domingo, 28 de setembro de 2025

Patriarcado

O   patriarcado é o sistema de dominação social que estabelece a supremacia masculina e a subordinação das mulheres, enquanto o machismo é a ideologia que sustenta esse sistema, manifestando-se em atitudes e comportamentos cotidianos. Em outras palavras, o machismo é a expressão cultural e comportamental do sistema patriarcal. 

Patriarcado

O patriarcado é a estrutura de poder, a fundação histórica e social da dominação masculina, presente nas instituições e organizações sociais. 

Origem: A palavra vem do grego, significando "poder do pai". Historicamente, o patriarca era a figura masculina mais velha que detinha o poder sobre a família, incluindo mulheres, filhos e bens.

Domínio social: O patriarcado não se restringe apenas à família. Ele estrutura a sociedade, colocando os homens no controle da maior parte do poder político, econômico e social. Em uma sociedade patriarcal, as mulheres são vistas como subordinadas em diversas esferas da vida.

Influência institucional: É um sistema que se manifesta nas estruturas sociais, como o estado, a economia e a religião, naturalizando a desigualdade de gênero e produzindo papéis sociais fixos para homens e mulheres.

Consequências: Leva a uma série de opressões, como a violência de gênero, a desigualdade salarial e a invisibilidade do trabalho feminino, inclusive dentro de casa. 

Machismo

O machismo é o conjunto de comportamentos, crenças e preconceitos que legitimam e perpetuam a superioridade masculina. 

Expressão do patriarcado: A ideologia machista opera para manter e justificar o sistema patriarcal. Enquanto o patriarcado é a estrutura, o machismo é o modo como essa dominação se manifesta no dia a dia.

Manifestações: Inclui atitudes como a desqualificação de mulheres, a interrupção de suas falas, a violência física e verbal, e a misoginia (ódio às mulheres).

Internalização: O machismo pode ser internalizado tanto por homens quanto por mulheres, que muitas vezes reproduzem sem perceber os estereótipos de gênero que a sociedade impõe.

Formas de opressão: Exemplos de machismo vão desde piadas sexistas e assédio moral até as formas mais extremas, como a violência doméstica e o feminicídio. 

A relação entre os dois conceitos

A distinção entre patriarcado e machismo é crucial para entender como a opressão de gênero funciona: 

Aspecto Patriarcado Machismo

Natureza Estrutural e sistêmico Comportamental e ideológico

O que é O sistema de dominação masculina A crença na superioridade masculina

Onde se manifesta Nas instituições e normas sociais Em atitudes e comportamentos individuais

Função Organiza a sociedade com base na desigualdade de gênero Justifica e reproduz a dominação masculina

Em resumo, o patriarcado é a causa estrutural da desigualdade, e o machismo é o conjunto de ações e ideias que são um sintoma e um instrumento para manter esse sistema. Para combater a opressão de gênero, é necessário confrontar tanto o machismo nas interações cotidianas quanto o sistema patriarcal que o sustenta.  Segundo a Socióloga, Mestra e Doutora Lilian  de Lucca Torres, no segundo período da Habilitação em Jornalismo na Comunicação  Social, pelas Faculdades Integradas  Alcântara Machado  (FIAAM FAAM).

DOI: http://dx.doi.org/10.14295/revistadaesmesc.v25i31.p239

 A VIOLÊNCIA CONTRA A segundo periodo 

MULHER COMO EXPRESSÃO DO 

PATRIARCADO E DO MACHISMO

 VIOLENCE AGAINST WOMEN AS EXPRESSION 

OF PATRIARCHY AND MALE CHAUVINISM

 Izabele Balbinotti1

 RESUMO: Este artigo apresenta um 

estudo da influência da cultura pa

triarcal e do machismo na violência 

contra a mulher, numa perspectiva 

teórica. O trabalho percorre um cami

nho histórico da civilização explican

do como a cultura matricêntrica deu 

lugar à patriarcal e como foram se 

estabelecendo os papéis masculinos e 

femininos na sociedade, aborda ainda 

a construção da ideologia do machis

mo e as correntes teóricas de domina

ção para explicar a violência contra a 

mulher. Por fim, apresenta a influên

cia do patriarcado e do machismo na 

violência de gênero, mostrando que 

ainda hoje é no ambiente familiar que 

este tipo de violência se apresenta da 

forma mais persistente, atingindo a 

subjetividade feminina.

 PALAVRAS-CHAVE: Patriarcado. 

Machismo. Violência contra a Mulher.

 1 

ABSTRACT: This article presents a 

study of the patriarchal culture and 

male chauvinism in violence against 

women from a theoretical perspec

tive, the work traverses a historical 

path of civilization explaining how 

matricentric culture gave way to 

the patriarchal cultureand how they 

were establishing the male and fe

male roles in society. It also brings 

the construction of the ideology of 

male chauvinism and the theoretical 

currents of domination to explain 

violence against women. Finally, it 

concludes there is an influence of 

patriarchy and male chauvinism on 

gender violence, showing that it is 

in family environment the most per

sistent form of violence, reaching 

female subjectivity.

 KEYWORDS: Patriarchy. Male 

Chauvinism.Violence Against Women.

 Advogada e jornalista, especialista em comunicação empresarial (Univali) e em 

marketing (INPG), pós-graduanda em direito público (Furb). Email: izabele_bv@

 yahoo.com.br.

 239

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

1. INTRODUÇÃO

 A violência de gênero se apresenta como uma expressão 

para fazer referência aos diversos atos praticados contra as mu

lheres como forma de submetê-las a sofrimento físico, sexual e 

psicológico, aí incluídas as diversas formas de ameaças. É ca

racterizada, especialmente, pela imposição ou pretensão de su

bordinação e controle do gênero masculino sobre o feminino.

 Visando descortinar as origens desse fenômeno, este traba

lho apresenta um estudo da influência da cultura patriarcal e 

do machismo na violência contra a mulher, numa perspectiva 

teórica. Para isso, foi dividido em três partes: a primeira ex

põe um caminho histórico da civilização explicando como a 

cultura matricêntrica, que tinha na mulher sua figura central, 

deu lugar à patriarcal e como foram se estabelecendo os papéis 

masculinos e femininos na sociedade; na segunda parte, relata 

a construção da ideologia do machismo e as correntes teóricas 

de dominação para explicar a violência contra a mulher e, por 

f

 im, na terceirta parte apresenta a influência do patriarcado e 

do machismo na violência de gênero.

 Para tanto, a pesquisa foi realizada na perspectiva qualitati

va, fundamentada na pesquisa bibliográfica.

 2. A VIRADA – DA CULTURA MATRICÊNTRICA 

PARA A PATRIARCAL

 Há cerca de dois milhões de anos, quando a espécie hu

mana começou a habitar o planeta, as sociedades tinham 

como cultura a coleta e a caça de pequenos animais. Naquele 

tempo, não havia necessidade de força física para a sobrevi

vência e as mulheres possuíam um lugar central porque eram 

consideradas seres sagrados, capazes de dar a vida, ajudar na 

fertilidade da terra e dos animais. O masculino e o feminino 

governavam juntos. Havia divisão de trabalho entre os sexos, 

240

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

mas não desigualdade.

 Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres ocu

pavam um papel primordial para viabilizar a sobrevivência da 

espécie em condições hostis. Não havia coerção ou centraliza

ção, mas um rodízio de lideranças entre homens e mulheres. 

(MURARO, 2015).

 Para Badinter (1986 apud TRAVASSOS, 2003), a separa

ção de tarefas era a garantia da complementaridade entre os 

sexos e não de sua negação. Segundo a autora, ocorria uma 

dependência recíproca.

 A prática da caça é responsável pelo desenvolvimento da 

inteligência nos homens, mas a prática da coleta pelas mu

lheres também requer habilidades, energia e inteligência, 

principalmente se for considerada a necessidade de dar, pa

ralelamente, atenção aos filhos. Além disso, ambas as ativi

dades exigem a socialização de seus participantes, que pre

cisam aprender a cooperar com seus companheiros (as) de 

tarefa, para garantir a sobrevivência individual e do grupo. 

(BADINTER, 1986, p. 36-38 apud TRAVASSOS, 2003).

 Muraro (2015) conta que nos grupos matricêntricos quase 

não existia guerra porque não havia pressão por conquista de 

novos territórios. Isso não acontecia nos locais onde a coleta 

era escassa e se iniciava a caça de grandes animais, quando a 

força física passou a se tornar essencial, marcando o início da 

supremacia masculina e da competividade entre os grupos em 

busca de novos territórios e de sobrevivência. Foi então que as 

guerras se tornaram constantes e os homens mais valorizados 

passaram a ser os heróis guerreiros. Começava a ruptura da 

harmonia entre homens e mulheres, mesmo que ainda não es

tivesse instalada a lei do mais forte.

 No entanto, “[...] nem nas sociedades de coleta nem nas de 

caça se conhecia a função masculina na procriação.” (MURA

RO, 2015, p.27). Quando o homem começou a entender sua 

241

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

função reprodutora, passou a controlar a sexualidade feminina. 

É neste tempo, com a sistematização da atividade agrária, a 

partir da invenção do arado, que a espécie humana deixou de 

ser nômade e surgiram as primeiras aldeias, depois as cidades, 

as Cidades-Estado, os primeiros Estados e os impérios. Segun

do Stearns (2007, p. 31), “[...] o deslocamento da caça e da 

coleta para a agricultura pôs fim gradualmente a um sistema de 

considerável igualdade entre homens e mulheres”. As socieda

des, então, se tornam patriarcais, baseadas na supremacia do 

homem nas relações sociais.

 Badinter (1986 apud TRAVASSOS, 2003) destaca que o 

patriarcado não se refere apenas a uma forma de família basea

da no parentesco masculino e no poder paterno. O termo de

signa também toda estrutura social que nasça do poder do pai.

 Para Millet e Scott, mencionadas por Narvaz e Koller 

(2006), o patriarcado é uma forma de organização social na 

qual as relações são regidas por dois princípios básicos: as mu

lheres estão hierarquicamente subordinadas aos homens e os 

jovens estão hierarquicamente subordinados aos homens mais 

velhos. De acordo com as autoras, a supremacia masculina 

atribuiu um maior valor às atividades masculinas em detrimen

to das atividades femininas, além de legitimar o controle da 

sexualidade, dos corpos e da autonomia feminina.

 A partir daí, já não são mais os princípios feminino e mas

culino que governam juntos, mas vigora a lei do mais forte. 

As mulheres passam a ter sua sexualidade rigidamente con

trolada pelos homens e o casamento monogâmico traz a obri

gação da mulher sair virgem das mãos do pai para o marido. 

Assim, a mulher fica reduzida ao âmbito doméstico e, como 

relata Muraro (2015, p.40):

 Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, 

que se torna inteiramente reservado ao homem. A dicoto

mia entre o privado e o público estabelece, então, a origem 

242

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

da dependência econômica da mulher, e esta dependência, 

por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão 

psicológica que dura até hoje.

 Foi neste contexto que a cultura humana passou de ma

tricêntrica a patriarcal, naturalizando processos socioculturais, 

como critica Saffioti (1979, p. 11): “[...] quando se afirma que 

é natural que a mulher se ocupe do espaço doméstico deixando 

livre para o homem o espaço público, está-se, rigorosamente, 

naturalizando um resultado da história”. Esta naturalização, 

segundo a autora, constitui caminho mais fácil e curto para 

legitimar a ‘superioridade’ dos homens.

 Assim, torna-se mais evidente o papel da mulher de for

ma secundária. Na Grécia, era reduzida às funções de mãe, 

prostituta ou cortesã. Tedeschi (2008 apud FARIAS, 2009, 

p.12), analisa “[...] a construção histórico-filosófica dos vários 

discursos que em certa época conferiram um caráter científico 

e natural aos papéis da mulher, do que significa ser mulher”. 

Para tanto, o autor elegeu dois discursos fundamentais para a 

compreensão das primeiras representações construídas na his

tória sobre o feminino: o discurso de matriz filosófica grega e 

o discurso da moral cristã no mundo medieval.

 No discurso de matriz filosófica grega, o autor destaca o 

olhar masculino da teoria filosófica, que pensava a mulher 

como um objeto, ou seja, ‘criaturas irracionais, sem pensar 

próprio’, que deveriam viver sob o controle dos homens. 

Representações estas que, segundo o autor, é possível per

ceber no pensamento filósofo de Platão, Aristóteles e Hi

pócrates, que, por meio de um discurso masculino sobre 

o corpo feminino, construíram mitos que justificavam a 

inferioridade e a fragilidade feminina. Quanto às represen

tações femininas presentes no discurso da moral católica, 

o autor ressalta que o modelo judaico-cristão exerceu in

f

 luência significativa na definição do lugar ocupado pela 

mulher na igreja, na sociedade e na cultura ocidental, não 

restando dúvidas de que esse discurso foi fundamental para 

243

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

reforçar as desigualdades de gênero. (TEDESCHI, 2008, 

apud FARIAS, 2009, p. 12).

 Em Roma, embora durante certo período tivessem liberda

de sexual, as mulheres jamais chegaram a ter poder de decisão 

no Império. Do terceiro ao décimo século, eram jogadas ao 

domínio público quando havia escassez de homens por conta 

das guerras e voltavam ao domínio privado quando os homens 

reassumiam o seu lugar. Imperava uma persistente tradição in

telectual que apontava a dicotomia homem/cultura e mulher/

 natureza marcada por estereótipos, preconceitos e hierarquia 

de valores. Segundo Gonçalves (2006, p. 48-49), “[...] essa bi

polaridade era sustentada pela ideia da ‘desigualdade’ entre os 

dois sexos, separando e opondo-os”. Assim:

 O universo masculino relacionado à cultura, sinônimo de 

objetivo, de racional e de público, determinava a sua dita 

‘superioridade’ em relação ao universo feminino enqua

drado à natureza ‘reveladora’ de sua suposta propensão ao 

emocional, ao subjetivo e ao privado. Não era de se es

tranhar, portanto, a predominância na narrativa histórica 

de preocupações com o político e com o público, as quais 

entronizavam os homens em suas façanhas e heroicidade, 

excluindo duplamente, quase que por completo, as mulhe

res enquanto personagens e produtoras da história. (GON

ÇALVES, 2006, p.48-49).

