 

consumir somadas às ações de descartabilidade prematura de tais bens desencadeiam, tal como 

exposto também em nossas considerações anteriores, a ativação dos limites absolutos do capital 

que, em sua essência, põem em risco a existência e a continuidade da espécie humana por meio de 

16 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

16 

sua lógica de reprodução produtivo-destrutiva que também tem por essência a expansão contínua, 

mesmo que para isso tenha que destruir suas próprias produções anteriores. 

Conforme Mészáros (2002, p. 640), é incorreto afirmar que 

a sociedade dos descartáveis encontre equilíbrio entre produção e consumo, necessário para 

a sua contínua reprodução, somente se ela puder ‘consumir’ artificialmente e em grande 

velocidade (isto é, descartar prematuramente) imensas quantidades de mercadorias que 

anteriormente pertenciam à categoria de bens relativamente duráveis. Desse modo, a 

sociedade se mantém como um sistema produtivo manipulando até mesmo a aquisição dos 

chamados ‘bens de consumo duráveis’ que necessariamente são lançados ao lixo (ou 

enviados a gigantescos ferros-velhos, como os ‘cemitérios de automóveis’ etc.) muito antes 

de esgotada a sua vida útil. 

  

É notório que a taxa de utilização decrescente de mercadorias inviabiliza o controle da 

produção de bens de consumo. Isso, por si só, já inviabilizaria qualquer proposta de sustentabilidade 

que se refira ao controle da relação metabólica entre o homem e a natureza e que, porventura, venha 

a ser posta em documentos futuros de conferências e encontros pautados na economia verde e suas 

variantes temáticas. Ainda, a capacidade de produção hoje é muitas vezes maior do que a 

capacidade de consumo e esse aspecto da crise estrutural limita a realização do valor, trazendo 

consigo novos problemas que agudizam e intensificam a força com que a crise estrutural é sentida 

em países da periferia do capitalismo, criando as condições para que se descarte cada vez mais 

rápido uma mercadoria, seja por uma atualização dela mesma ou por uma nova necessidade 

supérflua. 

Feitas as considerações acerca da descartabilidade dos bens produzidos sob o domínio do 

capital e algumas das consequências promovidas pela ativação dos limites absolutos da crise 

estrutural do capital, situemo-nos no objeto desta seção, a saber, a inviabilidade das propostas finais 

do documento El futuro que queremos (NACIONES UNIDAS, 2012) produzido no final da 

realização da Conferência Rio +20, ocorrida no Brasil, na capital do Estado do Rio de Janeiro nos 

dias 20, 21 e 22 de junho do ano de 2012. 

Nos debruçaremos apenas no tópico I do documento, buscando afirmar nossa tese de 

insustentabilidade do desenvolvimento sustentável proposto pela Rio +20. Ainda, embora tenha 

sido realizada no Brasil, o documento da conferência não foi publicado em português brasileiro, 

desta forma, optamos pela escolha do idioma espanhol para facilitar a leitura e acelerar a análise do 

seu conteúdo sem a necessidade de risco de erros de interpretação de tradução. 

17 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

17 

Logo de início, o documento apresenta, no tópico I, intitulado Nuestra visión comúm, itens 1 

e 2, os seguintes comentários (NACIONES UNIDAS, 2012, p. 1 grifos nosso): 

1. Nosotros, los Jefes de Estado y de Gobierno y los representantes de alto nivel, 

habiéndonos reunido en Río de Janeiro (Brasil) entre el 20 y el 22 de junio de 2012, con la 

plena participación de la sociedad civil, renovamos nuestro compromiso en pro del 

desarrollo sostenible y de la promoción de un futuro económico, social y 

ambientalmente sostenible para nuestro planeta y para las generaciones presentes y 

futuras. 

2. La erradicación de la pobreza es el mayor problema que afronta el mundo en la 

actualidad y una condición indispensable del desarrollo sostenible. A este respecto 

estamos empeñados en liberar con urgencia a la humanidad de la pobreza y el hambre. 

  

Antes de iniciarmos, alertamos que, há cerca de trinta anos, desde a Eco 92/Rio 929 realizada 

entre os dias 3 e 14 de junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro no Brasil, os países capitalistas 

centrais que controlam as políticas neoliberais vêm descumprindo as propostas basilares da 

conferência, principalmente os Estados Unidos da América que sempre foram desfavoráveis às 

metas de emissão de gás dióxido de carbono na atmosfera terrestre, dentre outros desacordos e 

posteriores efeitos danosos de tantas outras causas. 

Não podemos deixar de problematizar e questionar, em caráter radical, a passagem do 

documento que afirma: “renovamos nuestro compromiso en pro del desarrollo sostenible y de 

la promoción de un futuro económico, social y ambientalmente sostenible para nuestro 

planeta y para las generaciones presentes y futuras” (NACIONES UNIDAS, 2012, p. 1, grifo 

nosso). 

Ora, de posse das informações outrora elencadas entendemos que, hoje, no exato momento 

em que escrevemos esse pequeno e pouco exaustivo texto, vivemos sob a dominação do modo de 

produção capitalista que, por sua vez, tem como fundamento de sua estrutura causal a exploração do 

                                                           

9 Na Conferência das Nações Unidas, a Rio 92, ocorrida há vinte anos, o apelo da menina Severn Suzuki aos chefes de 

Estado, para que assumissem compromissos ambientais, comoveu o mundo. Agora na Rio +20, a adolescente 

neozelandesa Britanny Trilford repetiu o apelo de forma mais contundente: "Vocês estão aqui para salvar suas imagens 

ou para nos salvar?". E mais: "Cumpram o que prometeram". Uma forte crítica e ao mesmo tempo uma decepção. 

Diante dos rostos frios e impassíveis das delegações diplomáticas dos governos e dos chefes de Estado presentes, a 

jovem neozelandesa anunciou perante o mundo que daquela conferência não ia sair nada de positivo. E foi o que 

aconteceu. No meio de vaias generalizadas a conferência da ONU aprovou uma resolução genérica, sem metas, sem 

objetivos, repetindo as mesmas declarações de boas intenções da Rio 92. Não houve sequer acordo com a chamada 

“economia sustentável” e tampouco sobre a “economia verde” e o “mercado verde”, nos objetivos iniciais da Rio +20. 

