quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Disputas.

  A base social de um partido político é o conjunto de grupos, classes e segmentos da sociedade que se identificam com as propostas e ideologias do partido e, historicamente, o apoiam e nele se organizam. Ela não se confunde com a base eleitoral, que é o número de pessoas que votam no partido, pois é um agrupamento mais sólido e engajado, que participa ativamente da vida partidária. 

Características da base social

Identificação ideológica: Os integrantes da base social compartilham dos valores e da visão de mundo do partido.

Organização e engajamento: A base social inclui ativistas, filiados e simpatizantes que participam ativamente das ações do partido, como mobilizações, debates e campanhas.

Representatividade: A base social representa os interesses e as demandas de determinados setores da sociedade, como trabalhadores, empresários, movimentos sociais, entre outros. 

Base social e o cenário político brasileiro

No Brasil, a fluidez do cenário político dificulta a definição de bases sociais estáveis e sólidas, já que a adesão a partidos pode variar e nem sempre está atrelada a uma ideologia clara. Apesar disso, é possível identificar as bases sociais de alguns partidos: 

Partidos de esquerda: Frequentemente buscam apoio entre movimentos sociais, sindicatos e trabalhadores. O Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, historicamente atraiu trabalhadores e setores populares.

Partidos de centro e direita: Tendem a ter base em setores empresariais, agronegócio e segmentos com ideologia mais conservadora. O apoio do "Centrão", por exemplo, é mais pragmático do que ideológico. 

Fatores que influenciam a base social

Vários fatores podem influenciar a formação e a transformação da base social de um partido:

História e contexto: A trajetória e o contexto histórico de um partido influenciam sua base social. Por exemplo, a redemocratização brasileira permitiu a criação de partidos com bases sociais mais definidas.

Desempenho eleitoral: O sucesso eleitoral de um partido pode atrair novos seguidores e ampliar sua base social.

Ideologia e programa: A clareza ideológica e as propostas de um partido podem atrair simpatizantes que se identifiquem com suas ideias.

Estrutura partidária: A capacidade de organização do partido, seu enraizamento na sociedade e sua presença em diferentes regiões podem fortalecer sua base social.

Clivagens sociais: As divisões históricas da sociedade, como classe social, religião e etnia, podem influenciar a formação da base social de um partido

partido politico

Um partido político é uma organização de pessoas que se unem com base em uma mesma ideologia e programa político, com o objetivo principal de conquistar e manter o poder de governar ou de influenciar a gestão pública. Eles atuam como elo entre a sociedade e o Estado, canalizando as demandas sociais para a esfera governamental. 

Funções e características principais

Lançamento de candidatos: Os partidos são os únicos responsáveis por apresentar candidatos a cargos eletivos, como presidente, governador, senador, deputado e vereador.

Representação política: Ajudam a dar voz e visibilidade aos interesses de diferentes grupos sociais, buscando traduzi-los em políticas públicas.

Défesa da democracia: Conforme a Lei nº 9.096/95 no Brasil, os partidos devem atuar para assegurar o regime democrático e a defesa dos direitos fundamentais.

Programa e estatuto: Cada partido possui um programa político, que define suas propostas e diretrizes, e um estatuto interno, que rege seu funcionamento.

Estrutura organizada: Podem atuar em nível nacional, estadual e municipal, desde que tenham órgãos de direção válidos registrados na Justiça Eleitoral.

Financiamento e prestação de contas: No Brasil, os partidos têm autonomia administrativa e financeira, recebendo recursos do Fundo Partidário. Em contrapartida, são obrigados a prestar contas de todas as receitas e despesas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Segundo o Sociólgo, Mestre e Doutor Cesar Portantiolo Maia , no Quarto Periodo da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcantara Machado (FIAAM FAAM).

Confira abaixo o artigo do Autor: Professor Dr. Maurício Michel Rebello (UFFS)  

Os partidos políticos: uma evolução de tipologias sob novos contextos1 

Resumo: O artigo proposto realiza uma discussão conceitual sobre a evolução da compreensão dos partidos políticos 

segundo os principais teóricos do século XX (Robert Michels, Maurice Duverger, Seymor Lipset, Stein Rokkan, 

Otto Kirchheimer, Angelo Panebianco, Richard Katz e Peter Mair). Não raro, o debate contemporâneo sobre as 

organizações partidárias se baseia em um tipo ideal de partidos de massa, cujo surgimento ocorreu logo após a 

implementação do sufrágio universal nos países da Europa Ocidental (primeira metade do século XX). Entretanto, 

foram várias as análises que apontavam que várias características partidárias haviam sido alteradas, inserindo novas 

nomenclaturas para definir os partidos políticos (catch-all, profissional eleitoral, cartel). Esse artigo, além de 

examinar as alterações partidárias ao longo das últimas décadas, demonstra como o a análise sobre os sistemas 

partidários, incluindo o brasileiro, deve se basear em um novo modelo de organizações partidárias, bastante 

diferente do clássico modelo de massas europeu. 

