A guerra comercial é uma disputa econômica entre dois ou mais países, que ocorre quando as tensões comerciais se intensificam e levam à implementação de medidas protecionistas para dificultar o comércio. O objetivo principal é proteger os produtores, empregos e indústrias nacionais.
Instrumentos Utilizados
Os países envolvidos em uma guerra comercial geralmente empregam uma ou mais das seguintes medidas:
Tarifas: Impostos adicionais sobre produtos importados, encarecendo-os e tornando-os menos competitivos no mercado interno (também chamada de guerra tarifária).
Cotas de importação: Limitação da quantidade física de determinados produtos que podem ser importados.
Subsídios: Concessão de auxílios financeiros aos produtores nacionais para que possam competir de forma mais agressiva no mercado global.
Barreiras não tarifárias: Restrições como barreiras sanitárias, técnicas ou regulatórias que dificultam a entrada de produtos estrangeiros.
Causas e Consequências
Causas
As guerras comerciais podem ser motivadas por:
Protecionismo: Desejo de proteger a indústria nacional da concorrência estrangeira.
Insatisfação comercial: Quando um país considera que as práticas comerciais de outro são injustas ou desleais.
Geopolítica: Tensões políticas ou disputas por liderança global podem se manifestar como conflitos comerciais.
Consequências
Os impactos de uma guerra comercial são geralmente negativos para todas as partes envolvidas e para a economia global:
Aumento de preços: As tarifas encarecem os produtos importados para os consumidores.
Retaliações: Os países afetados frequentemente respondem com suas próprias tarifas e barreiras, criando um ciclo vicioso.
Redução do comércio global: A dificuldade em comercializar leva à diminuição das importações e exportações.
Incerteza econômica: A imprevisibilidade das políticas comerciais afeta investimentos e cadeias de suprimentos globais.
Desaceleração econômica: A diminuição da produção e do comércio pode levar à redução do PIB dos países envolvidos.
Exemplo Recente: EUA vs. China
O exemplo mais proeminente na história recente é a guerra comercial entre Estados Unidos e China, iniciada em grande parte durante a administração de Donald Trump. Os EUA impuseram tarifas massivas sobre produtos chineses, e a China retaliou com medidas semelhantes. Essa disputa teve efeitos negativos para ambas as maiores economias do mundo e impactou o comércio global, levando outros países, como o Brasil, a se tornarem mercados mais atraentes para os produtos chineses. Segundo a Jornalista e Mestra Carla de Oliveira Tozo, no Sexto Período da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas "Alcantara Machado (FIAAM FAAM).
A a imposição de tarifas generalizadas por Donald Trump pode, de acordo com a análise da maioria dos economistas, levar ao isolamento comercial dos Estados Unidos e aumentar significativamente o custo de vida para os consumidores americanos.
Potenciais Consequências
Aumento do Custo de Vida: As tarifas de importação encarecem os produtos, o que é repassado para o consumidor final na forma de preços mais altos em supermercados e lojas. Estudos indicam que isso pode levar centenas de milhares de americanos à pobreza. Recentemente, em novembro de 2025, o próprio governo Trump cortou tarifas sobre alguns alimentos (carne bovina, café, tomates, bananas) na tentativa de reduzir o custo dos alimentos para os consumidores.
Isolamento e Retaliação Comercial: A imposição de tarifas a parceiros comerciais, como já ocorreu com o Brasil, Canadá e China, provoca retaliações de outros países, o que reduz o volume do comércio global e gera incerteza econômica. Esse cenário pode levar a um "novo normal" no comércio mundial, caracterizado por fluxos menores e maior volatilidade.
Impacto no PIB e Emprego: Analistas sugerem que um "tarifaço" pode, contrariamente aos objetivos declarados de Trump, causar uma recessão econômica nos EUA, com potencial queda no PIB e aumento do desemprego, prejudicando uma população já sensível ao aumento de preços.
Volatilidade Econômica: A imprevisibilidade da política de tarifas de Trump gera grande incerteza e volatilidade nos mercados, afetando investimentos e a cotação de moedas (como a valorização do dólar frente ao real em momentos de anúncios de tarifas).
Em resumo, a estratégia de tarifas é vista por muitos especialistas como uma medida que gera resultados ruins para a própria economia dos EUA, além de desestabilizar o comércio global.
Confira o artigo no Site Sistema FIEMG.
Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao anunciar a imposição de uma
tarifa comercial de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o país. A nova tarifa entrará em vigor
no dia 1º de agosto. As justificativas apresentadas para essa medida baseiam-se em um suposto desequilíbrio
comercial entre os dois países, com alegações de que o Brasil impõe barreiras às exportações norte-americanas.
Além disso, e principalmente, foi apontada como motivação a condução de ações judiciárias contra o ex-presidente
Jair Bolsonaro, bem comouma supostacensura aosmeiosde comunicaçãono Brasil.
A notícia gerou grande preocupação quanto ao
futuro das relações bilaterais entre os países, tanto
no âmbito político quanto no econômico. Do ponto
de vista econômico, a relação entre Brasil e Estados
Unidos é historicamente marcada por interesses
complementares e por uma ampla variedade de
produtos comercializados. Os EUA são o segundo
maior parceiro comercial do Brasil, absorvendo
cerca de 12% das exportações brasileiras– o que
representa aproximadamente 1,8% do PIB
brasileiro. Diante desse cenário, torna-se essencial
analisar a dinâmica comercial entre os países, para
compreender os possíveis impactos da medida
sobre a economiabrasileira.
Principais destinos das exportações brasileira (2024)
País
Valor US$ FOB
(bilhões)
% do
total exportado
TOTAL EXPORTADO
337
China
94,4
Estados Unidos
40,4
Argentina
13,8
28,0%
12,0%
4,1%
Países Baixos (Holanda)
11,7
3,5%
Espanha
9,9
3,0%
Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente US$ 40 bilhões aos EUA, e, em 2025, já acumula US$ 20 bilhões em
exportações. Entre os principais produtos exportados destacam-se: combustíveis minerais (especialmente petróleo),
ferro e aço (semimanufaturados e brutos), aeronaves, café, produtos hortícolas, carnes bovinas, entre outros.
Portanto, o Brasil é um importante fornecedor de recursos energéticos e insumos estratégicos para os EUA.
Conforme se observa na tabela abaixo, os 10 principais grupos de produtos exportados representam 70,7% das
exportações brasileiras totais para os EUA. Nesse contexto, acredita-se que os setores mais afetados pela nova tarifa
serão aqueles que pertencem à manufatura,representando 12,4% do PIB da indústriade transformação.
Principais produtos brasileiros exportados aos EUA (2024)
Produtos
US$ (bilhões)
Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação; matérias
betuminosas; ceras minerais
Ferro fundido, ferro e aço
% nas exportações
totais para os EUA
7,7
19,0%
5,7
Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas
partes
Aeronaves e aparelhos espaciais, e suas partes
Café, chá, mate e especiarias
Pastas de madeira ou de outras matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão para
reciclar (desperdícios e aparas).