(MAIA, 2012, grifo nosso) 

18 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

18 

homem pelo homem, a mais-valia, as formas já desenvolvidas de trabalho assalariado, o Estado 

como mecanismo que mantém a repressão a favor da burguesia, a crise estrutural do capital e seus 

respectivos limites absolutos que carregam em seu âmago a taxa de utilização decrescente de 

mercadorias e, por conseguinte, a descartabilidade prematura dos bens de consumo forçando a 

produção de mercadorias a atingir patamares que colocam a exploração dos recursos finitos deste 

planeta em um nível catastrófico, pondo, desta forma, a existência da espécie humana em risco de 

extinção por ela própria. 

Dito isto, surge uma dúvida, como pode um sistema pautado nas premissas acima referidas 

fornecer subsídios para uma possível sustentabilidade, haja vista o caráter incontrolável da crise 

estrutural do capital aqui exposta e da ativação dos limites absolutos de seu caráter produtivo

destrutivo que põe a obsolescência programada de mercadorias e sua descartabilidade irracional 

como axioma maior do metabolismo socioeconômico? 

A resposta é simples, não há possibilidade de compatibilizar nenhuma forma de harmonia do 

metabolismo entre homem e natureza e a essência do modo de produção capitalista (SAITO, 2020), 

isso porque é da sua essência produzir destruindo e destruir produzindo. Toda e qualquer resposta 

afirmativa para esta pergunta, como por exemplo é possível existir sustentabilidade em meio a crise 

estrutural do capital, não passa de uma tentativa de humanização do capitalismo, como se a 

consciência determinasse a existência, como se os gestos caridosos, benevolentes e singelos de 

ajuda ao próximo tornassem o mundo capitalista ipso facto mais caridoso, benevolente, justo, 

igualitário e sem desigualdade social! 

Adiante, a seguinte passagem, tópico I e subtópico 4 (NACIONES UNIDAS, 2012, p. 1, 

grifos nosso), nos afirma: 

4. Reconocemos que la erradicación de la pobreza, la modificación de las modalidades 

insostenibles y la promoción de modalidades sostenibles de producción y consumo, y la 

protección y ordenación de la base de recursos naturales del desarrollo económico y social 

son objetivos generales y requisitos indispensables del desarrollo sostenible. 

Reafirmamos también que es necesario lograr el desarrollo sostenible promoviendo un 

crecimiento sostenido, inclusivo y equitativo, creando mayores oportunidades para 

todos, reduciendo las desigualdades, mejorando los niveles de vida básicos, 

fomentando el desarrollo social equitativo y la inclusión, y promoviendo una 

ordenación integrada y sostenible de los recursos naturales y los ecosistemas que preste 

apoyo, entre otras cosas, al desarrollo económico, social y humano, y facilite al mismo 

tiempo la conservación, la regeneración, el restablecimiento y la resiliencia de los 

ecosistemas frente a los problemas nuevos y emergentes. 

19 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

19 

  

O trecho que afirma “reconocemos que la erradicación de la pobreza, […], y la promoción 

de modalidades sostenibles de producción y consumo, […] son objetivos generales y requisitos 

indispensables del desarrollo sostenible” (NACIONES UNIDAS, 2012, p. 2, grifos nosso), não 

passa de um mero jogo de palavras e não se sustenta. Primeiro pelo fato de que, sob o modo de 

produção capitalista, a condição para a existência de sua lógica de reprodução é justamente a 

concentração de muito nas mãos de poucos, isto é, a essência do capitalismo está pautada na 

acumulação de capital que consequentemente é o causador da desigualdade social e da pobreza 

extrema, cujo fundamento é a exploração do homem pelo homem e a apropriação do excedente de 

produção. 

Portanto, não nos é permitido, sob hipótese alguma, afirmar que o documento por nós 

estudado neste artigo proponha algo como a erradicação da pobreza simplesmente porque o modo 

de produção defendido pelos líderes que participavam da Conferência denominada de Rio +20 é 

uma forma e sociabilidade pautada em políticas neoliberais e que tem como corolário a acumulação 

de capital, a produção de desigualdade social e pobreza, a degradação da vida humana e redução 

desta a uma mera sobrevivência. 

Já no ano em que a conferência ocorria, o ecossocialista Michel Löwy (2012) em entrevista 

para a edição 180 da Revista Caros amigos apontava que os desastres ecológicos tinham como 

primeiras vítimas as camadas sociais mais exploradas, as comunidades indígenas e camponeses que 

veem suas terras e rios poluídos pelo nefasto agronegócio da soja, palma e gado. Ele ainda pontua 

que um renomado economista americano, Lawrence Summers, explica que é lógico de uma 

perspectiva da economia mais racional que se envie os dejetos tóxicos da produção dos países mais 

desenvolvidos para a periferia do capital, pois lá a vida humana tem um preço bem inferior. De um 

lado, o capitalismo não pode existir sem expandir a si próprio, de outro, essa expansão tem em sua 

lógica interna o custo de vidas humanas. 

Curiosamente, é disso que tratam os itens 6, 8 e 10 do tópico I, (NACIONES UNIDAS, 

2012, p. 2, grifo nosso), que nos afirmam: 

6. Reconocemos que las personas constituyen el centro del desarrollo sostenible y a este 

respecto, nos esforzamos por lograr un mundo que sea justo, equitativo e inclusivo, y 

nos comprometemos a trabajar de consuno para promover el crecimiento económico 

20 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

20 

sostenido e inclusivo, el desarrollo social y la protección del medio ambiente, lo que 

redundará en beneficio de todos. 

8. Reafirmamos también la importancia de la libertad, la paz y la seguridad, el respeto de 

todos los derechos humanos, entre ellos el derecho al desarrollo y el derecho a un nivel 

de vida adecuado, incluido el derecho a la alimentación, el estado de derecho, la 

igualdad entre los géneros, el empoderamiento de las mujeres y el compromiso 

general de lograr sociedades justas y democráticas para el desarrollo. 

10. Reconocemos que la democracia, la buena gobernanza y el estado de derecho, en 

los planos nacional e internacional, así como un entorno propicio, son esenciales para 

el desarrollo sostenible, incluido el crecimiento económico sostenido e inclusivo, el 

desarrollo social, la protección del medio ambiente y la erradicación de la pobreza y el 

hambre. Reafirmamos que para lograr nuestros objetivos de desarrollo sostenible 

necesitamos instituciones en todos los niveles que sean eficaces, transparentes, 

responsables y democráticas. 

