segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Pura tolice .

  Direita, esquerda e centro são termos que designam posições no espectro político-ideológico, originários da Revolução Francesa, e que evoluíram para classificar diferentes visões sobre o papel do Estado, a economia e as questões sociais. 

Esquerda

A esquerda política geralmente defende a igualdade social e maior intervenção estatal na economia para atingir esse objetivo. 

Princípios: Busca a justiça social, valoriza o coletivo sobre o individual e defende a inclusão de grupos marginalizados.

Economia: Apoia reformas tributárias, fiscais e sociais, e, em vertentes mais radicais (extrema-esquerda), a socialização dos meios de produção e o fim do capitalismo.

Social: Tende a ser progressista, defendendo os direitos das minorias e pautas ambientais. 

Direita

A direita política tende a defender a manutenção do capitalismo, o livre mercado e a ordem social. 

Princípios: Valoriza o individualismo, a meritocracia e a propriedade privada, muitas vezes argumentando que a desigualdade econômica é natural.

Economia: Defende um "estado mínimo", com pouca intervenção na economia, e políticas neoliberais.

Social: Tende a ser conservadora, focando em valores tradicionais e podendo, em vertentes mais extremas, descambar para o ultranacionalismo e autoritarismo. 

Centro

O centro político busca um equilíbrio entre as ideologias de esquerda e direita, posicionando-se no meio do espectro. 

Princípios: Tenta conciliar a eficiência econômica do livre mercado com a justiça social e um programa social moderado.

Posicionamento: Não possui posições ideológicas rígidas, transitando entre a centro-direita e a centro-esquerda, dependendo do contexto e buscando o consenso. 

As definições exatas variam conforme o contexto histórico e geográfico, e os termos são frequentemente usados para classificar partidos e grupos em um espectro complexo. Segundo o Sociólgo, Mestre e Doutor Cesar Portantiolo Maia, no Qarto Periodo da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcantara Machado (FIAAM FAAM).

Confira a dissertação do autor  PEDRO ALEXANDRE DE OLIVEIRA SANTOS 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO 

MESTRADO EM COMUNICAÇÃO  

PEDRO ALEXANDRE DE OLIVEIRA SANTOS 

A Política de Distribuição da Verba Publicitária do Governo Federal no Brasil 

(2000/2014) 

São Cristóvão-SE 

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO 

MESTRADO EM COMUNICAÇÃO 

PEDRO ALEXANDRE DE OLIVEIRA SANTOS 

A Política de Distribuição da Verba Publicitária do Governo Federal no Brasil 

(2000/2014) 

Trabalho de dissertação apresentado como requisito 

parcial à obtenção do título de Mestre em 

Comunicação, junto ao Mestrado em Comunicação – PPGCOM/UFS, realizado sob a orientação da 

Prof. Dr. César Ricardo Siqueira Bolaño. 

São Cristóvão-SE 

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO 

MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SOCIEDADE 

BANCA EXAMINADORA: 

__________________________________________ 

Prof. Dr.César Ricardo Siqueira Bolaño 

(Orientador) 

__________________________________________ 

Prof. Dr. Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho 

(Interno) 

__________________________________________ 

Prof. Dr. Fabio Rodrigues de Moura 

(Externo) 

RESUMO 

A política de comunicação do Estado brasileiro baseada na distribuição verba 

publicitária ou verba de mídia do Governo Federal, em partes, consiste no montante de 

recursos públicos destinados para a compra de espaço publicitário nos diferentes meios e 

veículos de comunicação no país, para veiculação da propaganda institucional do governo. A 

distribuição dessa verba de mídia, geralmente, é direcionada para o sistema industrial de 

comunicação formado pela rede de radiodifusão nacional, que por sua vez, é responsável por 

grande parcela da comercialização da mercadoria audiência produzida sob a égide da 

Indústria Cultural durante o desenvolvimento do capitalismo monopolista. A ausência de 

trabalhos que aprofundem a discussão sobre os nexos entre verba publicitária federal e o 

mercado oligopólico da comunicação nos levaram a questionar em que sentido o Governo 

Federal ao se tornar um comprador da mercadoria audiência contribui para a manutenção do 

mercado oligopólico de comunicação no país? Nossa hipótese é a de que o Governo Federal, 

na condição de anunciante e respectivamente comprador da mercadoria audiência, contribui 

para manutenção do mercado oligopólico de comunicação, em detrimento do sistema público. 

O presente trabalho tem como objetivo analisar os aspectos históricos, econômicos políticos 

que respaldam a política de distribuição da verba publicitária do Governo Federal, bem como 

a localização deste no circuito da comunicação alimentado pela Indústria Cultural no Brasil. 

A metodologia utilizada é própria dos estudos críticos da Economia Política da Comunicação 

(EPC), e articula a análise dos dados quantitativos referentes ao montante de verba de mídia 

distribuída para os meios de comunicação, ofertados pelo Governo Federal de 2000 a 2014, 

com a pesquisa documental, tomando como referência os dados ofertados pelo Instituto para 

Acompanhamento da Publicidade (IAP), e, a gama de referências bibliográficas nacionais e 

internacionais, a partir dos estudos de César Bolaño (2000 e 2004), Valério Britos (2000) 

Dallas Smythe (1977), Celso Furtado (2005) e Maria Arminda (2015). Espera-se com essa 

pesquisa contribuir para o avanço do conhecimento crítico na área da EPC e apresentar 

ferramentas para futuras análises sobre o tema em questão. 

Palavras-chave: Indústria Cultural, Audiência, Cultura, Propaganda, Publicidade, Governo 

Federal, Mídia 

ABSTRACT 

The communication policy of the Brazilian State, based on the distribution of advertising 

dollars or federal media funds, in parts, consists of the amount of public resources destined to 

the purchase of advertising space in the different media and communication vehicles in the 

country, in order to advertise institutional framework of government. The distribution of this 

amount of media is usually directed to the industrial communication system formed by the 

national broadcasting network, which in turn is responsible for a large portion of the 

commercialization of the merchandise audience produced under the aegis of the Cultural 

Industry during the development of the monopoly capitalism. The absence of papers that 

deepen the discussion about the links between federal advertising and the oligopolistic market 

of communication have led us to question in what sense the Federal Government, when 

becoming a buyer of the merchandise audience contributes to the maintenance of the 

oligopolistic communication market in the country ? Our hypothesis is that the Federal 

Government, as advertiser and buyer of the merchandise audience, contributes to the 

maintenance of the oligopolistic communication market, to the detriment of the public system. 

The present work has the objective of analyzing the historical, economic and political aspects 

that support the policy of distribution of the advertising budget of the Federal Government, as 

well as its location in the communication circuit fed by the Cultural Industry in Brazil. The 

methodology used belongs to the Critical Studies of the Political Economy of Communication 

(EPC), and articulates the analysis of quantitative data referring to the amount of media 

funding distributed to the media, offered by the Federal Government from 2000 to 2014, with 

the research (2000 and 2004), Valério Britos (2000), Dallas Smythe (2000), and the Brazilian 

Institute of Public Information (IAP), and the range of national and international 

bibliographical references, based on studies by César Bolaño (2000 and 2004). 1977), Celso 

Furtado (2005) and Maria Arminda (2015). It is hoped that this research will contribute to the 

advancement of critical knowledge in the area of the EPC and present tools for future analysis 

on the subject in question. 

Key words Industry, Audience, Culture, Advertising, Advertising, Federal Government, Media. 

 

  

 

 

 

LISTA DE QUADROS 

Quadro 1 - Funções da SECOM/PR a partir da Lei nº 10.683/03 e da Lei nº 

11.497/07.............................................................................................................................................................52 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

  

 

 

 

LISTA DE TABELAS 

Tabela 1- Investimento Publicitário no Mundo em Milhões de Dólares (1970-1974).............35 

Tabela 2– Ranking de gastos publicitários do Governo Federal por Mídia..............................60 

Tabela 3- Lista de Investimento nas Empresas de Internet.......................................................70 

Tabela 4- Lista de Investimento nas Empresas de TV..............................................................71 

Tabela 5- Lista de Investimento nas Empresas de Rádio..........................................................73 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

  

 

 

 

LISTA DE GRÁFICOS  

Gráfico 1 - Investimento anual em Mídia no Brasil – 2007 a 2016 (valores correntes em R$ 

bilhões)......................................................................................................................................58 

Gráfico 2 - Evolução da verba de mídia do Governo Federal- Valores Nominais (R$ 

bilhões)......................................................................................................................................61 

Gráfico 3 - Evolução da verba de mídia do Governo Federal de 2000 a 2014 (R$ bilhões, 

valores deflacionados pelo IPCA, base 

2014).........................................................................................................................................62 

Gráfico 4 - Gastos com FUNDEB e Verba de Mídia no Brasil - 2000 a 2014 (R$ milhares, 

valores deflacionados pelo IPCA, base 2014)..........................................................................64 

Gráfico 5 - Análise Comparativa entre Seguridade Social- Saneamento e Verba de Mídia 

Governo Federal (valores deflacionados pelo IPCA, base 2014).............................................65 

Gráfico 6- Distribuição por 

meio...........................................................................................................................................80 

Gráfico 7 - Gastos do Governo com Mídia por Região - 2000 a 2014 (Valor Real IPCA, ano 

base 2014).................................................................................................................................75 

Gráfico 8 - Gastos do Governo com Mídia por Região - 2008 a 2014 (Valor Real IPCA, ano 

base 2014).................................................................................................................................76 

Gráfico 9 - Gastos do Governo com Mídia por Região - 2000 a 2002 (Valor Real IPCA, ano 

base 2014).................................................................................................................................76 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS 

Secom/PR – Secretaria Especial de Comunicação Social  

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação 

EPC- Economia Política da Comunicação  

CENP- Conselho Executivo das Normas-Padrão  

Forcom- Fórum Permanente da Indústria da Comunicação  

 

  

 

 

 

 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 - Distribuição da Verba de Mídia Mundial 2016 – Top 25........................................64 

Figura 2- Ranking dos Maiores Anunciantes do Mercado Publicitário Brasileiro (em R$ 

milhares) ...................................................................................................................................67 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

SUMÁRIO 

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................17 

 

CAPÍTULO 1-MERCADORIA AUDIÊNCIA, ESTADO E A CONTRADIÇÃO DA 

INFORMAÇÃO CAPITALISTA.............................................................................................20 

1.1-O A QUESTÃO DA MERCADORIA AUDIÊNCIA NA 

EPC...........................................................................................................................................21 

1.2 - PUBLICIDADE, PROPAGANDA E A ECONOMIA POLÍTICA DA 

COMUNICAÇÃO...................................................................................................................25 

1.3 - O CRITÉRIO DA MÍDIA TÉCNICA PARA O GOVERNO 

FEDERAL.................................................................................................................................30 

 

CAPÍTULO 2 - FORMAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA, DO MERCADO 

PUBLICITÁRIO E SUA 

LEGISLAÇÃO..........................................................................................................................31 

 2.1-BREVE SÍNTESE HISTÓRICO DA ECONOMIA 

BRASILEIRA...........................................................................................................................32 

 

2.2- DESENVOLVIMENTO DO MERCADO PUBLICITÁRIO NO BRASIL E A 

CRIAÇÃO DA LEI DE 

PROPAGANDA.......................................................................................................................34 

  

2.3- LEI DE LICITAÇÃO GERAL..........................................................................................38 

 

2.4-LEI DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE PUBLICIDADE 

...................................................................................................................................................42 

 

2.5-ASECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO 

SOCIAL....................................................................................................................................56 

 

CAPÍTULO 3 - ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA VERBA DE MÍDIA DO GOVERNO 

FEDERAL DE 2000 A 2014....................................................................................................54 

 

  

 

 

 

 

3.1 - REALIDADE DO MERCADO PUBLICITÁRIO EM NÚMEROS NO MUNDO E NO 

BRASIL....................................................................................................................................55 

3.2 – BREVE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS GASTOS COM PUBLICIDADE E 

SEGURIDADE SOCIAL..........................................................................................................63 

3.3 – DISTRIBUIÇÃO DA VERBA DE MÍDIA DO GOVERNO FEDERAL POR MEIO E 

VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO............................................................................................66 

3.4 - A REGIONALIZAÇÃO DA VERBA DE MÍDIA DO GOVERNO FEDERAL EM 

NÚMEROS...............................................................................................................................74 

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................78 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................80 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO 

A verba de mídia do Governo Federal brasileiro consiste no montante de recursos 

públicos utilizados para compra de espaços publicitários, com o objetivo de veicular a 

propaganda estatal em diferentes meios de comunicação de massa, em especial nos grandes 

conglomerados de comunicação, partícipes do sistema privado de radiodifusão nacional e 

internacional. O investimento publicitário do Governo Federal destinado aos meios de 

comunicação tem aumentado de forma considerável nos últimos anos. O critério de “mídia 

técnica”, garantido pela Instrução Normativa nº 2/2008, que privilegia os índices de audiência 

e indicadores de penetração geográfica, apresenta-se como elemento central que define a 

estratégia de segmentação dos recursos públicos do Estado brasileiro na forma de verba de 

mídia para os meios de comunicação. Assim, sob a argumentação de um plano de 

comunicação eficiente entre o Governo Federal e a sociedade civil, o Estado brasileiro, a 

partir da distribuição da verba de mídia, como parte de sua política de comunicação, favorece 

as empresas de comunicação que atendem ao critério mencionado, reforçando assim o caráter 

oligopolista dos mercados de comunicação, especialmente o oligopólio altamente concentrado 

que constitui o mercado brasileiro de televisão (Bolaño, 1988). 

Segundo os dados apresentados por Santos1 (2015), que tratam da verba de mídia da 

Presidência da República, de 2011 a 2014, a esta, através da Secretaria de Comunicação, 

destinou o total de R$ 640 milhões em verba de mídia para diferentes meios de comunicação 

nacional e internacional.  Dessa soma, o sistema de televisão brasileiro concentrou o total 

geral de R$ 424 milhões, sendo que maior parte desse recurso se concentrou em cinco 

emissoras, a Rede Globo que recebeu R$ 189 em seguida aparece a Rede Record com o total 

de R$ 81 milhões SBT com R$ 69 milhões, em quarto lugar a Bandeirantes com R$ 19 

milhões, e por último, a Rede TV com R$ 12 milhões.  O Governo Federal (administração 

direta e indireta), em quatro anos (de 2011 a 2014), aplicou a soma de R$ 9,8 bilhões em sete 

diferentes meios de comunicação para veiculação da propaganda. E assim como a Presidência 

da República, o conjunto do Governo Federal concentrou a maior parte desses recursos no 

meio televisivo, somando o valor de R$ 6, 3 

1 Trabalho desenvolvido pelo autor na Monografia defendida no curso de Graduação em Publicidade e 

Propaganda. Departamento de Comunicação Social, Universidade Federal de Sergipe, 2015. 

18 

Assim a compra de espaço publicitário nos meios de comunicação de massa pelo 

Estado brasileiro, constitui a manutenção de um sistema de comunicação a serviço da 

Indústria Cultural, em especial o setor de radiodifusão. Este, sustentado pela receita 

publicitária é formado pelos grandes comerciantes de audiência, servindo aos produtores de 

bens e serviços ao próprio Estado. 

São poucos os trabalhos acadêmicos que discutem o processo de financiamento 

público dos meios privados de comunicação através da distribuição da verba publicitária do 

Governo Federal. Sobre o tema referido, é possível apenas detectar um artigo elaborado por 

Ormay e Rodrigues (2014)2,  para Revista Eptic3.  Outras reflexões sobre o tema foram 

realizadas pelo Coletivo Brasil de Comunicação, Intervozes (2014)4. 

A escassez de trabalhos acadêmicos acerca do tema supracitado tornou-se elemento 

essencial para desenvolver o presente trabalho dissertativo, cujo seu principal objetivo é 

analisar como decorreu o processo de distribuição da verba de mídia do Governo Federal 

dentro de um marco temporal de quatorze anos, de 2000 a 2014. Para tanto, definimos como 

objetivos específicos: a) discutir a política de comunicação do Governo Federal a partir dos 

arranjos legais e institucionais; b) discutir a contribuição do Estado na manutenção da 

Indústria Cultural no momento em que se insere no circuito de consumo da mercadoria 

audiência; c) discutir o resultado da política de regionalização da verba de mídia do Governo 

Federal, d) explicar a formação do mercado de audiência a partir do processo histórico da 

economia brasileira.  

A metodologia aplicada está fundamentada na concepção crítica da Economia Política 

da Comunicação (EPC), onde a adoção da categoria mercadoria torna-se pela chave para 

compreendermos a política de segmentação da verba de mídia do Governo Federal.  

A abordagem metodológica fundamenta-se a partir da triangulação dos métodos de 

análise qualitativa e quantitativa dentro de uma perspectiva de complementaridade, a fim de 

assegurar uma compreensão em profundidade do fenômeno em questão, onde na 

oportunidade. A primeira fase da pesquisa de método qualitativo investiga-se, através da 

2ORMAY, Larissa Santiago; RODRIGUES, MACHADO, Theófilo Codeço. Financiamento público da mídia 

privada no Brasil: Notas para uma Economia Política da Comunicação.  Trabalho publicado na Revista 

Científica da EPITIC. 2014. 

3Revista eletrônica da Rede de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura.  

4

 Intervozes. Coletivo Brasil de Comunicação Social. Projeto cria cota regional de 20% para verba publicitária de 

governo. Publicado em <http://www.intervozes.org.br/direitoacomunicacao/?p=23820>. Acessado em 29 de 

novembro às 18:00hrs 

19 

contribuição teórica da EPC e, análise de documentos (oficiais e não oficiais) que dão 

sustento a política de comunicação do Governo Federal, sob a ótica da verba de mídia. O 

método quantitativo, que representa a segunda fase, traz como instrumento de análise o banco 

de dados referentes aos valores reais gastos com mídia ao longo de quatorze anos (2000 a 

2014), ofertado pelo Instituto para Acompanhamento da Publicidade - IAP.  

Este trabalho é composto por três capítulos, sendo que o primeiro tem como principal 

objetivo a discussão teórica acerca da audiência como mercadoria produzida no bojo das 

relações de trabalho desenvolvidas na Indústria Cultural. Para isso, utilizou-se de dois teóricos 

da Economia Política da Comunicação (EPC), César Bolaño (2000) e Dallas Smythe (1979), 

ambos de base marxista. Acredita-se que a leitura teórica em torno da audiência na condição 

de uma mercadoria, contribui para que possamos compreender como se localiza a política de 

comunicação do Governo Federal, a partir de sua propaganda institucional, no bojo da 

Indústria Cultural. Para isso, utilizar-se-á do método-teórico desenvolvido pela EPC. 

Em seguida, no segundo capítulo pretende-se analisar a formação do mercado 

brasileiro de consumo, considerando o desenvolvimento da economia nacional com base nos 

estudos de Celso Furtado (2005) e César Bolaño (2004) e Caio Prado Júnior (1976). Após 

isso, o capítulo seguirá abordando o histórico de formação do mercado brasileiro de 

publicidade, considerando os estudos de Maria Arminda (2014), bem como a regulamentação 

legal do mercado supramencionado, com enfoque nas leis que mediam a contratação deste 

serviço pela administração pública.  

O terceiro e último capítulo, objetiva-se analisar a política de distribuição da verba de 

mídia a partir dos dados quantitativos, considerando os valores referentes aos recursos 

financeiros aplicados pelo governo para a compra de espaços publicitários nos diferentes 

meios e veículos de comunicação ao longo de quatorze anos (2000 -2014), identificando 

assim o total destinado para a compra de mídia (seja para o sistema público ou privado de 

comunicação); as empresas de comunicação que mais receberam estes recursos e como se 

hierarquiza a distribuição dessa verba a partir das regiões geográficas do Brasil.  