 Às mulheres era reservado um lugar de menor destaque. 

Seus direitos e seus deveres estavam sempre voltados para a 

criação dos filhos e os cuidados do lar, portanto, para a vida 

privada. (SILVA, 2010).

 Na alta Idade Média, as mulheres passaram a ter acesso às 

artes, às ciências e à literatura. E é logo depois dessa época, no 

período que vai do fim do século XIV até meados do século 

XVIII, que aconteceu a repressão sistemática do feminino, de 

forma generalizada na Europa, com os quatro séculos de ‘caça 

às bruxas. (MURARO, 2015).

 244

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

Naquele tempo, as mulheres eram vistas especialmente por 

sua sensualidade e como ameaça ao poder médico, porque des

de a mais remota antiguidade, eram as curadoras populares, as 

parteiras e em algumas tribos primitivas eram as xamãs. “Elas 

(as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que 

devolviam a saúde e eram também as melhores anatomistas 

do seu tempo.” (MURARO, 2015, p.79-80). Eram também as 

parteiras e as médicas populares para todas as doenças.

 Com o apoio da religião católica e depois da protestante, 

os tribunais da inquisição passaram a acusá-las, processá-las e 

julgá-las, condenando-as à morte na fogueira como bruxas. Se

gundo Muraro (2015), esse ‘expurgo’ visava recolocar dentro 

de regras de comportamento dominante as massas campone

sas que se rebelavam e, principalmente, as mulheres, como um 

controle sobre o corpo e a sexualidade, como defende Foucault 

(1988). No mesmo sentido, Pinto (2010) conta que as mulheres 

que se rebelaram contra sua condição e que lutaram por liber

dade, muitas vezes pagaram com suas próprias vidas: “A in

quisição da igreja católica foi implacável com qualquer mulher 

que desafiasse os princípios por ela pregados como dogmas”.

 Já no século XVIII, quando cessou a caça às bruxas, houve 

grande transformação na condição feminina. A sexualidade se 

normatizou e as mulheres se tornaram frígidas. Também fo

ram reduzidas exclusivamente ao âmbito doméstico, porque 

sua ambição era passível de castigo. O saber feminino popular 

caiu na clandestinidade e as mulheres não tinham mais acesso 

ao estudo como na idade média. Passaram então a transmitir 

voluntariamente aos filhos os valores patriarcais já totalmente 

interiorizados por elas e isso tem contribuído ainda hoje para a 

manutenção da cultura patriarcal, que visa “[...] manter a mu

lher no seu devido lugar.” (MURARO, 2015, p.68).

 Assim, a história mostra que as mulheres sempre estiveram 

presentes nas relações sociais, em diferentes espaços: de cen

245

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

tro da organização familiar a bruxas e, posteriormente, trans

missoras de valores que buscam legitimar uma condição de 

inferioridade feminina.

 3. A CONSTRUÇÃO DA IDEOLOGIA DO 

MACHISMO

 Santos e Izumino (2005) apresentam três correntes teó

ricas utilizadas para explicar a violência contra a mulher. A 

primeira, chamada dominação masculina, defende a ideia de 

que a violência contra as mulheres é “[...] fruto da reprodução 

social de uma ideologia que transforma diferenças entre ho

mens e mulheres em desigualdades hierárquicas autorizadoras 

da dominação e opressão da mulher.” (BORGES; LUCCHE

SI, 2015, p. 226). Em outras palavras, a dominação da mulher 

ocorreria com a disseminação da ideologia na qual a condição 

feminina é definida como inferior à condição masculina, “[...] 

naturalizando uma superioridade do homem sobre a mulher 

e, consequentemente, a violência por ele perpetrada”. (BOR

GES; LUCCHESI, 2015, p. 226).

 Na segunda corrente, defendida por Saffioti (1979) tem-se 

a ideia de dominação patriarcal, fundada numa perspectiva fe

minista e marxista do patriarcado, a autora estuda a dominação 

masculina na sociedade de classes.

 Pode-se dizer que esta corrente sustenta que o patriar

cado não resume a dominação da mulher, a submissão 

da mulher ao ‘poder do macho’, à disseminação de uma 

ideologia machista, mas esta também é um instrumento 

importante de exploração econômica que tem como prin

cipal beneficiário o homem branco, rico e adulto. Neste 

sentido, a violência contra a mulher seria fruto desta so

cialização machista conservada pelo sistema capitalista, 

desta relação de poder desigual entre homens e mulheres, 

que estabelece como destino natural das mulheres a sua 

submissão e exploração pelos homens, forçando-as mui

246

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

tas vezes a reproduzir o comportamento machista violen

to. (SAFFIOTI, 1979, p. 150).

 A terceira corrente tem como marco o trabalho de Gregori 

(1993), que buscou relativizar a relação dominação versus vi

timização. Para a autora, “[...] existe alguma coisa que recorta 

a questão da violência contra a mulher que não está sendo con

siderada quando ela é lida apenas como ação criminosa e que 

exige punição.” (GREGORI, 1993, p.166). Segundo ela, para 

entender a violência contra a mulher não se deve pressupor 

uma dualidade maniqueísta entre vítima e algoz, associados 

respectivamente a uma passividade e a uma ação destruidora.

 A mulher vive de forma ambígua – ora gosta de ser indis

pensável e ora se ressente da limitação de sua liberdade. 

Aliás, é justamente esta situação paradoxal que explica ora 

a vitimização da mulher pela limitação de sua liberdade e 

pela possibilidade de seu corpo frágil sofrer violência, ora 

a manipulação que promove de seus medos para mostrar-se 

indispensável para o homem que pode ser o seu agressor, 

fazendo-o se sentir culpado e pronto para cumprir o papel 

por ela esperado. Deste modo, é possível constatar que as 

mulheres, muitas vezes inclusive por medo, reproduzem e 

reforçam os papéis de gênero, cooperando na produção de 

sua falta de autonomia, com o objetivo de obtenção de pro

teção e prazer. Neste contexto, a violência passa a funcio

nar perversamente como uma linguagem entre os parceiros 

que mantém a unidade do casal, a partir da preservação de 

seus papéis. (GREGORI, p. 1993, p.166).

 A partir destas três correntes, torna-se fundamental discor

rer sobre a força do machismo por trás do discurso de domi

nação. Autores como Arrazola e Rocha (1996) caracterizam o 

machismo como uma ideologia que determina que os homens 

controlem o mercado, o governo e a atividade pública e que as 

mulheres sejam subordinadas a eles, dividindo-os nos espaços 

público e privado.