  

No tocante à passagem “nos esforzamos por lograr un mundo que sea justo, equitativo e 

inclusivo, y nos comprometemos a trabajar de consuno para promover el crecimiento económico 

sostenido e inclusivo, el desarrollo social y la protección del medio ambiente” (NACIONES 

UNIDAS, 2012, p. 2), não conseguiremos jamais entender sob qual estágio do capitalismo será 

alcançado o ideal de mundo que seja justo, equitativo e inclusivo. Sabemos que sob o atual modo de 

produção isso jamais será possível, pois é um sistema que requer a desigualdade social para existir. 

Sob a regência da lógica do capital, a tese de construir um mundo justo, equitativo e 

inclusivo é insustentável; seria como jogar água em peneira, ou seja, uma impossibilidade 

ontológica. É da essência do capitalismo explorar o trabalho, tudo que se oponha a ele é destruído 

pela própria lógica do sistema, tudo que assegure a contínua lucratividade é viável para o sistema 

(MÉSZÁROS, 2002). 

Ainda sobre a Rio+20, Maia (2012, grifos nosso), assevera que 

Na Rio+20 e na Cúpula dos Povos, assim como em todos os eventos paralelos, virou 

“consenso” apoiar o chamado “desenvolvimento sustentável”. A expressão foi usada pela 

primeira vez em 1987 em um relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 

Desenvolvimento das Nações Unidas. Desde então a ONU vem usando este conceito para 

combinar desenvolvimento econômico com o meio ambiente: “O desenvolvimento que 

procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das 

gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que 

as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social 

e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso 

razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais”. 

  

De acordo com Maia (2012, grifos nosso), sobre o desenvolvimento sustentável 

21 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

21 

  

O “desenvolvimento sustentável”, apesar das belas palavras de proteção ao meio 

ambiente, é uma reação da burguesia à necessidade da humanidade de abolir a ordem 

existente, é uma reação à necessidade de uma sociedade mundial igualitária entre povos e 

nações. É uma posição reacionária em toda a linha. Não são os trabalhadores dos Estados 

Unidos ou da Europa que consomem demais e estão esgotando os recursos naturais, 

mas sim o próprio regime capitalista, que com sua voracidade em acumular ao infinito, a 

buscar o lucro máximo, devora terras, florestas, envenena os rios e agora quer se apropriar 

da última fronteira intacta do planeta, o fundo dos oceanos. 

  

A lógica de reprodução social do sistema capitalista tem em sua essência a taxa de utilização 

decrescente de mercadorias, elemento predominante na estrutura do metabolismo socioeconômico 

que eleva, a níveis irracionais, o desperdício e a descartabilidade prematura dos bens de consumo 

(MÉSZÁROS, 2002), tornando a necessidade de produção de mercadorias cada vez mais 

imediatista e mais intensa, o que significa a intensificação também da incidência da ação humana no 

metabolismo orgânico com a natureza, produzindo mercadoria ao custo de destruir vidas e a 

natureza. 

Conforme Mészáros (2002, p. 668), 

tanto a contribuição do trabalho para a redução produtiva do tempo de trabalho necessário 

como o imperativo objetivo do capital, de converter para seu uso ganhos do trabalho, 

trazem consigo a taxa de utilização decrescente em diversos planos; desde o modo de 

funcionamento do próprio trabalho vivo (assumindo com o passar do tempo a forma de 

desemprego crescente) até a superprodução/subutilização de mercadorias e o uso cada vez 

mais perdulário da maquinaria produtiva. A única saída concebível de tais contradições, do 

ponto de vista do trabalho – a saber, a adoção generalizada e a utilização criativa do tempo 

disponível como o princípio orientador da reprodução societária – é, naturalmente, um 

anátema para o capital, pois não pode ser adaptada à sua estrutura de valorização e de 

autorreprodução expansiva. Assim, o impulso para a multiplicação de riqueza reificada e 

pelo incremento concomitante em forças produtivas abstratas da sociedade não pode ser 

detido, quaisquer que sejam suas implicações para a taxa de utilização decrescente e para o 

desperdício associado na administração dos recursos materiais e humanos da sociedade. 

  

A taxa de utilização decrescente das mercadorias, segundo Mészáros (2002), afeta três 

dimensões que são fundamentais para a complexa conjuntura da produção e do consumo, a saber, os 

bens e serviços que precisam ser cada vez mais reorganizados conforme a dinâmica do mercado se 

modifica, as instalações e maquinarias que precisam ser vendidas, reparadas ou alugadas conforme 

a mudança de mercado, e a própria mercadoria força de trabalho agora precisa se adequar ao 

momento mais flexível que vivemos na história do capitalismo, uma adequação aquilo que a 

burguesia costuma chamar de mundo moderno. 

22 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

22 

O ciclo de obsolescência afeta todo o conjunto de mercadorias e é acompanhado por 

necessidades supérfluas criadas pela forma fetichizada como a burguesia difunde sua visão de 

mundo, induzindo e em alguns casos até mesmo forçando os indivíduos a trocar as mercadorias 

adquiridas por versões delas mesmas que tem as mesmas funções, iniciando, desta forma, um novo 

ciclo de obsolescência e vida útil da mercadoria. Ainda, o grande problema da taxa de utilização 

decrescente de mercadorias e da obsolescência programada é que ocorre um brutal encurtamento do 

ciclo de vida útil dos produtos, pois nossa atual sociedade dos descartáveis promove o sucateamento 

do maquinário que ela mesma tornou obsoleto em um curto espaço de tempo, reflexo de “sua lógica 

destrutiva, reflexo da descartabilidade acelerada na produção e no consumo de mercadorias” 

(JACOB, 2020, p. 42). 

Assim sendo, argumenta Mészáros (2002, p. 674) que 

só quando o potencial das duas primeiras dimensões – tal como manifestas em relação a 1) 

bens e serviços; e 2) instalações e maquinário – para afastar as contradições inerentes à taxa 

de utilização decrescente não conseguir um efeito suficientemente abrangente, somente 

então será ativado o selvagem mecanismo de expulsão em quantidades maciças de trabalho 

vivo do processo de produção. Isto assume a forma de desemprego em massa, mesmo nos 

países mais avançados, independentemente de suas consequências para a posição de ‘massa 

consumidora’, e das necessárias implicações da decadência da posição do consumidor na 

‘espiral descendente’ de desenvolvimento das economias envolvidas. 