Por fim, as considerações finais trará a síntese dos resultados obtidos a partir da 

intersecção realizada entre a análise e interpretação dos elementos qualitativos e quantitativos, 

a fim de responder o elemento hipotético da pesquisa, bem como detectar novos caminhos 

para dar continuidade ao presente estudo.   

20 

CAPÍTULO 1 - MERCADORIA AUDIÊNCIA, ESTADO E A CONTRADIÇÃO 

PUBLICIDADE E PROPAGANDA.  

O presente capítulo objetiva analisar os aspectos que envolvem a política de 

distribuição da verba de mídia de todo o Governo Federal, a partir da sua localização no 

interior da Indústria Cultural. Ele se divide em duas partes. A primeira corresponde à 

discussão em torno da mercadoria audiência produzida pelo sistema de comunicação de 

massa, objeto primordial de consumo por parte do Governo Federal no momento em que este 

escolhe os meios de comunicação para veicular sua propaganda institucional. A definição de 

um conceito de audiência como mercadoria foi feita em momentos distintos por diferentes 

tradições marxistas presentes na Economia Política da Comunicação (EPC). A primeira 

definição foi a do professor canadense Dallas Smythe (1977), que em linhas gerais, reconhece 

a forma mercadoria da audiência como algo produzido pelos meios de comunicação de massa 

e a instituição familiar, a partir de um trabalho que seria exercido pelo próprio público 

consumidor. O segundo ponto de vista é de César Boalño (2000/2006), quem afirma ser a 

mercadoria audiência produzida pelo trabalho (cultural) empregado pela Indústria Cultural. 

A política de comunicação do Estado brasileiro, em especial a compra de espaço 

publicitário nos meios de comunicação de massa para veiculação da propaganda política e da 

publicidade de seus atos, ao atender o critério da chamada “mídia técnica”, que não é outra 

coisa senão a distribuição de verba segundo os níveis de audiência segue a mesma lógica da 

compra da referida mercadoria, servindo assim para manutenção da Indústria Cultural, em 

especial o setor de radiodifusão. Este, sustentado pela receita publicitária é formado pelos 

grandes comerciantes de audiência, para o capital monopolista, produtor de bens e serviços, e 

o próprio Estado, como veremos mais adiante. 

A segunda parte discute a contradição inerente ao fenômeno da comunicação de massa 

produzida pela Indústria Cultural e o papel do Estado. A escolha da perspectiva teórico

metodológica da EPC, de base marxista, se deve à sua importante contribuição no campo dos 

estudos comunicacionais em torno das relações de poder presentes no sistema econômico, 

político, comunicacional e cultural, em especial a reflexão sobre o papel das tecnologias de 

informação e comunicação (TIC). 

O estudo em torno da distribuição de verba publicitária do Governo Federal, como 

parte de sua política de comunicação, deve desdobrar-se em análises capazes de identificar 

21 

tanto o aspecto quantitativo de distribuição do bolo publicitário estatal entre os diferentes 

veículos e meios de comunicação, quanto os elementos que estruturam a relação qualitativa 

entre o Estado e a Indústria Cultural no Brasil. 

1.1- A QUESTÃO DA MERCADORIA AUDIÊNCIA NA EPC 

Ao traçar uma crítica aos estudos marxista na área da comunicação que tinham como 

principal enforque a analise da capacidade de controle ideológico que os meios de 

comunicação exerciam sobre as massas a fim de legitimar o sistema político e econômico, 

Dallas Smythe deu o ponta pé inicial na tentativa de compreender a função econômica do 

sistema de comunicação. Para o autor, esses estudos devem ser considerados pré-científicos e 

idealistas, em seu ensaio Comunications: Blind spot of Marxism (1977): 

A visão burguesa idealista da realidade e da mercadoria de 

comunicação é "mensagens", "informação", "imagens", "sentido", 

"entretenimento", "orientação", "educação" e "manipulação". Todos esses 

conceitos são entidades mentais subjetivas e todos lidam com aparências 

superficiais. Em nenhum lugar os teóricos que adotam essa cosmovisão 

lidam com a forma de mercadoria sob o capitalismo monopolista, no qual 

existem parasitariamente uma série de sub mercados que lidam com a 

indústria 

cultural, 

por exemplo, os mercados de "notícias" e 

"entretenimento” (SMYTHE, 1977, pág. 2)5. 

Bolaño (2000), considerando a crítica de Smythe, detecta um grau de deficiência na 

formulação teórica do autor canadense, considerando-a genérica e redutora, pelo fato de 

apresentar uma série de conceitos díspares localizado em níveis de análise teórica 

diferenciados, principalmente pela adoção do conceito informação. Para Bolaño, é possível 

definir o conceito de informação “a partir de um nível tão elevado como o da caracterização 

em Marx de uma economia mercantil simples”. Mais adiante veremos como Bolãno traduz 

teoricamente o conceito de informação a partir da necessidade prática de acumulação do 

5Tradução literal: The bourgeois idealist view of the reality of the communication commodity is "messages", 

"information", "images", "meaning", "entertainment", "orientation", "education", and "manipulation". All of 

these concepts are subjective mental entities and all deal with superficial appearances. Nowhere do the theorists 

who adopt this worldview deal with the commodity form of mass communications under monopoly capitalism 

on which exist parasitically a host of sub-markets dealing with cultural industry, e.g., the markets for "news" and 

"entertainment".  

22 

capital monopolista, voltemos à análise de Smythe sobre a questão da mercadoria produzida 

no sistema de comunicação de massa. 

A primeira questão posta pelo canadense é que os materialistas históricos deveriam 

aprofundar suas análises sobre o sistema de comunicação capitalista, considerando sua função 

econômica no processo de acumulação do capital monopolista. O autor busca formular uma 

resposta à seguinte pergunta: “qual é a mercadoria das comunicações produzida em massa e 

financiada por anunciantes dentro do capitalismo de monopólio (Smythe, 1977, p. 2)?6”. A 

princípio Dallas Smythe parte da negativa de que as mercadorias sejam as imagens, 

informação, mensagens, significado, entretenimento, orientação, educação e manipulação, 

para o autor, estes elementos fazem parte de uma visão idealista burguesa e que todos esses 

conceitos partem de “entidades mentais” e de natureza “subjetiva”, que pariam no campo 

superficial das aparências na análise fenomênica.  

Negando a visão idealista, Smythe busca formular uma resposta materialista ao 

processo de produção mercantil desenvolvido pelo sistema de comunicação de massa 

localizado sob as condições de produção do capitalismo monopolista, conforme o autor: 

Afirmo que a resposta materialista à questão - qual é a forma mercadoria 

produzida pela comunicação de massa sob o capitalismo monopolista? - São 

públicos e leitores (a seguir designados por simplicidade como público). A realidade 

material sob o capitalismo monopolista é que todo o tempo de não dormir da maioria 

da população é o tempo de trabalho. Este tempo de trabalho é dedicado à produção 

de commodities-in-general (tanto em que as pessoas são pagas pelo seu trabalho 

como membros do público) e na produção e reprodução de seu poder (o pagamento 

é subsumido em sua renda). (Smythe, 1977, p. 9)7. 

Assim, o próprio público consumidor realiza uma espécie de trabalho para os 

anunciantes no momento em que desprende energia física e mental durante o consumo de 

bens e serviços. Para o autor canadense, o público ao consumir os produtos midiáticos, exerce 

uma espécie de trabalho capaz de gerar demandas para produção de diferentes mercadorias, 

que por sua vez são difundidas através das técnicas publicitárias. A recompensa deste trabalho 

6“What is the commodity form of mass-produced, advertiser-supported communications under monopoly 

capitalism? 

7 “I submit that the materialist answer to the question - What is the commodity form of mass-produced, 

advertiser-supported communications under monopoly capitalism? - is audiences and readerships (hereafter 

referred to for simplicity as audiences). The material reality under monopoly capitalism is that all non-sleeping 

time of most ofthe population is work time. This work time is devoted to the production of commodities-in

general (both where people get paid for their work and as members of audiences) and in the production and 

reproduction oflabour power (the pay for which is subsumed in their income)”  

23 

materializa-se através do consumo dos programas produzidos pelas indústrias culturais, 

gerando assim fidelidade do público. 

Mais adiante Smythe afirma que há uma pressão, imposta pelos mercados produtores 

de serviços e bens de consumo, para transformar o tempo em que os trabalhadores passam 

fora de seu espaço tradicional de trabalho, em tempo de trabalho. Em seguida, a questão do 

trabalho é posta nos seguintes termos: 

Neste contexto, o trabalho dos membros da audiência que os 

anunciantes acham produtivos para eles é uma das pistas de aprendizado que 

são usadas quando o membro da audiência compõe sua lista de compras 

mental e gasta sua renda (Smythe, 1977, p. 14)8. 

Ao afirmar que, no capitalismo monopolista, o público, durante seu tempo de ócio, 

executa uma espécie de trabalho, ao consumir os produtos da Indústria Cultural, Dallas 

Smythe faz um uso inadequado da categoria trabalho, pois desloca a questão para onde ela 

não deveria estar: na esfera do consumo individual, por definição, para Marx improdutiva. Por 

outro lado, desconsidera o tralhado realizado por artistas, escritores, jornalistas, cinegrafistas e 

etc., nas indústrias culturais e de comunicação.  

O pensamento de Smythe é influenciado por Willian Livant, segundo o qual, no 

capitalismo monopolista, todo tempo em que o trabalhador não dorme é tempo de trabalho 

dedicado à produção de mercadorias em geral. Nas palavras de Smythe: 

A realidade material sob o capitalismo monopolista é que o tempo 

em que a população não dorme é tempo de trabalho. Este tempo de trabalho 

é dedicado para produção de mercadorias em geral (as pessoas são pagas 

pelo seu trabalho como membros do público) e, na produção e reprodução de 

seu poder (o pagamento é subsumido em sua renda). Do tempo de trabalho 

fora do trabalho, o maior bloco é o tempo do público vendido aos 

anunciantes. Não é vendido pelos trabalhadores, mas pelos meios de 

comunicação de massa. Quem produz esta mercadoria? Os meios de 

comunicação de massa a partir do mix entre a publicidade oculta no 

8"In this context, the work of the audience members which advertisers find productive for them is one of 

learning cues which are used when the audience member makes up his/her mental shopping list and spends 

his/her income". 

24 

"programa", cujos mercados preocupam os teóricos da comunicação 

burgueses (Smythe, 1977, p. 3)9. 

Sobre a produção da mercadoria audiência a partir do deslocamento da categoria 

trabalho para o público consumidor realizada por Smythe, César Bolaño comenta: 

A solução não deixa de ser engenhosa, mas padece de evidente 

inconsistência: a relação entre meio de comunicação e público não é uma 

relação de trabalho, mas de comunicação, não uma comunicação qualquer, 

mas uma comunicação especificamente capitalista (...). Ademais, a brutal 

generalização do conceito de trabalho realizada por Livant é de um 

reducionismo a toda prova, que nem de longe toca na grande complexidade 

das questões envolvidas na análises da relação entre a lógica da produção 

capitalista e as outras lógicas sociais, opostas ou subsidiárias , que podem ser 

observadas nas formações econômicas capitalistas ou mesmo na da relação 

entre trabalho e ócio a partir da expansão da lógica do capital para muito 

além dos limites da produção industrial stricto sensu(Bolaño, 2000, p. 144). 

Além disso,  

(...) a grande deficiência do trabalho de Dallas Smythe é não 

considerar mais que uma mercadoria, desprezando completamente a 

importância decisiva do programa, tanto no que se refere à dialética que se 

estabelece entre o mercado de audiências e o de bens culturais, quanto à 

função que estes últimos cumprem junto ao público, além de negar os 

avanços das leituras marxistas anteriores, deslocando o eixo da discussão da 

função propaganda para a função publicidade dos meios, sem perceber a 

relação contraditória que existe entre ambas as necessidade de reprodução do 

sistema (Bolaño, 2000, p. 148). 

A resposta do próprio Bolaño à pergunta formulada por Smythe, ao considerar esses 

dois elementos (e ainda aquele da reprodução simbólica do mundo da vida) de forma 

articulada, passa pela definição das especificidades do trabalho cultural. Os diferentes 

trabalhos executados pelos profissionais que atuam na Indústria Cultural são, de um lado, 

trabalho concreto, produtor de uma mercadoria particular, capaz de satisfazer necessidades 

específicas. Essa utilidade consiste em realizar a mediação social a serviço do capital que o 

emprega, submetendo-se às necessidades de acumulação de capital por parte das empresas 

9“The material reality under monopoly capitalism is that all non-sleeping time of most ofthe population is work 

time. This work time is devoted to the production of commodities-in-general (both where people get paid for 

their work and as members of audiences) and in the production and reproduction oflabour power (the pay for 

which is subsumed in their income). Of the off-the-job work time, the largest single block is time of the 

audiences which is sold to advertisers. It is not sold by workers but by the mass media of communications. Who 

produces this commodity? The mass media of communications do by the mix of explicit and hidden advertising 

and "programme" material, the markets for which preoccupy the bourgeois communication theorists." 

25 

capitalistas com atuação no campo da comunicação e da cultura, na produção da mercadoria 

cultural propriamente dita (as séries para tv e plataformas digitais, os programas, filmes, as 

músicas). Do outro lado, os trabalhadores culturais gastam energia física e mental, realizando, 

assim, trabalho abstrato, produtor de valor e mais-valia, o interessante, segundo Boalño, é que 

com isso são produzidas duas mercadorias: a programação ou o programa, no difundido pelos 

meios de comunicação de massa, e a mercadoria audiência. Esta última é produzida com base 

no processo de mediação realizado pelo trabalhador da cultura, a serviço do capital investido 

nos grandes meios de comunicação de massa e nas indústrias culturais.  

Embora ambos os autores partam do reconhecimento da importância da mercadoria 

audiência para a reprodução do capitalismo monopolista, em Smythe, o público, no espaço 

doméstico, é quem realiza o trabalho produtivo, enquanto, para Bolaño, a produção da 

mercadoria audiência ocorre de acordo com a velha contradição capital-trabalho na esfera 

produtiva das indústrias culturais e de comunicação. Neste caso, a mercadoria audiência tem 

valor de uso e valor e é considerada tanto no plano da produção, quanto no da relação de 

compra e venda no mercado publicitário. O seu consumo, por outro lado, por diferentes 

agentes sociais, públicos e privados, faz parte das operações concretas de comunicação com o 

público específico a que os compradores se dirigem. Por isso, a necessidade de especificação 

das características de cada mercadoria audiência particular.  

1.2 – PUBLICIDADE, PROPAGANDA E A ECONOMIA POLÍTICA DA 

COMUNICAÇÃO. 

A virada do séc. XIX foi marcada pela passagem do capitalismo monopolista 

concorrencial, em que prevalecia a regulação dos preços e salários pelo próprio mercado, com 

um Estado liberal, preocupado apenas com suas funções clássicas de garantia da ordem social 

e das condições gerais externas necessárias ao processo de acumulação do capital, para o 

capitalismo monopolista. O período conturbado iniciado no início do século XX, que inclui a 

grande depressão econômica da década de 30 e as duas grandes guerras mundiais, só é 

estabilizado a partir de 1945, sob a hegemonia dos Estados Unidos perante as demais nações.  

Assim, derrotada a alternativa fascista e resolvido o problema da crise de hegemonia 

em nível internacional, ficam finalmente dadas as condições políticas para uma fase longa de 

26 

expansão inusitada, marcada pela implantação do Welfare State nos principais países 

capitalistas (...). É justamente durante esse período expansivo que se pode observar 

claramente a solidariedade que existe no desenvolvimento do capitalismo monopolista, do 

chamado Estado do bem-estar e da Indústria Cultural, capitaneada esta pelo novo meio de 

comunicação que se instituiu ao início dos anos 50, a televisão (Bolaño, 2000, p. 75).  

O WelfareState apoiava-se em um Estado fortalecido diante dos capitais individuais, 

possibilitando uma melhor distribuição de renda e níveis elevados de bem-estar para os mais 

amplos setores da população dos países desenvolvidos, e, em menor grau na periferia do 

capitalismo, a exemplo do Brasil.  

A produção em larga escala de mercadorias industrializadas, passa a atender à 

demanda do mercado consumidor, que respaldado pelos ganhos salariais, a política econômica 

do WelfareState garante condições materiais basilares para a subsistência dos trabalhadores, 

como a saúde, a educação, sistemas de transporte subsidiados e moradia barata. Neste 

contexto desenvolveram-se os grandes meios de comunicação de massa, veículos da 

publicidade comercial e da propaganda política.  

No campo das tecnologias, a comunicação passa a exercer um papel fundamental na 

manutenção da economia mundial, a indústria fonográfica, cinematográfica e principalmente 

a radiodifusão comercial, em especial a televisão passam a exercer um papel central na 

difusão para o consumo de bens e serviços produzidos na economia capitalista. Destaca-se 

também para o fato de que o desenvolvimento tecnológico no campo da comunicação 

modificou as relações sociais, transformando profundamente a culturas locais para uma 

perspectiva global.  

Foram os teóricos da Escola de Frankfurt, os primeiros a elaborar uma teoria crítica 

nas ciências sociais em torno do papel exercido pelos meios de comunicação de no processo 

de acumulação do capital, especialmente a produção cultural nas estruturas da comunicação 

industrializada.  Influenciados pela conjuntura social, cultural e econômica do pós-guerra, 

Max Horkheimer e Theodor Adorno produziram a obra considerada o maro inaugural da 

análise crítica da Indústria Cultural. Assim, na Dialética do Esclarecimento (1974), o uso do 

termo Indústria Cultural, por essa corrente teórica, teve como objetivo a substituição da 

27 

expressão “cultura de massa”, por compreender que este poderia ser entendido como a 

produção cultural produzida espontaneamente pelas massas, escamoteando assim as reais 

contradições presentes no sistema monopólico industrial de produção cultural.  

A Indústria Cultural gera um sistema de dominação por intermédio da produção 

industrial de bens culturais destinados ao consumo massificado e estritamente ligado aos 

interesses do capital monopolista. Assim a produção cultural perde sua autonomia, passando a 

ser direcionada por uma lógica mercantil e totalitária no que se refere aos processos 

produtivos. Essa condição impõe à cultura, uma dinâmica semelhante a qualquer outra 

indústria capitalista, a lógica da razão instrumental da racionalidade técnica ligada à 

padronização e produção em série da mercadoria cultural. Nas palavras de Adorno e 

Horkheimer: 

(...) o terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o 

poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. A 

racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é o carácter 

compulsivo da sociedade alienada de si mesma (1974, p. 57). 

É este fato que justifica o desenvolvimento de um novo arcabouço analítico sobre o 

papel dos meios de comunicação na sociedade capitalista, com base crítica da economia 

política de Marx. Assim, a Economia Política da Comunicação (EPC), surge na esteira da 

crítica frankfurtiana, com o propósito de retomar o conceito de Indústria Cultural, com foco 

nas relações de produção próprias desse tipo de indústria, nos diferentes processos que 

envolvem os meios de comunicação, na forma social de produção e distribuição dos 

conteúdos que serão consumidos nos meios de comunicação, sobretudo os conteúdos 

produzidos, distribuídos e consumidos sob a ação de forças diversas, econômicas, políticas e 

culturais. 

Uma primeira linha de estudos que influencia a formação da EPC corresponde aos 

trabalhos de Baran e Sweezy, Dallas Smythe e Hebert Schiller, os quais consideram a 

dinâmica da produção cultural ligada ao cumprimento da “função publicidade”, central para o 

sistema econômico no pós-guerra, para garantir a reprodução ampliada do capital. As 

academias britânica (Peter Golding, Nicholas Garnham, Granham Murdock) e francesa 

(Dominique Leroy, Patrice Flichy, Bernard Miège), por sua vez, colocam o foco na 

28 

especificidade dos processos de trabalho e de valorização dos serviços e bens culturais. Outra 

linha de pesquisa marxista, mais afastada do campo da EPC é justamente aquela que Dallas 

Smythe critica, devido ao seu foco na “função propaganda” produzida pelo que Louis 

Althusser define como “aparelhos ideológicos do Estado”, entre esses enfoques inclui-se as 

teorias da dependência cultural.   