 O espaço público, dos homens, é o espaço social, que envol

247

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

ve educação, trabalho, política e literatura. Já o espaço privado, 

destinado às mulheres, é o espaço da produção e da sobrevi

vência doméstica e familiar. Segundo os autores, neste sentido, 

a cultura brasileira valida a esfera pública, social e econômica 

(masculina) e desvaloriza a esfera privada (feminina). No mes

mo sentido, Souza, Baldwin e Rosa (2000, p. 08) defendem que 

os “[...] papéis de gênero condizem com interpretações tradicio

nais do Brasil como tendo uma cultura machista”.

 Ainda abordando os espaços, na dicotomia masculino-fe

minino, Andrade (2005) trabalha a divisão entre público e pri

vado com correspondente divisão social do trabalho e os papéis 

diferenciados aos homens e mulheres, além de estereótipos.

 A esfera pública, configurada como a esfera da produção 

material, centralizando as relações de propriedade, o traba

lho produtivo (e a moral do trabalho) tem seu protagonismo 

reservado ao homem enquanto sujeito produtivo, mas não 

qualquer homem. A estereotipia correspondente para o de

sempenho deste papel (trabalhador de rua) é simbolizada 

no homem racional / ativo / forte / potente / guerreiro /

 viril / público / possuidor. A esfera privada, configurada, 

por sua vez, como a esfera da reprodução natural, e apa

recendo como o lugar das relações familiares (casamento, 

sexualidade reprodutora, filiação e trabalho doméstico) tem 

seu protagonismo reservado à mulher, através do aprisiona

mento de sua sexualidade na função reprodutora e de seu 

trabalho no cuidado do lar e dos filhos. É precisamente este 

o eixo da dominação patriarcal. Os atributos necessários ao 

desempenho deste papel subordinado ou inferiorizado de 

esposa, mãe e trabalhadora do lar (doméstico), são exata

mente bipolares em relação ao seu outro. A mulher é então 

construída femininamente como uma criatura emocional/ 

subjetiva/ passiva/ frágil/ impotente/ pacífica/ recatada/ do

méstica/ possuída. (ANDRADE, 2005, p.14-15).

 A concepção do masculino como sujeito da sexualidade e do 

feminino como seu objeto é um valor de longa duração da cul

tura ocidental. Com base no patriarcalismo, o masculino é visto 

248

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

como o lugar da ação, da decisão, da chefia da rede de relações 

familiares e da paternidade. Da mesma forma, o masculino é 

investido na posição social de agente do poder da violência, ha

vendo, historicamente, uma relação direta entre as concepções 

vigentes de masculinidade e o exercício do domínio de pessoas, 

das guerras e das conquistas, como relata Stearns (2007, p. 34):

 A força do patriarcado caiu sobre as mulheres, mas ob

viamente afetou também as definições de masculinidade. 

Os homens, independentemente da personalidade de cada 

um, deveriam assumir seus papéis de dominantes. Deviam 

evitar mimar as mulheres, especialmente em público. Com 

frequência, precisavam estar prontos a assumir deveres 

militares ou outro tipo de liderança e, em princípio, eram 

evidentemente responsáveis pela sobrevivência da família.

 Relacionando as formas de viver a masculinidade e a cultu

ra da violência, Minayo(2005) utiliza como referência Macha

do (2001) em sua pesquisa antropológica que teve como parâ

metro a análise de valores de longa duração que estruturam a 

cultura ocidental patriarcal. Machado (2001) trabalha o discur

so e a performance de grupo de delinquentes sociais apenados, 

nos quais a autora encontra de forma aguçada as características 

da cultura machista. Especificamente nas relações conjugais, a 

prática cultural considera normal o masculino como a posição 

do ‘macho social’, com atitudes e relações violentas justifica

das como ‘atos corretivos’.

 Por isso, em geral, quando acusados, os agressores reco

nhecem apenas ‘seus excessos’ e não sua função discipli

nar da qual se investem em nome de um poder e de uma 

lei que julgam encarnar. Geralmente quando narram seus 

comportamentos violentos, os maridos (ou parceiros) cos

tumam dizer que primeiro buscam ‘avisar’, ‘conversar’ 

e depois, se não são obedecidos, ‘batem’. Consideram, 

portanto, que as atitudes e ações de suas mulheres (e por 

extensão, de suas filhas) estão sempre distantes do com

portamento ideal do qual se julgam guardiões e precisam 

garantir e controlar. (MINAYO, 2005).

 249

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

No mesmo sentido, Borges e Lucchesi (2015) apontam a 

violência como a expressão mais evidente da dominação mas

culina. Para os autores, a violência representa o ponto culmi

nante da afirmação da virilidade, como forma de expressão da 

superioridade do homem “[...] no discurso da construção social 

dos sexos, o que não é muito tolerado, já que denuncia o assu

jeitamento feminino e desta maneira coloca em risco a manu

tenção da ordem masculina”. (BORGES; LUCCHESI, 2015, 

p. 234). Como na sociedade romana, “[...] o marido é o juiz 

da esposa. Se ela comete uma falta, ele a pune, se ela bebeu 

vinho, ele a condena, se ela cometeu adultério, ele a mata” 

(STEARNS, 2007, p. 38). Este comportamento tem se repetido 

ao longo da história, como aponta Blay (2003, p. 87):

 Agredir, matar, estuprar uma mulher ou uma menina são 

fatos que têm acontecido ao longo da história em prati

camente todos os países ditos civilizados e dotados dos 

mais diferentes regimes econômicos e políticos. A mag

nitude da agressão, porém, varia. É mais frequente em 

países de uma prevalecente cultura masculina, e menor 

em culturas que buscam soluções igualitárias para as di

ferenças de gênero.

 Desta forma, a mentalidade patriarcal, que preconiza o 

controle das mulheres e a rivalidade entre homens, está sempre 

presente nas agressões por ciúme, refletindo o medo da perda 

do objeto sexual e social.

 Independente da corrente teórica que busque explicar as 

raízes da violência contra a mulher, mostra-se evidente que o 

machismo vai muito além de uma conduta construída, apren

dida e reforçada culturalmente a partir de definições de pa

péis de gênero. Como defende Foucault (1988), cada cultura 

constrói discursos específicos de masculinidade, por meio de 

ideologias masculinas pela fala, mídia, música e literatura 

popular, e também pela lei.

 250

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

5. A VIOLÊNCIA DE GÊNERO COMO 

EXPRESSÃO DO PATRIARCADO E DO 

MACHISMO

 Para abordar a violência torna-se fundamental discorrer 

acerca da sua relação com o poder. E é nas palavras de Arendt 

(2009, p. 73) a que se recorre analogicamente2: “[...] onde um 

domina absolutamente, o outro está ausente. A violência apa

rece onde o poder está em risco, mas, deixada a seu próprio 

curso, conduz à desaparição do poder”.

 Nesse sentido, Guimarães e Pedrosa (2017) ressaltam que 

uma ação violenta está direcionada à destruição ou ao ataque 

da subjetividade do outro e surge no momento em que o su

jeito sente que está perdendo seu poder ou se depara com sua 

impotência. Nesta linha, a violência funciona como uma in

terposição à subjetividade, uma forma de impor coerções ao 

corpo com o objetivo de atingir a subjetividade, a afetividade e 

o pensamento daquele que sofre a violência.