Madeira, carvão vegetal e obras de madeira
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
3,6
2,7
1,9
14,1%
9,0%
6,7%
4,8%
1,7
1,6
1,4
Preparações de produtos hortícolas, de frutas ou de outras partes de plantas
Carnes e miudezas, comestíveis
Fonte: Comex Stat. Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
Gerência de Economia e Finanças Empresariais
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
Av. do Contorno, 4456 - Funcionários – Belo Horizonte/MG - CEP: 30110-028
(31) 3263-4387 - gec@fiemg.com.br | www.fiemg.com.br
1,2
1,0
4,1%
3,9%
3,5%
3,1%
2,5%
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Balança Comercial
AindaqueosEstadosUnidossejamosegundomaiordestinodasexportaçõesbrasileiras,arelaçãocomercialentreos
doispaíseséaindamaisampla:osEUAtambémocupamasegundaposiçãoentreosprincipaispaísesdeorigemdas
importaçõesbrasileiras.Essarelaçãobilateralérefletidanabalançacomercial.
Ao longo da última década, as trocas comerciais entre Brasil e Estados Unidos apresentaram trajetória de
crescimento,mascompersistentedéficitparaoBrasil.Apesardoaumentonasexportações,opaísregistrousaldos
comerciaisnegativosnosúltimos10anos.Omaiordéficitocorreuem2022, comumsaldodeUS$13,9bilhões
favorávelaosEUA, impulsionadoporumsaltoexpressivonasimportaçõesbrasileiras.Em2024,observou-seomenor
déficitdoperíodo,deUS$300milhões.Jáem2025,noacumuladoatéjunho,osaldocomercialpermanecenegativo
paraoBrasil,totalizandoUS$1,6bilhão.
EssesdadosindicamqueoargumentodeummercadobilateraldesfavorávelaosEstadosUnidosnãosesustentado
pontodevistaeconômico,umavezqueopaístemmantidosuperávitscomerciaisrecorrentesnarelaçãocomoBrasil.
BALANÇACOMERCIALBReEUA–US$bilhões
Aspectos Regionais –Exportações aos EUA por UF
Por serumpaísdedimensões continentais, oBrasil possui uma
estruturaprodutivadiversificadaedistribuídade formadiversa.
Consequentemente, osprodutosexportadosea intensidadedas
exportaçõesvariamconformea localidade.Portanto,a imposição
detarifasgerariaimpactosdistintosentreasregiõesbrasileiras.
Juntos,osseisestados indicadosnatabelaabaixoconcentraram,
aproximadamente, 79,9% das exportações do Brasil para os
EstadosUnidosem2024.Apredominânciaocorreunosestadosda
regiãoSudeste–SãoPaulo,RiodeJaneiro,MinasGeraiseEspírito
Santo–quesãoresponsáveisporcercade71%dototalexportado.
Estado Valor (FOB US$) % do Total
São Paulo 13.571.896.433 33,6%
Rio de Janeiro 7.412.873.779 18,4%
Minas Gerais 4.621.726.149 11,4%
Espírito Santo 3.068.423.281 7,6%
Rio Grande do Sul 1.847.252.430 4,6%
Santa Catarina 1.744.938.746 4,3%
Total exportado Brasil 40.368.569.157 100,0%
PrincipaisestadosexportadoresaosEUA(2024)
24,0 23,2 26,9 28,7 29,7 21,5
31,1 37,4 36,9 40,4
20,0 26,5 23,8 27,8 32,8 34,8 27,9
39,4
51,3
38,0 40,7
21,7-2,4-0,7-0,9-4,1-5,1-6,4-8,2-13,9-1,0-0,3-1,7
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 Acumulado
até junho
2025
Exportação Importação Saldo
Fonte:Comex Stat. Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
18 de julho de 2025
AS TARIFAS COMERCIAIS DO GOVERNO
TRUMP E OS IMPACTOS SOBRE O BRASIL
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Aspectos Regionais –Exportações aos EUA por UF
Em2024,SãoPauloliderouasexportaçõesbrasileiras
para os Estados Unidos, comUS$ 13,57 bilhões,
representando33,6%dototalnacional.
Os principais itens exportados foram máquinas
industriais, aeronaves, combustíveis refinados,
processados dehortaliças e frutas eequipamentos
elétricos.
Valor US$ Bi
FOB Reatores, caldeiras e máquinas industriais 2,51
Aeronaves e equipamentos aeroespaciais 2,45
Combustíveis minerais e óleos 1,77
Preparação de produtos hortícolas 1,07
Máquinas e equipamentos elétricos 0,62
US$ bilhões São Paulo
PrincipaisprodutosexportadosaosEUAporestado(2024)
ORiodeJaneirofiguroucomoosegundoestadoque
maisexportouparaosEUAem2024,comomontante
deUS$ 7,41bilhões, oque equivale a 18,4%das
exportações.
Mais da metade desse valor veio da venda de
petróleo, seguidopor produtos da siderurgia e da
indústriadebase.
Valor US$ Bi
FOB
Combustíveis minerais e óleos 4,70
Ferro fundido, ferro e aço 2,07
Reatores, caldeiras e máquinas industriais 0,29
Borrachas e suas obras 0,09
Carnes processadas 0,04
US$ bilhões Rio de Janeiro
Comumperfil exportador diversificado, oEspírito
Santo respondeu por 7,6% das exportações
brasileiras para os Estados Unidos em 2024,
totalizandoUS$3,07bilhões.
Oestadosedestacou,principalmente,pelosprodutos
siderúrgicos,obrasmineraisecelulose,alémdeitens
tradicionaiscomocafé.
Valor US$ Bi
FOB Ferro fundido, ferro e aço 1,14
Obras de pedra, gesso ou materiais semelhantes 0,68
Pasta de madeira e papel para reciclagem 0,56
Minérios, escórias e cinzas 0,39
Café e especiarias 0,16
US$ bilhões Espírito Santo
Em 2024, o Rio Grande do Sul exportou
aproximadamenteUS$1,85bilhãoparaosEstados
Unidos,oquerepresentou4,6%dototalexportado
pelosestadosbrasileirosparaessedestino.
Osprincipaisprodutosenviadosforamtabacoeseus
sucedâneos manufaturados, armas e munições,
pastasdemadeiraepapelparareciclagem,calçados
e partes e veículos automotores e seus
componentes.
Valor US$ Bi
FOB
Tabaco e seus sucedâneos manufaturados 0,25
Armas e munições 0,17
Pasta de madeira e papel para reciclagem 0,14
Calçados e partes 0,14
Veículos automotores 0,13
US$ bilhões Rio Grande do Sul
Valor US$ Bi
FOB Madeira, carvão vegetal e obras de madeira 0,65
Reatores, caldeiras e máquinas industriais 0,30
Máquinas e aparelhos elétricos 0,23
Móveis, colchões, iluminação e construções 0,12
Veículos automotores 0,08
US$ bilhões Santa Catarina
SantaCatarinatambémdestacou-se,alcançandoUS$
1,74bilhãoemexportações,oquerepresentou4,3%
dototalexportadopeloBrasilparaosEstadosUnidos.
Entre os principais produtos exportados estão
madeira e derivados, máquinas e aparelhos
mecânicos,equipamentoselétricos,móveiseitensde
iluminação, alémde veículos automotores e seus
componentes.
Fonte: Comex Stat. Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
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Aspectos Regionais –Minas Gerais
MinasGeraiséoterceiromaiorestadoexportadorparaosEstadosUnidos.Em2024,oestadomovimentoucercade
US$4,62bilhõesemexportaçõesparaopaís,correspondendoa11,4%dototalnacional.Em2025,noacumulado
atéjunho,oestadoexportouumtotaldeUS$2,48bilhões.