Esta classificação geral foi feita por Bolaño (2000), cuja solução sem descartar as 

contribuições da teoria crítica da Escola de Frankfurt, trata de oferecer uma formulação geral 

para a teoria marxista da comunicação, ao considerar as duas funções da Indústria Cultural 

citadas, considerando a relevância que a informação adquire na manutenção do sistema, tanto 

do ponto de vista da sua reprodução ideológica (função propaganda) quanto da própria 

acumulação do capital (função publicidade). Assim, o autor considera essa sua solução como 

a mais geral e, portanto, completa teoria da comunicação no campo do marxismo.  

O marco teórico que propus é geral, em primeiro lugar, porque 

incorpora criticamente, num todo coerente, as teorias parciais que 

historicamente se dedicaram a cada uma das três condições de 

funcionalidade: a função publicidade (Baran e Sweezy, Dallas Smythe ) que 

explicita o papel da Indústria Cultural no processo de acumulação do grande 

capital monopolista em concorrência; a função propaganda (teorias dos 

aparelhos ideológicos de Estado ou do imperialismo ou dependência 

cultural), que esclarece seu papel na reprodução ideológica do sistema; e a 

função programa (estudos culturais), que se refere às condições da recepção. 

Em segundo lugar, as contribuições da escola francesa são incorporadas 

também criticamente, no momento de análise das especificidades do sistema 

de modificação que é a indústria cultural, referentes aos processos de 

trabalho e de valorização (Bolaño, 2000.p 75).  

Sem entrar na análise fina de cada uma dessas frações, ou na crítica interna das 

diferentes "teorias parciais", cabe ressaltar que o modelo teórico do autor, aqui adotado, 

explica justamente a Indústria Cultural no interior do capitalismo monopolista, como estrutura 

de mediação com as massas que adota a forma mercantil, baseada na produção e 

comercialização em larga escala da mercadoria audiência. Essa audiência atende à informação 

como propaganda a fim de assegurar os interesses mais amplos do sistema referentes às 

necessidades de manutenção e reprodução ideológica a fim de garantir seu funcionamento.  

A essa forma diretamente ideológica da informação chamarei aqui 

de propaganda, por oposição à publicidade, que tem o caráter também 

ideológico, mas diferente, indireto, relacionado à constituição de um modo 

de vida que é a base para construção de uma cultura de massas 

especificamente capitalista (BOLAÑO, 2000, p. 51) 

29 

Na forma publicidade, a informação passa a atender às diferentes estratégias de mercado 

definidas por capitais privados a fim de dar suporte à realização das mercadorias. Bolaño ainda 

complementa:  

Na verdade, a forma elementar da publicidade é já também 

propaganda, na medida em que ao lado dos inúmeros atos de compra e venda 

conforma um universo simbólico de inegável poder ideológico. Trata-se, não 

obstante, de uma função ideológica indireta, suficiente para as necessidades 

de propaganda do sistema apenas no nível de circulação mercantil. Mas a 

partir do momento em que passamos a considerar as determinações impostas 

pela existência do capital e do Estado capitalista, fica parente que a norma de 

sociabilidade definida no nível de circulação mercantil não basta para manter 

a coesão de uma sociedade fundada na desigualdade (BOLAÑO, 2000 p. 

53). 

Em termos gerais é possível dizer que o Estado, na condição de capitalista coletivo 

ideal, busca manter os interesses gerais da propaganda de forma a preservá-la dos interesses 

individuais do tipo publicitário, como também dos interesses estratégicos sustentados por 

diferentes agrupamentos políticos que atuam por dentro da própria estrutura estatal. Desse 

modo, a informação produzida pela Indústria Cultural deve ser considerada unidirecional e 

corresponde apenas à dinâmica da forma publicidade ou propaganda, onde é possível detectar 

o feed-back, mas não a troca e produção de informação entre iguais (Bolaño 2000). 

Assim, a informação produzida nos marcos do capitalismo monopolista dirigida ao 

público massificado, em termos gerais, do ponto de vista do interesse do capital, é sempre a 

publicidade. A outra forma é a propaganda, que no caso específico deste trabalho, 

corresponde à política de distribuição da verba publicitária do Governo Federal, para 

veiculação de sua propaganda nos mais amplos circuitos do sistema de comunicação, a fim 

assegurar a coesão social na garantia das condições materiais concretas para reprodução do 

sistema. 

Desse modo, a teoria até aqui apresentada nos possibilita refletir criticamente a 

localização do Estado nos processos comunicativos desenvolvidos no capitalismo 

monopolista, a partir de sua política de distribuição de verba de mídia para veiculação de suas 

propagandas institucionais no sistema de produção industrial de informação e outros bens 

culturais consumidos pelas massas. O resultado é a manutenção de um sistema de mediação 

cultural e parte de uma estrutura geral de comunicação de classe. O que interessa aqui é que, 

para cumprir a função propaganda, o Estado paga. Ele adquire a mercadoria audiência como 

qualquer outro agente interessado em comunicar-se com a massa. 

30 

1.3  O CRITÉRIO DA MÍDIA TÉCNICA PARA O GOVERNO FEDERAL 

O critério da mídia técnica foi formulado ao término do segundo mandato do ex

presidente Lula, através da instrução normativa nº 2, publicada em 16 de dezembro de 2009. 

Ele orienta a compra de espaço publicitário nos veículos e meios de comunicação, de forma 

proporcional à sua capacidade (técnica) de atingir um determinado público. Conforme o texto 

da instrução normativa, a estratégica de mídia ou compra de espaço publicitário deve atender 

a:  

(...) definição dos objetivos de veiculação das peças, alinhados aos 

objetivos da ação; informações sobre público-alvo e mercados onde será realizada a 

ação, apresentadas sob a forma de dados e estudos técnicos; defesa dos meios 

apropriados para efetivo alcance do propósito da ação, com indicação de 

níveis ideais de frequência e audiência (BRASIL, 2003). 

A hipótese é que na prática, os critérios definidos pela instrução normativa além de 

enquadrar a política de comunicação do Estado conforme estabelecem as estratégias de 

comunicação desenvolvidas pelo próprio mercado de comunicação de massa, também 

estabelece que o governo, a partir da escolha da audiência, tenha que comprar das empresas 

privadas de comunicação espaços de divulgação gerados a partir de concessões públicas 

ofertadas pelo próprio Estado.  

Para o ex-ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins 

(2010), o critério da mídia técnica permitiu a distribuição justa do investimento publicitário 

em maior quantidade de veículos que, por sua vez, passaram a participar da divulgação da 

propaganda institucional do governo, alcançando maior público. Se levarmos em 

consideração que no Brasil há uma predominância dos meios privados de comunicação, em 

detrimento do sistema público e estatal,10 é possível afirmar que a compra de espaço 

publicitário realizado pelo governo federal com base no critério de mídia técnica, na prática, 

privilegia as principais empresas de comunicação brasileira, em especial, as grandes redes de 

televisão, principais vendedoras da mercadoria audiência para anunciantes do setor público e 

privado. 

10Para maiores detalhes sobre a história de organização e desenvolvimento dos meios de comunicação de massa 

no Brasil, em especial o sistema público e privado televisão, consultar as obras de César Bolaño,Mercado 

Brasileiro de Televisão (2004) ; e A Criação da TV Brasil e sua inserção no modo de regulação  setorial da 

televisão brasileira (2009), de Jonas Valente.  

31 

CAPÍTULO 2 - FORMAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA, DO MERCADO 

PUBLICITÁRIO E SUA LEGISLAÇÃO.  

A compra de espaço publicitário realizada pelo Governo nos diferentes veículos e 

meios de comunicação de massa, sejam eles públicos ou privados, é parte de uma política de 

comunicação mais ampla da do governo, na verdade uma política de Estado, pode-se dizer, 

dada a sua permanência legitimada por um conjunto de normas que determinam desde a 

abertura do processo de licitação pública para prestação de serviço realizado por setores da 

indústria da comunicação, até o organograma do Governo Federal brasileiro em torno da 

elaboração de sua política de comunicação, com foco na questão da propaganda estatal.  

Para avançarmos nos estudos sobre o processo de distribuição da verba publicitária do 

Governo Federal no presente capítulo, ele será dividido em dois blocos. O primeiro 

corresponde a uma abordagem histórica em torno da formação econômica do Brasil, para que 

assim possamos compreender como se constituiu o mercado nacional audiência. No segundo 

bloco trataremos dos processos que contribuíram para a implementação das leis que 

regulamentam tanto o mercado publicitário, como a contratação desse tipo de serviço por 

parte da administração pública.  

Para compreensão da história econômica do Brasil, o presente trabalho utilizar-se-á 

dos trabalhos de Celso Furtado (2004/2007) e Maria Arminda (2004). Sobre a formação do 

mercado publicitário nacional e da lei que regulamenta a atividade, a pesquisa utilizar-se-á 

dos estudos críticos de Maria Arminda Nascimento Arruda (2015) e César Bolãno (2004), que 

servirão de base teórica para compreender o processo de desenvolvimento da publicidade no 

capitalismo monopolista brasileiro. Sobre a descrição da aplicação das leis, nos valeremos dos 

documentos oficiais hospedados no sítio eletrônico da Secretária Especial de Comunicação 

Social da Presidência da República (Secom/PR) e do estudo realizado por Oscar Kita (2013), 

que trata especificamente da questão da publicidade na administração pública.  

Em seguida, será exposto o organograma dos setores do Governo Federal relacionados 

com a formulação de sua política de comunicação, considerando o marco histórico do final da 

década de 1970, durante o governo militar, quando foi criada a Secom/PR, órgão responsável 

por centralizar as ações de comunicação do Poder Executivo Federal, em especial a 

32 

propaganda institucional11.  Para compreender a formação e o processo de reorganização, nos 

valeremos dos documentos históricos disponíveis no seu portal eletrônico. 

2.1 BREVE SÍNTESE HISTÓRICO DA ECONOMIA BRASILEIRA. 

Para tratar do desenvolvimento do mercado publicitário brasileiro, bem como as leis 

que regulamentam o mesmo, é importante compreender alguns elementos históricos que 

possibilitaram a formação da economia brasileira, mais precisamente a economia industrial 

desenvolvida a partir já do final do século XIX, e início do século XX, mas fundamentalmente 

a partir da industrialização propriamente dita, iniciada em 1930. A síntese desse processo 

histórico da economia brasileira tem como base de análise os trabalhos de Celso Furtado 

(1961/1976) e Caio Prado Júnior (1973). Pois a abordagem desse tema é essencial para que se 

compreenda como o mercado publicitário evolui no país a partir da industrialização e 

consecutivamente ampliação do mercado de consumo interno foram elementos essenciais para 

amadurecimento do mercado publicitário, bem como as leis que o regulamentam.  

O processo de industrialização da economia brasileira no início do séc. XX,  

apresentou situações adversas para o seu desenvolvimento. Concentradas na região Centro

Sul, as indústrias brasileiras deparavam-se com isolamento das unidades, suas atividades de 

produção eram restritas ao atendimento do mercado local, havia falta de infraestrutura nas 

estradas e até mesmo o tamanho do país dificultava o desenvolvimento da economia 

industrial. Segundo Caio Prado Jr (1973), o período de 1924 a 1930, corresponde a um 

momento de dificuldades para as indústrias, pois essas ou estavam funcionando em seu nível 

mínimo de subsistência ou então decretavam falência.  

A década de 1930 também foi o momento de crise profunda do capitalismo, o 

processo de industrialização do país sofreu alterações a partir da política econômica da 

industrialização por substituição de importações. Essa política caracterizava-se pela exclusão 

dos produtos importados, devido à elevação de seus preços e à falta de cambiais para adquiri

los. Em função disso, ao longo de toda a década de 1930, a produção industrial cresceu 

11É importante destacar que antes do surgimento da Secom/PR, a extinta Rádiobrás (criada em 1975) era a 

empresa pública responsável em controlar e executar os contratos publicitários de todo Governo Federal, no 

entanto, com o processo de reorganização do próprio governo a mesma deixou de existir e deu lugar a 

Secom/PR. 

33 

fortemente através do uso intensivo de equipamento já instalado e da importação de aparelhos 

de segunda mão. Até a década de 1950, a produção têxtil, de automóveis, alimentos, químicos 

e produtos farmacêuticos eram as principais atividades industriais no Brasil.  

Com o esgotamento da política de industrialização por substituição, aos poucos, a 

economia industrial do país passou a receber incentivos públicos através de suas empresas 

estatais, principalmente na extração de produtos petroquímicos e aço. 

Durante o regime militar, de 1964 a 84, a política industrial estatal passou a intervir 

fortemente no setor produtivo, dando continuidade e radicalizando as práticas políticas, 

desenvolvidas na era Vargas.  A alta disponibilidade de recursos externos durante a década de 

1970 resultou em taxas de crescimento elevadas.  Também na mesma época, laçaram os 

Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND), o I PND (1972-74), e, o II PND, de 1975-79, 

com elevação da demanda por bens duráveis alicerçada na forte expansão da política de 

crédito e do mercado de capitais para segmentos de maior renda. Outro marco importante na 

economia nacional foi a criação em 1969 do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e 

Tecnológico (FNDCT), cujo objetivo era apoiar financeiramente aos programas e projetos que 

visavam a pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológicos. Os anos de 1970 serviram 

para que a economia industrial brasileira completasse uma importante etapa em seu 

desenvolvimento, com crescimento em 34% 12 , o setor industrial imergia-se no 

desenvolvimento tecnológico, onde foi possível implementar e consolidar nichos industriais 

mais complexos, como os da moderna agroindústria, da metalurgia dos não-ferrosos, da 

mineração da petroquímica, eletrônicos e alguns bens de capital.   

No contexto de desenvolvimento industrial da economia brasileira, a publicidade 

brasileira modificou-se na perspectiva de acompanhar a nova dinâmica estabelecida tanto pelo 

desenvolvimento das tecnologias, em especial no campo da comunicação13, e no surgimento 

de um novo mercado de consumidor estimulado pela indústria de produção de bens duráveis, 

onde, “ocorreram grandes alterações na estrutura do consumo urbano (ARMINDA, 2015, p. 

120)”.  

12 J.R Wells, “Distribuição de Rendimentos, Crescimento e a Estrutura da Demanda no Brasil na Década de 60”, 

em Ricardo Tolipan e Arthur Carlos Tinelli (orgs.), op. Cit., 1971, p.194 

13 Especialmente com o surgimento da televisão na década de 1950.  

34 

2.2 DESENVOLVIMENTO DO MERCADO PUBLICITÁRIO NO BRASIL E A 

CRIAÇÃO DA LEI DE PROPAGANDA  

Em 1964, consolidou-se uma mudança do regime político provocada pelo golpe civil

militar, com o exército instalado na Presidência da República. Mello e Belluzzo apontam que 

(1982, apud BOLAÑO, 2004, p. 44) “as mudanças institucionais e econômicas realizadas 

depois de 1964 redundam na definição de um padrão de acumulação centrado na produção de 

bens de consumo de luxo”. Padrão de acumulação esse que a partir do crescimento da massa 

de salário e geração da política de crédito, permitiram maior capacidade de consumo dos 

produtos industrializados, especialmente produzidos sobre a égide da Indústria Cultural.  

Conforme aponta Bolaño: 

É justamente a partir daí que se implanta a Indústria Cultural no 

Brasil: a economia brasileira resolvia momentaneamente o problema de 

mercado para produtos diferenciados mediante aumento da concentração de 

renda. Com a recuperação, o mercado volta a crescer ao mesmo tempo em 

que o corte entre os dois públicos se aprofunda, o que, diga-se de passagem, 

não impede o crescimento do setor produtor de bens de consumo assalariado, 

que no momento da expansão, se vê beneficiado pelo crescimento da massa 

de salário (Bolaño, 2004, p. 44). 

Foi justamente nessa conjuntura econômica, que o mercado publicitário nacional 

desenvolveu-se de forma mais profissional, onde a consequência disso foi a consolidação de 

um modelo de produção publicitária conforme os ditames estabelecidos pelo próprio mercado 

publicitário amadurecido nos EUAS14, surgindo assim o setor de criação nas agências (com o 

trabalho do redator publicitário e o diretor de arte).  

A consequência do novo padrão de industrialização possibilitou o surgimento do 

sistema nacional de redes de televisão, onde modificou-se modificaram profundamente o 

14 Sobre a história da publicidade no Brasil, ver a obra Embalagem do Sistema: A Publicidade no Capitalismo 

Brasileiro, Arruda (2005).    

35 

 

 

 

 

 

panorama da publicidade produzida no país. Primeiro, as agências de publicidade, entre 

meados da década de 60 e início da década de 70, passaram a importar o padrão 

organizacional das agências norte-americanas. Esse movimento fez com que o mercado 

nacional de publicidade fosse conquistando espaço no mercado internacional. De 1970 a 

1972, o investimento em publicidade no país teve um aumento de 56,75%, e, de 1972 a 1974, 

55,17%. Assim, o mercado publicitário brasileiro tornava-se o sétimo maior mercado do 

mundo e o maior mercado da América Latina. Arruda (2015, p. 130) apresenta o investimento 

publicitário no mundo entre 1970 e 1974, conforme a tabela 1 a seguir.  

 

Posição  País 1974 1972 1970 

1 Estados Unidos  25 000 23 200 19 600 

2 Japão  3 400 2 960 2 115 

3 Alemanha 

Ocidental 

3 000 2 340 2 694 

4 Inglaterra 1 900 1 730 1 265 

5 França  1 800 1 660 997 

6 Canadá  1 300 1 245 1 037 

7 Brasil  900 580 370 

8 Itália  700 550 489 

9 Holanda 600 549 410 

10 Austrália  600 538 456 

                                      Tabela 1- Investimento Publicitário no Mundo em Milhões de Dólares (1970-1974) 

    Fonte: ARRUDA, (2015) 

 

Segundo Castro Neto (2015), na década de 1970, o Estado tornou-se o maior 

anunciante do país. A importância das contas publicitárias governamentais no mercado das 

agências era tão grande, que criou-se uma premiação específica para premiar as melhores 

propagandas institucionais das empresas estatais, e também as propagandas consideradas de 

utilidade públicas.   

O período de prosperidade econômica que o país atravessava no final da década de 60 

e início da de 70 não foi o único elemento que levou o mercado nacional publicitário a 

consolidar-se. Anos antes, o governo, pressionado por diferentes setores do mercado 

publicitário, sancionou em 18 de junho de 1965, pelo presidente militar Castelo Branco, a Lei 

de Propaganda, ou Lei 4.680 (assim afirma Rocha): 

36 

O forte crescimento econômico e a proteção da Lei 4.680 garantiram um 

período de prosperidade e desenvolvimento para a publicidade brasileira, 

que demarcou melhor suas fronteiras, racionalizou suas práticas, 

profissionalizou definitivamente a sua força de trabalho e viu suas verbas 

praticamente triplicarem somente no curto intervalo de 1971 a 1976 

(ROCHA, 2004, p. 3) 

Os principais pontos da Lei de Propaganda, referem-se a: a) o profissional publicitário 

e suas funções executadas em agências e veículos de comunicação; b) agenciadores de 

propaganda com vínculo de trabalho junto aos veículos de comunicação; c) reconhecimento 

dos veículos de divulgação; d) reconhecimento da organização e funções, direitos e deveres 

atribuídos às agências publicitarias.   