Autor: Professor Dr. Maurício Michel Rebello (UFFS)  

Introdução 

Com exceção da lei de ferro da oligarquia (Michels, 1979), na qual toda e qualquer 

organização complexa tende a um processo de oligarquização, as organizações partidárias 

apresentam-se sobre inúmeras formas em diferentes contextos. A relação entre os partidos 

políticos e a sociedade é vista sob análises essencialmente distintas em cada período histórico. 

A origem do termo partido político vem da palavra parte, do latim partire, que expressa 

divisão. No seu início, partido político possuía associação com a palavra facção e, no caso latino, 

com a palavra seita (Sartori, 1982). No século XVIII, com exceção de Edmund Burke, poucos 

dissociavam partido de facção. Necessariamente partido sugere divisão e, deste modo, somente 

quando o pluralismo é aceito é que a dimensão conotativa da palavra partido político desaparece 

(Sartori, 1982). 

Nesse artigo, propomos rediscutir a evolução das organizações partidárias em diferentes 

contextos. Começando pelos agrupamentos de tipo parlamentar, as organizações de massa, 

catch-all e, finalmente, partidos cartéis. No final, ainda questionamentos até que ponto a ciência 

política brasileira e outros que se propõem a analisar o sistema partidário brasileiro ainda estão 

vinculados a uma visão partidária baseada em modelos partidários prévios.  

1Esse artigo foi baseado em parte da discussão teórica de minha tese, defendida em 2013 na UFRGS. 

A evolução organizacional dos partidos políticos   

O modo pelo qual o partido moderno foi concebido como o é atualmente é recente em 

termos históricos. Até 1850, por exemplo, somente os Estados Unidos poderiam ser incluídos na 

lista de países que possuíam alguma forma partidária moderna (Duverger, 1970). A origem dos 

partidos está associada ao desenvolvimento de grupos parlamentares. Muitas associações e 

clubes nos séculos XVIII e XIX surgiriam e com a extensão do sufrágio universal muitos destes 

grupos formaram grupos parlamentares. Logo após, vieram os partidos de origem exterior, onde 

já havia grupos parlamentares estabelecidos em alguns países. Os partidos socialistas e 

comunistas são claros exemplos de origem externa ao parlamento.  

Nesta gênese dos partidos descritos por Duverger encontramos a primeira designação para 

um tipo partidário: o partido de quadros. Este tipo de partido está relacionado com os grupos 

parlamentares. Neste contexto, o vínculo dos adeptos dos partidos, sua base social, é muito fraco 

em relação à organização partidária. Os principais membros são formados por “notáveis”, 

pessoas ilustres que servem para obter votos. Os “notáveis” detinham uma boa penetração entre 

setores privados, como bancos e indústrias que financiavam as atividades partidárias através de 

doações. Não obstante, a manutenção partidária possuía baixo custo financeiro, uma vez que as 

atividades partidárias são poucas e não exigem grandes gastos.  

A limitação do sufrágio contribuía para que os parlamentares destes partidos não se 

preocupassem em conquistar um número expressivo de votos, em geral, em um ambiente de 

regime censitário, precisavam conquistar somente o apoio das elites econômicas das quais 

também faziam parte. Neste período não havia partidos socialistas, deste modo, os partidos 

burgueses e conservadores, por exemplo, não viam a necessidade de recrutar membros e criar um 

partido competitivo em termos eleitorais. 

Com a ampliação do sufrágio, a estrutura dos partidos foi radicalmente alterada, chegando 

ao que seria o segundo “estágio” na história partidária: os partidos de massa. Diferente do 

cenário anterior, as organizações de massa ampliaram de forma expressiva a participação da 

população como membros dos partidos. Tais membros eram os militantes, mais ativos na vida 

partidária do que eleitores ou simpatizantes. O Partido Social-Democrata alemão, por exemplo, 

chegou a conquistar mais de um milhão de membros em 1914 (Duverger, 1970: 103). Neste 

período, as organizações possuíam independência financeira em relação aos grandes 

financiadores na medida em que a principal fonte de financiamento advinha dos seus membros. 

