sábado, 12 de dezembro de 2020

Os vícios brasileiros além do novo corona vírus.

 O anúncio nesta semana de que o governo de São Paulo pretende iniciar a vacinação contra a Covid-19 já em janeiro com a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, provocou reações no Planalto.

Após o anúncio do plano, o governo do presidente Jair Bolsonaro se movimentou para comprar as vacinas produzidas pela Pfizer/BioNTech e chegou a prever um início da imunização já em dezembro — o que, no entanto, será muito improvável de ocorrer por causa do pedido tardio ao laboratório. A Pfizer disse que teria condições de fazer entregas em janeiro.

Além disso, governadores se dividiram entre os que apoiaram a ideia do governador João Doria (PSDB) e fecharam acordos com o governo paulista e aqueles que pressionam o Planalto e o Ministério da Saúde para não permitir que um estado saia na frente na vacinação.

Entre os descontentes com Doria, está o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que afirmou nesta sexta que o Governo Federal vai requisitar todas as vacinas contra a Covid — que incluiria a CoronaVac. O paulista respondeu dizendo que a possível proposta do Planalto seria "um confisco de vacinas".

O Ministério da Saúde disse em nota que "em nenhum momento (...) se manifestou sobre confisco ou requerimento de vacinas adquiridas pelos estados". A pasta reafirmou a importância das secretarias estaduais e municipais nas campanhas de vacinação.

Vale lembrar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não aprovou a CoronaVac nem outra vacina. Além disso, a expectativa é que os dados de eficácia do imunizante produzido pelo Butantan e pelo laboratório chinês só saiam nos próximos dias.

As desavenças desta semana são apenas os capítulos mais recentes da disputa entre Doria e o governo Bolsonaro sobre vacinas, principalmente se tratando da CoronaVac. Veja abaixo a cronologia dessas discussões.

Com os testes ainda em andamento, Doria anunciou que o Instituto Butantan seria parceiro do laboratório chinês Sinovac para a produção de uma vacina contra o coronavírus. "Os estudos indicam que ela estará disponível no primeiro semestre de 2021, ou seja, até junho do próximo ano. E com essa vacina nós poderemos imunizar milhões de brasileiros", disse, na ocasião.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, o governador paulista disse que a aplicação da vacina CoronaVac poderia ser ofertada já em janeiro de 2021 no Sistema Único de Saúde (SUS) em diversos estados.

"Nós já poderemos iniciar a produção da vacina em dezembro e imediatamente na sequência iniciar a vacinação, com o SUS, de milhões de brasileiros, não apenas em São Paulo como também em outros estados", afirmou Doria.

Doria assinou, mais de três meses depois do anúncio da parceria, um contrato para o recebimento de 46 milhões de doses da CoronaVac. O acordo foi assinado por Doria e Weining Meng, diretor do laboratório Sinovac, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. No mesmo evento, o governador anunciou que a vacinação de profissionais de saúde deve ter início em 15 de dezembro — data que não poderá ser cumprida.

O Ministério da Saúde anunciou, em reunião com governadores, que a União compraria 46 milhões de doses da CoronaVac. Com isso, a expectativa era que o governo editasse uma nova Medida Provisória para disponibilizar R$ 2,6 bilhões até janeiro.

Na ocasião, Pazuello afirmou que, quando a vacina for aprovada, as doses serão distribuídas a todo o Brasil por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que há décadas é responsável por campanhas nacionais de vacinação.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em sua página no Facebook, que o Brasil não compraria "a vacina da China".

A afirmação foi feita em resposta a uma seguidora na rede social que pediu a exoneração do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Bom dia presidente. Exonera Pazuelo urgente, ele está sendo cabo eleitoral do Doria. Ministro traíra", escreveu a seguidora, referindo-se a João Doria (PSDB), governador do estado de São Paulo.

"Tudo será esclarecido ainda hoje. Não compraremos a vacina da China", respondeu o presidente.

Em resposta, Doria pediu ao presidente Bolsonaro que "tenha grandeza" em relação à CoronaVac e disse que "não é ideologia, não é política, não é processo eleitoral que salva, é a vacina."

"Falo aqui na condição de governador do estado de São Paulo, mas falo principalmente como brasileiro, como pai. E como pai eu desejo que meus filhos tomem a vacina, desejo que minha família tome a vacina, desejo que meus vizinhos tomem a vacina, desejo que os brasileiros tomem a vacina. A vacina é que vai nos salvar a todos. Não é ideologia, não é política, não é processo eleitoral que salva, é a vacina", afirmou.

Ao comentar a suspensão dos testes da vacina CoronaVac após a morte de um voluntário — morte que não teve relação com o imunizante —, o presidente afirmou que o episódio é mais um em que "Jair Bolsonaro ganha".

"Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu Bolsonaro.