Art 1º São Publicitários aqueles que, em caráter regular e permanente, 

exerçam funções de natureza técnica da especialidade, nas Agências de 

Propaganda, nos veículos de divulgação, ou em quaisquer empresas nas 

quais se produza propaganda. 

Art 2º Consideram-se Agenciadores de Propaganda os profissionais que, 

vinculados aos veículos da divulgação, a eles encaminhem propaganda por 

conta e terceiros. 

Art 3º A Agência de Propaganda é pessoa jurídica,... VETADO

 15 ..., e 

especializada na arte e técnica publicitária, que, através de especialistas, 

estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos veículos de divulgação, 

por ordem e conta de clientes anunciantes, com o objetivo de promover a 

venda de produtos e serviços, difundirem ideias ou informar o público a 

respeito de organizações ou instituições colocadas a serviço desse mesmo 

público. 

Art 4º São veículos de divulgação, para os efeitos desta Lei, quaisquer meios 

de comunicação visual ou auditiva capazes de transmitir mensagens de 

propaganda ao público, desde que reconhecidos pelas entidades e órgãos de 

classe, assim considerados as associações civis locais e regionais de 

propaganda bem como os sindicatos de publicitários. 

Art 5º Compreende-se por propaganda qualquer forma remunerada de 

difusão de ideias, mercadorias ou serviços, por parte de um anunciante 

identificado. 

Arruda (2015) também reconhece que o Decreto Lei 4860, gerou condições 

necessárias de crescimento para o mercado nacional da publicidade, devido ao caráter 

15Antes de ser vetado pelo presidente militar Castello Branco, a redação do Art. 3 assegurava que: “A Agência 

de Propaganda é pessoa jurídica, independente de controle financeiro de qualquer anunciante ou veículo de 

divulgação (...)”.  Segundo o documento encontrado no sítio eletrônico do Governo Federal, o veto correu 

porque a expressão “independente de controle financeiro de qualquer anunciante ou veículo de divulgação”, 

atribuiria às agências publicitárias, certa possibilidade de monopólio no mercado, e impediria que qualquer outra 

empresa que não atuasse no ramo da publicidade pudesse ser sócia das agências. 

37 

protecionista da lei, pois, uma vez definida a percentagem referente à remuneração das 

agências, a disputa de mercado passa a depender cada vez mais do desempenho do setor de 

criação das agências publicitárias. A outra questão é que, no Capítulo IV, a lei trata 

especificamente das comissões e descontos pagos às agências publicitárias no processo de 

negociação tanto com o anunciante (seja ele público ou privado) como com os veículos de 

divulgação:  

Art 11. A comissão, que constitui a remuneração dos Agenciadores de 

Propaganda, bem como o desconto devido às Agências de Propagandaserão 

fixados pelos veículos de divulgação sobre os preços estabelecidos em 

tabela. 

Parágrafo único. Não será concedida nenhuma comissão ou desconto sobre a 

propaganda encaminhada diretamente aos veículos de divulgação por 

qualquer pessoa física ou jurídica que não se enquadre na classificação de 

Agenciador de Propaganda ou Agências de Propaganda, como definidos na 

presente Lei. 

Art 12. Não será permitido aos veículos de divulgação descontarem da 

remuneração dos Agenciadores de Propaganda, no todo ou em parte, os 

débitos não saldados por anunciantes, desde que sua propaganda tenha sido 

formal e previamente aceita pela direção comercial do veículo da 

divulgação. 

Art 13. Os veículos de divulgação poderão manter a seu serviço 

Representantes (Contatos) junto a anunciantes e Agências de Propaganda, 

mediante remuneração fixa. 

Parágrafo único. A função de Representantes (Contato) poderá ser exercida 

por Agenciador de Propaganda, sem prejuízo de pagamento de comissões, se 

assim convier às partes. 

Art 14. Ficam assegurados aos Agenciadores de Propaganda, registrados em 

qualquer veículo de divulgação, todos os benefícios de caráter social e 

previdenciário outorgados pelas Leis do Trabalho. 

A aprovação da Lei da Propaganda representou a consolidação das empresas 

nacionais de publicidade, que disputavam espaço com o capital estrangeiro na Indústria 

Cultural nacional. Além disso, o dispositivo legal reduziu a diferença entre o Estado e o 

capital privado no setor, a partir do momento em que o setor público torna-se também 

partícipe dos contratos que envolvem os setores privados de comunicação.  

38 

2.3 LEI DE LICITAÇÃO GERAL 

A Lei de Licitação Geral, nº 8.666, sancionada em 1993, foi criada para regulamentar 

o Art. 37 da Constituição Federal de 1988 no que diz respeito ao controle das licitações 

públicas para prestação de serviços da mais variada natureza demandados pelo Estado 

brasileiro.  

Em seu Art. 22, a lei define as diferentes modalidades de licitação pública: tomada de 

preços, convite; concurso, leilão e concorrência. No que tange o serviço de publicidade 

contratado pelo Estado, aplicam-se as modalidades da concorrência, tomada de preços e 

convite. No espírito do citado art. 37 da Constituição Federal, que estabelece exigência única 

de qualificação econômica e técnica do licitante, o art. 31 § 2º e 3º da lei 8.666/93 diz: 

§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de 

obras e serviços, poderá estabelecer, no instrumento convocatório da 

licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou 

ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado objetivo 

de comprovação da qualificação econômico-financeira dos licitantes e para 

efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser ulteriormente 

celebrado. 

§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o 

parágrafo anterior não poderá exceder a 10% (dez por cento) do valor 

estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente à 

data da apresentação da proposta, 653 na forma da lei, admitida a atualização 

para esta data através de índices oficiais. 

A lei tenta estabelecer certo grau de isonomia ou equidade entre todos que almejem 

participar do processo licitatório, mas, na prática, esses critérios reafirmam uma barreira 

concorrencial que impede a participação de pequenas empesas na disputa das licitações 

públicas, o que favorece, naturalmente, a concentração entre os principais capitais. Exemplo 

disso é um edital lançado em 2011, sob a égide da modalidade concorrência, do tipo “melhor 

técnica” para prestação de serviços de publicidade institucional em que o serviço estava 

orçado em R$ 150 milhões. Com base nesse valor, apenas agências publicitárias que 

apresentassem capital mínimo de dois milhões de reais, estariam aptas a concorrer no 

processo licitatório.  

Outro aspecto importante da lei é o critério de “qualificação técnica” presente no Art. 

27 da referida lei, que trata dos serviços publicitários prestados para o Estado brasileiro. 

39 

Nesse caso, os concorrentes no processo licitatório devem apresentar, além do projeto, o 

certificado de reconhecimento ou qualificação técnica emitida pelo Conselho Executivo de 

Normas Padrão (CENP), órgão formado por grupos de empresários de diferentes meios e 

veículos de comunicação16. 

Mais adiante, no §2º do artigo 40, a Lei Geral de Licitações estabelece que, no 

momento da inscrição das empresas para a disputa licitatória, as mesmas devem apresentar 

um projeto básico (inciso I) da execução de serviço, como também a projeção de gastos para 

que se viabilize a execução do projeto (inciso II). A ausência desses elementos pode tornar os 

processos licitatórios ilegais, conforme relata o TCU em seu acórdão nº 2.062/2006:  

A constatação de ausência de projeto básico parte da definição estabelecida 

no inciso IX do art. 6°, da Lei de Licitações, que o define como “conjunto de 

elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para 

caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto de 

licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos 

preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento 

do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do 

custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução (...)” (Brasil, 

Acórdão 2.062/2006, Tribunal de Contas da União, 2006). 

O principal objetivo do acórdão 2.062 foi auditar dezesseis órgãos e entidades da 

administração pública federal, que demandaram contratação de serviço publicitário, a fim de 

verificar a legalidade das licitações e contratos de prestação de serviços. No acórdão 

apresentou-se que nas licitações públicas do Governo Federal, não havia um “projeto básico” 

17 descriminando os valores pertinentes ao serviço, conforme estabelece a lei nº 8.666. 

16 Fundado em 16 de dezembro de 1998, o CENP é uma entidade de direito privado, constituída por entidades 

representativas das empresas de comunicação, como  Associação Brasileira de Anunciantes, Associação 

Brasileira de Publicidade, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Associação Brasileira de 

TV por Assinatura, Associação Nacional dos Servidores Efetivos das Agências Reguladoras Federais, 

Associação Nacional de Jornais, Central de Outdoor e Federação das Agências de Propaganda. As principais 

funções da entidade são: regular as práticas de agentes do mercado publicitário, inclusive os anunciantes, atribuir 

a qualificação técnica às agências publicitárias através de certificados e atuar como fórum permanente de 

discussão técnico-comercial da publicidade. Apesar de ser um ente privado, partes dos documentos da CENP, a 

exemplo das “Normas-Padrão” e certificados de qualificação, são reconhecidos pela legislação federal brasileira, 

como no caso da lei em foco. 

17IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para 

caracterizar a obra ou serviço, objeto da licitação. Esse documento deve conter indicações dos estudos técnicos 

preliminares, que assegurem a viabilidade técnica para execução do projeto, a partir da avaliação total do custo 

da obra e definição dos métodos e prazo para finalização dos serviços.  

40 

Em resposta ao acórdão produzido pelo Tribunal de Contas da União, a Secom/PR, 

posicionou-se através da nota técnica publicada em 2007, que as questões levantadas pelo 

TCU eram difíceis de serem atendidas, pois, conforme apontou a nota técnica, era inviável 

apresentar uma planilha de custo fechada para execução dos serviços de publicidade devido à 

natureza de imprevisível dos serviços considerados criativos: 

A particularidade dos serviços publicitários consiste exatamente no fato de 

que se conhece a natureza do objeto, mas não a especificidade de cada ação a 

ser realizada. A bem-elaborada intervenção do digno representante do 

Ministério Público, no Relatório do Acórdão nº. 2062 reconhece que, 

diferentemente do que ocorre na contratação de serviços de engenharia, em 

publicidade não se pode saber de antemão exatamente qual serviço será 

contratado. 

É impraticável conhecer em detalhes, por ocasião do lançamento do edital 

de licitação, os serviços que serão necessários para a execução, ainda que 

seja de apenas uma das ações que vierem a ser implementadas. Por 

consequência, a Secretaria-Geral não tem como estabelecer normas que 

assegurem que o objeto da contratação especifique “todas as ações 

publicitárias a serem executadas no âmbito do contrato”. 

Repita-se, portanto, que é absolutamente impossível conhecer todas as ações 

que serão desenvolvidas ao longo do contrato, e os seus detalhes somente 

poderão ser definidos posteriormente à aprovação da solução criativa e 

técnica que for apresentada pela agência de publicidade contratada, não antes 

disso (Brasil, Nota Técnica Nº 001/2007, Secretaria –Geral da Presidência da 

República/ Subsecretaria de Comunicação Institucional, 2007, p.18). 

O que a lei 8.666 considera como “projeto básico” não necessariamente corresponde 

ao chamado “briefing” produzido por agências publicitárias. Esse documento, o briefing, traz 

informações básicas, extraídas de uma pesquisa de mercado para atender as demandas do 

anunciante, sem uma planilha de custo fechada. Essa característica, em certo grau, tornava os 

projetos licitatórios voltados para contratação de serviço publicitário incompatível com o que 

determina a lei 8.666.   

O acórdão 2.062 ainda questionou a forma de remuneração concedida às agências 

publicitárias pelos veículos de comunicação através da chamada Bonificação por Volume 

(BV), uma prática comercial comum na relação entre as agências publicitárias e os veículos 

de comunicação privados, que surgiu na década de 60, inicialmente usada pela Rede Globo.  

41 

Essa era forma de incentivo realizado pelos veículos de comunicação para que as agências 

investissem maior volume da verba dos anunciantes no veículo. A prática de remuneração 

passou a ser executada também nos contratos demandados pela administração pública, 

tornando-se ponto constante de questionamento pelo o Tribunal de Contas da União.  

Assim, quanto mais as agências compravam espaço de anuncio em uma dada 

emissora, maior era a parte desses recursos que as empresas de publicidade abocanhavam da 

verba total destinada pelo anunciante. Para o TCU, a manutenção dessa prática nas relações 

entre o setor privado e a administração pública acaba por influenciar na escolha das agências 

nos processos licitatórios. O Acórdão 2.062 afirma que: 

Pela natureza dessa bonificação, quanto maior o volume contratado de um 

mesmo fornecedor, maior o desconto concedido. Ou seja, quanto maior a 

concentração de contratações em pequeno número de veículos ou 

fornecedores, maiores os benefícios financeiros angariados pela agência. O 

BV, portanto, tem o potencial de afetar a escolha das agências, consistindo 

em mecanismo que as estimula a concentrarem a publicidade em menor 

número de veículos [...] 

[...] assim, há um potencial conflito associado à concessão do BV, porque, 

embora se trate de incentivo financeiro admitido pelo regulamento, sua 

natureza favorece a concentração das inserções publicitárias em poucos 

veículos. Por essa razão, a sistemática de concessão do BV pode induzir 

efeitos impróprios, na medida em que influa no plano de mídia formulado 

pela agência, que deve observar critérios técnicos [...] (BRASIL. Acórdão 

2.062, Tribunal de Contas da União, Brasília, 2006). 

Vale destacar que a bonificação concedida por veículos de comunicação, com recursos 

públicos, foi motivo de denúncias relacionadas ao processo conhecido como “Mensalão” 18.  

Durante o julgamento do caso, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, 

condenou o exercício dessa prática durante a execução da licitação que envolveu o Banco do 

Brasil e algumas agências publicitárias:  

(...). Em relação à primeira imputação de peculato, concernente a suposto 

desvio de bônus de volume, o relator referiu-se, inicialmente, a trecho do contrato de 

publicidade entre a DNA Propaganda — controlada por Marcos Valério, Cristiano 

Paz e Ramon Hollerbach — e o Banco do Brasil - BB, assinado pelo acusado 

Henrique Pizzolato — então Diretor de Marketing do BB —, no qual estabelecido o 

dever de transferência ao banco de todas as vantagens obtidas nas contratações de 

serviços de terceiros. Depreendeu que, até mesmo na admissão de serviços de mídia, 

18Mensalão é o nome dado ao escândalo de corrupção política mediante compra de votos de parlamentares no 

Congresso Nacional do Brasil, que ocorreu entre 2005 e 2006, envolvendo políticos e empresário do mercado 

publicitário.  

42 

o BB seria o titular dos créditos eventualmente concedidos por veículos de 

divulgação. O contrato assim teria fixado porque não seria a agência quem 

negociaria com o veículo de divulgação, mas sim o próprio BB, diretamente. 

Mencionou que a DNA Propaganda não teria jus à remuneração a título de bônus de 

volume porque caberia ao próprio banco negociar a compra do serviço de 

veiculação, unindo-se a outros parceiros para obter melhores preços. Além disso, 

constaria informação técnica no sentido de que o exame fora “taxativo na 

verificação de que todas as cobranças dos referidos Bônus de Volume - BV 

deveriam ter sido restituídas pela DNA Propaganda Ltda. ao Banco do Brasil, por 

força contratual” (BRASIL, STF, 2012). 

As decisões tomadas pelo TCU contra a BV levaram o mercado publicitário e de 

televisão a pressionar o Estado a fim de readequar as regas que regem as licitações públicas 

para contratação desse serviço, de modo que fosse possível abarcar as práticas comuns 

desenvolvidas no mercado publicitário. 

2.4-LEI DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE 

PUBLICIDADE  

A Lei de Licitação e Contratação de Serviços de Publicidade, lei nº 12.232, foi 

sancionada em 2010, pelo presidente Lula, com o desígnio de regulamentar especificamente a 

relação comercial estabelecida através das licitações públicas entre as agências publicitárias e 

o Estado brasileiro.  

O conjunto de normas estrutura-se em quatro capítulos, sendo o primeiro responsável 

por tratar de pontos mais gerais, a exemplo da caracterização do que a administração pública 

entende por serviço publicitário e dos agentes prestadores desse tipo de atividade (conforme 

aponta a lei nº 4.680). A segunda parte trata dos procedimentos burocráticos pertinentes à 

abertura e disputa das licitações públicas. Em seguida, a terceira seção aborda o processo de 

execução do contrato publicitário, bem como o acompanhamento dos gastos referentes ao 

processo de concepção da propaganda governamental até o momento de veiculação desta nos 

meios de comunicação; define a obrigatoriedade de publicação desses gastos nos canais de 

comunicação oficial da administração pública, exigindo ainda que esses dados sejam 

divulgados pelas agências publicitárias licitantes. Por último, o quarto capítulo trata dos 

direitos comerciais que devem ser honrados durante o processo de execução contratual entre 

agências publicitárias, veículos de comunicação e administração pública.  

43 

Em linhas gerais, os principais pontos são: a) institucionalização do CENP como 

órgão certificador dos serviços de publicidade, b) adoção obrigatória de licitações públicas 

com base no modelo “melhor técnica” ou “técnica e preço”, c) reconhecimento do modelo 

brasileiro de agência publicitária no caráter “full service”19, d) resguardo da identidade dos 

concorrentes durante o processo de disputa da licitação, e) instauração de uma comissão 

julgadora das propostas apresentadas pelas agências e por último, o mais importante, e) a 

legalização da Bonificação de Volume, O que reforça a tese de que a aprovação da lei 

n°12.232, serviu para assegurar as demandas do mercado publicitário em relação a contratos 

comerciais estabelecidos pela administração pública, que antes da sua aprovação eram 

consideradas ilegais.  

Para se chegar a essa solução foi necessário uma articulação entre representantes do 

mercado publicitário, empresários com atuação na radiodifusão, Fórum Permanente da 

Indústria da Comunicação (Forcom) e setores políticos com atuação no Estado que 

impulsionou, durante o IV Congresso Brasileiro de Publicidade, a criação da Frente 

Parlamentar de Comunicação Social, composta por noventa e oito deputados federais, trinta e 

oito senadores e dezessete partidos políticos20. A Frente Parlamentar, em parceria com a 

Secom/PR cumpriu papel fundamental para elaboração e aprovação da Lei 12.232/2010.  

A lei é fruto de um trabalho articulado de união de todos os pares da 

indústria da comunicação com os representantes dos Poderes Legislativo, 

Executivo e Judiciário. A lei fortalece as instituições do nosso setor, reunidas 

no âmbito do CENP, a ABA, que congrega os anunciantes, a ABAP e a 

Fenapro, que representam as agências, e todas as entidades que representam 

os veículos. É importante reconhecermos o papel do Legislativo, 

homenageando todos seus deputados e senadores nas pessoas dos deputados 

Milton Monti, que comanda a Frente Parlamentar da Comunicação Social, e 

José Eduardo Cardozo, que apresentou o projeto de lei. É fundamental, 

também, cumprimentar toda a equipe do Executivo, especialmente da 

Secom, nas pessoas do secretário Ottoni Fernandes Jr., e do ministro 

Franklin Martins (LARA, 2010, p 50) 21. 

19 São as agências que atuam em todas as áreas de publicidade, incluindo as atividades planejamento, pesquisa, 

conceituação e execução correspondentes ao plano de comunicação.    

no 

20 OS nomes dos deputados federais e senadores que participaram da Frente Parlamentar de Comunicação Social 

encontram-se 

sítio 

eletrônico 

da 

http://www.camara.gov.br/internet/deputado/Frente_Parlamentar/466.asp.  

Câmara 

Federal. 

21 Revista nº 23 do Conselho Executivo de Normas Padrão Publicitária. Título: Entidades Fundadoras Comentam 

Significado e Importância da Nova Lei. P em Revista.  