  

Destarte, diante das considerações acima por nós elencadas, entendemos ser impossível 

haver qualquer tipo, mesmo que seja mínimo, de desenvolvimento sustentável em meio a crise 

estrutural do capital, haja vista o seu caráter deveras, in totum, incontrolável, seus limites absolutos 

e sua taxa decrescente de utilização de mercadorias que tornam obsoletos, em um curto período de 

tempo, os bens de consumo produzindo, em contrapartida, o consumo irracional e a descartabilidade 

prematura de mercadorias. 

  

A tragédia do negacionismo climático e científico no Brasil 

 

Se nos países da metrópole do capitalismo desenvolvido a crise estrutural impossibilita 

qualquer ação sustentável com o meio ambiente, quando analisamos os países dependentes da 

periferia do capital, como o Brasil, o desenvolvimento sustentável se torna uma impossibilidade 

23 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

23 

ainda maior. Para tornar a situação ainda mais problemática, vivenciamos hoje um fenômeno sem 

precedentes, de correntes ideológicas negacionistas não apenas sobre a questão climática, mas sobre 

todo o conjunto do acúmulo científico que se tem notícia na história. Em um artigo sobre a análise 

do impacto da difusão de crenças pseudocientíficas na sociedade, Taschner et al (2021) demonstram 

alguns dos fatores para se compreender a nefasta consequência de se conduzir políticas públicas a 

partir de crenças sem nenhuma evidência científica. Demonstram, ainda, que esta é uma questão 

mundial, não é restrita apenas ao Brasil, não sendo, também, uma questão restrita a uma área 

específica da ciência. 

O estudo outrora citado trata de questões relativas ao campo das políticas públicas na saúde, 

no entanto, esta é uma questão mais ampla e que acaba se difundindo ideologicamente e se 

manifestando também na questão do clima, adquirindo um forte viés ideológico cujo objetivo é 

turvar a compreensão de qualquer possibilidade de se identificar uma crise climática. Isso significa 

eliminar qualquer perspectiva que encontrar alguma conexão entre o desenvolvimento do 

capitalismo e a destruição da natureza, “quando analisarmos profundamente estas diferentes formas 

de consciência, percebemos que a essência destas manifestações filosóficas em última instância 

tende a ocultar a razão dialética” (LIMA, 2020, p. 368), difundido ideologicamente conclusões 

pseudocientíficas. Essa forma de mistificar a real estrutura causal da produção destrutiva do 

capitalismo tem se difundido para os países periféricos como o Brasil. 

Na medida em que se difunde uma ideologia que oculta o irracional uso dos recursos 

naturais por grandes empresas, se pode manter a acumulação de capital a partir da justificativa de 

que, primeiro, não há crise climática e, segundo, que o desenvolvimento do capitalismo e a 

preservação do meio ambiente caminham na mesma direção. Ledo engano, pois “as funções sociais 

destas formas de consciência, na práxis, contribuem para procedimentos de análise do real de forma 

fetichizada e para uma práxis irracionalista, imediatista, colaborando para a manutenção da 

sociabilidade do capital” (LIMA, 2020, p. 368). 

A ideologia negacionista tem influenciado o comportamento de setores ligados ao 

agronegócio brasileiro, aliando-se ao movimento de desmonte do Estado e do enfraquecimento dos 

órgãos de defesa do meio ambiente10. No governo de Jair Bolsonaro, o ex-ministro do meio 

                                                           

10 Na realidade brasileira temos a crescente negação da ditadura civil-militar e mesmo uma tentativa de reescrever a 

história por parte da extrema direita, e nas últimas eleições a negação da objetividade das coisas por Fake News, de 

24 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

24 

ambiente, Ricardo Salles, era considerado no exterior como uma ameaça global11, declarado 

defensor da exploração da Amazônia, da regularização de áreas griladas, da mineração, do garimpo 

ilegal e da invasão de terras indígenas12, intensificou sua militância negacionista e se aliou aos 

madeireiros ilegais, ora na ajuda jurídica para encobrir criminosos ora incitando o ódio de líderes de 

governos que são solícitos ao Brasil no que diz respeito ao problema da preservação ambiental na 

Amazônia. 

As ações do ex-ministro tiveram impacto global e figuram nos noticiários do mundo inteiro, 

manchando a já fraquíssima imagem do Brasil quando se trata da preservação da Amazônia e de 

suas áreas de concentração de diversidade biológica. O desmatamento na Amazônia tem batido 

recordes diários e, segundo o Imazon13, o aumento chega a ser registrado em taxas 216% maiores do 

que em 2020. Com as áreas desmatadas perdemos em biodiversidade, aumentamos a emissão de 

gases do efeito estufa e certamente adquirimos visibilidade como um país que não tem o mínimo de 

controle em sua regulação ambiental. 

Em 2020, tivemos o maior número de queimadas desde o início da primeira década deste 

século, o mundialmente conhecido incêndio no Pantanal Matogrossense com cerca de 22.119 focos, 

120% superior ao período de 2019 e, segundo o Inpe14, esse foi o maior aumento de todos os biomas 

brasileiros. O incêndio no Pantanal atingiu cerca de 28% do território, ganhando repercussão 

mundial, ao lado da Amazônia com 103.134 incêndios registrados. São diversos os relatórios e 

pesquisas que mostram como a falta de orçamento, as ideias negacionistas e a flexibilização da 

legislação ambiental contribuíram para que tais eventos fossem maximizados em patamares 

assustadores. Para tornar a situação ainda mais problemática, são fartas as evidências de aliança 

                                                                                                                                                                                                 

certa forma, contribuiu para a eleição do atual presidente, o “messias” salvador. Estes são os perigos de relativizar a 

história que, de certo modo, pode fornecer a base ideológica para a práxis reacionária da burguesia, sobretudo em 

conjunturas de crises. Além do mais, permite-se de forma mágica, dissociar autores e suas obras de suas práticas 

políticas e posições de classe, a exemplo dos adoradores de Nietzsche e Heidegger que negam a visão aristocrática e 

contrária ao comunismo do primeiro e a participação integral no nazi-fascismo do segundo, tudo isto a partir do corte 

epistêmico. (LIMA, 2020, p. 369) 

11 Ricardo Salles na mira da PF: manter ministro ameaça acordos do Brasil com o mundo, diz pesquisador de instituto 

alemão. Fonte: BBC. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57181525. Acesso em: 29/mai/2021. 