Entreosprincipaisprodutosexportados,destaca-seocafé,querepresentoucercade33%dototalexportadode
MinasGeraisaosEstadosUnidosem2024, somandoUS$1,5bilhão. Vale ressaltarqueoBrasil éoprincipal
fornecedordecaféparaosEstadosUnidos.
Outrosetorrelevanteéasiderurgia,comdestaqueparaosprodutosdeferrofundido, ferroeaço. Juntos,esses
produtos correspondema29%dasexportaçõesmineiras, etotalizaram, em2024, aproximadamenteUS$1,35
bilhão.Cabedestacarquecercade30%dasexportaçõesdeprodutossiderúrgicostiveramcomodestinoosEstados
Unidos,oquetornaopaísumimportantemercadoparaosetor.
Alémdisso,os10principaisprodutosexportados–apresentadosnatabelaabaixo–foramresponsáveisporcerca
de87%dasexportaçõestotaisdeMinasGerais,oquereforçaumaconcentraçãonasvendasexternasemtornode
commoditieseitensindustriaisdemaiorvaloragregado.
PrincipaisprodutosdeMinasGeraisexportadosaosEUA(2024)
Produtos US$ (milhões) % nas exportações
totais para os EUA
Café, chá, mate e especiarias 1.529,5 33,1%
Ferro fundido, ferro e aço 1.348,1 29,2%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 210,5 4,6%
Obras de ferro ou aço 201,5 4,4%
Produtos químicos inorgânicos 196,7 4,3%
Aeronaves e aparelhos espaciais, e suas partes 145,0 3,1%
Carnes e miudezas, comestíveis 144,8 3,1%
Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos 142,0 3,1%
Outros metais comuns e cerâmicas 117,4 2,5%
Pastas de madeira ou de outras matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão para
reciclar (desperdícios e aparas) 114,4 2,5%
Sete Lagoas
Guaxupé
US$
(milhões)
439,4
410,5
Araxá
Varginha
307,7
297,1
9,6%
9,0%
6,7%
6,5%
Município
Belo Horizonte 270,9 5,9%
% do total
exportado
PrincipaismunicípiosmineirosexportadoresaosEUA(2024)
Noâmbitomunicipal, destacam-se cincomunicípios
que, juntos, são responsáveis por 38%do total
exportadopelos853municípiosmineiros.
Entreos principais exportadores estãoSete Lagoas,
AraxáeacapitalBeloHorizonte, comdestaqueparaa
exportaçãodeprodutos siderúrgicos, como ferroe
ferroligas. Somados, esses três municípios
representam22,2%dasexportaçõestotaisdoestado.
Por suavez, GuaxupéeVarginha figuramentreos
principaisexportadoresdecafédeMinasGeraisaos
EUA,respondendopor15,5%dototalexportadopelo
estadoaopaís.
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18 de julho de 2025
Fonte: Comex Stat. Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
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18 de julho de 2025
Aspectos Regionais – Minas Gerais
Ainda sob a ótica regional, ao se analisar as 12 Regionais FIEMG, observa-se uma forte concentração das exportações
mineiras aos EUA em três delas: Sede (Região Central), Sul e Vale do Aço. Juntas, essas regionais são responsáveis por
mais de 70% dovalortotalembarcadode MinasGerais ao mercadonorte-americano.
A Regional Sede lidera o ranking, respondendo por 31,8% das exportações de Minas Gerais aos EUA. Além disso, é
responsável por 72,2% das exportações de ferro fundido bruto, o segundo principal produto da pauta mineira com
destino ao mercado norte-americano. Não por acaso, essa regional inclui municípios como Sete Lagoas e Belo
Horizonte, ambos entre os maiores exportadores do estado.
A Regional Sul ocupa a segunda posição, com US$ 1,2 bilhão em exportações, o que representa 25,5% do total
estadual. Cabe destacar que essa regional lidera as exportaçõesdo principal produto da pauta de Minas Gerais: o café.
Regionais FIEMG exportadoras aos EUA (2024)
Regional FIEMG
US$
(milhões)
Sede
Sul
Vale do Aço
Vale do Rio Grade
Centro Oeste
Zona da Mata
Norte
Alto Paranaíba
Pontal do Triângulo
Vale do Paranaíba
Rio Doce
Vale do Jequitinhonha
1.457.1
1.168,1
613,2
323,8
301,3
196,4
186,9
125,9
121,8
49,8
34,2
2,0
% do total
exportado
31,8%
25,5%
13,4%
7,1%
6,6%
4,3%
4,1%
2,7%
2,7%
1,1%
0,7%
0,1%
Diante da relevância econômica da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos– especialmente no que se refere à
pauta exportadora dos estados– e considerando a recente imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos
brasileiros exportados aos EUA, evidencia-se um cenário de incertezas e potenciais prejuízos para a indústria nacional.
A dependência de determinados setores e a concentração regional e setorial das exportações tornam o país
particularmente vulnerável aos efeitos dessa medida.
Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo avaliar os possíveis impactos econômicos, de curto e longo
prazo, da nova tarifa sobre as exportações brasileiras. Além disso, busca examinar os efeitos de cenários hipotéticos de
retaliação comercial entre os dois países, contribuindo para a formulação de estratégias de mitigação e
reposicionamento do setor produtivo brasileiro.
Para estimar os impactos desses cenários, adotou-se uma abordagem em dois estágios. No primeiro, aplicou-se uma
função de demanda com elasticidade de substituição constante (CES), baseada na hipótese de Armington, para captar
os efeitos da elevação de preços sobre a demanda norte-americana por produtos brasileiros. No segundo, utilizou-se o
modelo de Equilíbrio Geral Computável "Brazilian Model Minas Gerais", com o objetivo de estimar os efeitos de curto e
longo prazo sobre a economiabrasileira, considerando variações na demanda, na produção e nos fluxos comerciais.
Fonte: Comex Stat. Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
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AS TARIFAS COMERCIAIS DO GOVERNO
TRUMP E OS IMPACTOS SOBRE O BRASIL
18 de julho de 2025
Cenários e Hipóteses
O cenário principal deste estudo parte da premissa de que, conforme anunciado em carta oficial do presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será implementada uma tarifa de 50% sobre
todos os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. Presume-se que a medida será aplicada de
forma linear, sem distinção entre setores ou produtos, e que não haverá salvaguardas, exceções ou mecanismos de
compensação. Assim, o cenário principal considera a imposição irrestrita da tarifa sobre toda a pauta exportadora
brasileira destinada aos Estados Unidos, conforme os termosexplicitados na comunicaçãooficial.
Além deste cenário principal, o estudo contempla cenários alternativos, que buscam capturar os possíveis
desdobramentos de uma escalada retaliatória entre os dois países. Foram, assim, definidos três cenários hipotéticos,
que consideram não apenas a reação inicialmente sinalizada pelo governo brasileiro– como a adoção de tarifas em
resposta– mas tambémeventuaiscontramedidasde ambosospaíses.
Considera-se, adicionalmente, a possibilidade de efeitos indiretos decorrentes do aumento da instabilidade nas
relações bilaterais, com destaque para a retração de investimentos estrangeiros diretos no Brasil. Dessa forma, os
cenários hipotéticos têm como objetivo explorar os potenciais impactos econômicos de uma deterioração nas relações
comerciais entre Brasil e Estados Unidos.