44 

Em entrevista dada ao sítio eletrônico da Câmara dos Deputados, o ex-deputado 

federal José Eduardo Cardoso afirma: 

Da forma como a legislação tratava as licitações de publicidade, havia 

válvulas abertas para situações de improbidade. Essas situações, muitas 

vezes, eram imputadas ao mercado publicitário. Em certos casos, de maneira 

injusta, porque não poucas vezes a agência de publicidade era mais vítima de 

um processo – especialmente na execução dos projetos – do que autora de 

delitos. Em outros casos, era autora também. Mas, de fato, havia imputação 

indevida. O projeto surge para tentar fechar essas válvulas, definindo regras 

para a condução de licitações de publicidade e para a execução de projetos 

nessa área. Depois de ouvir o mercado, os especialistas e o governo, a 

proposta procurou chegar a um modelo saudável de licitação e a garantias 

institucionais de que os contratos serão bem executados. É claro que não 

existe lei que imunize a prática da improbidade, mas foi possível combater 

essas possibilidades (BRASIL, 2010).  

Nos termos da nova lei, em seu Art. 18, a Bonificação de Volume aparece de forma 

implícita sob o conceito guarda-chuva de “planos de incentivo”. O pagamento desse incentivo 

para as agências publicitárias, na nova lei, é de caráter facultativo, e, é importante destacar as 

negociações estabelecidas entre agências e veículos na forma de “planos de incentivo” são 

acompanhadas pelos órgãos demandadores da licitação, conforme descrito no artigo 15. 

Art. 15.  Os custos e as despesas de veiculação apresentados ao 

contratante para pagamento deverão ser acompanhados da demonstração do 

valor devido ao veículo, de sua tabela de preços, da descrição dos descontos 

negociados e dos pedidos de inserção correspondentes, bem como de 

relatório de checagem de veiculação, a cargo de empresa independente, 

sempre que possível (BRASIL Lei nº 12.232, de 29 de abril de 2010). 

Em nota, o Sindicato das Agências de Propaganda de Santa Catarina (Sinapro), 

ressaltou a importância de a Câmara Federal ter aprovado a lei nº 12.232/2010, em especial o 

ponto que toca a questão da Bonificação de Volume: 

A nova lei legitima a Bonificação de Volume-BV. Este aspecto da 

remuneração das Agências de Publicidade tem sido, nos últimos anos, alvo 

de inúmeros ataques por parte de jornalistas, e de políticos. Até o Tribunal 

de Contas da União acabou analisando e arbitrando sobre um assunto que 

pertence exclusivamente ao setor privado da economia (...) 

E esse procedimento está claramente estabelecido nas Normas-Padrão da 

Atividade Publicitária, não cabendo, portanto, nenhuma dúvida sobre a sua 

legalidade na medida em que essas normas foram incorporadas ao sistema 

45 

legal que rege a Publicidade através de Decreto 4.563 de 31.12.2002 

(Sindicato das Agências de Propaganda. Santa Catarina, 2010. p. 2). 

Para membros do Supremo Tribunal Federal, no entanto, a exemplo do ex-ministro 

Carlos Ayres Britto, a prática aprovada na lei representou uma afronta à Constituição Federal. 

Em 2012, no décimo sétimo dia de julgamento do caso do “Mensalão”, envolvendo as 

agências publicitárias e representantes políticos, o jurista deixou claro seu posicionamento 

sobre a lei 12.232/10: 

Essa lei foi maquinadamente redigida, feita sob medida, para coeditar a situação 

desses atos que estamos a falar neste processo. É um atentado descabido e 

veemente escancarado ao artigo 5º da Constituição, que fala sobre o ato jurídico 

perfeito. O direito adquirido e a coisa julgada (BRITTO, Ayres. Julgamento do 

Mensalão. Portal de Notícias G1, Rio de Janeiro, 2012) 

Em matéria veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo Estadão em 2012, o então 

ministro Ayres Britto teceu seu comentário sobre o conflito de interesses políticos que 

alicerçaram o processo de legalização da Bonificação de Volume: 

(...) a emenda introduzida na lei 12.232/2010, que regula a 

contratação de serviços de publicidade, por órgãos públicos, na qual está 

baseada a argumentação de defesa dos acusados de se terem apropriado 

indevidamente, em contrato com o Banco do Brasil, chamada “bonificação 

de volume”, foi “preparada intencionalmente, maquinadamente” em 

benefício dos acusados da Ação Penal 470, constituindo-se em “atentado 

veemente, desabrido e escancarado” ao preceito constitucional segundo o 

qual “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a 

coisa julgada” (BRITTO, 2012)22 

Antes de ser criticada pelo ex-ministro do STF, a concessão da bonificação também 

foi alvo de denúncias feitas pelo Tribunal de Contas da União. O órgão entendia que as 

remunerações concedidas sob a forma de BV poderiam influenciar no processo de escolhas 

das empresas que participaram da disputa das licitações do Governo Federal: 

Assim, há um potencial conflito associado à concessão do BV, porque, 

embora se trate de incentivo financeiro admitido pelo regulamento, sua 

natureza favorece a concentração das inserções publicitárias em poucos 

22 Pronunciamento do ex-ministro Carlos Ayres Brittos. Matéria:“O STF Aperta o Cerco. Estadão Opinião, São 

Paulo, 01 de set. 2012. 

46 

veículos. Por essa razão, a sistemática de concessão do BV pode induzir 

efeitos impróprios, na medida em que influa no plano de mídia formulado 

pela agência, que deve observar critérios técnicos. (BRASIL, TCU. Acórdão 

nº 270, 2007).  

Com a admissão do exercício da Bonificação de Volume no âmbito das licitações 

públicas, além de aderir às práticas típicas de direito privado correntes no mercado 

publicitário, a lei acaba contribuindo para a concentração de verba nas empresas de 

comunicação, tendo em vista que o sistema de remuneração supradito cria uma relação de 

fidelidade entre as agências publicitárias e os veículos de comunicação. Lassance (2015) 

afirma que está nas mãos das agências, o poder de escolher em quais emissoras serão 

veiculadas as propagandas institucionais do Governo Federal, tendo em vista que as empresas 

de publicidade se pautam pela lógica das bonificações oferecidas por representantes das 

grandes emissoras privadas. 

Outro aspecto importante da nova lei é que a mesma, em seu Art. 2, reforça ainda mais 

o caráter de “anunciante privado” exercido pelo Estado, na medida em que as ações de 

propaganda institucional são definidas sob o conceito guarda-chuva de publicidade: 

Para fins desta Lei, considera-se serviços de publicidade o conjunto de 

atividades realizadas integradamente que tenham por objetivo o estudo, o 

planejamento, a conceituação, a concepção, a criação, a execução interna, a 

intermediação e a supervisão da execução externa e a distribuição de 

publicidade aos veículos e demais meios de divulgação, com o objetivo de 

promover a venda de bens ou serviços de qualquer natureza, difundir ideias 

ou informar o público em geral (Brasil. Lei 12.232, de 29 de abril de 2010) 

Dois pontos chamam a atenção neste artigo. Primeiro, tomemos como referência o 

caderno de Normas-Padrão da Atividade Publicitária elaborado pelo CENP. No item 1.1, o 

documento, faz referência ao art.2 da lei 12.232: 

1.1 Publicidade ou Propaganda: é, nos termos do art. 2º do Dec. nº 

57.690/66, qualquer forma remunerada de difusão de idéias, mercadorias, 

produtos ou serviços por parte de um anunciante identificado (Normas

Padrão da Atividade Publicitária. São Paulo, 1998. Disponível em 

http://www.cenp.com.br/PDF/NomasPadrao/Normas_Padrao_Portugues.pdf. 

Acesso em 30 out. 2015) 

Ressalte-se que a concepção de serviço publicitário definido pelo CENP é um conceito 

relativo às relações de mercado estabelecidas entre agências de publicidade e diferentes 

47 

setores do capital privado. Neste caso, o Estado, na condição de anunciante privado, é 

pensado nos mesmos termos para articular sua política de comunicação. Assim a definição da 

política de comunicação do Governo Federal a partir de um conceito generalista de 

publicidade, estritamente mercadológico, fortalece a relação entre o setor público, o mercado 

de publicidade e o da indústria da comunicação.   

Segundo, no que diz respeito ao processo de participação das agências publicitárias na 

disputa licitatória, o art. 4º da lei nº 12.232 aponta a obrigatoriedade dos participantes 

atenderem às normas presentes na Lei da Propaganda- nº 4.680/65-. Outro ponto fundamental, 

presente no § 1º do artigo mencionado, é a questão da obrigatoriedade de certificação técnica 

de serviço emitida pelo CENP, como condição primordial de habilitação das agências 

publicitárias para participação nos editais: 

§ 1o O certificado de qualificação técnica de funcionamento previsto 

no caput deste artigo poderá ser obtido perante o Conselho Executivo das 

Normas-Padrão - CENP, entidade sem fins lucrativos, integrado e gerido por 

entidades nacionais que representam veículos, anunciantes e agências, ou por 

entidade equivalente, legalmente reconhecida como fiscalizadora e 

certificadora das condições técnicas de agências de propaganda. 

Destaca-se que mesmo antes de se aprovar a obrigatoriedade da qualificação técnica 

como medida de habilitação, com base na lei nº 12.232, o Tribunal de Contas da União, 

através do Acórdão nº 2.062, chamava a atenção dos órgãos públicos sobre a necessidade das 

agências publicitárias já apresentarem o certificado de qualificação técnica de funcionamento 

emitido exclusivamente pelo CENP. 

9.2.1.5. Para a qualificação técnica, em adição aos atestados 

emitidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado que atestem a 

qualidade técnico-operacional dos serviços, passe a exigir também o 

Certificado de Qualificação Técnica expedido pelo CENP, conforme 

Normas-Padrão da Atividade Publicitária (BRASIL, TCU, Acórdão n.º 

2.062/2006 – Plenário). 

Com isso, como vimos, atribui-se ao Conselho Executivo das Normas-Padrão, papel 

de agente público, tendo em vista que o órgão, através das certificações emitidas, delimita 

indiretamente quais empresas estão aptas a participar dos editais. Segundo Ribeiro (2013), 

embora  entidades privadas desse tipo não possuam vínculos com o Estado, detêm, pela sua 

48 

credibilidade no mercado, a capacidade de editar normas e padrões de atividade, que por sua 

vez são legitimadas pelo próprio Estado.  

Note-se que, na lei nº 8.666, em seu art. 27, que discorre sobre a questão das condições 

de habilitação das empresas para disputa de licitações, a questão da certificação não se 

apresenta como exigência para fins de habilitação, mas de pontuação. 

Tratando dos tipos de licitação, o art. 5º da lei nº 12.232 faz referência aos art. nº 22 e 

45 da lei 8.666, estabelecendo como modalidades os critérios da concorrência, tomada de 

preço, convite, concurso e leilão. O critério de seleção das agências publicitárias participantes 

da disputa licitatória é com base no tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”. Recusa-se a 

adoção da modalidade conhecida como pregão eletrônico, uma vez que esta se vale do critério 

“menor preço” para suas escolhas. Ao comentar as modalidades de “melhor técnica” ou 

“melhor técnica e preço”, presentes tanto nas leis nº 12.232 como a nº 8.666, Marçal Justen 

Filho diz: 

Totalmente distinta é a situação em licitação de melhor técnica ou de 

técnica e preço. Em tais hipóteses, a melhor qualidade técnica da proposta se 

refletirá em pontuação mais elevada. Logo, quanto melhor a qualidade 

técnica, tanto mais provável será a vitória da proposta. A classificação final 

será obtida através de uma ponderação da nota técnica e da nota atinente ao 

preço. 

Em termos práticos, isso significa que uma licitação de técnica e 

preço propiciará vantagens às propostas de maior qualidade técnica. A 

elevação da qualidade refletirá na elevação da nota correspondente, o que 

elevará a média geral e ampliará a perspectiva de vitória. (JUSTEN FILHO, 

2008, pág. 8/9) 

Para avaliação das propostas técnicas encaminhadas por agências publicitárias no 

processo de seleção, no § 2º do art. 10, a nova lei estabelece que o julgamento seja realizado 

por uma comissão específica denominada “subcomissão técnica”, formada por profissionais 

da área de comunicação que atuam no campo da publicidade, sendo que 1/3 dessa comissão 

não pode ter qualquer tipo de vínculo com os órgãos administrativos autores do edital.  A 

seleção desses integrantes se dá através de sorteio em sessão pública. 

49 

Sobre a compra de espaço publicitário nos meios de comunicação, o Art. 15. da lei nº 

12.232 obriga que as agências apresentem um documento detalhado ao Governo Federal, 

sobre todos os custos e despesas que envolvem o procedimento da compra de espaço 

publicitário/tempo nos veículos de comunicação.  Com base nesse artigo, é correto afirmar 

que a Secom/PR e demais órgãos da administração direta e indireta do Governo Federal têm 

total conhecimento dos seus investimentos realizados nos diversos meios de comunicação. 

Portanto, ao mesmo tempo em que a lei nº 12.123 serviu para regulamentar as ações 

contratuais e licitatórias dos serviços de propaganda institucional nas diferentes esferas 

políticas do Estado, também atendeu aos interesses empresariais, na medida em que 

reconheceu o Conselho Executivo das Normas-Padrão como órgão fiscalizador e regulador 

dos serviços de publicidade e legalizou a Bonificação de Volume nas licitações públicas. 

Tanto é que no mesmo ano de aprovação da lei, em 2010, numa edição especial de sua revista 

para consulta da lei nº 12.232, o CENP ressalta os ganhos obtidos a partir da aprovação da lei, 

destacando justamente a Bonificação por Volume e o seu reconhecimento pelo Estado como 

órgão fiscalizador e regulador dos serviços de publicidade (CENP em Revista, ano 6, nº 23º, 

p.40, 2010). 

Na realidade, o discurso crítico à inadequação da execução de editais para serviços de 

publicidade do Governo Federal com base na antiga lei nº 8.666 e os argumentos utilizados 

para fundamentar a necessidade da lei nº 12.232 acabam por desviar a questão de fundo e o 

reconhecimento estatal de uma prática exercida historicamente entre setores privados do 

mercado publicitário e de televisão. A discussão em torno da lei nº 12.232 requer maior 

aprofundamento. O papel do presente trabalho foi apenas levantar os seus pontos 

considerados mais importantes para os nossos objetivos.23 

2.5. DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DA VERBA DE MÍDIA DA SECOM/PR 

Em 2008, a Secom/PR adotou a política de regionalização da verba publicitária, com o 

decreto nº 6.555/2008. O objetivo do Governo era fazer com que sua propaganda institucional 

tivesse maior alcance, considerando as múltiplas regiões do Brasil. O argumento utilizado 

23Sobre a Lei de Licitação e Contratação de Serviços de Publicidade recomenda-se a leitura de Oscar Kita 

(2012). 

50 

pela Secom/PR foi que a política de regionalização favoreceria a desconcentração e 

democratização da verba de mídia do Governo Federal. A comunicação regionalizada abrange 

as cinco regiões do país e permite levar a mensagem do poder executivo federal ao maior 

número de municípios por meio da utilização de veículos com cobertura regional, estadual e 

local, em especial os jornais impressos, rádio e internet.  

Para auxiliar a execução do decreto, o Governo Federal passou a estimular o cadastro 

de veículos de comunicação espalhados pelo Brasil com a criação do Cadastro de Veículos de 

Divulgação (MIDIACAD), da própria SECOM. Segundo dados fornecidos pela Secretaria 

(2015), a quantidade de veículos aptos a receber recursos na forma de verba de mídia passou 

de 499 em 2003 para 11.514 em 2015, sendo 3.134 rádios, 2. 817 jornais impressos, 1.810 

plataformas de internet, 1.728 revistas impressas, 1. 173 meios identificados pela Secretaria 

como “outros” e 852 emissoras de TV.  

O aumento na quantidade de veículos cadastrados no sistema e o reposicionamento da 

política de comunicação do Governo Federal a partir da estratégia de comunicação 

regionalizada deveria democratizar a distribuição da verba publicitária para diferentes meios. 

Segundo Roberto Messias, então secretário-executivo da Secom/PR, no ano de 2012 cerca de 

cinco mil veículos transmitiram a propaganda institucional do Governo Federal.  

Este número é resultado das diversas ações realizadas pela SECOM 

com o objetivo principal de aproximar do cidadão, em todos os cantos do 

país, as mensagens de utilidade pública, institucionais e de prestação de 

contas. A desconcentração de ações em veículos e praças, com destaque para 

valorização das mídias regionais, a partir de critérios técnicos de 

planejamento, é uma das diretrizes de atuação da SECOM (Observatório da 

Imprensa, 16/04/2013). 

No entanto, as informações referentes à regionalização da verba publicitária do 

Governo Federal disponíveis no sítio eletrônico da Secom/PR restringem-se apenas aos dados 

referentes à evolução da quantidade de veículos de comunicação cadastrados no sistema 

MIDIACAD durante 12 anos, os quais, por conseguinte, tornaram-se aptos a receber recursos 

da verba publicitária do Governo Federal. 

Ao considerarmos o real valor monetário para execução da política de distribuição da 

verba de mídia por região através da Presidência da República, após aplicação do decreto 

51 

6.555/2008, veremos que a conclusão do secretário não se sustenta. Segundo os dados da 

Secom/PR, de 2011 a 2014, 198 empresas de televisão com atuação no Brasil e exterior 

receberam verba publicitária por parte da Presidência da República, sendo 102 na região 

Sudeste, 40 na região Sul, 24 no Nordeste, 15 no Centro Oeste e 14 na região Norte. 

Conforme a pesquisa realizada por Santos (2017), a região Sudeste foi a região que recebeu a 

maior parte do bolo publicitário, atingindo a quantia de R$ 395 milhões.  Valor muito acima 

do das demais regiões do Brasil.A segunda região com maior investimento é a Centro-Oeste 

com R$ 3 milhões, em terceiro aparece a região Sul, com R$ 2 milhões; em seguida, o 

Nordeste, com R$ 1 milhão. A região que menos recebeu recursos da verba publicitária da 

Presidência da República foi o Norte, com R$ 519 mil.  

2.5  ASECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL  

A Secom/PR foi criada pela Lei 6.650/79, durante o governo do General João 

Figueiredo, com a função de realizar a política de Comunicação Social e a divulgação de 

atividades e ações governamentais, dando um caráter mais técnico a essas ações (Garcia, 

1990). Além de permitir que o governo militar tivesse controle maior sobre as ações de 

comunicação do Estado, a lei promoveu algumas transformações no âmbito da comunicação 

do Governo Federal. Foi responsável pela reestruturação dos órgãos de comunicação externa 

do Estado brasileiro, na medida em que deslocou a extinta Empresa Brasileira de 

Comunicação S.A (RADIOBRÁS) para a esfera da Secom/PR., transformando-a em seguida 

na Empresa Brasileira de Notícias (EBC). Pelo art. 6º §1º da lei, a empresa tornou-se 

responsável pela distribuição da propaganda legal dos órgãos e entidades da administração 

pública federal. O mesmo Art. 6º § 2º atribui à empresa o status de agência publicitária. 

Contudo, já em 18 de dezembro de 1980, a Secom/PR foi extinta. Suas atividades 

foram deslocadas para o Gabinete Civil, por intermédio do Decreto nº 85.550/80, e a 

comunicação da Presidência da República (incluindo aí a contratação dos serviços 

publicitários) passou a ser responsabilidade da RADIOBRÁS. Os demais órgãos ligados ao 

Governo Federal ficaram responsáveis por suas próprias ações de comunicação. 

52 

A Secom/PR foi recriada no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva na 

Presidência da República, através da Lei nº 10.683/03,24 para atender de forma direta e 

indireta ao Governo Federal e demais órgãos do poder executivo no desempenho de suas 

atribuições, conforme o quadro 1, sendo que, em 2007, já no segundo Governo Lula (2008

2011), ocorreu uma nova reorganização, tanto na Presidência da República quanto nos 

ministérios, com base na Lei nº 11.497/07, que acrescenta uma nova função para a Secom/PR. 