12 Ricardo Salles deve ser retirado imediatamente do Ministério de Meio Ambiente. Fonte: GREENPEACE. Disponível 

em: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/ricardo-salles-deve-ser-retirado-imediatamente-do-ministerio-de-meio

ambiente. Acesso em: 29/mai/2021. 

13 Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. 

14 Ricardo Salles: 13 fatos que fazem do ministro ameaça ao meio ambiente do planeta. Fonte: BRASIL DE FATO. 

Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2021/04/21/ricardo-salles-13-fatos-que-fazem-do-ministro-ameaca-ao

meio-ambiente-do-planeta. Acesso em: 28/mai/2021. 

25 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

25 

com madeireiros ilegais e a intensa obstrução de investigação nas atividades destes madeireiros, 

assim como o aumento da burocracia para autuações, facilitando a anulação de multas, dificultando 

o trabalho de entidades que combatem crimes ambientais. 

Além disso, a ideologia negacionista do governo brasileiro salta aos olhos quando se trata 

das questões do clima, tanto isso é verdade que o ex-ministro apresentou a meta climática ao 

Acordo de Paris desconsiderando os ajustes que deveriam ter sido feitos no cálculo desde 2015, 

defendendo uma meta 25% menor do que deveria ter sido apresentada. Sem formação alguma para 

questões ecológicas, o ex-ministro defendeu que o aquecimento global é um mero debate 

acadêmico, fortalecendo a tese negacionista do clima, intensificando a difusão de notícias falsas e 

conspiracionistas no país. O aumento do desmatamento e das queimadas provocados pela ação de 

madeireiros e garimpeiros ilegais é uma consequência direta dessas ideias negacionistas que aliado 

ao problema da diminuição da fiscalização expressam o desmonte do Ibama e do ICMBio15 que 

sofreram reestruturação no intuito de se ajustarem ao agronegócio. 

Na cúpula dos líderes sobre o clima de 2021, o governo brasileiro se comprometeu a 

alcançar até 2050 a neutralidade na emissão de gases do efeito estufa e a erradicação do 

desmatamento ilegal até 2030. Ainda durante o encontro, ao lado do ex-ministro Ricardo Salles, o 

presidente do país se comprometeu com a preservação do meio ambiente, com a geração de energia 

limpa e com o desenvolvimento tecnológico da agricultura16. O grande problema que se interpõe no 

caminho das intenções do presidente é justamente sua posição negacionista no que diz respeito ao 

meio ambiente. Segundo o Ipam17, as ações do governo se chocam com o que se espera de qualquer 

país que pretenda controlar mudanças climáticas em seu solo. Faltam medidas contra grilagem nas 

florestas públicas, faltam ações de controle no campo, o aumento do desmatamento tem aumentado 

o índice de emissões de gases estufa e, o mais preocupante, o sistemático ataque aos povos e 

comunidades tradicionais que residem nestas regiões. 

                                                           

15 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 

16 Bolsonaro promete fim das emissões de gases de efeito estufa até 2050. Fonte: AGÊNCIA BRASIL. Disponível em: 

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-04/bolsonaro-promete-fim-das-emissoes-de-gases-de-efeito-estufa

ate-2050. Acesso em: 02/jun/2021. 

17 Instituto de Pesquisa Ambiental. Discurso de Bolsonaro em Cúpula do Clima repercute entre entidades. Fonte: 

AGÊNCIA BRASIL. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-04/discurso-de-bolsonaro-em

cupula-do-clima-repercute-entre-entidades. Acesso em: 3/jun/2021. 

26 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

26 

As ações do governo têm prejudicado, por exemplo, os artigos 5º e 6º do Acordo de Paris 

que versam sobre os recursos financeiros para que os países possam impulsionar ações climáticas 

em setores relevantes para a economia, como o manejo de resíduos e a geração de energia. É com 

esses recursos financeiros que o governo pretende contar para pagar as forças armadas que 

trabalham na região, por exemplo, além de barganhar emendas parlamentares no congresso com a já 

conhecida Bancada do Boi. No entanto, as ideias negacionistas sobre a crise climática defendidas 

pelo governo têm repercutido negativamente no cenário internacional. Líderes da Cúpula do Clima 

não têm sentido segurança com investimentos nem com a conjuntura política instaurada no Brasil 

com a chegada ao poder de um governo de extrema direita. 

Nesse sentido, a consequência prática da difusão das ideias irracionalistas e negacionistas do 

governo tem impactado a relação do Brasil com os demais países do planeta, a exemplo de, em 

2021, 61 entidades brasileiras terem enviado uma carta à OCDE18, relatando que as atuais políticas 

ambientais promovidas pelo governo são totalmente incompatíveis com o padrão esperado por 

qualquer país membro da OCDE. Entidades como a Apib19, a Comissão Pastoral da Terra, a 

Conectas Direitos Humanos, o Greenpeace Brasil e o Observatório do Clima fazem parte dos 

grupos que assinam a carta. 

As entidades citam a desconstrução de diversos conselhos que permitiam a participação 

social no executivo, como no caso do Conama20, além de dificultar o acesso à informação adotando 

medidas restritivas de participação social nas políticas públicas. A política ambiental do governo é 

uma das mais nefastas das últimas décadas, como exemplo temos o projeto de lei nº 191/2020 que 

permite atividades de garimpeiros, instalação de hidrelétricas e outros tipos de exploração em terras 

indígenas, como o petróleo e o gás. Há também o projeto de lei nº 3.729/2004, na Câmara dos 

Deputados, e no Senado Federal, o de nº 168/2018, que pretende alterar o licenciamento ambiental21 

e também a avaliação dos fatores de impactos ambientais, o projeto de lei de nº 2.633/2020, e no 

Senado Federal, o de nº 510/2021, que pretendem legalizar as ocupações irregulares em grandes 

áreas de terras públicas para caráter especulativo, a grilagem. 