A participação do proletariado na construção dos partidos de massa é ampla. A imagem 

daquele militante ativo só ocorre mais substancialmente a partir dos partidos socialistas e 

comunistas. No último caso, o marxismo não é apenas uma ideologia política, mas um quadro 

geral completo, uma filosofia de vida. Da vida cotidiana, às artes e às ciências, tudo envolve uma 

ontologia na qual o marxismo é difundido. Neste extremo, o partido é totalitário, ele penetra sob 

todas as formas na vida de cada membro (Duverger, 1970). Neste contexto, o vínculo entre os 

eleitores e os partidos era muito mais forte. Ainda que nem todos os partidos políticos 

possuíssem a penetração das legendas comunistas, a necessidade de competir com organizações 

de trabalhadores cada vez mais estruturadas fez com que houvesse uma modificação nos partidos 

burgueses, ainda sob o rótulo de partidos de notáveis. 

Mesmo que a gênese dos partidos de massa não possa ser desvinculada ao surgimento de 

agremiações de esquerda, é equivocado supor que a clivagem proletário X burguês tenha sido a 

única a estruturar tais partidos. Como já discutimos anteriormente, Lipset e Rokkan (1967) 

identificaram pelo menos quatro clivagens oriundas das revoluções nacionais e industriais. A 

questão religiosa, por exemplo, foi determinante na estruturação do sistema partidário de alguns 

países europeus.  

Mesmo que Lipset, Rokkan e Duverger possuam bases teóricas diferentes, principalmente 

no aspecto da importância do sistema eleitoral no número de partidos, as escolas explicitam um 

contexto único: a era dos partidos de massa. Naquela época existia um forte vínculo entre os 

eleitores e os partidos. A idéia de Duverger de membro partidário com ampla aproximação com 

a organização demonstra muito bem a forte relação entre representantes e representados. 

Conforme veremos a seguir, aquele vínculo orgânico com o partido não existe mais. A vivência 

cotidiana entre membros dos partidos, os jornais, as revistas, as artes, o ambiente lúdico, todos os 

momentos da vida de um membro partidário eram compartilhados com seus correligionários. 

Naquele contexto, o conteúdo ideológico ou programático dos partidos era muito mais evidente. 

Com uma homogeneidade alta em termos de membros, havia uma forte mobilização eleitoral no 

momento do sufrágio. Não por coincidência, a era dos partidos de massa é aquela que apresenta 

maior fascínio, maior glamour na história partidária. Alguns analistas e agentes políticos, quando 

pensam em que tipo de organização desejam, aspiram, sobretudo, uma organização de massa 

Todavia, aquele momento é passado, as agremiações já não apresentam mais as 

características de outrora, desta forma, na década de 1960 surge outra denominação à estrutura 

partidária, o partido “catch-all”. A utilização de catch-all parties (partidos pega-tudo) foi 

cunhada pela primeira vez por Otto Kirchheimer em 1966. A partir de certo momento após a 

Segunda Guerra Mundial começavam mudanças significativas nos partidos tanto do ponto de 

vista organizacional como na relação com os eleitores.  Organizações partidárias começavam a 

ampliar o espectro de possíveis eleitores, suavizando um discurso classista; a ênfase não estava 

mais em obter somente o voto de certos grupos sociais, como proletários, burgueses, católicos, 

protestantes, mas em conquistar o maior número possível de eleitores.  

Obviamente, o processo de ampliação das bases eleitorais partidárias não ocorreu 

repentinamente, sendo que Kirchheimer demonstrava graus de diferenciação entre nações neste 

processo de mudança organizacional. Nem toda legenda poderia aspirar transformar-se em 

partido catch-all. Agremiações pequenas, cuja raison d’être é a defesa específica de certos 

grupos, como o Partido Alemão Calvinista, não podem ter um discurso mais genérico, não 

podendo se tornar catch-all (Kirchheimer, 1966). 

Fruto de produto histórico de um eleitorado mais secular e consumidores de bens em 

massa, o partido catch-all pressiona antigos partidos classistas a também serem alterados. 

Aquele membro educado pela organização, que não possuía distinção entre sua vida pública e 

privada, segundo Duverger (1970), perde espaço em um ambiente com uma forte 

heterogeneidade social. A demanda em representar uma multiplicidade de grupos catalisa uma 

reconfiguração partidária em direção a uma flexibilização de identidades coletivas. 