No Cenário Hipotético I, pressupõe-se uma resposta retaliatória do Brasil, com imposição de tarifas recíprocas às
importações brasileiras de produtos norte-americanos em valor equivalente à tarifa aplicada pelos EUA, de 50%.
No Cenário Hipotético II, considera-se que, em resposta à retaliação do Brasil, os EUA elevam sua tarifa para 100%
sobre os produtos brasileiros.
Por fim, no Cenário Hipotético III, pressupõe-se uma dupla retaliação, com ambos os países aplicando uma tarifa de
100% sobre todos os bens comercializados entre si. Adicionalmente, esse cenário considera a adoção de medidas de
maior severidade, como a eventual quebra de patentes por parte do Brasil, o que aumentaria o ambiente de incerteza
e provocaria, consequentemente, uma retração significativa dos investimentos externos diretos, com redução estimada
de 40%dosinvestimentosoriundos dos EstadosUnidose de 30% daqueles provenientesdo restante do mundo.
Cenário Principal
Tarifa de 50% sobre todas as
exportações brasileiras aos EUA
Cenário Hipotético I
RETALIAÇÃO DO BRASIL
Tarifas:
EUA: 50%
BRASIL: 50%
Cenário Hipotético II
DUPLA RETALIAÇÃO
Tarifas:
EUA: 100%
BRASIL: 50%
Cenário Hipotético III
Tarifas:
Queda dos
investimentos no Brasil
EUA: 100%
BRASIL: 100%
EUA: 40%
BRA: 30%
Ao analisar os resultados esperados, são considerados os efeitos de curto prazo (1 a 2 anos) e longo prazo (5 a 10
anos). Quando a tarifa é imposta pelos EUA, o impacto atinge diretamente a pauta exportadora brasileira. Portanto,
no curto prazo, pressupõe-se uma redução do PIB nacional e um aumento do desemprego, uma vez que a contração
das vendas externas levará à ociosidade dos estoques de capital e da mão-de-obra nos setores exportadores. No
longo prazo, parte desse capital será redirecionada ao mercado interno e a outros países; ainda assim, a perda
permanente de termosde trocareduzirá o produto potencialda economia.
Por sua vez, quando o Brasil impõe uma tarifa sobre os produtos importados, o impacto recai sobre a pauta de
importações, elevando os custos dos produtos estrangeiros e afetando diferentes setores. No curto prazo, dado o
capital fixo e a possibilidade de desemprego, os setores beneficiados pela proteção tarifária conseguem ampliar sua
produção ao utilizar capacidade ociosa e força de trabalho deslocadas dos setores mais afetados, gerando aumento
da produção. No longo prazo, entretanto, com capital e trabalho plenamente realocados, os setores beneficiados
pelas tarifas tendem a atrair recursos de forma menos eficiente, reduzindo o retorno médio do capital e promovendo
umaalocaçãomais ineficiente na economia,com menorproduto agregado.
Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
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AS TARIFAS COMERCIAIS DO GOVERNO
TRUMP E OS IMPACTOS SOBRE O BRASIL
18 de julho de 2025
Metodologia
Para avaliar os impactos econômicos decorrentes da imposição de tarifas comerciais sobre produtos brasileiros, no
contexto das mudanças na política comercial dos Estados Unidos, adotou-se uma abordagem metodológica integrada
emdois estágios, baseada na articulação entre um modelo de demanda e um modelo de Equilíbrio Geral Computável
(EGC).
No primeiro estágio, buscou-se estimar os efeitos das tarifas sobre a demanda norte-americana por produtos
brasileiros, utilizando-se uma função de demanda com elasticidade de substituição constante (CES– Constant
Elasticity of Substitution). Essa etapa permitiu captar as variações na demanda externa resultantes do aumento de
preços provocadopelas tarifas.
No segundo estágio, essas variações foram incorporadas ao modelo de Equilíbrio Geral Computável denominado
Brazilian Model– Minas Gerais (BMMG), com o objetivo de mensurar os impactos de curto e longo prazo sobre a
economia brasileira. Esse modelo possibilitou avaliar não apenas os efeitos diretos da redução da demanda externa,
mastambémosdesdobramentosdecorrentesdoscenários hipotéticosde possíveisretaliações.
I - Modelo de Demanda
Os efeitos econômicos decorrentes de mudanças na política comercial, por meio da imposição de tarifas,
manifestam-se, fundamentalmente, por meio de alterações nos preços relativos dos produtos. A partir dessas
variações de preços, torna-se possível estimar os efeitos sobre a demanda externa. Tais efeitos dependem tanto da
magnitude do choque tarifário — isto é, da variação no valor da tarifa — quanto das relações comportamentais que
regem a interação entre os mercadosenvolvidos.
No caso específico da tarifa em análise, o primeiro passo consistiu em estimar seus efeitos sobre a demanda norte
americana por determinados produtos brasileiros. Para tanto, utilizou-se uma função de demanda com elasticidade
de substituição constante (CES), associada à hipótese de Armington, segundo a qual bens similares provenientes de
diferentes países não são perfeitamente substituíveis.
I.I – Estrutura da Função de Demanda
Afunção de demandaadotadaassumeaseguinteforma:
𝑄 =𝐴𝑃𝜀,
𝜀 <0
(1)
Onde: 𝑄 éaquantidadedemandada,P é opreço, 𝐴 éum parâmetrode escalae εé aelasticidadede substituição.
Se opreçopassa de 𝑃 para𝑃′ =P(1+τ)apósa tarifaad valoremτ, a nova quantidade é:
𝑄′ = 𝐴
𝑃(1+𝜏) 𝜀 =𝑄(1+𝜏)𝜀
(2)
Dividindo por 𝑄 e subtraindo 1, tem se a variação percentual, obtém-se a quantidade demandada dada a imposição
da tarifa:
∆𝑄 =
1+𝜏 𝜀𝑡 −1
(3)
A partir disso, é necessário compreender como a demanda pelo produto é alterada em razão da imposição de uma
tarifa. Nesse caso específico, é necessário ajustar o impacto da tarifa unilateral dos EUA com base na participação
dos EUAnasexportaçõestotaisbrasileiras.
Portanto, assumiu-se que a variação nas exportações (∆𝐸𝑥𝑝𝑤,𝑖) de um determinado produto 𝑖 do país 𝑤 em
resposta à imposição de uma tarifa por parte do país 𝑤′ pode ser estimada da seguinte forma: multiplicando a
participação daquele mercado no total exportado (𝑠ℎ𝑎𝑟𝑒𝑤,𝑤′,𝑖) pelo impacto da tarifa sobre a quantidade
demandadapelo país importador(∆𝑄𝑤′,𝑖 ).
Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
Gerência de Economia e Finanças Empresariais
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
Av. do Contorno, 4456 - Funcionários – Belo Horizonte/MG - CEP: 30110-028
(31) 3263-4387 - gec@fiemg.com.br | www.fiemg.com.br
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∆𝐸𝑥𝑝𝑤,𝑖=𝑠ℎ𝑎𝑟𝑒𝑤,𝑤′,𝑖𝑥∆𝑄𝑤′,𝑖
Ou seja, o cálculo pondera o efeito da tarifa pela relevância do destino afetado nas exportações totais do produto,
apresentado na equação (4).