                                                           

18 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. 

19 Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. 

20 Conselho Nacional do Meio Ambiente. 

21 O texto-base do licenciamento Ambiental foi aprovado na Câmara dos Deputados numa votação de 300 a favor por 

122 contra. Fonte: Senado Federal. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/758640-aprovado-texto-base-do

projeto-sobre-licenciamento-ambiental-votacao-continua-na-manha-desta-quinta Acesso em 13/jun/2021 

27 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

27 

Todo o cenário outrora descrito ocorre em meio a uma crise sanitária sem precedentes na 

história brasileira, intensificada pela ausência de respostas de curto, médio e longo prazo do 

governo federal (PEIXOTO et al, 2019) e que tristemente nos custou, na data de escrita deste artigo, 

mais de meio milhão de mortes causadas pelo Covid-19. O menosprezo da pandemia, a negação da 

crise climática e a difusão de soluções pseudocientíficas são marcas registradas de um governo 

genocida que, somadas a grave crise democrática têm minado as possibilidades de consolidação dos 

espaços de participação da sociedade civil e de garantia de direitos. Tudo isso expressa também o 

fato de que este governo tem atuado de forma incisiva na promoção de um dos maiores ataques 

institucionais às medidas de proteção do meio ambiente, do clima, e dos povos indígenas, 

tradicionais e comunidades quilombolas. 

Por fim, uma das prioridades da política externa do governo brasileiro está pautada no 

acesso à OCDE, fator que revela um forte aspecto da dependência econômica de um país periférico 

e desindustrializado, a saber, pautar sua agenda política para agradar os países da metrópole do 

capital, sacrificando vidas, se preciso for, sacrificando suas possibilidades de protagonismo 

industrial e tecnológico, sacrificando sua já fraca autonomia no cenário econômico global em 

função da participação  numa organização de países cujas condições de financiamento, de acesso ao 

grande capital e de protagonismo tecnológico estão décadas a frente do Brasil. A dependência 

econômica no capitalismo não apenas promove a morte em países periféricos, mas a subserviência, 

a escravidão e o esgotamento de recursos naturais em função da lei máxima desse modo de 

produção, a acumulação de capital. 

  

Considerações Finais 

  

Conforme o exposto até aqui, são inúmeras as tentativas de tentar conciliar o 

desenvolvimento do capitalismo e a preservação dos recursos naturais do planeta por meio de 

ideologias negacionistas. Um conjunto de ideias cujo intuito é não apenas negar o real, mas impor 

uma lógica de compreensão da materialidade concreta que se constitui como um constructo fictício 

da realidade. Isso ocorre por uma razão um tanto óbvia: a renovação do ciclo de consumo só pode 

ocorrer mediante a descartabilidade das mercadorias já produzidas e a produção e aquisição de 

28 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

28 

novas mercadorias. Essas novas mercadorias precisam necessariamente ser produzidas mediante o 

uso irracional dos recursos naturais do planeta, e é precisamente neste sentido que surge a 

necessidade de justificar a continuação do uso desenfreado dos recursos renováveis e não 

renováveis, para que seja possível a realização do atendimento das demandas produtivas do 

metabolismo social do capital. 

Assim sendo, buscamos demonstrar que essa forma de produzir a existência sob o domínio 

do capital possui um caráter produtivo-destrutivo e obriga a burguesia a realizar duas tarefas, a 

primeira seria dar conta de criar um conjunto de ideias cujo intuito é justificar este uso irracional 

dos recursos naturais a partir da negação de quaisquer crises climáticas ou de quaisquer fatos que 

expressem ser a acumulação de capital um problema à preservação ambiental, e a segunda, difundir 

a sedutora ideologia a partir de processos educativos os mais amplos que permeiam as mais diversas 

esferas da sociedade, criando jargões e até mesmo categorias econômicas e políticas para sintetizar 

o conjunto de ideias e valores burgueses como justificativa do atual estado de coisas. 

É neste preciso sentido que, se as ideias dominantes são as ideias da classe dominante, é essa 

classe dominante que tem a tarefa de organizar, entre os seus membros, conferências e encontros 

para tratar de tais questões, sintetizando a defesa ideológica da necessidade de acumulação de 

capital em acordos internacionais com países dependentes economicamente para que, dessa forma, 

se permaneça intacta a estrutura organizacional de exploração dos recursos naturais de países 

periféricos em função da manutenção da estrutura de protagonismo industrial dos países 

desenvolvidos, a partir da subordinação e subserviência dos países em processo de 

desindustrialização. 

Nesse sentido, e por uma estratégia de escolha metodológica, analisamos o principal tópico 

de uma dessas conferências após quase uma década de sua realização, o que nos permitiu olhar para 

a história para sustentar com mais precisão nossos argumentos. Tentamos, pois, demonstrar que a 

total insustentabilidade das decisões finais acordadas na Conferência das Nações Unidas Para o 

Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, já era visível no ano de sua realização. Argumentamos 

também sobre a impossível compatibilidade da sustentabilidade em meio à crise estrutural do 

capital, pois a ativação dos limites absolutos da crise carrega consigo a taxa de utilização 

decrescente do uso de mercadorias, a obsolescência programada e a prematura descartabilidade dos 

29 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

29 

bens de consumo provocada pelo caráter obsoleto que as próprias inculcações ideológicas do capital 

tendem a produzir para sustentar a manutenção da lógica de autorreprodução do capital. 

Ainda, que essa necessidade de autorreprodução do capital requer uma justificativa perante a 

opinião pública até mesmo em países cuja democracia burguesa atingiu grandes patamares de 

grande desenvolvimento, e é precisamente aqui que residem as tentativas da grande burguesia em 

inserir o seu conjunto de ideias falsas cujo intuito tem sido negar as evidências mais óbvias do 

impacto que a produção destrutiva do capitalismo tem causado no planeta. 

Para citarmos um exemplo concreto, no caso de países periféricos e desindustrializados 

como o Brasil, temos a grande burguesia representada no intenso controle econômico do 

agronegócio, que há mais de uma década vem devorando as terras dos povos originários, 

expulsando camponeses e se infiltrando no congresso nacional para induzir o apoio de 

parlamentares a apoiarem projetos de lei ou propostas de emendas constitucionais cujo objetivo é a 

flexibilização da legislação ambiental no intuito de privilegiar criminosos e contrabandistas, num 

país que vem se tornando uma espécie de plataforma de exportação agro mineral para países da 

metrópole do capital22. 

