sexta-feira, 22 de julho de 2022

A barbárie insuportável no Brasil.

 Denílson Glória, morador do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, acusou a polícia de alvejar seu carro, atingir e matar sua namorada, Letícia Marinho Sales, durante operação policial na quinta-feira, 21, que deixou 18 mortos na comunidade.

Em entrevista para a TV Globo, Denílson relatou que passava de carro pelo local e foi surpreendido por policiais, que abriram fogo contra o veículo em que estava com a companheira. 

"Parei no sinal [próximo a rua Itararé] e, mesmo com os vidros abertos, [os policiais] alvejaram o carro”, disse.

A namorada Letícia foi atingida por um dos disparos na região do peito e morreu. “Eu vi ela caindo e, quando olhei, ela tinha um furo no peito”.

Além de Denílson e Letícia, também estava no veículo Jaime Eduardo da Silva, primo do condutor, e que sofreu ferimentos. À reportagem, ele criticou a ação da polícia. “Fomos alvejados por policiais despreparados, desqualificados, saindo de casa para ir trabalhar. Não tinha bandido. Não estava tendo tiroteio. Foi dado para matar. Porque o policial atravessou na frente do nosso carro e deu o tiro".

Moradores registram troca de tiros no Complexo do Alemão: A informação é do Portal Terra.









Á você que está me lendo eu digo : Caro (a) leitor (a). Eu nasci no Rio de Janeiro, embora tenha sido criado no Estado de São Paulo. Mais uma vez, nós acordamos com mais uma ação policial nas favelas do Rio de Janeiro. Desta vez, no morro do alemão.
Os veículos da grande imprensa, e os veículos independentes, noticiam o número de mortos e feridos., durante a operação policial na favela do alemão . Nós achamos tudo triste. Entretanto, nós achamos mais uma chacina policial nas favelas do Rio de Janeiro, como algo normal.
Afinal, segundo os conceitos pré definidos, as chacinas nos morros do Rio de Janeiro, tem por objetivo, "apenas pegar bandidos".
Nós assimilamos as chacinas nas favelas do Rio de Janeiro, como algo normal. Pois nas nossas mentes, está configurada  a ideia padrão de associar favela á bandidagem, ainda que as favelas sejam residência de pessoas trabalhadoras e honestas, em sua grande maioria.
Nos grandes condomínios, certamente existem uma grande maioria de pessoas trabalhadoras e honestas. Mas, entretanto, nos grandes condomínios, certamente existem aqueles que sonegam impostos, que corrompem outras pessoas, que cometem evasão de divisas, que exploram pessoas vulneráveis. Nos grandes condomínios, existem pessoas que escravizam empregadores domésticos e que cometem violência de gênero.
No padrão elitista no qual estamos acostumados. Não conseguimos entender bandidagem não significa apenas roubar carro ou celular na esquina. Bandidagem também significa sonegação de impostos, evasão de divisas  exploração do trabalho escravo e grandes crimes de corrupção ativa e passiva.
Muitos dizem que nas favelas existem muitas drogas. Certamente sim. Mas, entretanto, nos grandes condomínios, as drogas certamente existem na mesma proporção.
Mas, certamente, nossos conceitos de democracia, não permitiria que os policiais entrassem atirando nos grandes condomínios, em busca de suspeitos. 
Diante do crime que foi registrando em um vídeo, no qual um médico anestesista, comete um crime de estupro, contra uma mulher que estava há dar a luz, nós assistimos á uma polícia extremamente educada, que convida o médico á acompanha-los na delegacia.
Mas, como se trata de um médico anestesista, com status e poder na sociedade, a polícia o conduz educadamente a delegacia. Então, fica a pergunta ? Por que nós temos o padrão, no qual o tratamento nas favelas deve ser totalmente diferente ?
Esta é a típica mentalidade completamente escravocrata que nós temos aqui no Brasil. O que diz muito sobre o nosso padrão de sociedade.
Em uma democracia, será que devemos achar absolutamente normal, que acha sempre chacinas nas favelas do Rio de Janeiro ? Enquanto os crimes na alta sociedade, cometidos por quem tem status e poder, são tratados da maneira mais educada possível.
Acho que isso nos diz, o quanto nós, como civilização, estamos acostumados com uma mentalidade elitista e escravocrata, pregada por oligarquias, que ainda tem o atraso intelectual da "hierarquia social" no Brasil.
Uma "hierarquia social", que nos ensina á achar absolutamente normal, que as chacinas diárias nas favelas do Rio de Janeiro, sejam tratadas de maneira diferente dos crimes cometidos pelos que estão acima na "hierarquia social".
Afinal de contas, conforme a "hierarquia social" nos ensinou,  o rigor absoluto das autoridades policiais, somente serão validos para os moradores das favelas do Rio de Janeiro.

O Estado se refere a qualquer país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado, bem como designa o conjunto das instituições que controlam e administram uma nação.[1][2] Agrupamentos sucessivos e cada vez maiores de seres humanos se deram sob o domínio de um Estado, cujas bases foram determinadas na história mundial com a Paz de Vestfália, em 1648. A instituição estatal, que possui uma base de prescrições jurídicas e sociais a serem seguidas, evidencia-se como "casa-forte" das leis que devem regimentar e regulamentar a vida em sociedade.

Contudo, no conceito de Estado no Brasil, os "cidadãos de bem", estão apenas nos grandes condomínios e nas mansões. Já aos moradores das favelas no Rio de Janeiro, resta apenas " a força da lei".

E assim caminha a humanidade. 

Imagem : Blog da Jornalista Milly Lacombe, no Portal UOL. 



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