(4)
Emque:
∆𝑬𝒙𝒑𝒘,𝒊:variaçãonasexportaçõesdoproduto𝑖dopaís𝑤,resultantedaimposiçãodetarifapelopaís𝑤′;
𝒔𝒉𝒂𝒓𝒆𝒘,𝒘′,𝒊:participaçãodasexportaçõesdoproduto𝑖dopaís𝑤paraopaís𝑤′nototaldasexportaçõesdesse
produtopelopaís𝑤;
∆𝑸𝒘′,𝒊:variaçãonaquantidadedemandadadoproduto𝑖pelopaís𝑤′ ,emfunçãodatarifaimposta.,oconsumidor
podeoptarporsubstituirobemimportadoporumsimilarproduzidonomercadointernoou
I.II –Ajuste para Comércio Bilateral
Posteriormente, para estimar a variação da demanda pelas exportações brasileiras, é necessário calcular a
elasticidadedesubstituição.Diantedeumaumentonopreçodeumbemimportado,aelasticidadedesubstituição
podeserdefinidadeduasformas:comoaelasticidadedesubstituiçãoentreoprodutodomésticoeoimportado
e/oucomoaelasticidadedesubstituiçãoentrebens importadosdediferentesorigens. Emoutraspalavras, o
consumidorpodeoptarporsubstituirobemimportadoporumsimilarproduzidonomercadointernooutrocaro
fornecedorexterno,adquirindooprodutodeoutropaísdeorigem.
CombaseemWinters(1984)eHertel(1997),aderivaçãodaelasticidadetotaldademandapodeserdefinidacomo:
𝜀𝑤→𝑤′=−𝜎𝑠,𝑖−𝑆𝑚,𝑖(𝜎𝑚,𝑖−𝜎𝑠,𝑖)
Em que:
𝜀𝑤→𝑤′: elasticidade de substituição total;
𝜎𝑚,𝑖: elasticidade de substituição entre fornecedores estrangeiros;
𝜎𝑠,𝑖: elasticidade de substituição importado ×doméstico;
𝑆𝑚,𝑖: parcela da importação do país w’ no total das importações do país w.
(5)
Entreos cenáriosqueserãoadotadosnesteestudoestáumapossível retaliaçãodogovernobrasileiro, coma
imposiçãodetarifassobreosprodutosimportadosdosEUA.Omodelodeequilíbriogeralcomputávelutilizado–o
BMMG–permiteestimaroimpactodasalteraçõesnastarifasdeimportaçãosobreospreçosinternos.
Noentanto,oBMMGtrataosdemaispaísesemumúnicobloco,oRestodoMundo.Diantedisso,paradimensionar
oefeitosobrearelaçãobilateralBrasileEUA,asobretaxaseráconvertidaemumamédiaponderada,deacordocom
aparticipaçãodosEUAnasimportaçõesbrasileirasdecadaproduto,talcomoapresentadanaequaçãoaseguir:
∆𝑙𝑛𝑝𝑜𝑤𝑡𝑎𝑥𝑖 =𝑙𝑛1+𝑡1(𝑖)−𝑙𝑛1+𝑡0(𝑖) ∴ 𝑡1 𝑖 =𝑡0 𝑖 +𝜏𝑥𝑠𝑢𝑠,𝑖 (6)
Emque:
𝑝𝑜𝑤𝑡𝑎𝑥𝑖:poweroftariff;
𝑡0(𝑖):tarifamédiavigente;
𝑡1(𝑖):novatarifa;
𝑆𝑢𝑠,𝑖:parceladaimportaçãodosEUAnototaldasimportaçõesdoBrasil.
18 de julho de 2025
Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
AS TARIFAS COMERCIAIS DO GOVERNO
TRUMP E OS IMPACTOS SOBRE O BRASIL
AS TARIFAS COMERCIAIS DO GOVERNO
TRUMP E OS IMPACTOS SOBRE O BRASIL
18 de julho de 2025
II - Modelo de Equilíbrio Geral Computável
Após a análise das variações na demanda, é utilizado, no segundo estágio, o modelo de Equilíbrio Geral Computável.
Essa modelagem permite identificar os efeitos sistêmicos na economia a partir de um evento específico– no caso em
questão, a aplicação de tarifas e outros possíveis cenários previamente sinalizados.
O modelo utilizado nesta avaliação é o Brazilian Model Minas Gerais (BMMG), cuja estrutura teórica seminal é o
modelo MONASH, posteriormente desdobrado em variações regionais e dinâmicas como o MMRF (Melbourne Model
of Regional Forecasting), desenvolvidos pelo Centre of Policy Studies (CoPS) (Dixon e Rimmer, 2002, Horridge (2003) ).
O modelo de Equilíbrio Geral Computável (EGC)
representa a economia como um sistema integrado, no
qual famílias, empresas, governo e setor externo
interagem por meio dos mercados de bens, serviços e
fatores. A partir de uma matriz insumo-produto, o
modelo diferencia produtos domésticos e importados,
resolve choques em variações percentuais e mantém as
identidades macroeconômicas– como o PIB, a renda e o
balanço de pagamentos–, captando realocações e
efeitos indiretos.
Essa abordagem é ideal para avaliar tarifas, pois
considera todos os encadeamentos produtivos, as
reações de preços, as compensações fiscais e os impactos
sobre o bem-estar. Desse modo, a modelagem de EGC
permite analisar não apenas as variações no comércio,
mas também os efeitos sobre a competitividade, a
distribuição de renda e os termos de troca.
Modelo de Equilíbrio Geral Computável (EGC)
O modelo distingue diferentes horizontes temporais. Para a avaliação de curto prazo, assume-se que o estoque de
capital é fixo e que o mercado de trabalho pode apresentar rigidez na mobilidade entre setores, permitindo a
ocorrência de desemprego friccional ou o deslocamento setorial de fatores. No longo prazo, os fatores de produção
tornam-se plenamente móveis, com realocação de capital e trabalho entre setores, de modo a maximizar o produto
agregado. A acumulação de capital é determinada por uma equação de investimento baseada na taxa de retorno
esperada.
A dinâmica intertemporal é incorporada por meio de mecanismos de formação de expectativas adaptativas ou
racionais, conforme o escopo da simulação. Essa abordagem permite estimar trajetórias de ajuste da economia
frente a choques exógenos, como alterações tarifárias, mudanças tecnológicas, reformas tributárias ou variações na
demandaexterna.
Base de Dados
Para a estimação dos modelos deste estudo, foram utilizadas diferentes bases de dados. Essas informações
abrangem aspectos como: elasticidades de substituição, fluxos de exportações e importações, estrutura produtiva
representada por uma matriz de insumo-produto– e investimentoestrangeiro direto.
I - Exportações e Importações
Ao longo do estudo, as exportações e importações com origem ou destino no Brasil foram mensuradas com base nos
dados da plataforma ComexStat, mantida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
(MDIC). Para a análise das importações realizadas pelos Estados Unidos, utilizou-se a base de dados do UN
Comtrade, plataforma global de estatísticas de comércio internacional que permitiu identificar a participação do
Brasil no total das importações norte-americanas.