Para tanto, a burguesia brasileira necessita difundir um conjunto de ideias que negam as 

evidências científicas dos impactos ambientais e culturais da expansão do garimpo ilegal, da 

mineração, do desmatamento, das queimadas, do uso de agrotóxicos e da dolarização dos custos de 

produção da comida no país. Esse conjunto de ideias negacionistas são a expressão não apenas da 

crise do capital, mas da necessidade da burguesia manter-se no poder a partir da omissão das 

nefastas consequências de suas ações no planeta. 

Dessa forma, conforme temos visto a crise do capital se aprofundando, vemos também a 

retirada de direitos sociais historicamente conquistados nas ruínas da democracia burguesa, 

                                                           

22 Se tomarmos o exemplo da China, que se tornou uma espécie de fábrica do mundo, é possível encontrar um lugar 

onde não existem limites para o sonho do modo de vida burguês, para a acumulação de capital, o mercado de 

criptomoedas tem atingido níveis de consumo energéticos inimagináveis e estão intimamente ligados ao processo de 

intensificação da emissão de carbono (JIANG et al., 2021). No imenso país asiático é possível ver as consequências 

trágicas da exploração dos trabalhadores assalariados ao lado do problema da crise climática, como o caso do alto 

consumo de energia e emissão de carbono liderado pela tecnologia da Blockchain e o mercado de criptomoedas, pois, 

para se ter uma ideia, de acordo com Jiang et al (2021) a mineração de Bitcoins podem consumir tanta energia por ano 

quanto um país de porte médio tal como a Dinamarca ou Irlanda, e vem gerando níveis consideráveis de emissões de 

carbono nos anos recentes. 

30 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

30 

observamos a perda do já parco controle social e comunitário de comunidades e povos sob suas 

terras. As teses do desenvolvimento sustentável encontradas nos documentos de conferências 

internacionais representam um consenso entre as burguesias dos países que estão na metrópole do 

capital, a saber, que a única forma de manter e sustentar um modo de produção pautado na 

propriedade privada e na produção destrutiva é impedindo que os países de economia dependente 

alcancem o potencial econômico já alcançado por aqueles que hoje se industrializaram, com o 

argumento de que iriam esgotar os recursos já escassos do planeta. Esse ideário é sustentado pelo 

lema do desenvolvimento sustentável, que tenta compatibilizar a produtividade destrutiva do 

capitalismo com o adestramento de países economicamente dependentes, como o Brasil, 

promovendo a desindustrialização e a diminuição da capacidade de competição tecnológica no 

planeta. 

Para tornar a situação ainda mais problemática, as teses negacionistas dos governos de 

extrema direita eleitos nos países da América Latina, como também no caso do Brasil, não apenas 

dificultam quaisquer ações na direção de um mínimo cuidado com as questões do clima, como 

também ajudam a intensificar o apoio ao conjunto de ações que têm por intuito flexibilizar as 

legislações ambientais para que o país se adeque ao conjunto de necessidades da burguesia 

internacional. A estratégia ideológica do negacionismo tem servido ao governo brasileiro para 

justificar a devastação ambiental e garantir a manutenção do Brasil como um país economicamente 

dependente de grandes países desenvolvidos, transformando o país em um quintal da grande 

burguesia internacional. 

Concordamos com Lima (2020, p. 369) quando afirma que 

os cortes e a negação da realidade concreta criam um poderoso instrumento ideológico de 

controle e reprodução social de massas favorecendo a práxis pautadas no conservadorismo 

que utiliza a pós-verdade para os interesses do capital. É preciso que tenhamos noção de 

que as ideias se materializam na práxis humana, seja para libertá-la ou dominá-la. O retorno 

e aprofundamento a categoria da ideologia (falsa ou verdadeira) é fundamental para não 

cometermos o equívoco de negar o se papel como expressão da consciência que se 

transforma em força material capaz de influenciar na ação política concreta. 

  

Diante do exposto, concluímos argumentando a necessidade de se realizar a leitura da 

realidade a partir de categorias que sejam capazes de expressar ontologicamente o real movimento 

das coisas, e que o marxismo se constitui como uma forte ferramenta contra as formas fetichizantes 

31 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

31 

de compreensão do real, contra as tentativas de negar a ciência, a razão dialética e o progresso da 

humanidade. Por fim, argumentamos que a forma metabólica do atual modo de produção é 

incompatível com a manutenção da vida no planeta. Nesse sentido, a única alternativa que se 

interpõe no horizonte deve ser a abolição desse nefasto modo de produção pautado na propriedade 

privada. 

Diante da abundância e da produção de excedentes proporcionadas pelo desenvolvimento 

das forças produtivas hoje presentes, salta aos olhos o fato de que as condições estão maduras e 

postas para que se construa uma sociedade sem barbárie, sem guerras, sem devastação ambiental, 

uma sociedade de livres produtores associados capaz de abolir o mercado e distribuir de forma 

planejada os recursos necessários a criação do ócio e das necessidades humanas. A crise econômica 

é mais um alerta, um sintoma dessa necessidade histórica, e cabe ao proletariado organizado e 

consciente efetuar o rompimento deste insano modo de viver a vida chamado capitalismo. 

  

Referências 

  

ENGELS. F. Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. In: MARX, K. 

e ENGELS, F. Obras Escolhidas - Volume II. São Paulo: Alfa-Omega, s/d., p. 267-280. 

FOSTER, John Bellamy. Marx’s Ecology: Materialism and Nature. Monthly Review Press, 2000. 

JACOB, Ivan Lucon. Breves notas sobre a ecologia como limite absoluto ao capital em Mészáros. 

Revista Fim do Mundo, nº 2, p.41-52, mai/ago, 2020. 

JIANG, Shangrong; LI, Yuze; LU, Quanying; GUAN, Dabo; XIONG, Yu; WANG, Shouyang. 

Policy assessments for the carbon emission flows and sustainability of Bitcoin blockchain operation 

in China.  Nature Communications, no. 12, article 1938, 2021. https://doi.org/10.1038/s41467

021-22256-3 

LARA, Ricardo. Notas lukacsianas sobre a decadência ideológica da burguesia. Revista Katálysis, 

Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 91-100, jan./jun. 2013. 