Neste momento histórico, há um maior entrecruzamento de clivagens sociais. Não somente 

a clássica distinção entre esquerda e direita importa, mas também outras inúmeras formas de 

clivagens, como o religioso-secular, urbano-rural e o tradicional- moderno, todas estas clivagens 

serão fundamentais na explicação do comportamento eleitoral, por exemplo (Sartori, 1982). Se 

em outrora clivagens ficavam “congeladas” durante muito tempo, mostrando um 

enclausuramento de relações sociais em dada organização (Lipset e Rokkan, 1967), há uma 

constante ampliação da heterogeneidade social.  

Muito desta atenuação de grupos classistas se deve, em parte, a uma maior dependência em 

relação aos meios de comunicação. Na era dos partidos de massa, a comunicação com o eleitor 

era direta; através de comitês, de jornais próprios, os membros partidários integravam-se aos 

partidos. Com o surgimento da televisão, a mediação entre o telespectador é direta em relação ao 

veículo de comunicação. O partido perde sua preponderância em influenciar a escolha das 

pessoas. Com esta nova modalidade de competição política, em detrimento de conteúdos 

programáticos, há um fortalecimento daqueles que dominam técnicas da comunicação. No final 

do século XX, a mídia possui forte impacto, como atesta Manin (1995) na sua democracia do 

público. 

Os partidos catch-all vieram acompanhados de algumas mudanças percebidas por 

Kirchheimer (1966): a) drástica redução de conteúdo ideológico dos partidos; com a ampliação 

do leque eleitoral das legendas, o discurso dos líderes das organizações fica mais difuso e 

genérico na medida em que não se dirige a uma classe ou grupo específico; b) fortalecimento das 

lideranças uma vez que estas são julgadas mais pelo grau de eficiência do que avaliadas 

internamente em relação às metas organizacionais por correligionários, ou seja, líderes ganham 

autonomia; c) queda do papel do militante, do membro individual, uma vez que este não é ponto 

central nas campanhas; d) redirecionamento de ênfase em largos setores sociais em detrimento 

da antiga classe gardée, sendo assim, há um afastamento do partido sobre clientelas antigas; e) 

assegurar acesso de uma ampla gama de grupos de interesse, ganhando, com isso, uma 

diversificação de financiamento eleitoral. 

Neste novo momento partidário, a previsão de resultados eleitorais torna-se mais difícil. Se 

antes havia uma quase certeza do voto de certos grupos, a especulação de quem se tornará 

vencedor fica mais difusa e complexa pela queda de identificação e lealdades partidárias. Isto 

causa impacto na própria maneira de representação, algo que Kirchheimer já percebia.  Dada sua 

morte no momento do ensaio sobre partidos catch-all, o autor alemão não chegou a desenvolver 

de maneira mais sistemática o impacto das alterações partidárias na representação política. 

Segundo consta, acreditava-se que o cidadão se afastava cada vez mais da vida partidária, a 

relação com a política partidária ficava muito mais limitada. Destarte, a pergunta que fica é: até 

que ponto as organizações partidárias ainda serviriam como elementos de ponte entre Estado e 

sociedade?  

A visão apurada de Kirchheimer sobre a tendência de alteração dos tipos partidários não 

pode ser considerada uma teoria acabada, como a diferenciação dos partidos de quadros e de 

massa de Duverger. Na verdade, seus artigos e ensaios podem ser considerados mais sob o ponto 

de vista de observações históricas coerentes sobre as mudanças que passavam os partidos 

políticos da época (Safran, 2009). Além disso, sua concepção de partidos catch-all se baseava 

quase que exclusivamente nas democracias do oeste europeu. Ainda que muitas críticas possam 

ser feitas à caracterização dos partidos realizada por Kirchheimer (Wolinetz, 2002), a idéia de 

partidos cada vez mais difusos e afastados daqueles partidos de massa é tratada como quase 

consensual na ciência política. Outros autores também criaram outras tipologias para denominar 

estas alterações de modelos de partidos de massas. 

Panebianco (2005), diferente de Kirchheimer, criou uma teoria sobre partidos políticos, 

relatando de modo profundo suas estruturas organizacionais e sua adaptabilidade em distintos 

ambientes a partir do modelo originário da organização. Dialogando com Kirchheimer, 

Panebianco entende que toda análise do autor alemão contém um elemento central que está 

implícito na obra sobre o catch-all: a profissionalização dos partidos políticos. Assim sendo, 

Panebianco cria o termo partido profissional-eleitoral. No partido de massas de Duverger a 

burocracia partidária mantém fortes vínculos com os filiados e também com a classe gardée. 

Com a profissionalização, esta burocracia é profundamente modificada, na qual o papel do 

especialista, do técnico capaz de garantir a vitória eleitoral, ganha relevo e altera a relação com 

os próprios membros partidários, o militante perde espaço frente ao eleitor (Panebianco, 2005). 