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II - Elasticidade de Substituição
Para o cálculo da elasticidade de substituição, conforme
indicado na equação 5, foram utilizadas as elasticidades
entre bens importados e domésticos, bem como entre
diferentes fornecedores estrangeiros. As estimativas
adotadas baseiam-se nos trabalhos de Winter (1984) e Hertel
e Van der Mensbrugghe (1997). O resumo das elasticidades
calculadas pode ser consultado na tabela ao lado.
III - Matriz de Insumo-Produto
Elasticidades de substituição entre importações
de produtos brasileiros pelos setores dos EUA
Setores
Agropecuária
Ind. Extrativa
Ind. Transformação
Serviços
SM,i
0,04
0,04
σ
s,i
3,01
σM,i
ƐM,i
6,03
4,01
0,01
0,03
3,30
1,90
8,03
6,60
3,80-3,13-4,17-3,33-1,95
Os modelos de Equilíbrio Geral Computável fornecem uma estrutura teórica aninhada. Para sua operacionalização, é
necessário utilizar, como base de dados, uma matriz de contabilidade social.
A matriz de insumo-produto utilizada para calibração desse modelo contempla 68 setores econômicos, organizados em
duas dimensõesregionais– Minas Gerais e o restante do Brasil.
A estimação dessa matriz foi realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), com base na matriz de
insumo-produto do Brasil referente ao ano de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto
comosdadosdoSistemade ContasRegionaispara Minas Gerais, disponibilizadospela Fundação João Pinheiro.
IV - Investimento Estrangeiro Direto
No cenário de queda de investimento, foram utilizados dados de Investimento Direto no País– IDP (posição e saldo
líquido), disponibilizados pelo Banco Central, que detalham essas informações por país de origem. Também foram
consideradas informações sobre a formação bruta de capital fixo, provenientes do Sistema de Contas Nacionais do IBGE.
Com base nesses dados, estimou-se uma redução do investimento no Brasil de 40% oriundo dos Estados Unidos e de
30%proveniente dos demais países.
Limitações Metodológicas
Apesar dos esforços para garantir a robustez da metodologia empregada, é importante destacar algumas limitações
inerentes ao modelo e às premissasadotadas:
• Tarifas uniformes: o modelo assume a aplicação plena e uniforme da tarifa sobre as exportações brasileiras aos EUA,
desconsiderando evasões, reclassificações, regimes preferenciais, cotas ou concessões específicas;
• Investimento direto: pressupõe-se que todo o Investimento Direto no País se converta em Formação Bruta de Capital
Fixo, desconsiderando aplicaçõesem participações societárias ou capital de giro;
• Elasticidades: os parâmetros utilizados podem estar desatualizados ou não refletir adequadamente transformações
recentes nas cadeias globais, além de não captarem respostasnão lineares a tarifas elevadas;
• Exterior como bloco único: a estrutura Armington agrega o restante do mundo como um único bloco, o que impede a
modelagemde desviosde comérciopara outrospaíses em respostaao choquetarifário focado nos EUA.
• Ausênciado efeitofeedback: o modelonão consideraeventuais reações de outrospaíses ao novo contextotarifário.
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TRUMP E OS IMPACTOS SOBRE O BRASIL
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Resultados
A imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, anunciada
pelo governo norte-americano, traz impactos significativos para a economia brasileira. A avaliação dos resultados
está dividida de acordo com os cenários– principal e hipotéticos– construídos, com as regiões analisadas– Brasil e
Minas Gerais– e comatemporalidadedosefeitos– de curto prazo (1 a 2 anos) e de longoprazo (5 a 10 anos).
Cenário Principal
No cenário principal, que considera a aplicação linear da tarifa de 50% a todos os produtos brasileiros importados
pelos Estados Unidos, as estimativas apontam para uma retração nos principais indicadores macroeconômicos. O
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode encolher em até R$ 47 bilhões no curto prazo — o equivalente a uma
queda de 0,4% —eatingir uma perda de até R$ 175 bilhões no longo prazo, o que representa uma redução de 1,49%.
Oconsumo das famílias também deve ser afetado, com contrações de até 0,67% no curto prazo e até 3,82% no longo
prazo, refletindo a redução da renda disponível. A formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos, poderá
apresentar uma queda de até 2,66% no longoprazo.
No mercado de trabalho nacional, estima-se que a imposição da tarifa poderá resultar na eliminação de até 538 mil
postos de trabalho formais e informais no curto prazo. No longo prazo, esse número pode ultrapassar 1,3 milhão de
empregos perdidos. Consequentemente, a massa salarial também será comprometida, com perda estimada de R$ 6,5
bilhões no curto prazo e R$ 24 bilhões no longo prazo.
Impacto sobre os agregados macroeconômicos - BR
Curto Prazo Longo Prazo
Variável
PIB real
C – Consumo das famílias
G – Consumo do governo
I – Investimentos
%-0,40-0,67-0,10
0,00
X – Exportações
M – Importações-5,8-5,64
%-1,49-3,82
0,86-2,66-2,62-10,90
Impacto sobre emprego, massa salarial e
arrecadação do governo - BR
Variável
Emprego agregado (formal + informal)
Massa salarial (R$ bilhões)
Curto Prazo Longo Prazo-538.270-6,55-1.304.002-24,39
Arrecadação total do governo (R$ bilhões)-1,31-4,86
Os efeitos não se limitam ao agregado macroeconômico: também se manifestam na dinâmica setorial. As maiores
retrações concentram-se, no curto prazo, na fabricação de equipamentos de transporte (-22,9%), na siderurgia e
ferro-gusa (-12,3%) e nos produtos de madeira (-7,7%). No longo prazo, essas perdas permanecem intensas nos
mesmos setores, mas passam a se espalhar também por segmentos voltados ao mercado interno, como educação
pública, saúde, serviços domésticos e atividades imobiliárias — sinalizando que os efeitos da medida alcançam a
base de consumodas famílias.
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MinasGerais, terceiromaiorestadoexportadorparaosEstadosUnidos, tambémsentiráosefeitosdaimposição
tarifária.AsprojeçõesindicamqueoPIBmineiropoderácairematéR$6,7bilhõesnocurtoprazo(-0,6%)ealcançar
umaperdadeR$21,5bilhõesnolongoprazo(-2%).Oconsumodasfamíliasnoestadodeveencolherentre0,91%e
4,41%,enquantoosinvestimentospodemregistrarquedadeaté3,19%nolongoprazo.
