Em meio ao risco de violência política, ausência desse debate atrasa a reconstrução da direita moderada
Muito além das variações nas sondagens, a desvinculação de Jair Bolsonaro (PL) da reserva inerente à instituição presidencial foi o verdadeiro fato político da semana do 7 de Setembro. Um processo simbólico, lançado pelo seu discurso abjeto no palanque oficial de Brasília, e prático, com a multiplicação da violência associada ao seu movimento.
Ela se manifesta a nível local, com o assassinato de pelo menos dois militantes de esquerda por apoiadores de Bolsonaro, e nacional, pela multiplicação das ameaças contra lideranças estaduais e nacionais. O presidente sempre jogou na ambiguidade quando foi instado a condenar esses atos, como se estivesse deixando em aberto a possibilidade de um dia avalizá-los.
Esses incidentes das últimas semanas precisam ser debatidos. A sociedade brasileira sofre de muitas patologias, mas a violência política jamais ganhou a amplitude de países como a Colômbia.
Os efeitos dessa escalada estão sendo sentidos no cotidiano da campanha. Como a Folha tem reportado, os eleitores dos candidatos democráticos, sobretudo mulheres e negros, estão com medo de sair às ruas. Predomina nas grandes capitais o clima de iminência de um acidente grave, que lembra o do Reino Unido em 2016.
Envenenada pelas mentiras dispersadas nas redes sociais, a disputa pelo referendo do brexit terminou com o assassinato da trabalhista Jo Cox por um indivíduo ligado a grupos extremistas. O trauma é lembrado até hoje pela perda de confiança da população na democracia.
Nesse contexto de radicalização acelerada, preocupa a hesitação do jornalismo brasileiro em desviar as convenções internacionais e continuar chamando Jair Bolsonaro de candidato de direita, ultradireita ou populista.
A ausência de uma associação do bolsonarismo à extrema direita, a sua corrente histórica, que tem raízes no Integralismo, já foi abordada nesta coluna e discutida em outras ocasiões neste jornal. Ela tem sido justificada pela necessidade de distinguir entre política institucional e luta armada ou pelo imperativo de impedir que a direita se tornasse o único polo a ser associado à violência política.
Essas justificações há muito deixaram de fazer sentido. À imagem dos Estados Unidos, o Brasil saiu do processo de polarização, marcado pelo acirramento de posições entre PT e PSDB, e entrou em outro, o da radicalização, liderado exclusivamente por Jair Bolsonaro.
Esse debate tem implicações práticas e imediatas. Posicionar o bolsonarismo na extrema direita é necessário para demarcar o campo conservador e criar incentivos contra novas alianças oportunistas. Como ficou claro na recente deserção do prefeito de Marília (SP), noticiada no Painel, políticos da base de Rodrigo Garcia (PSDB) já parecem dispostos a abandonar a herança de Bruno Covas, o único tucano a estabelecer a diferença entre as direitas, e dar sustentação a um projeto de poder em São Paulo que negou vacinas durante uma pandemia e tenta derrubar a Nova República.
A ausência de um debate sobre as direitas acaba atrasando a reconstrução da direita moderada, o desafio mais urgente e universal para a sobrevivência das democracias liberais. Os formadores de opinião precisam explicitar a extrema direita para impedir que o momento histórico do país se instale na permanência.O texto é de MATHIAS ALENCASTRO na Folha de São Paulo.
Á você que está me lendo eu digo: Á você que está me lendo eu digo: A política de extrema-direita, também referida como extrema-direita ou extremismo de direita, é a política mais à direita do espectro político de esquerda-direita do que a direita padrão, particularmente em termos de ideologias e tendências anticomunistas, autoritárias, nacionalistas extremas e nativistas.
Historicamente utilizada para descrever as experiências do fascismo e do nazifascismo, hoje a política de extrema-direita inclui o neofascismo, o neonazismo, a Terceira Posição, a direita alternativa, a supremacia branca, o nacionalismo branco e outras ideologias ou organizações que apresentam aspectos de visões ultranacionalistas, chauvinistas, xenófobas, teocráticas, racistas, homofóbicas, transfóbicas, ou reacionárias.
O bolsonarismo é um fenômeno político de extrema-direita que eclodiu no Brasil com a ascensão da popularidade de Jair Bolsonaro, especialmente durante sua campanha na eleição presidencial no Brasil em 2018, que o elegeu presidente. A crise do petismo durante o governo Dilma Rousseff, precipitada e acelerada pela crise político-econômica de 2014, fortaleceu a ideologia bolsonarista e a nova direita brasileira, que se inserem no contexto da ascensão do populismo da Nova Direita em nível internacional.
O bolsonarismo foi a ideologia predominante do governo Bolsonaro e é associado à retórica de defesa da família, do patriotismo, do conservadorismo, do autoritarismo, de elementos neofascistas, do anticomunismo, do negacionismo científico, do porte de armas, da rejeição total aos direitos humanos e da aversão à esquerda política, bem como pelo culto à figura de Bolsonaro, frequentemente chamado de "mito". O escritor Olavo de Carvalho é frequentemente citado como tendo sido o guru da ideologia bolsonarista.