LIMA, Átila de Menezes. A criação da pós-verdade e de processos de manipulação de massas como 

expressão de cortes epistemológicos da realidade e da miséria da razão. Rev. Germinal: Marxismo 

e Educação em Debate, Salvador, v. 12, n. 3, p. 363-374, out. 2020. 

LÖWY, Michel. Michael Löwy critica Rio+20 e a propaganda da 'economia verde'. In: 

MENGARDO, Bárbara. O que esperar da Rio+20 e como escapar do discurso da hipocrisia 

ambiental. Caros Amigos, São Paulo, nº 180, mar/2012. 

32 

 

 

                                                  Revista GESTO-DEBATE, Campo Grande - MS, vol. 22, n. 01, p. 

01-32, jan/dez 2022. 

 

 

32 

LÖWY, Michael. “A teoria do desenvolvimento desigual e combinado”. Rev. Outubro, n. 1, p. 73

80, 1998. 

LÖWY, Michel. Ecosocialism: A Radical Alternative to Capitalist Catastrophe. Haymarket 

Books, 2015. 

LUKÁCS, György. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo, 2013. 

MAIA, Andreas. Meio ambiente: A alternativa socialista. Quinta-feira, julho 19, 2012, 13:00, Sítio 

da Esquerda Marxista – Seção Brasileira da Corrente Marxista Internacional. Disponível em < 

https://www.marxismo.org.br/meio-ambiente-a-alternativa-socialista> acesso em 21 de maio às 

11:23, 2021. 

MÉSZÁROS, István. A crise estrutural do capital. São Paulo: Xamã, 2000. 

MÉSZÁROS, István. Para além do capital. Trad. Sérgio Lessa; Paulo César Castanheira. 

Campinas: Boitempo, 2002. 

NACIONES UNIDAS. El futuro que queremos. Documento final de la conferencia. In: Rio +20 – 

Conferencia de las NACIONES UNIDAS sobre el Desarrollo Sostenible; Río de Janeiro – Brasil, 

22 de junio, 2012. Disponível em: 

<https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/764Future-We-Want-SPANISH-for

Web.pdf> acesso em 2 de maio de 2021 às 20:12 p.m. 

PIRES, Guilherme Nunes; SILVA, Maria Beatriz Oliveira. Para além do ecologismo conservador: 

produção destrutiva e intensificação da crise ambiental. Revista Espaço Acadêmico - n. 196, p. 54

65, set., 2017. 

PEIXOTO, Elza Margarida de Mendonça; BRANDÃO, André Figueiredo; FILHO, Edson do 

Espírito Santo; SANTOS FILHO, Osvaldo Teodoro; LOPES, Vania Pereira Moraes. Crise do 

capital, crise sanitária, crise política – Notas de conjuntura e educação. Germinal: Marxismo e 

Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 30-73, dez. 2019. 

TASCHNER, N. P., ORSI, C., ALMEIDA, P. V. G., PILATI, R. The impact of personal 

pseudoscientific beliefs in the pursuit for non-evidence-based health care. Journal Évid-Based 

Healthc. 2021. http://dx.doi.org/10.17267/2675-021Xevidence.2021.e3516 

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas: 

Autores Associados, 2008. 

SAITO, Kohei. Karl Marx’s Ecosocialism: Capital, Nature and the Unfinished Critique of 

Political Economy. Monthly Review Press, 2017. 

SAITO, Kohei. Os cardemos ecológicos de Marx. Crítica Marxista, n.50, p.193-213, 2020. 

VAISMAN, Ester. A ideologia e sua determinação ontológica. Verinotio revista online – n. 12, 

Ano VI, out./2010. 

Recebido em: 02/11/2021 

Aceito em: 13/01/2022 

Publicado em: 28/01/2022. O artigo dos  autores  Bruno Alysson Soares Rodrigues ,  Antônio Marcondes dos Santos Pereira  e  Maria Aires de Lima .

O negcionismo climático  é uma estratégia deliberada para proteger os interesses econômicos do modo de produção capitalista, especialmente aqueles ligados à indústria de combustíveis fósseis e ao agronegócio. 

E as estretégias dos donos do capital incluem.

Proteção de Interesses Financeiros: As indústrias que dependem fortemente de atividades emissoras de gases de efeito estufa, como as de petróleo, gás e carvão, têm interesse direto em atrasar ou bloquear políticas de mitigação climática que exigiriam grandes transformações em seus modelos de negócio e fontes de lucro.

Financiamento de Desinformação: Relatos e estudos indicam que grupos e think tanks negacionistas são frequentemente financiados por grandes corporações e doadores anônimos ligados a essas indústrias, com o objetivo de semear dúvidas sobre o consenso científico e influenciar a opinião pública e a legislação.

Manipulação e Lobby Político: Empresas e setores econômicos utilizam táticas para manipular relatórios, fazer lobby em governos e bloquear a criação de políticas públicas e iniciativas financeiras de mitigação, como o Acordo de Paris, para evitar a regulamentação governamental de suas atividades.

O neoliberalismo  associando  a esses interesses de capital, opõe-se a intervenções governamentais e regulamentações, preferindo soluções de livre mercado. O negacionismo climático se encaixa nessa visão, ao descreditar a necessidade de ação coletiva e regulada pelo Estado: Ao negar a urgência da crise, o negacionismo climático leva à inação, o que permite que o modelo econômico atual, baseado em crescimento contínuo e queima de combustíveis fósseis, continue a operar sem grandes rupturas ou a necessidade de uma transição rápida para energias renováveis.

Ocultação de Contradições: A narrativa negacionista ajuda a ocultar as contradições do capitalismo em relação ao meio ambiente, onde a busca por lucro e crescimento exponencial desconsidera os limites ecológicos e destrói os ciclos naturais de renovação. 

O negaciionismo climático é uma estratégia para defender os interesses dos donos do capital e seus lucros exorbitantes . Mantendo o status quo do modo de produção capitalista.

Confira a noticia no UOL                            .https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2025/11/08/tornado-mortos-parana.htm

E assim caminha a humanidade     

Imagem ; UOL. 

      


   .



 


Nenhum comentário:

Postar um comentário