Oimpactosobreoempregoéigualmenterelevante:estima-seaeliminaçãodeaté58milpostosdetrabalhono
curtoprazo,edeaté187milno longoprazo. Issoresultariaemumaperdaderendaparaas famíliasmineiras
estimadaentreR$982milhõeseR$3,16bilhões.-22,9-12,3-7,7-2,9-2,4-2,1-2,1-1,9-1,7-1,7-1,2-1,1-1,0-1,0-0,9
Fab. de outros equipamentos de…
Prod. de ferro-gusa/ferroligas,…
Fab. de produtos da madeira
Fab. de calçados e de artefatos de…
Fab. de produtos de minerais não-…
Fab. de máquinas e equipamentos…
Fab. de máquinas e equipamentos…
Fab. de produtos de metal, exceto…
Metalurgia de metais não-ferosos…
Fab. de celulose, papel e produtos…
Fab. de peças e acessórios para…
Extração de petróleo e gás
Abate e produtos de carne
Água, esgoto e gestão de resíduos
Pecuária, inclusive o apoio à…-21,6-11,7-8,1-3,3-3,2-3,0-3,0-2,9-2,7-2,6-2,5-2,3-2,3-2,3-2,2
Fab. de outros equipamentos de…
Prod. de ferro-gusa/ferroligas,…
Fab. de produtos da madeira
Atividades imobiliárias
Fab. de produtos de minerais não-…
Educação privada
Fab. de calçados e de artefatos de…
Serviços domésticos
Saúde privada
Prod. florestal; pesca e aquicultura
Pecuária, inclusive o apoio à…
Água, esgoto e gestão de resíduos
Construção
Comércio por atacado e a varejo
Telecomunicações
Setores mais impactados (%) –curto prazo –BR Setores mais impactados (%) –longo prazo –BR
Impacto sobre os agregados macroeconômicos -MG
Variável Curto Prazo Longo Prazo
% %
PIB real -0,63-2,03
C –Consumo das famílias-0,91-4,41
G –Consumo do governo--
I –Investimentos 0,00-3,19
X –Exportações-6,82-4,61
M –Importações-6,03-11,64
Impacto sobre emprego, massa salarial e
arrecadação do governo -MG
Variável Curto Prazo Longo Prazo
Emprego agregado (formal + Informal)-58.053-187.061
Massa salarial (R$ bilhões)-0,982-3,16
Arrecadação total do governo (R$ bilhões)-0,176-0,567
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Setores mais impactados (%) –curto prazo -MG Setores mais impactados (%) –longo prazo -MG -12,5-10,1-3,8-3,5-3,0-2,3-2,1-1,7-1,7-1,6-1,6-1,6-1,5-1,2-1,2
Prod. de ferro-gusa/ferroligas,…
Fab. de outros equip. de transporte
Fab. de produtos de minerais…
Fab. de produtos da madeira
Fab. de celulose, papel e…
Fab. de máquinas e…
Manutenção, reparação e…
Fab. de calçados e de artefatos de…
Metalurgia de metais não-ferosos…
Extração de minerais metálicos…
Água, esgoto e gestão de resíduos
Fab. de máquinas e…
Fab. de produtos de metal,…
Fab. de defensivos,…
Transporte terrestre-11,9-8,0-4,8-3,9-3,6-3,4-3,4-3,2-3,1-3,0-3,0-2,9-2,8-2,8-2,8
Prod. de ferro-gusa/ferroligas,…
Fab. de outros equipamentos de…
Fab. de produtos de minerais…
Atividades imobiliárias
Fab. de produtos da madeira
Água, esgoto e gestão de resíduos
Serviços domésticos
Educação privada
Saúde privada
Construção
Pecuária, inclusive o apoio à…
Comércio por atacado e a varejo
Alimentação
Transporte terrestre
Prod. florestal; pesca e…
Setorialmente, aquelesmaisatingidosnoestadoseguematendêncianacional: siderurgiaeferro-gusa(-12,5%),
fabricaçãodeequipamentosdetransporte (-10,1%)eprodutosdemineraisnãometálicos (-3,8%) registramas
maioresretraçõesnocurtoprazo.Nolongoprazo,essasperdaspersistemeseexpandemparaatividadesdosetor
deserviços.
Cenários Hipotéticos
PIB (%)
Emprego (formal + informal)
Massa salarial (R$ bilhões)
Impostos (R$ bilhões)
CH I-2,21-1.934.124-36,18-7,21
CH II-2,49-2.179.171-40,77-8,13
CH III-5,68-4.970.961-92,99-18,54
AanálisedoscenárioshipotéticosdeescaladatarifáriaentreBrasileEstadosUnidospermiteestimarospotenciais
danos econômicos emtrês configurações distintasde retaliaçãocomercial. Esses cenários simulamvariações na
intensidadee reciprocidadedas tarifas impostas por ambosospaíses, projetandoseus impactos sobreoPIB, o
emprego,amassasalarialeaarrecadaçãodeimpostos.Cabedestacarque,paraessescenários, foramconsiderados
apenasosefeitosdelongoprazo,ouseja,de5a10anos.
NoCenárioHipotéticoI(CHI),oBrasiladotaumamedidaderetaliaçãoaplicandotambémumatarifade50%,ouseja,
nomesmopatamardautilizadapelosEstadosUnidos.Nessecaso, estima-seuma retraçãode2,21%doPIB–o
equivalenteacercadeR$259,6bilhões–, alémdaeliminaçãodeaproximadamente1,93milhãodepostosde
trabalho.Aperdademassasalarial poderiaalcançarR$36,18bilhões, enquantoaarrecadaçãotributáriapoderia
recuaremR$7,21bilhões,comprometendotantooconsumodasfamíliasquantoasustentabilidadefiscal.
BRASIL
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No Cenário Hipotético II (CH II), os Estados Unidos intensificam a retaliação e impõem uma tarifa de 100% sobre os
produtos brasileiros. Os impactos econômicos se agravam: estima-se uma queda de 2,49% do PIB e a perda de 2,18
milhões de empregos. A massa salarial da população brasileira sofreria uma redução de R$ 40,77 bilhões, e a
arrecadação pública teria uma contração de R$ 8,13 bilhões.
Já o Cenário Hipotético III (CH III) representa a situação mais extrema, caracterizada por retaliação mútua com tarifas
de 100% por parte de ambos os países, além da redução nos investimentos estrangeiros diretos no Brasil. Nesse
cenário, os efeitos sobre a economia brasileira seriam substancialmente mais severos: a perda no PIB pode chegar a
5,68%, o equivalente a R$ 667,1 bilhões. O impacto no mercado de trabalho seria expressivo, com quase 5 milhões
de empregos perdidos, e a massa salarial sofreria uma contração de R$ 92,99 bilhões, comprometendo gravemente o
poder de compradas famílias. A arrecadação de impostos, por sua vez, recuaria em R$ 18,54 bilhões.
MINAS GERAIS
PIB (%)
Emprego (formal + informal)
Massa Salarial (R$ bilhões)
Impostos (R$ bilhões)
CH I-2,85-262.623-4,44-0,796
CH II-3,19-293.953-4,97-0,891
CH III-6,03-443.233-7,49-1,34
Além dos efeitos em âmbito nacional, os impactos econômicos decorrentes da imposição de tarifas também se
estendem ao plano regional. No caso de Minas Gerais, estado fortemente integrado às cadeias de exportação, os
danos econômicosestimadosnos três cenários hipotéticosrevelam perdas expressivasem diversas frentes.
No cenário mais moderado (CH I), a economia mineira poderia registrar uma queda de 2,85% no PIB, o equivalente
a aproximadamente R$ 30,2 bilhões, com a eliminação de 262 mil postos de trabalho. Isso implicaria em uma
retração de R$ 4,4 bilhões na massasalarial e uma redução de quase R$ 800 milhõesna arrecadaçãode impostos.
À medida que se intensificam as medidas retaliatórias (CH II), os prejuízos aumentam: o PIB estadual recuaria
3,19%, com a perda de quase 294 mil empregos e de cerca de R$ 5 bilhões em rendimentos salariais, além de um
impacto negativo de R$ 891 milhõessobre a arrecadaçãopública.
No cenário mais adverso (CH III), a economia mineira enfrentaria um choque de grande magnitude: o PIB poderia
cair 6,03%, resultando em prejuízos estimados em R$ 63,8 bilhões. O número de empregos comprometidos
ultrapassaria os 443 mil postos, enquanto a massa salarial das famílias mineiras seria reduzida em R$ 7,49 bilhões.
