Cada pesquisa que aponta que Jilmar Tatto (PT) não decola na preferência do eleitorado paulistano é acompanhada por uma onda de reclamações da parcela de petistas que deseja ver o partido apoiando Guilherme Boulos (PSOL). Com o levantamento do Datafolha, divulgado nesta quinta (5), não foi diferente. Mas, agora, o "voto útil" não seria apenas contra Celso Russomanno (Republicanos), mas também Márcio França (PSB).
Os três estão tecnicamente empatados em segundo lugar, atrás de Bruno Covas (PSDB), que foi de 23%, na pesquisa em 22 de outubro, para 28%.
Russomanno caiu de 20% para 16%. Boulos manteve-se com 14% e França foi de 10% a 13%. Nesse período, Tatto foi de 4% a 6%. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Covas e França foram beneficiados pelo derretimento de Russomanno, que conta com o apoio de Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente da República pediu votos para ele em sua live semanal na quinta (29).
Pode ser que o deputado federal encontre seu piso quando atingir a base de seguidores fiéis do presidente. Mas como a rejeição a Russomanno (47%) só é comparável à rejeição de Bolsonaro (46%, no Datafolha, de setembro), não se sabe quando isso vai acontecer.
A campanha de Boulos torce para que a queda de Russomanno não demore muito para que não fortaleça França com a transferência de votos.
O ex-governador tem se vendido como um progressista, mas disposto a dialogar com Bolsonaro. E bolsonaristas o veem como alguém que pode derrotar o aliado do governador João Doria. Aquilo que foi visto por analistas, no início do período eleitoral, como uma aposta arriscada, considerando o clima polarizado da política nacional, pode estar dando certo.
A coluna conversou com lideranças petistas. As que defendem que o partido deve apoiar Boulos afirmam que isso precisa ser, no mínimo, a uma semana da eleição (marcada para o dia 15) para haver tempo hábil para o engajamento da militância e o uso da imagem de Lula.
Acreditam que o PT pode ficar em uma situação delicada e ser criticado no campo de esquerda caso o coordenador do MTST não passe para o segundo turno por uma diferença igual à intenção de votos de Tatto. Recorrem ao fato de que ele foi um dos principais apoiadores do ex-presidente enquanto esteve ele preso na Polícia Federal, em Curitiba.
Os que defendem, por outro lado, que o PT mantenha a candidatura lembram que o partido tem direito a ter candidato próprio, destacando que o PSOL mantém a sua no Rio de Janeiro, mesmo estando atrás nas pesquisas. E que, mesmo que houvesse consenso, não é garantia que os votos de Tatto seriam transferidos para Boulos em caso de desistência. O relato é do jornalista Leonardo Sakamoto, na manhã de hoje, sexta feira (05), no Portal UOL.
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