O bolsonarismo tem sido associado por estudiosos a elementos do neofascismo, da necropolítica, do antifeminismo[nota 2e do protestantismo, bem como à defesa da ditadura militar brasileira. Em um estudo que analisa a dimensão linguística da ideologia bolsonarista, Cris Guimarães Cirino da Silva diz que o "termo bolsonarismo tem sido amplamente utilizado para caracterizar práticas populistas que combinam ideias neoliberais e autoritárias embutidas nas falas do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro e seus seguidores". De acordo com o site Poder 360.
A ciência politica aponta, que dentre os conceitos de direita e esquerda, existe o centro, a visão centrista. O centrismo se baseia dentre os conceitos de direita e esquerda no espectro politico. Os adeptos do centrismo, não são capitalistas extremados e nem totalmente socialistas. Os centristas são conhecidos por defenderem a economia de mercado, mas sem esquecer do lado social. Os centristas são conhecidos por serem pessoas conciliadoras e tolerantes no espectro político. Os centristas, na sua essência, também têm características sociais democratas na sua forma de governo.
O eleitorado pode se identificar com centristas por uma série de razões, como por exemplo pragmatismo, chegando a ser sugerido que eleitores votam em partidos centristas por razões puramente estatísticas.
A centro direita, também conhecida como direita moderada, descreve visões políticas apoiadas nos conceitos da hierarquia social da direita, mas em tese, mais próxima ao centro no espectro político, no espectro político mais moderado do que em variantes radicais da extrema direita. O liberalismo econômico ou liberalismo econômico é uma ideologia baseada na organização da economia em linhas individualistas, rejeitando intervencionismo estatal, o que significa que o maior número possível de decisões econômicas são tomadas pelas empresas e indivíduos e não pelo Estado ou por organizações coletivas. O liberalismo econômico é a característica de uma direita moderada, a chamada centro direita. Segundo a literatura do meu livro Opinião Pública, do autor Walter Lippmann.
Nas eleições municipais em 2020, segundo o Portal G1 da Rede Globo, os partidos que variam de centro a centro direita, foram os que mais conquistaram prefeituras. O MDB conquistou 784 prefeituras, o PP conquistou 685 prefeituras, o PSD conquistou 654 prefeituras, o PSDB conquistou 520 prefeituras e o DEM conquistou 464 prefeituras, de acordo com o Portal G1 da Rede Globo.
Mas, entretanto, os partidos de centro e centro-direita estão tendo dificuldades em ser competitivos para as eleições presidenciais em 2022. O bolsonarismo foi um algo terrível no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus no país.
A ideologia perversa do presidente Jair Bolsonaro, levou o Brasil à trágica marca de 671 mil vidas perdidas para o novo coronavírus. Jair Bolsonaro não queria investir em uma campanha de vacinação, devido aos preços da vacina, Jair Bolsonaro desejava que os brasileiros fossem imunizados pelo contágio ao novo coronavírus, sem sequer se importar com o custo alto de vidas, ou com as graves sequelas causadas pelo novo coronavírus.
Os partidos de centro-direita, estão carregando o fardo da extrema direita de Jair Bolsonaro. Conforme eu disse em outras postagens. Há lugar para todos em uma democracia. Há lugar para progressistas, liberais e até conservadores.
Os partidos de centro-direita, acabam sendo associados a um bolsonarismo que causou a perda de tantas vidas na pandemia. As famílias de brasileiros e brasileiras, que estão de luto pelas mortes de entes queridos, acabam associando os partidos de centro e centro direita ao bolsonarismo.
As perdas de entes queridos nos cegam a capacidade de diferenciar certas coisas. Conforme eu disse no começo do texto, centro direita e bolsonarismo, são coisas completamente distintas.
As mortes de brasileiros provocadas pelo bolsonarismo , acaba provocando reações de repulsas a determinadas coisas. As vidas ceifadas pelo bolsonarismo, nos tira a venda dos olhos em diferenciar correntes políticas.
A centro-direita é completamente diferente do bolsonarismo. O mesmo raciocínio se aplica aos partidos de centro. Contudo, os liberais irão carregar o fardo das mortes causadas pela extrema direita do presidente Jair Bolsonaro.
Eu acho, por exemplo, que mesmo com presidentes de centro ou centro direita, não teríamos esse número tão trágico de mortes no Brasil.
Eu acho que mesmo com presidentes de centro ou centro direita, a vacinação no Brasil, teria começado no máximo, em dezembro de 2020.
Assim como eu acho, que presidentes de centro ou centro direita, teriam protegido os indígenas e os mais vulneráveis, durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil.
Os liberais de centro e centro direita, carregam a herança extremamente pesada, que lhes foi deixada pela extrema direita do presidente Jair Bolsonaro.
Divergências de pensamento, são parte de qualquer jogo democrático. Contudo, os atentados do bolsonarismo contra a democracia, acabam contaminado algumas coisas.
Que o verdadeiro sentido da democracia volte a vigorar no Brasil. Que o verdadeiro sentido democrático, venha a superar arroubos golpistas e autoritários.
Historicamente, o eleitor brasileiro, se movimenta em duas frentes, desde a redemocratização do país em 1985. Desde a redemocratização, os eleitores brasileiros se movimentam do centro para a direita e do centro para a esquerda.
Os eleitores que se movimentam do centro para a direita, estão sendo contaminados pelo bolsonarismo. Os eleitores que se movem do centro para a direita, estão sendo contaminados pelo nucleo duro de Jair Bolsonaro (PL).
E assim caminha a humanidade.
Imagem: Jornal BBC News.
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