A perda de R$ 1,34 bilhão em impostos comprometeria significativamente a capacidade de resposta fiscal do
estado.
De modo geral, os resultados apontam que a imposição da tarifa compromete não apenas as exportações e a
produção nacional, mas também os fluxos de renda, o emprego, o nível de investimento e a arrecadação tributária.
O agravamento das tensões– caso não haja um acordo diplomático entre os países– tende a amplificar os
impactos negativos, afetando tanto os setores produtivos quanto o mercado interno, com riscos concretos de uma
desaceleração econômica prolongada e de perda de competitividade.
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Conclusões e expectativas
A análise realizada permite concluir que o Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação comercial sólida, marcada
por interdependência bilateral. Nesse contexto, a imposição de tarifas sobre o comércio entre os dois países gera
impactos relevantes para a economiabrasileira, escopo abordado neste estudo.
A depender do escalonamento das sanções — inicialmente com a aplicação de uma tarifa de 50% por parte dos
Estados Unidos —, os efeitos podem ser expressivos. Estima-se uma possível retração de até 5,7% no PIB nacional,
além de impactosregionais relevantes, como em Minas Gerais, cujo PIB poderia sofrer uma queda de até 6%.
Embora os impactos agregados possam parecer moderados em alguns cenários, determinados setores
especialmente aqueles fortemente voltados à exportação para o mercado norte-americano– tendem a ser
duramente atingidos. Isso compromete não apenas a produção do setor, mas também o emprego e a geração de
renda, intensificando os efeitos negativos sobre a atividade econômica.
Adicionalmente, é importante considerar os efeitos indiretos decorrentes do aumento da instabilidade nas relações
bilaterais. Entre eles, destaca-se a possível retração nos fluxos de investimento estrangeiro direto– fator essencial
para o crescimento de longo prazo. A deterioração das condições comerciais também pode pressionar variáveis
macroeconômicas, comoa inflação, ampliandoos desafios econômicosjá enfrentados pelo país.
Diante desse cenário, a expectativa é de que Brasil e Estados Unidos avancem em um acordo diplomático que evite a
aplicação da tarifa de 50% prevista para 1º de agosto, bem como impeça eventuais retaliações e o agravamento das
tensões comerciais entre os dois países. Para a FIEMG, a via diplomática se apresenta como o caminho mais
adequado e eficaz para resolver a questão e preservar a relação comercial estratégicaentre as nações.
Referências
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Products Distinguished by Place of Production.
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WorkingPaper No. OP-93.
Elaboração: Gerência de Economia e Finanças Empresariais.
Gerência de Economia e Finanças Empresariais
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Winter, S. G. (1984). Schumpeterian competition in
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Wittwer, G. (Ed.). (2012). Economic Modeling of Water:
The Australian CGE Experi.
Ficha Técnica
REALIZAÇÃO
FIEMG
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
PRESIDENTE
Flávio Roscoe Nogueira
SUPERINTENDENTE DE DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA
Érika Morreale Diniz
RESPONSABILIDADE TÉCNICA
Gerência de Economia e Finanças Empresariais
GERENTE/ECONOMISTA-CHEFE
João Gabriel Pio
COORDENADORAS
Daniela Araujo Costa Melo Muniz
Juliana Moreira Gagliardi
EQUIPE TÉCNICA
Aguinaldo de Lima Assunção
Ana Guaraciaba Gontijo
Arthur Augusto Dias de Oliveira
Cibele Guedes Santiago
Geysa de Souza Silva
Luiza de Mello Teixeira
Thiago de Assis Gonzaga
Vithor Adolfo Lana
Esta publicação é elaborada com base em análises internas. Não nos
responsabilizamos pelos resultados das decisões tomadas com base
no conteúdo deste material.
Esta publicação é elaborada com base em análises internas. Não nos
responsabilizamos pelos resultados das decisões tomadas com base. O artigo no Site Sistema FIEMG.
A eleição de meio de mandato (ou midterm election, em inglês) refere-se a um tipo de eleição que ocorre, geralmente, na metade do mandato de um presidente ou chefe de governo eleito para um período fixo, como o de quatro anos nos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos
Nos EUA, onde o termo é mais comum, essas eleições acontecem a cada dois anos e têm grande importância no cenário político do país.
O que está em disputa: O pleito renova todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes (cujos mandatos são de dois anos) e cerca de um terço das 100 cadeiras do Senado (cujos mandatos são de seis anos).
Abrangência: Além das vagas no Congresso nacional, os eleitores de muitos estados (36 dos 50) também votam para governador e decidem sobre consultas populares locais (plebiscitos).
Significado político: Essas eleições são frequentemente vistas como um "plebiscito" ou um teste de popularidade e aprovação da administração do presidente em exercício. O resultado pode fortalecer ou dificultar a governabilidade do presidente, dependendo se seu partido consegue manter ou perder o controle das casas legislativas (Câmara e Senado).
Importância
O principal impacto das eleições de meio de mandato é a potencial mudança no equilíbrio de poder legislativo, o que pode travar ou acelerar a agenda política do governo nos anos seguintes.
O pragmatismo político é uma abordagem que prioriza a obtenção de resultados práticos e soluções eficazes para os problemas reais da sociedade, em vez de se prender rigidamente a dogmas ideológicos ou doutrinas teóricas. A palavra "pragmatismo" deriva do grego prágma, que significa ação ou ato, denotando uma postura prática e realista.
Princípios e Características
Foco na Praticidade: A principal característica é a busca por soluções que funcionem no mundo real, adaptando o conhecimento aos fins da vida prática e do agir.
Flexibilidade Ideológica: Líderes ou partidos políticos pragmáticos tendem a ser flexíveis em suas crenças ideológicas, formando alianças ou adotando políticas que, em outras circunstâncias, poderiam ser consideradas opostas aos seus valores tradicionais, se isso levar a um resultado positivo.
Orientação para Resultados: A "verdade" ou a validade de uma política é medida por suas consequências práticas e sua capacidade de solucionar problemas imediatos, e não por sua conformidade com uma teoria abstrata.
Adaptação ao Contexto: Uma postura pragmática exige atenção ao contexto particular em que uma situação se encontra, reconhecendo que o mundo ideal não existe e que é preciso trabalhar com a realidade disponível.
Exemplos na Prática
Diplomacia e Relações Internacionais: O Brasil frequentemente adota uma política externa de "pragmatismo responsável", mantendo relações de interesse comercial e diplomático com nações de diferentes espectros ideológicos, sem necessariamente compartilhar de suas visões políticas ou de amizade.
Formação de Coalizões: Acordos políticos entre partidos com ideologias distintas para formar governos de coalizão ou aprovar leis, onde ambas as partes cedem em certos pontos para alcançar um objetivo comum (como governabilidade ou aprovação de reformas), são exemplos clássicos de pragmatismo político.
Em suma, o pragmatismo político valoriza a eficiência e a eficácia na resolução de problemas concretos, mesmo que isso signifique fazer compromissos ou desviar-se de um caminho ideológico predefinido.
Estaria Donald Trump tendo o pragmatismo politico ?
Confira a reportagem no UOL .https://noticias.uol.com.br/
E assim caminha a humanidade.
Imagem ; UOL.
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