Um lote com 600 litros de matéria-prima da vacina CoronaVac chegou em 3 de dezembro, em evento que contou com a presença do governador João Doria.

"Viemos receber aqui mais um lote da vacina CoronaVac, da vacina do Butantan, a vacina que vai salvar a vida de milhões brasileiros. Hoje recebemos insumos para 1 milhão de doses da vacina. Somados aos 20 mil que já recebemos, agora temos 1 milhão e 120 mil doses da vacina", afirmou Doria.

O governo de São Paulo disse que o plano de vacinação com a CoronaVac começa no dia 25 de janeiro de 2021. O primeiro grupo a receber a vacina contra o coronavírus engloba profissionais de saúde, indígenas e quilombolas de todo o estado. A previsão do governo de São Paulo é a de que os documentos sobre a CoronaVac sejam entregues à Anvisa em 15 de dezembro.

Em reunião com governadores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que, se houver demanda e preço, o governo federal vai comprar a "vacina do Butantan".

A declaração foi dada após Doria questionar se o Ministério da Saúde pretendia adquirir a CoronaVac. Na pergunta, o governador paulista lembrou que o governo federal fechou acordo para comprar outros dois imunizantes.

"Já respondi isso a todos os governadores. Quando a vacina do Butantan – que não é do estado de São Paulo, tá, governador? Não sei como o senhor fala tanto como se fosse do estado. Ela é do Butantan. O Butantan é o maior fabricante de vacina do nosso país e é respeitado por isso", afirmou Pazuello.

"O Butantan, quando concluir o seu trabalho e tiver sua vacina registrada, nós avaliaremos a demanda e, se houver demanda e houver preço, nós vamos comprar. [...] Volto a colocar para o senhor [Doria] que o registro é obrigatório e, havendo demanda, havendo preço, todas as vacinas, todas as produções serão alvo de nossa compra."

Em entrevista, o governador paulista disse que a Anvisa "não é uma agência de regulação do interesse do Governo Federal" e que espera que ela "cumpra seu papel" e aprove a CoronaVac.

"Nossa expectativa e o nosso desejo é que a Anvisa o cumpra seu papel. Uma agência reguladora autônoma, independente e científica. Não é uma agência de regulação do interesse do Governo Federal, do Palácio do Planalto ou de defesa ideológica. É o último estágio que nós imaginaríamos que uma agência reguladora independente faria. Então nós, os governadores e eu, em São Paulo, temos expectativa que a Anvisa cumpra seu papel, aprove a CoronaVac, a vacina do Butantan".

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), publicou em suas redes sociais que o Ministério da Saúde deve editar uma Medida Provisória para "tratar da centralização e distribuição igualitária das vacinas", além de requisitar todas as vacinas contra o coronavírus. O anúncio foi feito após um encontro do goiano com o ministro Eduardo Pazuello, durante a inauguração de uma maternidade em Goiânia.

O G1 apurou que o governo federal já trabalha em uma Medida Provisória relacionada a vacinas, com liberação de recursos para compra de imunizantes. Há expectativa de o texto ser publicado em breve.

O Ministério da Saúde disse que em nenhum momento se manifestou sobre confisco ou requerimento de vacinas adquiridas pelos estados. A informação é do Portal G1 da Rede Globo, na manhã deste sábado (13).


Á você que está me lendo eu digo : A monarquia é uma forma de governo aonde o monarca exerce a função de chefe de estado até sua morte ou abdicação do trono. Existem dois tipos de monarquia.
A monarquia absolutista aonde o poder do monarca vai além do monarca é absoluto, sendo superior aos outros poderes do estado vigente. Na monarquia constitucional ou parlamentar, o poder de um monarca é limitado pela constituição vigente no país. A primeira é considerada um regime autoritário, enquanto a segunda normalmente ocorre num contexto democrático e representa a maior parte das monarquias atuais. Formas de governo sem um monarca são denominadas repúblicas.
O patrimonialismo foi implantado no Brasil pelo Estado colonial português quando o processo de concessão de títulos, de terras e poderes quase absolutos aos senhores de terra legou à posteridade uma prática político-administrativa em que o público e o privado não se distingue perante as autoridades.
O traço patrimonialista brasileiro, abre espaço para o politicagem de meros interesses pessoais das autoridades publicas no Brasil. Em plena pandemia do novo corona vírus, os governantes brasileiros querem brincar de monarcas absolutos.
O patrimonialismo e a politicagem, são vícios historicamente incuráveis no Brasil. E é exatamente por isso, que desde 2018, passamos a viver a polarização bizarra entre os sociais democratas liberais e a extrema direita. E assim segue o Brasil e seus vícios nocivos.


E assim caminha a humanidade.


Imagem : Jornal O Globo.

No Congresso, só 17,8% dos parlamentares são negros - Jornal O Globo





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