 Em suas pesquisas, as autoras citam estudos3 que têm de

monstrado o quanto, de fato, os valores culturais machistas e 

patriarcais estruturantes estão associados à grave recorrência 

de violência contra as mulheres e às sérias desigualdades de 

poder e de direitos enfrentados por elas.

 Como trazem Narvaz e Koller (2006), ainda que não se 

possa reduzir ao patriarcado a explicação de todas as formas 

de desigualdades e de opressão do gênero feminino, a violên

Disse-se analogicamente porque Arendt aborda em sua obra “Sobre a violência” o 

poder sob a ótica da política. No entanto, pode-se aplicar em outros enfoques, como 

se faz aqui.

 CHAUÍ, Marilena. Ética, política e violência. In Ensaios sobre violência. Vitória: 

Edufes, 2003.;DINIZ, Gláucia Ribeiro Starling; ANGELIM, Fábio Pereira. Violência 

doméstica: porque é tão difícil lidar com ela? Revista de Psicologia da Unesp; 

MACHADO, Lia Zanotta. Perspectivas em confronto: relações de gênero ou 

patriarcado contemporâneo? Série Antropologia, 2000; SAFFIOTTI, Heleieth. Já se 

mete a colher em briga de marido e mulher. São Paulo em Perspectiva. Revista da 

Fundação Seade.

 251

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

cia contra as mulheres tem ali seu nascedouro, como sustentam 

correntes feministas.

 Oliveira (2012) se apoia nesta ideia e defende que a origem 

da subordinação feminina foi firmada a partir de um determi

nismo biológico, assim como das construções sociais e eco

nômicas do sistema patriarcal, que definiram a mulher como 

‘o outro’, construindo, como acentua Beauvoir (1980), uma 

realidade feminina sob um ponto de vista masculino.

 Segundo Alves e Cavenagui (2000), estamos diante de um 

simbolismo de gênero com sua poderosa estereotipia e carga 

estigmatizante.

 Este simbolismo (enraizado nas estruturas) que homens 

e mulheres, no entanto, reproduzem, apresenta a pola

ridade de valores culturais e históricos como se fossem 

diferenças naturais (biologicamente determinadas) e as 

pessoas do sexo feminino como membros de um gênero 

subordinado, na medida em que determinadas qualidades, 

bem como o acesso a certos papéis e esferas (da Política, 

da Economia e da Justiça, por exemplo) são percebidos 

como naturalmente ligados a um sexo biológico e não ao 

outro. De tal maneira que a mulher é construída como 

(não) sujeito do gênero feminino. (ALVES; VAVENA

GUI, 2000, p.11).

 Millett (1975) também ressalta os estereótipos comporta

mentais atribuídos a cada categoria sexual, justificados pela 

experiência biológica. Para a autora, tanto o homem quanto a 

mulher seguem um código de conduta que determina gestos, 

atitudes e papeis sociais determinados.

 O temperamento se desenvolve de acordo com certos es

tereótipos característicos de cada categoria sexual (a mas

culina e a feminina), baseados nas necessidades e nos va

lores do grupo dominante e ditados por seus membros em 

função do que mais apreciam em si mesmos e do que mais 

convém exigir de seus subordinados: a agressividade, a 

inteligência, a força e a eficácia, no macho; a passivida

252

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

de, a ignorância, a docilidade, a ‘virtude’ e a inutilidade 

na fêmea. Este esquema fica reforçado por um segundo 

fator, o papel sexual, que decreta para cada sexo um códi

go de conduta, gestos e atitudes altamente elaborado. No 

terreno da atividade, para a mulher é atribuído o serviço 

doméstico e o cuidado com a prole, enquanto que o macho 

pode ver realizados seus interesses e ambições em todos 

os demais campos da produtividade humana. O restrito 

papel que se atribui à mulher tende a frear o seu progresso 

no nível da experiência biológica. (MILLET, 1975, p.35, 

tradução nossa).

 Neste ponto, no final da década de 1960, o feminismo co

meça a lançar ideias para desconstruir os mitos criados e des

crever, sob o ponto de vista das mulheres, o mundo que lhes 

fora proposto. Segundo Beauvoir (1980), o destino da mulher 

não estaria definido por nenhum desses elementos senão pela 

construção social:

 Ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Nenhum destino 

biológico, psíquico, econômico define a forma que a fê

mea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da 

civilização que elabora esse produto intermediário entre o 

macho e o castrado que qualificam de feminino. (BEAU

VOIR, 1980, p. 9).

 Neste contexto, a autoridade familiar e doméstica, além de 

ser responsável pela fundação do patriarcado, implica em uma 

divisão sexual, considerada natural. Mas segundo Machado 

(2012), “[...] o objetivo é exatamente o contrário. É desnatura

lizá-lo, mostrando o seu engendramento social e cultural como 

um ‘sistema’ ou como uma forma de ‘dominação’”, onde as 

diversas formas de discriminação e de violência contra as mu

lheres são manifestação de relações de poder conhecidas pela 

expressão violência de gênero, que tem no componente cultu

ral seu grande sustentáculo.

 Guimarães e Pedrosa (2017) contam que o conceito de gê

253

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

nero foi proposto por estudiosas feministas americanas como 

Stoller e Gayle Rubin, na década de 70, como objeto de es

tudo. A proposta buscava superar o determinismo biológico 

relacionado ao uso do termo sexo ou diferenciação sexual 

e destacar a construção social das identidades de homens e 

mulheres, desconstruindo definições e papéis referentes ao 

masculino e ao feminino.

 Na perspectiva pós-moderna, os estudos de gênero trouxe

ram uma nova problemática: repensar as categorias de identi

dade de gênero e as associações entre determinismo biológi

co e diferenciação sexual. Silveira e Nardi (2014) elegeram 

estudiosas feministas como Joan Scott e Judith Butler para 

compreender o gênero de forma complexa, aberto a múltiplas 

interpretações, não limitado à lógica do patriarcado.

 Segundo Butler (2012, p. 24), gênero foi inicialmente 

compreendido como “[...] os significados culturais assumidos 

pelo corpo sexuado”, produzindo uma separação entre sexo, 

relacionado à biologia, e gênero, definido pela cultura. A au

tora critica a dissociação feita pelos movimentos feministas 

entre cultura e sexo, como se a primeira fosse simplesmente 

uma inscrição cultural e o segundo, biológico. Defende que 

tanto o sexo não pode ser reduzido a uma característica ana

tômica, por ser também uma construção simbólica; como o 

gênero não pode ser reduzido a formulações fixas da cultura - “[...] nesse caso, não a biologia, mas a cultura se torna o 

destino.” (BUTLER, 2012, p. 26). Já Scott afirmava que o 

gênero era o primeiro exercício de poder sobre os corpos. 

(SILVEIRA; NARDI, 2014).