Uma observação importante é que Panebianco compreende que qualquer modelo partidário 

refere-se a um tipo ideal, seja o partido de quadros, seja o de massas, ou até mesmo, o 

profissional-eleitoral, sempre existem características dos modelos que se combinam em 

organizações de carne e osso. Todavia, certos elementos podem ser distinguíveis quando as 

agremiações são analisadas na vida real. Desta forma, o autor indica certas diferenças entre o 

modelo burocrático de massa e o profissional eleitoral. Tais diferenças não são inéditas, uma vez 

que são muito próximas ao que Kirchheimer havia diagnosticado: a) centralização nos 

profissionais e não mais na burocracia; b) partidos com ligações organizativas mais fracas e 

perda de um eleitorado fiel para um de opinião; c) a escolha de dirigentes é mais personalizada; 

d) financiamento eleitoral através de grupos de interesse ao invés do militante; e) ênfase na 

liderança e na centralização de carreiristas, pessoas mais preocupadas em receber incentivos 

seletivos (status, carreira, dinheiro) do que incentivos coletivos (identidades e ideologias) como 

os crentes, que formavam o núcleo do partido burocrático de massa. 

A perspectiva de Panebianco sobre a profissionalização não é positiva para o sistema 

político por duas razões. Em primeiro lugar, a profissionalização partidária enfraqueceria a 

organização. Para Panebianco, haveria um processo de desinstitucionalização, uma vez que os 

partidos seriam muito dependentes do eleitor, possuindo menor autonomia em relação ao 

ambiente em que se encontram. Claro exemplo disto seria a perda do financiamento dos 

militantes. Neste sentido, os partidos seriam fracos, na qual a época dos partidos fortes (de 

massa) acabou.  

Em segundo lugar, haveria uma queda de legitimidade do sistema, algo que Kirchheimer já 

admitia a possibilidade na medida em que se antevia um crescimento da apatia política com o 

afastamento das pessoas em relação às organizações. Panebianco, considerando a divisão 

indicada por Ronald Inglehart de estabelecidos (grupos dirigentes, tanto políticos, como 

econômicos) e cidadãos comuns, vê com certo pessimismo o partido profissional-eleitoral. O 

eleitor, embora mais autônomo em relação à organização, estaria mais desorientado. Tal 

pessimismo de Panebianco não é compartilhado por nós.  

Mesmo ocorrendo uma maior indefinição no sentido programático-ideológico dos partidos 

políticos, não há completa perda do caráter representativo dos mesmos. Se ideologias falham, 

nem sempre há uma completa desorientação, partidos profissionais-eleitorais não abdicam do 

voto do cidadão, pelo contrário, necessitam cada vez mais de variados segmentos da população. 

Muitas vezes não se trata de um “esvaziamento de identidades coletivas”, mas um surgimento de 

novas identidades. A emergência de novas questões como imigração, globalização, identidade 

nacional, multiculturalismo atravessam clássicas questões sobre classe impondo novos desafios 

aos líderes partidários (Safran, 2009).  

O termo cunhado por Panebianco, de organização profissional-eleitoral, foi uma tentativa 

de trazer melhor definição do partido catch-all. Contudo, acreditamos que o termo consagrado 

por Otto Kirchheimer possui maior valor heurístico. Sua utilização denota de maneira clara a 

idéia de “pegar-tudo”, de ampliação do espectro eleitoral se comparada com a época dos partidos 

de massa. Além disso, a idéia de profissionalização é vaga se compreendermos que Duverger já 

havia relatado os diferentes graus de participação dos membros de um partido de massa, desde o 

eleitor, passando pelo simpatizante, até chegar ao militante. A profissionalização, pensada de 

certa maneira, já não estava implícita na oligarquia de Michels? O que seria, se não profissionais, 

a burocracia revolucionária dos partidos comunistas e socialistas (maior exemplo de 

organizações de massas) que Lênin tanto frisava como necessária? 

Possivelmente, os profissionais partidários já existiam no começo do século XX, o que não 

havia àquela época era a necessidade de “pegar” um número maior de cidadãos para conquistar a 

vitória eleitoral. Deste modo, é razoável acreditar que o termo “catch-all” expressa melhor o tipo 

partidário emergente pós Segunda Guerra Mundial. No final do século XX, Katz e Mair (1997) 

perceberam que talvez a evolução partidária não tivesse estacionado no partido “catch-all”, 

compreendendo um novo tipo de partido: o partido cartel. 

Os autores Richard Katz e Peter Mair compreendem que o desenvolvimento partidário 

envolve três elementos indissociáveis, a saber: sociedade civil, os próprios partidos e o Estado. 