Lei nº 10.683/03 

Lei nº 11.497/07 

1) Formulação e implementação da política de comunicação e 

divulgação do Governo; 2) Implantação de programas 

informativos; 3) Organização e desenvolvimento de sistema 

de informação e pesquisa de opinião pública; 4) Coordenação 

da comunicação interministerial e das ações de informação e 

difusão das políticas públicas de governo; 5) Coordenação, 

normatização, supervisão e controle da publicidade e de 

patrocínio dos integrantes do Poder Executivo Federal; 6) 

Convocação de redes obrigatórias de rádio e televisão; 7) 

Coordenação e consolidação da implantação do sistema 

brasileiro de televisão pública.  

Acrescenta ao item 5 da lei 

anterior a seguinte redação: 

Coordenação, 

normatização, 

supervisão 

controle 

da 

publicidade e de patrocínios 

dos órgãos e das entidades da 

administração pública federal, 

direta 

indireta, 

e de 

sociedades sob controle da 

União. 

Quadro 1 - Funções da SECOM/PR a partir da Lei nº 10.683/03 e da Lei nº 11.497/07 

Fonte: Elaboração própria. 

Com novo caráter regimental, a Secom/PR tornou-se responsável pela comunicação do 

Governo Federal, superintendendo um sistema que interliga as demais assessorias de 

comunicação dos ministérios, demais empresas públicas, dentre outras entidades do poder 

executivo federal. 

A Instrução Normativa nº 5, de 2011, define as ações de comunicação do poder 

executivo. A comunicação estatal do tipo publicidade institucional da Presidência da 

República ou de todo o poder executivo federal é de responsabilidade da SECOM/PR. A 

publicidade institucional se destina a divulgar atos, ações, programas, obras, serviços, 

campanhas, metas e resultados dos órgãos e entidades do poder executivo federal, com o 

objetivo de atender ao princípio da publicidade, de valorizar e fortalecer as instituições 

públicas, de estimular a participação da sociedade no debate, no controle e na formulação de 

24Diferentes decretos e leis foram elaborados no período de vinte e quatro anos, entre 1979 e 2003, que 

provocaram mudanças na estruturação dos órgãos responsáveis pela comunicação da Presidência da República 

e demais esferas que compõem o Governo Federal, que não cabe analisar aqui. Registre-se, em todo caso, que 

não há documentos divulgados pelo Governo Federal sobre as negociações e valores referentes à compra de 

espaço publicitário entre a instituição estatal e as empresas privadas de comunicação no período de 1979 a 

2003. 

53 

políticas públicas e de promover o Brasil no exterior. Em junho de 2016, com o impeachment 

da presidenta Dilma Rousseff, o novo presidente empossado, Michel Temer, através do 

Decreto nº 8.785, extinguiu a SECOM/PR, transformando-a em Secretaria Especial de 

Comunicação Social, vinculada à Casa Civil da Presidência da República. A própria Casa 

Civil é responsável por coordenar e supervisionar todos os gastos de entidades da 

administração pública federal, direta e indireta. No entanto, apesar de extinta, o sítio 

eletrônico da antiga SECOM/PR ainda permanece funcionando e atualizando os gastos com a 

execução contratual de publicidade.  Gastos estes que iremos analisar na terceira parte dessa 

pesquisa.  

54 

3 -ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA VERBA DE MÍDIA DO GOVERNO FEDERAL 

DE 2000 A 2014 

Até agora o presente estudo tratou de abordar alguns elementos teóricos e históricos 

relacionados ao problema da política de distribuição da verba publicitária do Governo 

Federal.  Vamos agora analisar os dados quantitativos, considerando os valores referentes aos 

recursos aplicados pelo governo para a compra de espaços publicitários nos diferentes meios e 

veículos de comunicação ao longo de 15 anos (2000 -2014), identificando assim o total 

destinado para a compra de mídia (seja para o sistema público ou privado de comunicação), as 

empresas de comunicação que mais receberam esses recursos e como se hierarquiza a 

distribuição dessa verba entre as regiões geográficas do Brasil. A análise quantitativa desses 

elementos possibilitará a compreensão da política de distribuição da verba de mídia do 

Governo Federal, bem como da efetividade da política de regionalização dessa verba que, de 

2003 a 2015, o número de veículos cadastrados no Midiacad aumentou 2.207%25. Por fim, 

serão analisados os resultados da política de regionalização da verba de mídia.  

Serão utilizados os dados publicados pelo Instituto para Acompanhamento da 

Publicidade que, desde 2008, mantém relação de cooperação técnica com a Secom/PR, 

promovendo estudos, análises e o processamento de dados referentes à veiculação das 

campanhas institucionais do Governo Federal.  Ao total, foram 396.474 dados que reúnem 

informações sobre os órgãos que investiram em publicidade, as empresas de comunicação que 

receberam a verba de mídia, os valores brutos e líquidos dos recursos destinados para a 

compra de espaço publicitário e os meios técnicos de comunicação que mais receberam esses 

recursos.  

25Mídiacad é o sistema de cadastro utilizado pelo Governo Federal para oficializar os veículos de comunicação 

que são aptos a receber a verba de mídia do Poder Executivo. Segundo os dados disponibilizados pela 

Secom/PR, em 2003 apenas 499 empresas de comunicação encontravam-se cadastradas no sistema. Já em 2015, 

último ano com dados publicados, o quantitativo de veículos cadastrados no Midiacad elevou-se para 11.514. 

Correspondendo assim como parte da política de regionalização da verba de mídia do próprio governo conforme 

aponta o decreto 6.555/2008 em seu art. 2 no inciso X, que afirma que: “Art. 2º - No desenvolvimento e na 

de 

execução das ações de comunicação previstas neste Decreto, serão observadas as seguintes 

diretrizes, 

acordo 

com 

as 

X – Valorização de estratégias de comunicação regionalizada.” 

características 

da 

ação: 

55 

Para identificar a localização geográfica das empresas de comunicação discriminadas 

no banco de dados, foi necessário utilizar duas ferramentas de busca. A primeira ferramenta 

corresponde um software de busca identificar parte considerável dos veículos de comunicação 

que receberam os recursos publicitários do Governo Federal a partir de sua localização 

regional. Contudo, o software apresentou alguns limites durante o processo de busca dos 

CNPJs, o que forçou a realização de uma busca manual em sites especializado nesse tipo de 

serviço26. Mesmo realizando essas duas etapas, não foi possível mapear a totalidade das 

empresas que receberam recursos financeiros na forma de verba de mídia por parte do 

Governo Federal: do total de CNPJs, 5,68% não foram mapeados. Em valores reais, os CNPJs 

sem localização determinada receberam R$ 1,4 bilhão entre os anos de 2000 e 2014. 

Antes de analisar os números pertinentes aos valores gastos pelo Governo Federal na 

compra de espaço publicitário ao longo desses quinze anos, é preciso apresentar os dados 

mais gerais do mercado publicitário no Brasil, principalmente no que se refere à compra de 

espaço publicitário nos diferentes meios e veículos de comunicação, tanto em âmbito mundial 

quanto nacional, para que assim possamos ter compreensão real da influência do Estado 

brasileiro na acumulação de capitais dentro desse setor econômico da Indústria Cultural.  

3.1 REALIDADE DO MERCADO PUBLICITÁRIO EM NÚMEROS NO 

BRASIL E NO MUNDO 

Já foi visto que a publicidade, no capitalismo monopolista, representa o espaço de 

concorrência estabelecido entre diferentes setores da economia mundial - seja o mercado 

financeiro, comercial, industrial e até mesmo o governo -, apresenta-se como elo econômico 

entre esses setores e a Indústria Cultural. O nível de concorrência desenvolvido na economia 

capitalista requer que os produtores de bens e serviços que formam o mercado utilizem-se 

cada vez mais da lógica publicitária para diferenciar-se de seus concorrentes. Para isso, os 

produtores de serviços e bens duráveis têm aplicado quantias vultosas de recursos financeiros 

na compra de espaço publicitário em diferentes veículos e meios de comunicação. 

26 Os sites que auxiliaram no processo de busca dos CNPJ’s foram: “EmpresasCNPJ.com”, “CNPJconsultas.com”, 

“O CNPJ” e “Empresas do Brasil”. 

56 

Antes de apresentarmos os dados específicos e o quantitativo que Governo Federal 

gasta em verba de mídia em sua política de comunicação, trabalharemos com algumas 

informações do mercado publicitário geral, disponibilizadas pelo Grupo de Mídia de São 

Paulo (2017), para comparar com a verba gasta pelo Estado. 

Conforme mostramos os últimos dados apontados pelo Grupo de Mídia, em 2016 o 

Brasil aparece como sexto maior mercado na compra de espaço publicitário nos meios e 

veículos de comunicação em uma lista com 25 países.  Esse desempenho do mercado 

publicitário Em 2016, a negociação do mercado formado pelos produtores de bens e serviços 

de consumo, agências publicitárias e os meios de comunicação (público e privado) 

possibilitou uma acumulação de U$ 13,1 bilhões, conforme ilustra abaixo a Figura 1. 

57 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 - Distribuição da Verba de Mídia Mundial 2016 – Top 25 

Fonte: Anuário Mídia Dados 2017 – Grupos de Mídia de São Paulo 

58 

Ainda com base nos dados apresentados pelo Grupo de Mídia de São Paulo, entre 

2007 a 201627, o mercado publicitário apontou um crescimento, conforme aponta o gráfico 

abaixo.  

140 

120 

100 

R$ Bilhões 

80 

60 

40 

20 

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 

Gráfico 1 : Investimento anual em Mídia no Brasil – 2007 a 2016 (valores correntes em R$ bilhões) 

Fonte: Anuário Mídia Dados 2017- Grupo de Mídia de São Paulo 

Ao analisar o gráfico 1, identifica-se que, por nove anos consecutivos, o investimento 

geral em mídia no Brasil cresceu, em média, 10,93% ao ano em valores correntes, 

contrariando, inclusive, a tendência de desaceleração econômica do país, que desde 2014 

encontra-se em recessão, com o produto per capita atingindo uma queda de 9% em 2016. Em 

valores absolutos, em 2007 o investimento na compra de mídia de todo mercado publicitário 

atingiu a cifra de R$ 51,8 bilhões, evoluindo até R$ 132,0 bilhões em 2015, sendo que, em 

2016, a tendência de elevação do investimento em mídia foi interrompida com uma leve 

queda de 1,6%; ainda assim foi investida a vultosa quantia de R$ 129,9 bilhões. Em termos 

percentuais, o mercado de mídia no Brasil deu um salto de investimento de 150,6% entre 

2007 e 2016.  

Se considerarmos o total de R$ 129,9 bilhões distribuídos em 2016 em diferentes 

regiões do país, o sudeste recebeu R$ 61,8 bilhões, o que corresponde a 47,6% dos recursos 

27 Para o presente estudo, o mais acertado seria apresentar o processo de investimento geral na compra de 

espaço publicitário nos meios de comunicação a partir dos anos 2000 para que assim fosse possível traçar um 

paralelo com o investimento realizado pelo Governo Federal na compra de espaço publicitário. Contudo, o 

Grupo de Mídia (referência neste nicho de pesquisa) apenas disponibiliza o relatório de mercado a partir de 

2007.  

59 

gerais destinados ao mercado publicitário. Em segundo lugar, aparece a região nordeste, com 

R$ 12,3 bilhões (9,5%); a região sul em terceira posição, com R$ 11,7 bilhões (9,1%); em 

quarta posição o centro-oeste, com R$ 6,2 bilhões (4,8%). Por último, a região com menor 

investimento por parte do mercado publicitário corresponde à região norte, com R$ 3,5 

bilhões (2,7%). 

Em relação aos maiores anunciantes do Brasil, e, considerando uma lista com as 

quinze empresas que mais investem (tanto do setor público quanto do privado), o laboratório 

farmacêutico Genomma28 lidera a lista como o principal anunciante de 2016, com R$ 3,4 

bilhões distribuídos em sete meios de comunicação. O Governo Federal aparece duas vezes na 

lista através dos bancos públicos. A Caixa Econômica aparece como o quinto maior 

anunciante do país, com o gasto de R$ 1,7 bilhão, logo em seguida, na décima terceira 

posição, o Banco do Brasil apresenta um quantitativo de gasto de R$ 972 milhões. Se somada 

a quantia gasta em verba de mídia por esses dois órgãos do Governo Federal, é possível 

atingir a cifra de R$ 2,6 bilhões. Nesse caso, o Governo brasileiro subiria uma posição na 

lista, passando a ser o quarto maior anunciante do país, muito à frente de grandes empresas 

privadas com atuação mundial. A tabela 2 ilustra os rankings com os quinze maiores 

anunciantes. 

28 O grupo Genomma é uma empresa multinacional de origem mexicana, do setor farmacêutico. Atenta-se 

para o fato de que é Genomma é quem produz suas próprias campanhas publicitárias como também é ela 

quem negocia diretamente com os veículos de comunicação a veiculação de sua publicidade, sem 

intermediação de agências.  

60 

Tabela 2- Ranking dos Maiores Anunciantes do Mercado Publicitário Brasileiro (em R$ milhares) 

Fonte: Anuário Mídia Dados 2017- Grupo de Mídia de São Paulo 

Apesar de a lista acima conter apenas duas instituições ligadas ao Governo Federal 

(Banco do Brasil e Caixa Econômica), o número de órgãos públicos que destinam recursos 

para a compra de espaço publicitário nos meios de comunicação é bem maior, como 

mostraremos mais adiante. Para se ter ideia do montante de recursos públicos gastos pelo 

Governo Federal em sua política de comunicação voltada para a veiculação de sua 

propaganda, em quatorze anos (2000-2014), o poder público gastou, em valores reais29, R$ 

38,7 bilhões em diferentes meios de comunicação na compra de espaço publicitário para 

divulgar sua propaganda institucional.  

Os gastos com verba de mídia do Governo Federal ao longo de quatorze anos serão 

exibidos em sua forma nominal e também em sua forma real. Essas duas formas de exposição 

dos gastos implica em resultados diferentes. Pois, quando os gastos são deflacionados (valor 

real) com base no Índice Nacional de Preço ao Consumidor (IPCA de 2014) há uma mudança 

no que diz respeito à tendência de maiores gastos entre os três governos, Fernando Henrique 

(2000 a 2002), Lula (2003 a 2011) e Dilma Rousseff (2011 a 2014). 

29Valor real deflacionado com base no Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), ano base 2014. 

61 

Considerando-se os valores nominais, é possível identificar uma tendência crescente 

de gastos publicitário durante quatorze anos. De 2000 a 2014, o Governo Federal gastou o 

total de R$ 26.372,00 bilhões em verba de mídia.  Sendo que de 2000 a 200230, anos finais do 

segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, a média de investimento foi de R$ 1,3 

bilhão. De 2003 a 2008, anos que representaram um forte crescimento econômico no Brasil 

durante o primeiro mandato de Lula, a média de investimento anual foi de R$ 1,4 bilhão. Já 

no segundo mandato de Lula (2008 a 2010), somado ao primeiro mandado de Dilma Rousseff 

(2011 a 2014), a média de investimento do Governo Federal saltou 6,22%, totalizando uma 

média de R$ 2,2 bilhões ao ano.  

3,00 

2,50 

2,00 

R$ Bilhões 

1,50 

1,00 

0,50 

0,00 

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 

Gráfico 2  - Evolução da verba de mídia do Governo Federal- Valores Nominais (R$ bilhões) 

Fonte: Dados publicados pelo IAP - Instituto para Acompanhamento da Publicidade 

No gráfico 2 é possível perceber uma tendência de crescimento, e nos anos que 

corresponderam ao processo eleitoral de 2003 (R$ 1 bilhão), 2007 (R$ 1,4 bilhão), 2010 (R$ 2 

bilhões) e 2014 (R$ 2,3 bilhões), essa baixa nos gastos com publicidade durante esses anos, 

ocorre por conta da Lei das Eleições, nº 9.504/97, que proíbe gastos em publicidade em ano 

de eleição, pelos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas 

30Só foi possível acessar os dados sobre os  gastos publicitários no governo  FHC a partir do ano 2000, antes 

disso, o Estado brasileiro não disponibilizava de forma sistematizada e pública os dados referentes aos seus 

gastos com publicidade.  

62 

entidades parte da administração direta ou indireta, que extrapolem a média dos gastos nos 

três últimos anos que antecederam o pleito ou do último ano anterior da eleição. 

Os valores apresentados de forma nominal, demonstram que foi possível identificar 

que os gastos com publicidade nos governos Lula e Dilma eram maiores se comparados ao 

governo de FHC, se trabalharmos com valores reais deflacionados com base no IPCA de 

201431, é possível identificar um movimento contrário apresentado no gráfico 2. Os valores 

reais demonstram que no período FHC os gastos com publicidade foram maiores se 

comparados ao governo Lula e Dilma.  

4,00 

3,50 

3,00 

R$ Bilhões 

2,50 

2,00 

1,50 

1,00 

0,50 

0,00 

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 

Gráfico 3 - Evolução da verba de mídia do Governo Federal de 2000 a 2014 (R$ bilhões, valores 

deflacionados pelo IPCA, base 2014) 

Fonte: Dados publicados pelo IAP - Instituto para Acompanhamento da Publicidade 

De imediato é possível identificar dois pontos: o primeiro diz respeito à inversão na 

ordem dos governos que mais gastaram em publicidade de 2000 a 2014. Ao contrário do 

gráfico 2, o gráfico 3, com os valores deflacionados aponta um processo de declínio no 

montante de recursos públicos voltados para essa política. A outra questão de destaque é que, 

se compararmos os valores reais gastos pelos diferentes governos neste quatorze anos, o 

governo de FHC, em seus três últimos anos (2000 a 2002), direcionou para as diferentes 

mídias uma média de R$ 3 bilhões. Só no ano 2000, o valor real dos gastos com publicidade 

foi de R$ 3,2 bilhões e, em 2001, foram R$ 3,4 bilhões; como é de se esperar, no ano eleitoral 

31Com um acúmulo de inflação na casa dos 141% no período de quatorze anos (2000-2014). 

63 

de 2003 houve uma queda nos gastos, atingindo a cifra de R$ 2,4 bilhões. Os gastos 

realizados na gestão de FHC foram superiores à média de gastos realizados pelo governo Lula 

e Dilma Rousseff: de 2003 a 2007 a média foi de R$ 2,3 bilhões, e de 2008 a 2014 o gasto 

médio foi de R$ 2,5 bilhões. Salienta-se que somente estão disponíveis os dados dos três 

últimos anos do Governo FHC, o que pode enviesar a média calculada. 

3.2 - BREVE ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS GASTOS COM 

PUBLICIDADE E SEGURIDADE SOCIAL 

Para que se possa ter maior compreensão do grau de relevância da política de 

distribuição da verba de mídia do Governo Federal para difusão de sua propaganda 

institucional, abordar-se-á de forma comparativa o quantitativo de recursos públicos 

destinados à política de seguridade social, na área de saneamento e para o Fundo de 

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Estas duas áreas pertencem ao 

conjunto de políticas sociais consideradas políticas de seguridade social, cujo principal 

objetivo é amparar e assistir a população, a fim de elevar as suas condições de vida32. 

Conforme os dados encontrados no sítio eletrônico do Ministério da Fazenda, na área 

da Secretária do Tesouro Nacional33, de 2000 a 2014 (mesmo período de análise da verba de 

mídia), as despesas reais com o Fundeb foram de R$ 70,334 bilhões, contra R$ 38,559 bilhões 

gastos com verba de mídia. Se formos analisar o gasto anual, é possível identificar que nem 

sempre o Fundeb recebeu uma quantia maior de recursos públicos se comparado ao 

quantitativo direcionado para a mídia. 