 Mas como esse exercício de poder não era o único, Silveira 

e Nardi (2014) contam que “[...] logo emergiram proposições 

teóricas que sustentaram a existência de três grandes marca

dores sociais que atravessam a produção de subjetividade: a 

254

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

classe, o gênero e a raça”. Neste sentido, Saffioti (2009), diz 

que mais do que papéis sociais que se aprendem nos processos 

de socialização, são as identidades sociais, como o gênero, a 

raça, a etnia e a classe que vão alimentando a subordinação, a 

partir das experiências vividas.

 Vale ressaltar que, ao se acolher as expressões de domi

nação-exploração, utilizadas de forma alternada, mas sempre 

juntas, como entendia Safiotti (2009), elas não significam pura 

submissão, mas estão ligadas a relações de poder na perspec

tiva de Foucault. Para ele, as relações de poder constituem 

“[...] o campo de possibilidades dos modos de subjetivação no 

interior dos quais se articulam os processos de resistência.” 

(SILVEIRA; NARDI, 2014), ou seja, neste campo de possibi

lidades há jogos de verdade que potencializam determinadas 

formas do ser humano se constituir como sujeito.

 Quando se fala em dominação, vale destacar sua presença 

na relação entre família e patriarcado. Narvaz e Koller (2006) 

apontam que a associação entre estes dois termos remete à ori

gem do termo ‘família’, consolidado na Roma Antiga, oriundo 

do vocábulo latino famulus, que significa «escravo doméstico». 

Conforme relata Xavier (1998), a família romana era centrada 

no homem, já que o patriarca tinha sob seu poder a mulher, os 

f

 ilhos, os escravos e os vassalos, além do direito de vida e de 

morte sobre todos eles.

 Segundo Saffioti (1979), no Brasil a história da institui

ção familiar teve como ponto de partida o modelo patriarcal, 

importado pela colonização e adaptado às condições sociais 

de país latifundiário e escravagista. Na mesma linha, Chauí 

(1985) aponta que apesar da desintegração do patriarcado ru

ral, que ocorreu de forma diferenciada em diversas regiões do 

Brasil, a mentalidade patriarcal permaneceu na vida e na polí

tica brasileira e também no meio urbano, como uma forma de 

255

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

dominação sobre a condição feminina.

 Nesta perspectiva, a posição da mulher, na família e na 

sociedade em geral, desde a colonização até hoje, demons

tra que o patriarcado foi uma das matrizes da organização 

social brasileira.

 No Brasil Colônia, o que se constata é que o homem é o 

chefe da casa e da família, é o líder da sociedade conjugal e é 

ele quem domina a esposa e os filhos, nos mesmos moldes da 

família romana. Dentro deste contexto, apenas o homem da 

família possuía direitos e cidadania plena. Na visão de Ruzyk 

(2005, p.119), nessa sociedade colonial, “a esposa tem papel 

definido nesta estrutura familiar, como de subordinação, papel 

este para o qual é criada desde a mais tenra infância”.

 Como defende Andrade (2005), o mecanismo de controle 

dirigido às mulheres, enquanto operadoras de papéis femini

nos na esfera privada tem sido nuclearmente o controle infor

mal materializado na família (pais, padrastos, maridos, dele 

também coparticipando a escola, a religião e a moral) e, pa

radoxalmente, a violência contra a mulher (crianças, jovens e 

adultas), dos maus-tratos à violação e o homicídio.

 Nas palavras de Oliveira (2012), na lógica patriarcal, exis

tem alguns modelos comportamentais que devem ser compul

soriamente observados: “[...] a virilidade e a honra como mar

cadores da identidade masculina; a docilidade e a submissão 

caracterizando a identidade feminina”. Esta ideologia aponta 

para uma posição de superioridade dos machos em relação às 

fêmeas da espécie humana, segundo o autor, fazendo surgir a 

violência com a justificativa do gênero, que legitima a agres

são, a mutilação e, em casos mais extremos, a morte por mari

dos, companheiros ou pais.

 Esta ideologia tem representado o modelo dominante da 

família brasileira, sendo que o Estado, também como uma 

256

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

expressão do patriarcalismo, somente passou a intervir nas 

relações privadas (da família) em tempos recentes. Em 1916, 

o Código Civil Brasileiro dispunha que a mulher casada só 

poderia trabalhar com a autorização do marido. Em 1934, 

uma nova constituição assegurou o voto da mulher. O traba

lho feminino foi regulamentado pela Consolidação das Leis 

do Trabalho somente em 1941.

 Durante a ditadura Vargas, os movimentos feministas fo

ram reprimidos, sendo retomados novamente no início da Se

gunda Guerra Mundial.

 Nesta época, nos países desenvolvidos, os homens foram 

para o front de batalha e as mulheres tiveram que traba

lhar para sustentar suas famílias. O Estado de Bem-Estar 

Social, característico do pós-Segunda Guerra, em 1945, 

girava em torno do pleno emprego masculino e propunha 

o cuidado feminino do lar. A mulher, beneficiária do su

porte social assegurado pelo trabalho masculino, não dis

punha das mesmas garantias, a não ser enquanto esposa 

ou filha, o que evidenciava sua condição de dependente 

do marido/pai. Percebida apenas como uma coadjuvante 

no sustento da família, não sua mantenedora. (NARVAZ; 

KOLLER, 2006).

 Somente em 1962 o Código Civil Brasileiro permitiu que 

mulheres casadas pudessem trabalhar sem a autorização de 

seus maridos e foi com a Constituição Federal de 1988 e com 

o Código Civil de 2002, que alguns direitos femininos já in

cipientes foram consolidados. A família não seria mais regida 

pelo pátrio poder, ou seja, pelo poder do pai, como na época 

feudal, mas pelo poder familiar, que pressupõe a igualdade de 

poder entre os membros do casal. Na Constituição, o princípio 

da igualdade entre homens e mulheres vem expresso no artigo 

5º, que trata dos direitos e garantias fundamentais.

 Para Pateman (1993, p. 167), existe um patriarcado mo

derno, contratual, que estrutura a sociedade civil capitalista 

257

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

e mantém as premissas do pensamento patriarcal tradicional. 

Uma vez mantido o direito natural conjugal dos homens sobre 

as mulheres, como se cada homem tivesse o direito natural de 

poder sobre a esposa, há um patriarcado moderno. E este pa

triarcado muitas vezes se reflete em violência de gênero, que, 

conforme Souza (2007, p. 35):

 [...] se apresenta como uma forma mais extensa e se gene

ralizou como uma expressão utilizada para fazer referên

cia aos diversos atos praticados contra as mulheres como 

forma de submetê-las a sofrimento físico, sexual e psico

lógico, aí incluídas as diversas formas de ameaças, não só 

no âmbito intrafamiliar, mas também abrangendo a sua 

participação social em geral, com ênfase para as suas re

lações de trabalho, caracterizando-se principalmente pela 

imposição ou pretensão de imposição de uma subordina

ção e controle do gênero masculino sobre o feminino. A 

violência de gênero se apresenta, assim, como um ‘gêne

ro’, do qual as demais são espécies.