Desde a gênese partidária, todas as etapas na evolução das organizações envolvem a dinâmica 

entre estes três elementos. Nos partidos de quadros, todos os três elementos estão associados, não 

havendo maiores distinções entre os três. Nesta época os partidos são comitês de elites que estão 

integradas também dentro do Estado. Logo após, no momento mais glamoroso dos partidos, o 

estágio dos partidos de massa, o partido político é uma ponte perfeita entre Estado e sociedade 

civil, representando e mobilizando grande parte da população agora incluída pela ampliação do 

sufrágio. No estágio catch-all, há certa aproximação do partido na direção do Estado e há um 

afastamento da sociedade civil, fazendo com que haja alguma perda do vínculo entre as 

organizações e os eleitores. 

No último estágio percebido (embora não afirmem que seja o fim da história partidária), os 

partidos não possuem nenhuma ligação com a sociedade civil e se tornam agentes do Estado. 

Independente da teleologia percebida, os autores tiveram sucesso ao incorporar o Estado como 

elemento indissociável dos modelos partidários. De fato, há elementos que induzem à percepção 

de aproximação partidária em relação ao Estado e mais claramente ao afastamento da sociedade 

10 

civil. Obviamente, conceituar Estado e sociedade civil dentro desta perspectiva não são tarefas 

fáceis, porém os autores apontam razoáveis argumentos na alteração da tipologia partidária. 

Katz e Mair notam que em muitos países o acesso ao governo é freqüente nas grandes 

organizações partidárias, afirmando, inclusive, que mesmo partidos que estão anos na oposição 

possuem acesso ao espólio estatal. Ao perceberem isso, interpretam que a continuidade de 

muitos partidos nos governos é, de certa forma, uma espécie de acordo não tácito, mas que, ao 

fim e ao cabo, levam ao que eles chamam de conluio. Esta trama envolvendo as agremiações é 

que faz com que sua tese seja denominada partidos cartéis, na qual as organizações exercem uma 

competição limitada, ou, em outras palavras, gerenciada. A não competição de algumas 

agremiações para alguns cargos, por exemplo, é fruto de um cálculo que envolve o cartel. 

Algumas características são visíveis, segundo a tese dos partidos cartéis, na diferenciação 

entre o estágio catch-all e o cartel. O objetivo da política não é mais o melhoramento social, e 

sim uma profissão, ou seja, a política nada mais é do que seguir uma carreira profissional. A 

disputa eleitoral não é competitiva como nos catch-all, mas contida, em função do conluio das 

organizações. O financiamento partidário, ao invés de depender de uma variedade de fontes, 

centra-se exclusivamente em subvenções estatais. Além disso, os próprios canais de 

comunicação dependem da regulação estatal sobre a mídia. 

Poder-se-ia comentar que em muitos países as legendas não apresentam tais características, 

porém, os autores são claros ao relatar que o processo de cartelização é recente e que em muitos 

países há uma forte presença ainda de partidos catch-all. Neste sentido, podemos dizer que pode 

haver coexistência entre partidos catch-all e partidos cartéis.  Quando o subsídio estatal é mais 

limitado, por exemplo, há um menor incentivo no processo de cartelização.  

Todo esse processo pode ser percebido de maneira pessimista, pois há fortes elementos que 

podem conduzir a uma visão negativa do sistema partidário como um todo. Katz e Mair 

enfatizam que os partidos são mais “fracos” somente se considerarmos em comparação com 

algumas características dos partidos de massa (menor lealdade dos eleitores para com o partido, 

11 

menor quantidade de filiados, difusão de identidades coletivas). Na verdade, eles seriam somente 

“partidos diferentes” (Katz e Mair, 1997: 119). 

Esta diferença em termos partidários envolve um processo de mudança de função das 

organizações partidárias no regime democrático. Desde seu surgimento, os partidos podem ser 

vistos desempenhando diferentes funções ao longo do tempo. Esta funcionalidade sempre está 

atrelada a um contexto democrático. Desta forma, na época dos partidos de massa, a função das 

agremiações era mobilizar e integrar os cidadãos no regime político. Outra função, também 

clássica, era a articulação de interesses, a despeito de nunca ter sido exclusiva dos partidos, era 

realizada de maneira central pelas legendas. Ambas as funções expressam o caráter 

representativo das organizações partidárias em outra época (Mair, 2009). 