32 A escolha do Fundeb como elemento comparativo, se deu por considerar este investimento uma política 

estruturante para o desenvolvimento da educação pública de base no país. A educação é um dos indicadores 

estruturantes- conforme aponta o Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento Humano (PNUD) - para 

se medir o Índice de Desenvolvimento Humano de um determinado país.  

33 Link do Endereço Eletrônico: http://tesouro.fazenda.gov.br/ 

64 

14,00 

12,00 

10,00 

R$ Bilhões 

8,00 

6,00 

4,00 

2,00 

0,00 

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 

FUNDEB 

Verba de Mídia do Governo Fedal 

Gráfico 4 - Gastos com FUNDEB e Verba de Mídia no Brasil - 2000 a 2014 (R$ milhares, valores deflacionados 

pelo IPCA, base 2014) 

Fonte: Ministério da Fazenda e Instituto de Acompanhamento para Publicidade 

De 2000 até 2006, a verba de mídia do Governo Federal (tanto nos dois últimos anos 

do governo FHC quanto no primeiro mandato de Lula) foi superior aos recursos públicos 

direcionados para manutenção do ensino público de base no país. Considerando-se os mesmos 

anos, 2000 a 2006, houve uma diferença média de gasto anual de R$ 1,8 bilhão entre estas 

duas políticas do Governo Federal. 

Seguindo com a análise comparativa, agora com os gastos públicos na área de 

habitação e saneamento, áreas também de extrema importância para o desenvolvimento 

humano, em quinze anos (2000 a 2014), em todos os governos, a política de distribuição da 

verba de mídia mostra-se superior aos valores direcionados às áreas de habitação e 

saneamento. Se em quinze anos os diferentes governos assumiram o gasto de R$ 38,5 bilhões 

na compra de espaço publicitário nos veículos de comunicação, no mesmo período os 

governos de FHC, Lula e Dilma, juntos, direcionaram para as áreas de saneamento e 

habitação o total de R$ 7,1 bilhões e R$ 11.3 bilhões respectivamente. Os gráficos 5 e 6  

demonstram ano a ano o comparativo de gastos públicos entres as três áreas, verba de mídia, 

saneamento e habitação. 

65 

4,00 

3,50 

3,00 

2,50 

R$ Bilhões 

2,00 

1,50 

1,00 

0,50 

0,00 

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 

Seguridade Social - Saneamento   

Verba de Mídia do Governo Fedal 

Gráfico 5 - Análise Comparativa entre Seguridade Social- Saneamento e Verba de Mídia Governo Federal 

(valores deflacionados pelo IPCA, base 2014). 

Fonte: Ministério da Fazenda e Instituto de Acompanhamento para Publicidade 

O gasto em saneamento durante os quinze anos foi de R$ 473 milhões, um gasto muito 

inferior ao que é destinado à verba de mídia, que gira em torno de R$ 2,5 bilhões. Em termos 

percentuais o Governo Federal, em quinze anos, gastou 442% a mais em verba de mídia do 

que em serviços de saneamento básico. O Governo Federal, por tanto, durante todo o período 

considerado (2000-2014) tem priorizado os gastos em comunicação, em detrimento das 

políticas públicas de seguridade sociais essenciais para o desenvolvimento humano (educação,   

saneamento e cultura)  conforme aponta o PNUD. 

Vejamos agora os dados sobre a distribuição da verba de mídia do Governo Federal 

entre meios, veículos e empresas, inclusive, a distribuição desses recursos entre as diferentes 

regiões do país, tendo em vista a estratégia adotada a partir de 2003 de regionalização da 

verba de mídia. A principal medida nesse sentido foi a ampliação do quantitativo de cadastro 

das empresas de comunicação aptas a receber recursos públicos do Governo Federal (através 

do Midiacad), com a intenção de tornar mais democrático o processo de distribuição regional 

desses recursos.  

66 

3.3 - DISTRIBUIÇÃO DA VERBA DE MÍDIA DO GOVERNO FEDERAL POR 

MEIO E VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO.  

O planejamento de mídia do Governo Federal inicia-se com a segmentação dos 

recursos públicos destinados para à compra de espaço publicitário em diferentes meios de 

comunicação. Essa compra atende a alguns critérios considerados estratégicos no plano de 

comunicação, a exemplo da capacidade de cobertura geográfica do meio ou veículo, os 

índices de audiência, a hierarquia de consumo dos meios e veículos de comunicação. 

São seis os meios de comunicação apresentados pela Secom/PR como prioridades na 

compra de espaço publicitário: TV aberta, rádio, jornal, revista, internet e mídia exterior34. Os 

elementos estabelecidos pela própria Scom/PR que justificam essa escolha são: o jornal, a 

revista a TV aberta e o rádio atendem essencialmente a capacidade de audiência e afinidade 

dos programas produzidos pelas emissoras, no âmbito do Poder Executivo Federal, em que os 

volumes de gastos devem atender a orientação dos indicadores de participação de mercado 

(audiência) de cada veículo apresentado na pesquisa, atentando-se para o fato de que, sempre 

quando for possível, deve-se incluir no planejamento desses dois meios emissoras 

segmentadas com base no critério regional.  

Ao estabelecer o critério de audiência (ou mídia técnica) como um dos principais 

elementos que definem a política da distribuição de verba de mídia para rádios e emissoras de 

TV, o Poder Executivo Federal estabelece de forma direta um compromisso de gasto maior 

com as grandes empresas privadas de comunicação que sobrevivem da receita publicitária e 

que, por consequência, são as maiores comercializadoras de audiência no país. A tabela 2 

mostra a forma como o governo segmenta recursos públicos para compra de espaço 

publicitário nos meios de comunicação.  

34 Mídia Exterior aos outdoors e mobiliário urbano (abrigos de ônibus, relógios, totens de rua, lixeiras, protetores 

de árvores), 

67 

Ranking de gastos por meio 

TV 

Total de 2000 a 2014, em R$ bilhões (IPCA, 

ano base 2014) 

Jornal 

R$ 23,6 

R$ 4,4 

Rádio 

Revista 

R$ 3,6 

R$ 3,3 

Mídia Exterior 

Internet 

R$ 1,5 

R$ 1,2 

Mídia Exte. Digital 

Cinema 

R$ 713 

R$ 221 

Guias e Listas 

Total 

R$ 0,005 

R$ 38,7 

Tabela 2 – Ranking de gastos publicitários do Governo Federal por Mídia’ 

Fonte: Elaboração própria com base nos dados ofertados pelo IAP  

É notória a superioridade dos gastos realizados no meio televisivo pelo Governo 

Federal contra o segundo maior gasto, que é com o jornal, com R$ 4,4 bilhões. A TV recebeu 

61% do total de R$ 38,7 bilhões que o Estado direcionou para verba de mídia. O que reafirma 

o papel central que a indústria da televisão exerce na Indústria Cultural brasileira, como o 

meio mais consumido no país.  

Conforme a pesquisa Mídia Dados35, em 2017, o Brasil teria 66.865.527 domicílios 

com TV. Considerando as regiões do país, o mesmo estudo afirmou que o Sudeste  

29.291.506 de domicílios com aparelhos televisivos (98,3% de posse), seguido pelo Nordeste, 

com 17.315.247 (96% dos lares), o Sul, com 10.318.655 (98% de posse), em seguida o 

Centro-Oeste, com 5.126.752 (96,4%), e por último a região norte, que atingiu a estimativa de 

4.813.367 televisões (92,8%). Certamente esses números cooperam com o processo de 

produção da audiência, essencial para o mercado publicitário e anunciante, sejam eles 

oriundos da esfera pública ou privada. A seguir, temos de forma detalhada o gasto anual do 

Governo Federal na compra de espaço publicitário nos meios mencionados na Tabela 136.  

35 Estes estudos foram construídos pelo Grupo de Mídia de São Paulo, que anualmente desenvolve pesquisas 

relacionadas ao mercado de mídia no Brasil.  

36 A ordem de exposição dos gráficos corresponde à hierarquia do maior investimento para o menor conforme 

encontra-se exposto na Tabela 1. 

68 

Gráfico 6- Distribuição por meio 

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IAP 

O gráfico 6 demonstra os nove meios de comunicação que ao longo de quatorze anos 

receberam verba pública do Governo Federal, apenas a guia de lista, ou guia telefônica, 

deixaram de ser opção de veiculação da propaganda institucional do governo devido à perda 

de espaço após o advento da internet.  Se analisarmos alguns anos de forma isolada, é possível 

identificar que, no governo FHC, houve uma maior destinação da verba de mídia para os 

seguintes meios de comunicação: TV, rádio, revista, jornal, cinema e guia de lista (ou lista 

telefônica). Já a partir da gestão de Lula e Dilma Rousseff, é possível identificar uma 

69 

tendência maior de direcionamento da verba de mídia para a internet e na mídia externa 

digital (luminárias, outdoor eletrônico). O processo de popularização da internet e de 

diferentes plataformas digitais fez com que o gasto em propaganda na rede aumentasse em 

322% já na mídia externa digital o aumento foi de 114%. Já os meios impressos, jornal e 

revista a redução de gastos foi de -80% e -64% respectivamente.   

A seguir destacaremos a TV, internet e rádio, considerados os três meios de 

comunicação mais utilizados pela população brasileira, conforme aponta a Pesquisa Brasileira 

de Mídia 2016 - Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira37. 

A tendência de evolução nos gastos voltados para compra de espaço publicitário na 

internet pelo Governo Federal condiz, essencialmente, com o próprio processo de 

desenvolvimento da infraestrutura e difusão comercial da rede em âmbito mundial e 

nacional38, especialmente no período em que esta é concebida como um gigantesco mercado 

mundial comercializador de informação-mercadoria, pautando-se preferencialmente pelo 

movimento de produção de conteúdo e captação de audiência que passa a ser vital no processo 

de negociação dos portais e redes sociais com os anunciantes, sejam eles do setor público ou 

privado.  

O processo tem semelhança com a chegada e popularização da 

televisão de massa, no sentido de que para ele convergem tanto as funções 

de vitrine do mercado (função publicidade) como as de reforço ideológico 

liberal hegemônico, que o toma como uma bandeira de eficiência do livre 

mercado e dos seus imensos benefícios: a ‘cidadania digital’, a inserção no 

‘mundo globalizado’ e outros mitos (função propaganda) (Bolaño, 2011, pg. 

153).  

Ainda sobre os gastos com internet, o Governo Federal comprou espaço publicitário 

para veicular sua propaganda institucional em 2162 empresas ao longo de quatorze anos, 

dentre elas grandes empresas produtoras de conteúdo, produtos e serviços de internet, com 

37 Dados disponibilizados pela Secretaria de Comunicação do Social do Governo Federal, Secom. Para ter acesso 

à pesquisa na íntegra, acessar o sítio eletrônico http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas

quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2016.pdf/view 

38 Para compreender mais a fundo o processo de surgimento da internet e o desenvolvimento econômico desta, é 

essencial acessar a obra Economia Política da Internet (2011), produzida pelo Dr. César Bolño, Alain Herscovici, 

Marcos Castañeda e Daniel Vasconcelo. 

70 

atuação no mercado nacional e internacional39.  A tabela 3 traz o ranking com as 20 empresas 

de internet que mais concentraram verba de mídia.  

Empresas de Internet 

1º Uol (Grupo Folha)  

Valor Real (IPCA, ano base 2014). 

2º Globo.com (Grupo Globo)  

R$ 117.573.115 

R$ 91.499.621  

3º Terra Online (Grupo 

Telefônica)  

4º MSN (Grupo Microsoft)  

R$ 88.467.258  

R$ 83.033.945  

5º Ig (Grupo Ongoing)  

6º Yahoo! (Grupo Verizon)  

R$ 77.865.827  

R$ 44.989.694  

7º Facebook (Grupo Facebook)   

8º R7 (Grupo Record)  

R$ 40.383.354  

R$ 25.911.947  

9º Carta Maior   

10º Estadão (Grupo Estado)  

R$ 22.496.992  

R$ 22.299.331  

11º Universal Mccann (Interpublic 

Group Of Companies) 

12º Folha Online (Grupo Folha)  

R$ 17.960.987  

R$ 17.391.272  

13º Viaje Aqui   

14º Google (Google Inc.)  

R$ 15.954.232  

R$ 13.605.962  

15º Casa.com.br (Grupo Abril)  

16º Terra (Grupo Telefônica)  

R$ 11.516.508  

R$10.731.806  

17º Zentih  

18º Panorama Brasil   

R$ 10.482.441  

R$ 8.148.920  

19º Hotwords  

20º O Globo Online (Grupo 

Globo)  

R$ 7.793.288  

R$ 7.548.469  

Tabela 3- Lista de Investimento nas Empresas de Internet. 

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IAP. 

As empresas que aparecem na lista acima como as que mais receberam verba de mídia 

do Governo Federal pertencem a grupos empresariais, formadores do mercado oligopólico da 

comunicação. O Grupo Folha, Grupo Globo, Telefônica, Microsoft, Grupo Abril, Google Inc, 

Grupo Ongogoing, Interpublic Group of Companies e Grupo Verizon, que atuam em 

diferentes ramos da comunicação – jornalismo, internet e tecnologia da informação, gráfica e 

editora, radiodifusão e telefonia, juntas, essas empresas concentraram 65% do total da verba 

de mídia que foi destinada pelo governo para compra de espaço publicitário na internet. 

39Das onze empresas listadas na tabela XX, apenas a UOL, Globo.com, Terra, IG e a Yahoo!recebem recursos 

públicos (sob a forma de verba de mídia) do Governo Federal desde os anos 2000, naturalmente isso interfere no 

quantitativo acumulado por estas empresas ao longo dosos anos utilizados para análise da pesquisa. 

71 

Apesar de a internet ter apresentado o maior crescimento, ela ainda se encontra muito 

aquém do montante dos recursos que foram direcionados para a TV entre 2000 e 2014. A 

televisão ainda é o principal meio de divulgação do Governo: foram destinados R$ 23,6 

bilhões de reais para esse tipo de mídia no período analisado, com uma média anual de gastos 

de R$ 1,5 bilhão, distribuídos entre 1232 veículos diferentes, o sistema público e privado de 

televisão. 

Ranking Empresas de TV 

1º Rede Globo  

Valores em R$ (IPCA, ano base 

2014) 

2º Rede Sbt 

R$ 9.586.588.150  

R$ 2.833.694.297 

3º Rede Record  

4º Rede Bandeirantes 

R$ 2.682.995.535 

R$ 1.703.259.219 

5º Rede Tv! 9 

6º Tv Globo (Rede Globo) 

R$ 667.783.940 

R$ 485.807.507 

7º Tv Globo  

8º Tv Globo 

Merchandising 4 

R$ 338.237.088 

R$ 334.461.717 

9º Sportv 

10º Globo News  

R$ 267.539.021 

R$ 264.028.931 

11º Tve Brasil 2 

12º Tv São Paulo 4 

R$ 233.694.654 

R$ 167.561.435 

13º Tv Record 7 

14º Rede Vida  

R$ 153.694.250 

R$ 153.478.250 

15º Espn Brasil  

16º Cnt Curitiba 6 

R$ 119.315.819 

R$ 109.988.447 

17º Rede MTV (MTV)  

18º Tv Globo Minas  

R$ 95.554.411 

R$ 86.325.321 

19ª Tv Bahia 11 

20º RbsTv Porto Alegre 12 

R$ 78.471.413 

R$ 77.639.050 

Tabela 4 - Lista de Investimento nas Empresas de TV. 

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IAP 

A Tabela 4 apresenta veículos de televisão que atuam tanto no sistema aberto de TV 

quanto no sistema fechado, com no caso da Sport TV, Globo News, ESPN Brasil ou MTV. 

Juntas, os canais do sistema fechado receberam do Governo Federal a soma de R$ 746,438 

milhões em forma de verba de mídia. Dessas quatro canais, duas são nacionais (Sport TV e 

Globo News) e pertencem ao pacote de canais da Globosat ( Grupo Globo). Os outros canais 

(MTV e ESPN)  pertencem ao grupo Viacom40. 

40 Viacom (VideoandAudioComunications) é um conglomerado de mídia estadunidense com redes de TV por 

assinatura com atuação em diferentes países (Brasil, Canadá, Estados Unidos, México e Colômbia) com 

72 

Entre as vinte emissoras que mais receberam a verba de mídia do Governo Federal, 

apenas a TVE Brasil, que no ranking aparece como décima primeira, pertence ao sistema 

público de TV. Uma realidade sintomática da política de comunicação do Estado brasileiro, 

que impulsiona o sistema público para uma posição secundaria, priorizando assim o sistema 

comercial de televisão, dando manutenção ao papel de “complementariedade marginal” 

exercido pelo próprio sistema público, conforme aponta Jonas Valente.  

O termo é para designar o papel secundário experimentado por estas 

experiências em sua evolução histórica em relação à estruturação do modo 

de regulação setorial da televisão na Indústria Cultural brasileira. Nesse 

processo, a referida condição se desenvolveu condicionada, em fase 

específica, pelos papéis definidos pelos compromissos institucionalizados 

firmados no âmbito dos interesses do Estado e do capital para a reprodução 

40 do modo de regulação setorial da televisão (VALENTE, 2009, p. 59). 

Enquanto a TVE Brasil recebeu R$ R$ 233, 695 milhões como de verba de mídia, o 

que corresponde a 1% do total de R$ 23,6 bilhões destinados à TV, a rede Globo, emissora 

que mais recebeu do Governo Federal, somou um total de 9,586 bilhões, o que equivale a 40 

% do total da verba. Se somarmos esse valor ao que as filiadas da emissora também 

receberam, a soma salta para 10,987 bilhões. A lista segue com as demais emissoras de TV do 

sistema comercial, principais comercializadoras da mercadoria audiência: Rede SBT, Rede 

Record, Rede Bandeirantes e Rede TV.  

Vejamos agora quais as empresas do sistema radiofônico (terceiro meio mais 

consumido no país) que mais receberam verba de mídia do Governo Federal.  

Ranking Empresas de Rádio 

1º Globo AM 1100 AM 

Valores em R$ (IPCA, ano base 

2014)) 

(Grupo Globo) 

R$ 118.350.482 

2º Jovem Pan AM SAT AM 

(Grupo Jovem PAM) 

3º Globo AM 1220 AM 

(Grupo Globo) 

R$ 114.799.465 

R$ 111.367.116 

4º CBN SAT AM (Grupo 

R$ 97.058.526 

produção de conteúdo em diferentes ramos da Indústria Cultural- televisão a cabo, radiodifusão, rádio, filmes e 

portal de internet. 80% das ações da Viacom pertencem ao conglomerado NationalAmusements, empresa que, 

além de operar em mais de 1.500 salas de cinema espalhadas pelos EUA, Reino Unido, America Latina e Rússia, 

também atua na produção de filmes através da parceria com a Paramount Pictures. 

73 

Globo) 

5º Super Rádio Tupi AM 

1280 (Os Diários Associados) 

6º Capital AM 1040 

(Companhia Brasileira de 

Bebidas Premium) 

R$ 87.738.748 

R$ 73.126.737 

7º Bandeirantes AM 840 

(Grupo Bandeirantes) 

8º Antena 1 SAT FM (Orlando 

Negrão Júnior/ Rocha Branca) 

R$ 68.038.084 

R$ 65.607.472 

9º Radio Band AM SAT AM 

(GrupoBandeirantes) 

10º Gaúcha AM 600 (Grupo 

RBS) 

R$ 63.108.534 

R$ 54.324.318 

11º Jovem Pan AM 620 

(Grupo Jovem PAM) 

R$ 51.386.169 

12º Nativa 95,3 FM (Grupo 

Bandeirantes) 

R$ 42.773.672 

13º Itatiaia AM 610 

14º Rede Transamérica FM 

R$ 42.413.386 

(Grupo Alfa) 

R$ 40.153.454 

15º Alpha 101,7 FM (Grupo 

Camargo de Comunicação) 

R$ 37.622.850 

16º Transcontinental FM 

104,7 (Cid Luiz de Souza 

Jardim) 

R$ 35.026.758 

17º CBN SAT AM (Grupo 

Globo) 

R$ 33.608.140 

18º Cobram AM (Não 

identificado) 

R$ 33.229.518 

19º FM O Dia 100,5 (Grupo o 

dia) 

R$ 33.042.915 

20º CBN AM 780 (Grupo 

Globo) 

R$ 32.348.467 

Tabela 5 - Lista de Investimento nas Empresas de Rádio. 