 Na definição do Conselho Nacional de Justiça, violência 

de gênero é a “[...] violência sofrida pelo fato de ser mulher, 

sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer 

outra condição, produto de um sistema social que subordina o 

sexo feminino”. (BRASIL, CNJ – CONSELHO NACIONAL 

DE JUSTIÇA. FORMAS DE VIOLÊNCIA). Soihet (2005) 

vai além e faz referência ao conceito de violência simbólica ao 

examinar a violência nas relações de gênero:

 Exaltado como expressão de beleza, inspirador do desejo 

fonte de prazer, de vida – através da maternidade -, símbolo 

da nação republicana – na França pós-revolucionária, como 

no Brasil – o corpo feminino é também lugar de violência, 

seja a violência física – espancamentos, estupros etc. – tão 

bem conhecida, sejam aquelas outras formas de violências 

sutis, engenhosas, entre as quais a violência simbólica, que 

igualmente, contribui para a manutenção das desigualda

des. (SOIHET, 2005, p. 305).

 258

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

No mesmo sentido, Chartier (1995, p. 42) defende que re

conhecer a dimensão da violência doméstica “[...] ajuda a com

preender como a relação de dominação, que é uma relação his

tórica, cultural e linguisticamente construída, é sempre afirmada 

como uma diferença de natureza radical, irredutível, universal”.

 É, portanto, no seio familiar, que muitas vezes a violên

cia de gênero se apresenta da forma mais cruel e persistente, 

sustentada por valores culturais machistas e patriarcais, que 

‘justificam’ comportamentos de dominação, poder e grande in

terferência na subjetividade feminina.

 6. CONCLUSÃO

 Com o objetivo de trazer ideias sobre as bases da vio

lência de gênero, evidentemente sem esgotar o assunto, esse 

trabalho apresentou um estudo da influência da cultura pa

triarcal e do machismo na violência contra a mulher, numa 

perspectiva teórica.

 Ao percorrer um caminho histórico da civilização, verifi

cou-se que, no início das relações sociais, as mulheres eram 

consideradas seres sagrados e havia divisão de trabalho entre 

homens e mulheres, mas não desigualdades baseadas na força 

física. Com a escassez da coleta e a partida para a caça de gran

des animais, a força masculina começou a ganhar evidência, 

mas foi com o desenvolvimento da agricultura que iniciou a 

supremacia masculina.

 As sociedades se tornaram patriarcais e as mulheres e os 

mais jovens passaram a ser subordinados ao “poder do pai”. 

Com o controle da sexualidade feminina, as mulheres passa

ram a ficar restritas ao domínio privado e aos homens ficou 

reservado o domínio público.

 No âmbito privado, a mulher passou a alimentar um sistema 

259

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

de dependência, controle e violência. Já o homem fortaleceu o 

sistema de dominação, com a busca por poder, competitivida

de e violência. Cada vez mais a desigualdade entre homens e 

mulheres era sustentada por estereótipos, preconceitos e hie

rarquias de valores.

 Após uma incursão feminina no conhecimento, com aces

so às artes, às ciências e à literatura e posteriormente uma 

“caça às bruxas” na alta idade média, a mulher voltou ao es

paço privado e passou a transmitir aos filhos os valores pa

triarcais que a subjugavam.

 Neste contexto, também foi importante estudar a constru

ção da ideologia do machismo por trás do discurso de domi

nação, a partir de três correntes teóricas: a corrente de domi

nação masculina (crença em desigualdades hierárquicas, que 

autorizam a opressão da mulher porque a condição feminina 

é inferior), a de dominação patriarcal (exploração econômica 

que beneficia o homem branco, rico e adulto) e a de domina

ção versus vitimização (mulheres reproduzindo e reforçando 

os papéis de gênero, se colocando em posição de fragilidade).

 Pelo estudo, fica evidente a força do machismo por trás 

do discurso de dominação, onde os homens controlam os es

paços públicos (educação, trabalho e política, por exemplo) 

e às mulheres resta o espaço privado (unidade doméstica). 

Ao homem ficam atribuídas as características de força, viri

lidade, posse e autoridade e à mulher: emoção, passividade, 

fragilidade e submissão.

 Com os homens assumindo papéis dominantes e buscando 

serobedecidos, a violência se mostra como a expressão mais 

evidente da dominação masculina, como uma afirmação da vi

rilidade e da superioridade do homem diante da mulher. A ação 

violenta como ataque ao outro surge como uma reação quando 

o sujeito homem sente que está perdendo seu poder ou se de

260

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

para com sua impotência.

 Neste contexto, as correntes feministas contestam o de

terminismo biológico e afirmam que a posição da mulher de

pende da construção social, assim como as diversas formas de 

violência contra ela são manifestação de relações de poder sus

tentadas pela cultura.

 Em síntese, restou demonstrado que a violência de gênero é 

expressão do patriarcado e do machismo, visto que os valores 

culturais estão associados às desigualdades e a violência instau

ra a ‘naturalidade’ das diferenças, com estereótipos e códigos de 

conduta entre homens e mulheres. Fica, portanto, evidente que é 

no ambiente familiar que a violência de gênero se apresenta da 

forma mais persistente, atingindo a subjetividade feminina.

 REFERÊNCIAS

 ALVES, José Eustáquio Diniz; CAVENAGUI, Suzana. Dominação masculina e dis

curso sexista. Informe ANDES, ano XI, n. 97, fev. 2000.

 ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A soberania patriarcal: o sistema de justiça cri

minal no tratamento da violência sexual contra a mulher. In: Revista Seqüência, n. 

50, p. 71-102, jul. 2005. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arqui

vo/2016/02/4f33baebd636cb77eb9a4bdc2036292c.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.

 ARENDT, Hanna. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

 ARRAZOLA, Laura Duque; ROCHA, Irene. Mulher, natureza, cultura: apontamentos 

para um debate. In: G. RABAY (Org.). Mulheres e sociedade. João Pessoa: UFPB/

 Editora Universitária, 1996.

 BADINTER, Elisabeth. Um é o outro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986 apud 

TRAVASSOS, Eliane. Mulher, história e psicanálise. Dissertação de Mestrado em 

Psicologia. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal de San

ta Catarina. 2003. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/hand

le/123456789/85967/190642.pdf;jsessionid=1DF390F664D40C8AFCE89EAEAAA

2D984?sequence=1>. Acesso em: 23 maio 2018.

 BEAUVOIR, Simone de. O Segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

 BLAY, Eva Alterman. Violência contra a mulher e políticas públicas. In: Revista Es

tudos Avançados. [online]. v,17, n.49, p. 87-98. 2003. Disponível em: <http://dx.doi.

 org/10.1590/S0103-40142003000300006>. Acesso em: 23 maio 2018.

 BORGES, Clara Maria Roman; LUCCHESI, Guilherme Brenner. O machismo no ban

co dos réus: uma análise feminista crítica da política criminal brasileira de combate à 

261

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

violência contra a mulher. In: Revista da Faculdade de Direito – Universidade Federal 

do Paraná, Curitiba, v. 60, n. 3, set./dez. 2015. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/

 direito/article/view/41788/26948>. Acesso em: 23 maio 2018.

 BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 4. ed. 

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2012.

 CHARTIER, Roger. Diferenças entre os sexos e dominação simbólica (nota crítica). 

Cadernos Pagu: fazendo história das mulheres. Campinas, Núcleo de Estudos de Gêne

ro, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), n.4, 1995.

 CHAUÍ, Marilena. Participando do debate sobre mulher e violência. In: CHAUÍ, Ma

rilena; CARDOSO, Ruth; PAOLI, Maria Celia (Org.). Perspectivas antropológicas da 

mulher: sobre mulher e violência. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

 CNJ. Formas de violência. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/

 lei-maria-da-penha/formas-de-violencia>. Acesso em: 23 maio 2018.

 FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: 

Edições Graal, 1988.

 GONÇALVES, Andréa Lisly. História & gênero. Belo Horizonte: Autêntica, 2006, 

p.48-49 apud GOMES, Gisele Ambrósio. História, mulher e gênero. Disponível 

em: 

<http://www.ufjf.br/virtu/files/2011/09/HIST%C3%93RIA-MULHER-E-G%

C3%8ANERO.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.

 GREGORI, Maria Filomena. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres, relações 

violentas e a prática feminista. São Paulo: ANPOCS, 1993.

 GUIMARÃES, Maisa Campos; PEDROZA, Regina Lucia Sucupira. Violên

cia contra a mulher: problematizando questões teóricas, filosóficas e jurídi

cas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi

d=S0102-71822015000200256&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 23 maio 2018.

 IZUMINO, WâniaPasinato; SANTOS, Cecília Macdowell. Violência contra as mulhe

res e violência de gênero no Brasil. In: Revista Estudios Interdisciplinários de America 

Latina y El Caribe. Israel: Universidade de TelAviv, v. 1, n. 16, 2005. Disponível em: 

<http://www.nevusp.org/downloads/down083.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.

 MACHADO, Lia Zanotta. Perspectivas em confronto: relações de gênero ou pa

triarcado contemporâneo? UNB, Departamento de Antropologia – DAN (Série 

Antropologia) apud OLIVEIRA, Anderson Eduardo Carvalho de. Atendimento 

a homens autores de violência contra a mulher: lacunas, desafios e perspectivas. 

Dissertação de Mestrado – Universidade Federal da Bahia. 2012. Disponível em: 

<https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/7778/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20

 Mestrado%20-%20Anderson%20Eduardo%20Carvalho%20de%20Oliveira.pdf>. 

Acesso em: 23 maio 2018.

 ______. Masculinidades e violências: Gênero e mal-estar na sociedade contemporâ

nea. Série Antropológica. Brasília: UNB, 2001.

 MILLETT, Kate. Teoria de la política sexual. In: Política sexual. México: DF, 1975.

 MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Laços perigosos entre machismo e violência. In: 

Ciênc. saúde coletiva.  v.10, n.1,  Rio de Janeiro. jan./mar. 2005. Disponível em: <http://

 www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232005000100005>. 

262

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

Acesso em: 23 maio 2018.

 MURARO, Rose Marie. Introdução. In: KRAEMER, Heinrich; SPRENGE, James. O 

martelo das feiticeiras. Rio de Janeiro: BestBolso, 2015.

 NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Famílias e patriarcado: da pres

crição normativa à subversão criativa. In: Psicol. Soc. v.18, n.1. Porto Alegre. jan/

 abr. 2006. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822006000100007>. 

Acesso em: 23 maio 2018.

 OLIVEIRA, Anderson Eduardo Carvalho de. Atendimento a homens autores de violên

cia contra a mulher: lacunas, desafios e perspectivas. Dissertação de Mestrado – Uni

versidade Federal da Bahia. 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bits

tream/ri/7778/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Mestrado%20-%20Anderson%20

 Eduardo%20Carvalho%20de%20Oliveira.pdf>. Acesso em23 de maio de 2018.

 PATEMAN, Carole. O contrato sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

 PINTO, Céli Regina Jardim. Feminismo, história e poder. In: Rev. Sociol. Polít. 

v.18, n. 36. Curitiba. Jun. 2010. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104

44782010000200003>. Acesso em: 23 maio 2018.

 RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski. Famílias simultâneas: da unidade codificada à 

pluralidade constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

 SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classes: mitos e realidade. Rio de Ja

neiro: Rocco, 1979.

 ______. Ontogênese e filogênese do gênero: ordem patriarcal de gênero e a violência 

masculina contra mulheres. Série Estudos/Ciências Sociais/FLASCO-Brasil. 2009. 

Disponível em: <http://flacso.redelivre.org.br/files/2015/03/Heleieth_Saffioti.pdf>. 

Acesso em: 22 maio 2018.

 SILVA, Sérgio Gomes da. Preconceito e discriminação: as bases da violência contra a 

mulher. In: Psicologia ciênc. prof. Brasília,  v. 30, n.3.  set. 2010. Disponível em: <http://

 dx.doi.org/10.1590/S1414-98932010000300009>. Acesso em: 23 de maio de 2018.

 SILVEIRA, Raquel da Silva; NARDI, Henrique Caetano. Interseccionalidade gênero, 

raça e etnia e a lei Maria da Penha. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/

 psoc/v26nspe/03.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.

 SOIHET, Rachel. Corpo feminino e formas de violência: discursos e práticas. In: 

SWAIN, Tania Navarro; MUNIZ, Diva do Couto Gontijo (Orgs). Mulheres em ação: 

práticas discursivas e práticas políticas. Florianópolis: Mulheres; Belo Horizonte: PUC 

Minas, 2005.

 SOUZA, Eros de; BALDWIN, John; ROSA, Francisco Heitor da. A construção social 

dos papéis sexuais femininos. In: Psicol. Reflex. Crit. Porto Alegre, v.13, n. 3. 2000. 

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722000000300016>. Acesso em: 

23 maio 2018.

 SOUZA, Sérgio Ricardo de. Comentários à lei de combate à violência contra a mulher. 

22. ed. Curitiba: Juruá, 2007.

 STEARNS, Peter. História das relações de gênero. São Paulo: Contexto, 2007.

 TEDESCHI, Losandro Antônio. História das mulheres e as representações do femi

263

 REVISTA DA ESMESC, v.25, n.31, p. 239-264 , 2018

nino. Campinas: Curt Nimuendajú, 2008 apud FARIAS, Marcilene Nascimento de. A 

história das mulheres e as representações do feminino na história. Estudos Feministas. 

Florianópolis. Set./Dez. 2009.

 XAVIER, Elodia. Declínio do patriarcado: a família no imaginário feminino. Rio de 

Janeiro: Record, Rosa dos Tempos, 1998.

 Recebido em: 29/05/2018

 Aprovado em: 15/08/2018

Confira a noticia                                             .https://tnonline.uol.com.br/noticias/apucarana/mulher-e-espancada-pelo-parceiro-e-socorrida-pelo-samu-em-apucarana-1027059

E assim caminha a humanidade.


Imagem ; Sirte Click Manaus . 




 


Nenhum comentário:

Postar um comentário