quarta-feira, 28 de outubro de 2020

O racismo como uma marca no Brasil.

 O Condomínio Aldeia do Vale informou que a cliente de hamburgueria que chamou um entregador de macaco não mora no residencial, em Goiânia. O caso é investigado pela Polícia Civil. Mensagens mostram quando a pessoa, registrada no aplicativo de entregas de comida, diz que “esse preto não vai entrar no meu condomínio”.

O condomínio informou que na noite de terça-feira (27) recebeu da polícia o nome cadastrado no aplicativo que foi usado para fazer o pedido. “Checando em nossos cadastros, temos certeza em informar que ela não é e nunca foi moradora do Aldeia do Vale”, disse o comunicado, de acordo com a reportagem do Portal G1 da Rede Globo.
A assessoria de imprensa reforçou ainda que também foram verificados os registros de visitante e que nenhuma pessoa com o nome usado para fazer o pedido de entrega passou pelo condomínio. “Tudo não passou de um trote criminoso por alguém que nunca residiu aqui”, completa a nota.
A cliente foi banida do Ifood assim que identificada. O G1 encontrou em contato por email às 7h15 com a empresa perguntando a localização de onde foi feito o pedido, se existiam outras reclamações contra a usuária e se há a possibilidade da conta ser falsa e aguarda retorno, segundo o relato do Portal.
O entregador, Elson Oliveira, de 39 anos, trabalha há 12 anos como entregador e nunca tinha sido vítima de racismo. Ele conta que ficou abalado ao saber das mensagens ofensivas.
O caso aconteceu na noite de domingo (25). Elson foi levar o pedido, mas o endereço estava incompleto no cadastro. A gerente da hamburgueria, Ana Carolina Gomes, enviou uma mensagem pelo aplicativo pedindo o número da quadra e do lote e solicitando a entrada do funcionário, de acordo com o relato do veiculo.
Diante das respostas, a gerente cancelou o pedido, dizendo que não aceitaria o ato de racismo. Ela conta que teve até dificuldade em relatar a situação ao entregador. “Ele chegou aqui e disse: ‘Ah, é difícil a pessoa não querer que eu entregue porque eu não sou branco’”, disse.
Elson relata que nunca tinha passado por uma situação semelhante. “Na hora, não acreditei. Voltei de cabeça baixa. É muito dolorido quando acontece com você. Você não espera que isso vá acontecer, porque tem muitos meios de comunicação que falam sobre isso e as pessoas continuam com esses atos”, lamentou o entregador, de acordo com o Portal de Imprensa.
O dono da hamburgueria, Éder Leandro Rocha, a gerente e o entregador foram, na tarde de terça-feira, registrar o caso na Polícia Civil e prestar depoimento. Representantes de movimentos dos direitos dos negros também compareceram à delegacia par cobrar providências.
A delegada Sabrina Leles informou que vai pedir dados junto ao aplicativo para seguir as investigações. “O aplicativo tem papel fundamental nesse momento, porque alí nós temos informações técnicas da conexão, dos dados do usuário que encomendou aqui e, através daquele chat, na conversa com a empresa fornecedora, proferiu essa intenção de praticar o crime de racismo”, disse a delegada, de acordo com a reportagem, nesta quarta feira (28).


Á você que está me lendo eu digo :O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a era colonial e escravocrata, imposto pelos colonizadores portugueses. Uma pesquisa publicada em 2011 indica que 63,7% dos brasileiros consideram que a raça interfere na qualidade de vida dos cidadãos
Com a chegada dos escravos africanos, a sociedade brasileira dividiu-se em duas porções desiguais, semelhante a um sistema de castas, formada por uma parte branca e livre e outra parte negra e escrava. Mesmo os negros livres não eram considerados cidadãos. O racismo no Brasil colonial não era apenas sistêmico, vez que também tinha base legal. Para ocupar serviços públicos da Coroa, da municipalidade, do judiciário, nas igrejas e nas ordens religiosas era necessário comprovar a "pureza de sangue", ou seja, apenas se admitiam brancos, banindo negros e mulatos, "dentro dos quatro graus em que o mulatismo é impedimento". Era exigida a comprovação da "brancura" dos candidatos a cargos.
O movimento negro no Brasil corresponde a uma série de movimentos realizados por pessoas que lutam contra o racismo e por direitos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu primeiro artigo, diz que "todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos…".
Movimentos sociais expressivos envolvendo grupos negros perpassam toda a história do Brasil. Contudo, até a abolição da escravatura em 1888, estes movimentos eram quase sempre clandestinos e de caráter específico, posto que seu principal objetivo era a libertação dos negros cativos. Visto que os escravos eram tratados como propriedade privada, fugas e insurreições, além de causarem prejuízos econômicos, ameaçavam a ordem vigente e tornavam-se objeto de violência e repressão não somente por parte da classe senhorial, mas também do próprio Estado e seus agentes, de acordo com uma das aulas de conceito histórico  para horas de atividades complementares, que eu tive durante o curso de Jornalismo na FIAAM FAAM, com a professora e socióloga Lilian Torres.
Basicamente leitor (a),existem dois tipos de discriminação racial, o preconceito de marca e o preconceito de origem.
O Preconceito de marca é aquele que se relaciona ao fato de outros indivíduos não aceitarem aquela pessoa, tendo relação com o aspecto da cor da pele, se parece muito com as agressões á pessoas obesas, observadas como “diferentes”.
O preconceito de origem se aplica um grupo que descende de negros, como por exemplo, os negros  e seus descendentes sofrem com o preconceito e os nordestinos e seus descendentes sofrem com a xenofobia. Ou seja, o preconceito de origem se aplica basicamente como xenofobia.
No Brasil o preconceito de marca é praticado há séculos, e esse tipo de preconceito racial ficou mais forte no nosso país, pelo conceito de “hierarquia social” que se estabeleceu após o fim da escravidão.
No conceito de “hierarquia social", existe o conceito de “branqueamento", sendo assim, o negro primeiro é discriminando por não ter o diploma superior. Entretanto, quando consegue, acaba sofrendo pelo conceito típico da “hierarquia sócial”,simplesmente pelo fato de ser negro.
A origem do preconceito de marca no Brasil se deu com o inicio da escravidão, quando os primeiros navios negreiros começaram a trazer negros  da África para serem comercializados no Brasil. Durante o período da escravidão, os negros eram tratados como “diferentes", devido a cor da sua pele, podemos dizer      que na época da escravidão, com os primeiros navios negreiros, começava a ser implantados o conceito da “hierarquia social” no Brasil.

O conceito da “hierarquia social” ficou ainda mais forte com os negros escravos trancados em senzalas, sendo impedidos de comer a mesma comida dos seus senhores. Mesmo  o final do período da escravidão  no Brasil com a lei áurea, não libertou os negros da “hierarquia social", o conceito mais perverso da escravidão.
O final do período da escravidão no Brasil acabou coincidindo com os primeiros passos da revolução industrial, os negros libertos já sofriam os primeiros conceitos da “hierarquia social”, pois no tempo em que eram escravos, não tiveram qualquer acesso á educação, e depois de libertos, não estavam preparados para a era da grande industrialização, então podemos dizer que a herança dos negros nos dias atuais começou naquele tempo.
A herança que a população negra no Brasil carrega é extremamente cruel, primeiro o negro é discriminando por não ter o diploma superior como os brancos. Mas, no entanto, quando finalmente obtém o diploma universitário, os negros sofrem com a discriminação, simplesmente por serem negros, esse é o preconceito de marca, praticado há séculos e que persiste até hoje no Brasil.

E assim caminha a humanidade.


Imagem : Site Slyde Player.




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