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IAP 

Assim como no meio televisivo, o Governo Federal também destinou maior parte do 

recurso público em formato de verba de mídia para as rádios do setor privado, onde na lista 

acima é possível identificar essas emissoras nas vinte primeiras posições. Destaca-se aqui o 

fato de que essas emissoras de rádio, quando não são propriedade de grandes grupos 

empresariais que atuam no mercado nacional e internacional de comunicação e 

entretenimento. O Grupo Globo, Bandeirante e a Jovem Pam, pertencem a grupos 

empresariais que dominam o mercado regional de comunicação e que também atuam em 

outros ramos de mercado, a exemplo da Rádio Antena 1 SAT FM, que é propriedade do 

empresário Orlando Negrão Júnior, proprietário de uma das principais empresas de 

comercialização de água mineral no país, a Água Mineral Rocha Branca. 

74 

Destaca-se o Grupo Globo, o conglomerado de mídia que mais recebeu verba do 

Governo Federal para veicular sua propaganda institucional. Além das rádios que levam o 

nome do próprio grupo, como Globo AM, outras emissoras, a exemplo da CBN, fazem parte 

do mesmo grupo empresarial, o que atribui ao grupo o total de R$ 392,732 mil de 2000 a 

2014.  

Vimos há pouco que parte da verba de mídia do Governo Federal para internet é 

restrita a parcela de grandes conglomerados de empresas multinacionais. Na esfera da TV e 

do rádio, foi possível identificar a reprodução da mesma política de comunicação voltada para 

manutenção do sistema privado, o que nos leva a afirmar, mesmo de forma parcial, que a 

política de comunicação do Governo Federal, sob a égide da distribuição da verba de mídia, 

além de priorizar as esturras de diferentes mercados que formam a rede da Indústria Cultural, 

acaba por conservar o sistema privado de comunicação. E mais: o Estado, na condição de um 

anunciante, porta-se como um agente privado dependente da produção da mercadoria 

audiência gerada no bojo das relações de trabalho desenvolvidas dentro da lógica de produção 

edificada pela Indústria Cultural. 

3.4 - A REGIONALIZAÇÃO DA VERBA DE MÍDIA DO GOVERNO FEDERAL EM 

NÚMEROS. 

A medida adotada por governo Lula para regionalizar a verba de mídia tem por 

objetivo principal a ampliação do quantitativo de empresas de comunicação aptas a veicular a 

propaganda estatal, a fim de proporcionar uma melhor distribuição da verba de mídia nas 

diferentes regiões do Brasil. Para se cumprir essa meta, a primeira medida adotada foi a 

criação de um sistema de cadastro em 2003, denominado Midiacad. Até 2015 essa medida 

contribuiu para que houvesse um aumento de 2.207% no número de emissoras de rádio e TV, 

aptos a receberem a verba de mídia.   

Para auxiliar o processo de regionalização iniciado pela política do Midiacad, em 

2008, a Presidência da República, estabeleceu o decreto nº 6.555, que ordena sobre as ações 

de comunicação do Poder Executivo Federal. No Art. 2º, inciso X do decreto, o texto ressalta 

“valorização de estratégias de comunicação regionalizada (BRASIL, 2008)”. Para o governo 

75 

petista, a política de regionalização representaria um avanço no processo de democratização 

da verba de mídia, tendo em vista que, após estas duas medidas, mais veículos, de diferentes, 

regiões, passariam a receber recursos públicos para veicular a propaganda institucional do 

Estado, principalmente os veículos de pequeno e médio porte. 

São notórias as consequências geradas pela política de cadastro do Mídiacad e o 

decreto nº 6.555. O percentual de cadastro apresentado acima demonstra isso. Contudo, ao 

identificar para onde o Governo Federal direcionou esses recursos públicos ao longo dos 

quatorze anos, é possível identificar que essa política de comunicação concentrou boa parte 

dos recursos nas mãos de conglomerados midiáticos privados. 

O fato de o governo ter ampliado o quantitativo de veículos aptos a receberem verba 

de mídia nos últimos anos não necessariamente implica em uma divisão equânime desses 

recursos entre as regiões do país. O gráfico 8 apresenta o resultado para o período em que se 

adotou legalmente a política de regionalização, 2003 a 2014 (gestão Lula e Dilma Rousseff), e 

o gráfico 9 exibe apenas os anos de 2000 a 2002, abordando apenas parte da gestão do 

governo FHC. Exibidos dessa forma os dados nos dão uma compreensão característica de 

como os três governos (FHC, Lula e Dilma) estruturaram a política de distribuição da verba 

de mídia.  

2000 a 2014 

R$ 1.367.471 

4% 

R$1.698.672 

5% 

Sudeste 

Nordeste 

Sul 

Centro-Oeste 

Norte 

R$1.081.616 

3% 

R$517.871 

1% 

R$31.722.316 

87% 

Gráfico 7- Gastos do Governo com Mídia por Região - 2000 a 2014 (Valor Real IPCA, ano base 

2014) 

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados ofertados pelo IAP 

76 

2003 a 2014 

Sudeste 

Nordeste 

Sul 

Centro-Oeste 

Norte 

R$14.687.383 

87% 

R$ 785.027 

5% 

R$ 692.809 

4% 

R$ 195.956 

1% 

R$ 573.887 

3% 

Gráfico 8- Gastos do Governo com Mídia por Região - 2008 a 2014 (Valor Real IPCA, ano base 2014) 

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados ofertados pelo IAP 

2000 a 2002 

R$ 299.731 

3% 

Sudeste 

Nordeste 

Sul 

Centro-Oeste 

Norte 

R$ 412.437 

5% 

R$ 235.860 

3% 

R$ 130.633 

2% 

R$ 7.474.704 

87% 

Gráfico 9 - Gastos do Governo com Mídia por Região - 2000 a 2002 (Valor Real IPCA, ano base 

2014) 

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados ofertados pelo IAP 

O gráfico 7 demonstra que a política de regionalização, durante os quatorzes anos 

analisados a região sudeste foi a que mais recebeu verba de mídia do Governo Federal (FHC, 

Lula e Dilma). Em termos percentuais, a região Sudeste é que mais concentra verba de mídia, 

77 

com 87 %. O Nordeste aparece como segunda região com 5%, a região Sul como a terceira, 

com 3%, e por último a região Norte, com 1%. Esses números demonstram que apesar de o 

Governo ter criado diferentes medidas políticas para que houvesse a regionalização de seus 

gastos com publicidade, ainda há uma forte tendência de concentração desses gastos na região 

sudestes. A única diferença, em termos de concentração regional, aparente no gráfico 9, é que 

tanto a região centro-oeste quanto a região sul cocentraram 3% do total de verba de mídia 

distribuída entre os anos 2000 a 2002. 

Outro elemento de reflexão é que, se por um lado houve uma mudança quantitativa 

nos veículos de comunicação aptos a receber a verba de mídia do Governo Federal, 

especialmente a partir da invenção do Midiacad, por outro lado essa medida não modificou 

qualitativamente o processo de concentração de recursos públicos, em determinados veículos 

de comunicação privados, localizados na região Sudeste.  

A partir dos dados apresentados e analisados ao longo desse capítulo, é possível inferir 

que, independentemente da gestão, FHC (2000 a 2002), Lula (2003 a 2011) e Dilma Rousseff 

(2011 a 2014), a política de comunicação do Estado brasileiro, em especial o processo de 

distribuição da verba de mídia para veicular sua propaganda institucional, mostra-se como 

uma política de Estado, cuja principal característica é de privatização e concentração de 

recursos públicos nas principais empresas que formam a Indústria Cultural, seja em âmbito 

nacional ou internacional. Assim, o Estado brasileiro na condição de um anunciante privado, 

age com base na dinâmica estabelecida pelo mercado de comunicação, especialmente a partir 

do consumo da mercadoria audiência, produzida em larga escala pelas indústrias culturais.  

78 

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Com base nos elementos apresentados nos três capítulos que estruturam a presente 

pesquisa foi possível afirmar algumas hipóteses oriundas da política de distribuição da verba 

de mídia do Governo Federal desde a publicação desses dados (2000 a 2014). A primeira 

hipótese é que essa política carrega em si um caráter privatizador, pois, uma parcela 

considerável desses recursos é destinada para os setores privados da comunicação, em todos 

os meios analisados (televisão, rádio, internet, guia de lista, cinema, jornal e revista impressa). 

E isso se dá devido à decisão política do Estado brasileiro em compreender que o principal 

critério decisório para segmentação de seus recursos de mídia deve corresponder à questão da 

mídia técnica ou níveis de audiência gerados pelas empresas de comunicação no país. A 

audiência, em sua forma de mercadoria, consolida-se como principal elo entre o Estado e 

diferentes representantes da comunicação privada no Brasil, considerando que esse setor é o 

principal produtor dessa mercadoria.  

Este comportamento operado pelo Estado gera uma espécie de mimetismo, onde o 

mesmo comporta-se como um agente privado qualquer, dependente dos circuitos comerciais 

de comunicação na busca da mercadoria audiência produzidas pelos monopólios partícipes da 

Indústria Cultural. Nesse contexto os aparelhos públicos de comunicação ao longo dos 

quatorze anos receberam um quantitativo inferior de recursos públicos, o que nos leva a 

reforçar a tese defendida por Jonas Valente de que no Brasil o sistema público de 

comunicação cumpre um papel secundário, ou nas próprias palavras do autor, cumpre um 

papel de complementaridade marginal.  

Foram vultosos os montantes de recursos públicos, sob forma de verba de mídia, 

gastos na compra de espaço publicitário com as principais agentes do mercado nacional e 

internacional de comunicação e produção de conteúdo, seja no âmbito da radiodifusão ou 

internet, onde as corporações Globo, Record, SBT, Rede TV! e  Bandeirantes são os 

principais destinos da verba de mídia para o sistema aberto de televisão.  

Outro fator de destaque foi o resultado gerado a partir da análise da política de 

regionalização da verba de mídia. Ao analisar essa medida adotada pelo Governo, não houve 

79 

de fato um movimento de desconcentração desses recursos na região sudeste, mesmo após o 

aumento de 2.207% a mais de veículos cadastros no Midiacad para receber a verba, sendo que 

o maior quantitativo de novos veículos pertence. A questão da concentração de recursos 

públicos no setor privado em detrimento do sistema público de comunicação é discutida no 

campo político por diferentes movimentos e espaços de debates41que atuam na perspectiva da 

democratização da comunicação. Para estes, um dos primeiros passos para o Estado brasileiro 

operar na perspectiva de fortalecimento do sistema público de comunicação necessariamente 

perpassa pelo direcionamento dos recursos destinados para compra de espaço publicitário 

(verba de mídia) mídia para geração e financiamento de políticas públicas que sejam capazes 

de fortalecer um sistema de comunicação público.  

Por fim, A verba de mídia do Governo Federal, objeto deste estudo, é apenas parte de 

um universo mais amplo que corresponde à contratação de serviços publicitários, que por sua 

vez envolve diferentes agentes privados para planejamento e execução do plano de 

comunicação institucional com base na difusão da propaganda estatal, o que nos aponta novos 

desafios de pesquisa na tentativa de compreender a totalidade de recursos utilizados pelo 

Estado brasileiro para execução de seu plano de propaganda. Esses são novos desafios há 

serem explorados em outro momento. No mais, acredita-se que as questões analisadas e 

esclarecidas em torno da política de distribuição da verba de mídia ao longo de quatorze anos, 

servirão de ferramenta para contribuir tanto com outras produções acadêmicas no campo da 

comunicação, como também para movimentos sociais que apontam outras possibilidades de 

comunicação no Brasil.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

41A exemplo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Coletivo Inervozes e Executiva dos 

Estudantes de Comunicação.  

80 

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. A Embalagem do Sistema: A Publicidade no 

Capitalismo Brasileiro.  3. Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015. 

ADORNO, Theodor W. HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos 

filosóficos. Tradução Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.  

______. “A indústria cultural: o iluminismo como mistificação das massas”. In: Lima, Luiz 

Costa. Teoria da cultura de massa. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 169 – 214.  

______. Indústria Cultural. IN CONH, Gabriel (org). Comunicação e Indústria Cultural. 

São Paulo, Nacional, 1977.  

BOLAÑO, César (org.). Comunicação e a Crítica da Economia Política: perspectivas 

teóricas e epistemológicas. 1ª Ed. São Cristóvão: Editora UFS, 2008. 

______. Tapando elAgujero Negro. Para una Crítica de laEconomía Política de 

laComunicación.CIC Cuadernos de Información y Comunicación 2006, vol. 11 47-56, 2006. 

<https://revistas.ucm.es/index.php/CIYC/article/viewFile/CIYC0606110047A/7273>.  Acessado em 

12 de maio de 2017. Às 20h00min. 

______. Indústria Cultural, Informação e Capitalismo. 1ª Ed. São Paulo: Editora 

Hucitec/Pólis, 2000. 

______. Mercado Brasileiro de Televisão. 2ª ed. rev. e ampl.  São Cristóvão, SE: 

Universidade Federal de Sergipe; São Paulo : EDUC, 2004. 

BARROS, Antonio; DUARTE, Jorge (org.). Métodos e Técnicas de Pesquisa em 

Comunicação. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2006. 

BRITTOS, Valério Cruz. A televisão no Brasil hoje: a multiplicidade da oferta. 

Comunicação e Sociedade. São Bernardo do Campo, nº 31, 1º cem.,1999, pp 9-34. 

BRITTOS, Valério Cruz. A televisão brasileira na era digital. Exclusão, esfera pública e 

movimentos estruturantes. São Paulo: Paulus, 2007. 

BRASIL. 

Lei 

4.680, 

de 

18 

de 

junho 

de 

1965. 

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4680.htm>. Acessado em 10 de junho, 2017. às 

22h00min. 

BRASIL. Lei 12.232, de 29 de abril de 2010. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007

2010/2010/Lei/L12232.htm>. Acessado em 10 de maio, 2017. às 22h00min. 

BRASIL. 

Lei 

8.666, 

de 

21 

de 

junho 

de 

1993. 

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm>. Acessado 12 de maio, 2017. às 

17h00min.   

81 

HABERMAS, Jurgen. Mudança Estrutural na Esfera Pública. Rio de Janeiro. Tempo 

Brasileiro, 2003.  

LIMA, 

Venício. 

Quem Financia a Mídia Privada?. Disponível em: 

<http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/quem-financia-a-midia-privada/> 

Acessado em 23 de maio, 2017. 

MOTA, Joane Santos. Economia Política Da Comunicação: Mapeamento, História E Sua 

Contribuição ao Campo da Comunicação No Brasil. Trabalho publicado no XIII  

Seminário Obscom/CEPOS, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe, São Cristóvão, 2014. 

MARX, Karl. Introdução a Contribuição para a Crítica da Economia Política. São Paulo. 

Expressão Popular, 2010.  

MOSCO, V. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação 

e Sociedade I: Cadernos do Noroeste, Braga, v. 12, n.1/2, 97-120, 1999. 

ORMAY, Larissa Santiago; RODRIGUES, TheófiloCodeço Machado. Financiamento público da 

mídia privada no Brasil: Notas para uma Economia Política da Comunicação.  Trabalho 

publicado na Revista Científica da EPITIC. 2014. 

PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1973.  

RODRIGUEZ, Fenando. Governo Federal Gastou R$ 2,3 bilhões em publicidade em 2014. 

Disponível em: <http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/04/24/governo-federal

gastou-r-23-bilhoes-em-publicidade-em-2014/

 > Acessado em 23 de março, 2017.  

SMYTHE, Dallas.Comunications_Blindspot of western Marxism.Canada. Journal of 

Political and Social Theory, 1977. 

SANTOS, Pedro Alexandre. Relação Público-Privado na Política de Distribuição de 

Verba Publicitária da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República 

(2011-2014). Universidade Federal de Sergipe, 2015.  

VALENTE, Jonas Chagas Lúcio. A Criação da TV Brasil e sua inserção no modo de 

regulação setorial da televisão brasileira. Dissertação de Mestrado apresentada para aoPrograma de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília, Brasília, 2009.  A dissertação do autor PEDRO ALEXANDRE DE OLIVEIRA SANTOS 

A comunicação dos governos em ano de eleição no Brasil é regida por regras rígidas estabelecidas principalmente pela Lei nº 9.504/1997 (Lei das eleições )https://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-das-eleicoes/lei-das-eleicoes-lei-nb0-9.504-de-30-de-setembro-de-1997.e resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir a igualdade de condições entre os candidatos e evitar o uso da máquina pública em benefício de um pleiteante específico. 

Principais Regras e Vedações

Publicidade Institucional (Período de Defeso Eleitoral): A principal regra é a proibição de autorização e veiculação de publicidade institucional dos atos, programas, obras e serviços dos órgãos públicos nos três meses que antecedem o pleito (o chamado "defeso eleitoral").Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral.

Exceções: A publicidade é permitida apenas em casos de grave e urgente necessidade pública, como calamidades, ou para produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, desde que haja reconhecimento da Justiça Eleitoral. Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Caráter Educativo, Informativo ou de Orientação Social: A publicidade permitida deve ter caráter estritamente educativo, informativo ou de orientação social, sem a inclusão de nomes, símbolos ou imagens que possam caracterizar promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Limitação de Gastos: Os governos não podem empenhar, no primeiro semestre do ano eleitoral, despesas com publicidade que excedam a seis vezes a média mensal dos valores empenhados nos três anos anteriores à eleição. Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Pronunciamentos em Cadeia de Rádio e Televisão: Agentes públicos estão proibidos de fazer pronunciamentos em cadeia de rádio e televisão fora do horário eleitoral gratuito, a menos que se trate de assunto urgente, relevante e característico das funções de governo.Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Uso de Marcas e Símbolos: Fica suspensa a divulgação da marca do Governo Federal (ou de qualquer nível: estadual/municipal) e de programas/campanhas que possam constituir sinal distintivo ou slogan de campanha durante o período eleitoral.Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Redes Sociais e Agentes Públicos: Agentes públicos podem ter posicionamentos políticos em suas redes sociais pessoais, mas devem tomar cuidado extremo para não utilizar a função pública ou a estrutura do órgão para promover candidatos, partidos ou coligações. É vedada a inclusão de postagens que caracterizem propaganda eleitoral nos perfis institucionais (como divulgação de nomes, números de candidatos ou slogans partidários). Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Objetivo

Essas normas visam preservar a isonomia (igualdade de condições) entre todos os candidatos, impedindo que aqueles que já estão no poder usem recursos públicos, visibilidade e a estrutura governamental como ferramenta de campanha eleitoral. O descumprimento dessas regras pode levar a multas, cassação do registro da candidatura ou do mandato, além de outras sanções judiciais. Segundo o Site  Oficial do Tribunal Superior Eleitoral

Direita, Esquerda e Centro. Sempre inflam sua comunicação social em no pré eleitoral. Pura tolice enxergar isso de acordo com nossa convicção política.

Confira a noticia na Folha de São Paulo.                .https://www1.folha.uol.com.br/poder/2025/11/governo-lula-infla-verba-de-comunicacao-antes-de-ano-eleitoral-e-vai-na-contramao-de-cortes.shtml

E assim caminha a humanidade. 

Imagem ; Site Poder 360.



 



 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário