quarta-feira, 18 de maio de 2022

O dilema do PSDB.

 BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A executiva nacional do PSDB, reunida nesta terça-feira (17), elevou a pressão para que o presidenciável João Doria desista da sua candidatura. A maior parte dos integrantes da cúpula tucana defendeu que o ex-governador paulista não é viável eleitoralmente e prejudica o partido.

Ficou acertado que parlamentares e candidatos a governador nos estados devem levar essa avaliação ao tucano.

Para isso, Doria foi convidado a participar de uma reunião com parte da executiva na manhã desta quarta-feira (18), antes da divulgação da pesquisa contratada por PSDB e MDB para orientar a escolha da candidatura única da terceira via entre Doria e Simone Tebet (MDB).

A escolha de um nome, portanto, será adiada, segundo o presidente do PSDB, Bruno Araújo. Ele afirmou, porém, que a divulgação da pesquisa está mantida para esta quarta e que os resultados serão considerados para reflexão interna.

Qualquer decisão, de acordo com ele, passa antes pela conversa do partido com Doria. Ainda não há resposta se o ex-governador tucano aceitará participar da reunião e se topará fazê-la já nesta quarta.

Araújo afirmou à imprensa esperar que Doria aceite o diálogo. Já o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) falou em um gesto de grandeza do tucano, que seria a sua desistência.

As duas alternativas de Doria seriam, para o mineiro, "um gesto de grandeza política, espero, ou permanecer nesse enfrentamento".

O presidente do PSDB disse ainda que o partido busca uma solução política e que a "judicialização é antipolítica", em resposta à ameaça de Doria de levar a questão à Justiça Eleitoral para garantir sua candidatura.

Ele negou que esteja agindo com a missão de retirar a candidatura de Doria.

"Não há sentido de qualquer definição que não tenha a participação direta e a construção política do nosso pré-candidato. A política vai ajudar a construir um entendimento. [...] Passa por um processo de construção de diálogo onde ele tenha também uma percepção das dificuldades políticas, mas também do poder político que ele tem", disse a respeito de Doria.

Araújo afirmou ainda que a reunião foi madura e sincera. "É justo que todos os candidatos coloquem a dificuldade que têm", completou.

Na avaliação de tucanos, costurar uma desistência de Doria seria uma saída política. Há o entendimento de que é preciso retirá-lo com seu aval. Mas há quem veja essa estratégia como tardia, feita após a renúncia de Doria ao Governo de São Paulo apenas para beneficiar seu sucessor, Rodrigo Garcia (PSDB).

"Doria está sendo convidado para vir aqui amanhã [quarta] para uma conversa com ele sobre tudo isso que se falou aqui", disse o senador Tasso Jereissati (CE). "Qualquer decisão será feita em diálogo com o próprio Doria", continuou o senador, que defendeu uma candidatura única da terceira via.

A proposta de ouvir Doria na tentativa de levá-lo a renunciar e abrir espaço para que o PSDB rediscuta os rumos da eleição presidencial foi feita por Aécio. Somente se opuseram à ideia o tesoureiro Cesar Gontijo e o ex-governador Antônio Imbassahy, aliados de Doria.

"Sugeri que possa ser feito o mais rapidamente possível uma reunião para que Doria ouça dos seus companheiros o que ouvimos aqui. Que ele ouça dos seus aliados que a candidatura dele atrapalha alguns estados", disse Aécio.

"Não é demérito nenhum não conseguir consolidar uma candidatura. Quantos viveram esse processo? Acho que as palavras muito claras, sobretudo dos candidatos a governadores e parlamentares, que, dado esse tempo, a candidatura de Doria não se tornou viável, isso tem de ser dito a ele. E quem sabe ele possa fazer um gesto, muitos não acreditam, mas na política a esperança existe. Um gesto à la Franco Montoro", completou.

Na reunião, portanto, apesar da carta de Doria contrária à pesquisa de opinião contratada por MDB e PSDB, a executiva optou por manter as conversas com os emedebistas —que tentem a levar o partido a apoiar Tebet em detrimento de Doria.

"O reconhecimento de que os entendimentos políticos feitos com MDB e Cidadania, com autorização do candidato e da executiva, foram devidamente ratificados hoje, para não deixar qualquer dúvida em relação à carta [de Doria]. Então amanhã seguimos o diálogo, com a apresentação da pesquisa", disse Araújo.

Na reunião da executiva que durou mais de três horas, foram expostas as três principais vertentes no partido. Uma, considerada majoritária, de que seja chancelada uma aliança com o MDB em torno de um candidato.

Outra, liderada por Aécio, que defende uma candidatura própria tucana, mas que não seja Doria. E uma terceira, minoritária na direção partidária, de seguir com o nome do ex-governador paulista, independentemente da conversa com os emedebistas.

Mesmo aliados de Doria nas prévias falaram sobre as dificuldades de sua candidatura. As falas na reunião incluíram críticas ao ex-governador e à sua ameaça de judicializar a questão.

Logo no início do encontro, segundo relatos, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) afirmou que Doria errou ao ameaçar a judicialização e rebateu os argumentos do ex-governador. Doria considera que, por ter vencido as prévias, o estatuto do PSDB garante que ele será o presidenciável do partido.

Segundo Sampaio, o erro político de Doria foi não debater internamente a situação e dizer que poderia levar um assunto afeito ao partido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Aliado de Doria, Gontijo, defendeu que o PSDB espere mais 45 dias para aferir quem pontua melhor nas pesquisas. Imbassahy também defendeu Doria.

Após a reunião, Gontijo afirmou à reportagem ter considerado positivo "o reconhecimento unânime de que Doria foi eleito democraticamente numa prévia e é o candidato do PSDB". "Qualquer alteração disso passa pela vontade do próprio candidato", disse ele.

Gontijo criticou que o encontro seja marcado já para esta quarta, sem prévia consulta à agenda do ex-governador. Ele afirmou que nenhuma decisão será feita sob pressão.

"Doria vai ouvir pessoa pedindo que ele desista, mas vai ouvir quem peça para ele continuar também. Continuar as conversas com o MDB não exclui a possibilidade de que Doria seja candidato", completou.

Entre os argumentos de Doria estão o de que ele pontua à frente de Tebet (3% contra 1% na pesquisa Quaest da semana passada) e o de que a candidatura da emedebista pode acabar derrubada pelo MDB, que tem alas divididas entre apoiar Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, depois da carta em que Doria ameaça ir à Justiça com base nas prévias para que o PSDB lance seu nome, Araújo convocou a reunião desta terça-feira.

A ideia era aferir se a executiva do partido seguia dando aval à negociação por uma candidatura única da terceira via ou se a cúpula tucana concordava com Doria e se opunha ao acordo em nome de uma candidatura própria.

O assunto não chegou a ser votado, mas aliados de Doria na reunião não chegaram a levantar uma contestação à continuidade do trato com MDB e Cidadania.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a escolha entre Tebet e Doria por meio de uma pesquisa foi pensada de forma a sacramentar a candidatura da emedebista e enterrar a de Doria.

Na carta, divulgada no sábado (14), Doria pede que Araújo respeite o resultado das prévias e diz haver tentativas de golpe..

O entendimento do ex-governador é o de que uma decisão da executiva nacional não pode se sobrepor às prévias. Para ele, a convenção do PSDB é homologatória, ou seja, só pode oficializar o resultado das prévias —não cabe deliberar sobre apoio a outro partido ou a outro nome tucano.

Já parte do PSDB, como mostrou a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, entende que essa regra só é válida se o partido tem um presidenciável próprio e que a convenção pode, sim, determinar o apoio da sigla à Tebet.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Aécio defendeu que outros nomes do partido sejam levados à convenção como possíveis presidenciáveis. Parte do PSDB ainda aposta em Tasso ou no ex-governador Eduardo Leite (RS).

A ala mais pragmática que não quer a candidatura própria visa evitar um candidato que dificulte as campanhas de parlamentares. Esse cenário é visto ainda como uma forma de direcionar mais verba do fundo eleitoral para as bancadas. A informação é do Jornal Folha de São Paulo.










Á você que está me lendo eu digo : O centrismo na política, dentro do conceito da existência de uma esquerda e direita, é a posição de quem se encontra no centro do espectro ideológico. Para alguns, há apenas duas posições políticas: a de esquerda e a de direita. Porém, além dessa dicotomia há a visão centrista, que é utilizada pelos moderados. Muitos liberais se encaixam no centro uma vez que defendem pontos de vista considerados de esquerda por quem é da direita tradicional e por defenderem pontos de vistas considerados de direita pela esquerda tradicional.
Um partido ou indivíduo ideologicamente centrista não defende nem capitalismo nem socialismo absolutos, mas vê a necessidade de conciliar capitalismo com atenção a carências sociais numa democracia, podendo ser mais culturalmente liberal. Na visão da política de centro, não deve haver extremismos ou intransigências na sociedade. 
A social-democracia é uma ideologia política que apoia intervenções econômicas e sociais do Estado para promover justiça social dentro de um sistema capitalista, e uma política envolvendo Estado de bem-estar social, sindicatos e regulação econômica, assim promovendo uma distribuição de renda mais igualitária e um compromisso para com a democracia representativa. É uma ideologia política originalmente de centro-esquerda, surgida no fim do século XIX dentre os partidários de Ferdinand Lassalle, que acreditavam que a transição para uma sociedade socialista deveria ocorrer sem uma revolução, mas sim, em oposição à ortodoxia marxista, por meio de uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário.
Diferentemente do PT, o PSDB não é um partido orgânico. Como um partido de centro a centro direita, o PSDB perdeu sua identidade, com a ascensão do bolsonarismo em 2018.
Um exemplo da falta de identidade do PSDB, se dá no nível municipal. Em 2016, o PSDB havia conquistado 799 prefeituras. Em 2020, o PSDB caiu para 520 prefeituras. 
A ascensão do bolsonarismo, tirou o protagonismo dos partidos de centro e centro direita no debate político. O MDB, outro partido de centro a centro direita, que havia conquistado 1044 prefeituras em 2016, também encolheu para 784 prefeituras em 2020.
A força da extrema direita bolsonarista, acabou prejudicando os partidos de centro a centro direita, que não sendo partidos tão orgânicos, acabam perdendo sua identidade política, perante a polarização entre a social democracia  e a extrema direita.
Não sendo um partido orgânico, o PSDB caminha para o nanismo político no Brasil. Na ascensão de uma extrema direita extremamente aguerrida, somente os partidos orgânicos se mantém competitivos no cenário político no país atualmente.

E assim caminha a humanidade. 

Imagem : Revista Isto É. 



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