Ao longo do final do século XX, este caráter representativo das agremiações foi se 

perdendo segundo Mair. Os partidos políticos foram realizando uma função cada vez mais 

procedimental ou processual segundo o autor. Entre estas novas funções podemos destacar a 

formulação de políticas (que combinaria elementos representativos) e duas de caráter puramente 

processual: recrutamento de líderes e funcionários para cargos públicos; organização do corpo 

parlamentar e formação de governo. Dentro desta perspectiva, seria correto afirmar que: 

As funções representativas dos partidos estão em declínio e foram assumidas, 

pelo menos parcialmente, por outros organismos, ao passo que suas funções 

processuais foram preservadas, chegando mesmo a adquirir maior relevância. 

Por outras palavras, assim como os partidos mudaram da sociedade para o 

Estado, as funções que estes desempenham, e se espera que desempenhem, 

mudaram de uma ação principalmente representativa para uma ação 

principalmente governativa. (Mair, 2003: 285). 

A idéia de perda do caráter representativo é dúbia quando o conceito de representação não 

é claro. Se partidos não possuem a capacidade de fornecer mobilização, integração, articulação 

de interesses e, principalmente, ideologias, existem outras formas de pessoas sentirem-se 

12 

“representadas”. Se a função partidária é governar, e se legendas tiverem êxito neste sentido, elas 

também “representarão” os cidadãos. 

No nosso entender, o aspecto central, a idéia de cartel, não é suficientemente explorada. 

Este conluio, através das quais as organizações manteriam o cartel, é, certamente, muito dúbio. A 

não competição eleitoral pode ser simplesmente um cálculo racional; alguns sistemas eleitorais 

evidentemente retiram a possibilidade de vitória de algumas legendas, o que pode levar à 

necessidade de montagem de uma coalizão. Entretanto, isto não poderia ser considerado um 

conluio.  

Outra característica apontada pelos autores na diferenciação do catch-all para o cartel 

também é mal colocada. A idéia de que o objetivo dos agentes públicos é somente a profissão 

política (ao invés do melhoramento social do catch-all) já havia sido levantada desde a década de 

1950 com o modelo de Anthony Downs (1999) onde o objetivo máximo era somente ganhar 

eleições e, ao que tudo indica, não nos parece que naquela época havia alguma manifestação de 

partidos cartéis. Se lermos atentamente a Michels (1979), e sua inconformidade com o SPD 

alemão, no início do século XX, já havia a percepção de que a carreira política se tornava um fim 

em si mesmo. 

Conclusão  

No mundo contemporâneo, sejam catch-all parties ou partidos cartéis, o fato incontestável 

apontado por vários autores (Kirchheimer, Panebianco, Katz, Mair) é que as organizações não 

mais são responsáveis pela integração, mobilização e articulação de interesses do cidadão. 

Partidos atuais não estão mais baseados em grupos específicos, como na época dos partidos 

socialistas e comunistas do início do século XX que tanto Duverger frisou como sendo as mais 

notáveis organizações de massa. 

Em nosso entender, o Brasil também não apresenta mais nenhuma manifestação de 

partidos de massa, se é que teve algum dia. Caberia indagar, todavia, até que ponto existe total 

13 

desvinculação de qualquer espécie de clivagem com algum partido político. Será que todas as 

legendas brasileiras, inclusive as de esquerda, estão dissociadas de qualquer vínculo com 

qualquer grupo? Com esta pergunta, poderemos averiguar até que ponto há algum 

encapsulamento social ou clivagem de toda sorte que possa estar sendo representada no caso 

brasileiro, solapando de vez, ou não, a idéia de que ainda possam existir reminiscências de um 

tipo partidário europeu tão “glamoroso” quanto houvera em um passado não tão longínquo. 

Examinar a existência de algum vínculo social nas organizações partidárias brasileiras é 

importante, pois o alto número de partidos políticos existentes no Brasil sugestiona que existe 

um conjunto de várias identidades entre diferentes grupos. Nesse caso, a teoria consociativa 

interpretaria de maneira positiva a alta fragmentação partidária para diluir conflitos entre grupos 

rivais. Todavia, são vários os indícios de que o sistema partidário brasileiro não possui bases 

sociais fortes. Além disso, as agremiações partidárias parecem ter um perfil mais condizente com 

o tipo catch-all party. 

O fraco enraizamento social dos partidos políticos brasileiros tem entre suas causas o forte 

descolamento histórico entre o período caracterizado como democracia de partido e o período de 

incipiente institucionalização partidária que começa efetivamente a partir de 1945. 

Diferentemente de outros países, o Brasil nunca teve uma grande continuidade nos seus sistemas 

partidários. Desde os Liberais e os Conservadores no período pré-republicano, o Brasil teve sete 

configurações partidárias distintas. Desta forma, não é difícil entender o motivo pelo qual o 

Brasil é visto como um caso notório de subdesenvolvimento partidário (Lamounier e 

Meneguello, 1986; Kinzo, 2001). 

As organizações partidárias brasileiras mais relevantes quase sempre estiveram 

relacionadas ao Estado brasileiro e às elites conservadoras ali alojadas. É interessante notar por 

este aspecto que a teoria de partido cartel sobre a aproximação dos partidos políticos em relação 

ao Estado pode ser verificável na realidade histórica de alguns países europeus. Em contraste, 

parte da ciência política brasileira sempre apontou o Estado brasileiro como importante elemento 

14 

norteador da vida política, até mesmo partidária (Souza, 1976). Desse modo, a aproximação do 

partido com o Estado pode não ser tão clara no caso brasileiro quanto o exemplo europeu uma 

vez que, no primeiro caso, o alvorecer partidário já partia do próprio núcleo do estado, 

constituindo-se como grandes exemplos o PTB e o PSD pós Estado Novo e MDB e ARENA no 

começo da ditadura militar.  

Na maioria das vezes, o surgimento dos partidos políticos brasileiros é indissociável de sua 

relação com o Estado. Em geral, a gênese destas organizações ocorreu “de cima para baixo” 

(Mainwaring, 2001). Desta maneira, há claros indicativos de que o aparecimento de partidos 

pouco tem relação com claros setores sociais, em grande contraste com a formatação do sistema 

partidário europeu (Lipset e Rokkan, 1967). No período da redemocratização, apenas o PT, entre 

as agremiações relevantes, é citado como partido nascido externamente.  

Ainda assim, até mesmo o PT parece estar caminhando a um processo de se tornar “catch

all”, com maior facilidade de trânsito entre diversos grupos de interesse, ampliação das 

coligações eleitorais (Krause e Godoi, 2010) e um discurso menos classista. Rebello (2012), por 

exemplo, analisa o grau de volatilidade eleitoral petista e afirma que o eleitorado da legenda 

mudou ao longo do tempo, mostrando uma perda de identidade petista. Embora a pesquisa do 

autor seja muito embrionária, parece claro que a maioria dos analistas partidários já não tem a 

organização partidária petista igual àquela de outrora.  

Em suma, toda e qualquer pesquisa que envolva o sistema partidário deve considerar as 

mudanças ocorridas no século XX. O Brasil não foge dessa nova caracterização partidária. 

Assim, deve-se repensar a própria noção do papel partidário, indicando novos modelos de 

representação, ou, ao menos, matizando o velho discurso de que os partidos devem ser perfeitos 

representantes de grupos ou classes sociais. 

Referências Bibliográficas   

15 

DOWNS, Anthony [1957]. An economic theory of democracy. New York: Harper and Row, 

1999. 

DUVERGER, Maurice. Os Partidos Políticos. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. 

KATZ, Richard. MAIR, Peter. Party Organization, Party Democracy, and the Emergence of 

the Cartel Party. In: MAIR, Peter. Party System Change. Clarendon Press Oxford, 1997. 

KINZO, Maria. A democratização brasileira: um balanço do processo político desde a 

transição. São Paulo em perspectiva, vol. 15, nº 4, 2001, p. 3-12.   

KIRCHHEIMER, Otto. The Transformation of the Western European Party Systems. In: 

LAPALOMBARA, Joseph; WEINER, Myron. Political Parties and Political Development. 

New Jersey: Princeton University Press, 1966. 

KRAUSE, Silvana; GODOI, Pedro. Coligações eleitorais para os executivos estaduais (1986

2006): padrões e tendências. In: KRAUSE, Silvana; DANTAS, Humberto; MIGUEL, Luis 

Felipe (Orgs.). Coligações partidárias na nova democracia brasileira: Perfis e tendências. 

Rio de Janeiro/São Paulo: Fundação Konrad Adenauer/UNESP, 2010. 

LAMOUNIER, Bolívar; MENEGUELLO, Rachel. Partidos políticos e consolidação 

democrática: o caso brasileiro. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986. 

LIPSET, Seymour; ROKKAN, Stein. Cleavage structures, party systems, and voter 

alignments: an introduction. In: LIPSET, Seymour; ROKKAN, Stein. Party Systems and 

voter alignments: cross-national perspectives. New York: Free Press, 1967. 

MAINWARING, Scott. Sistemas Partidários em novas democracias: o caso do Brasil. Porto 

Alegre: Mercado Aberto, Rio de Janeiro: FGV, 2001. 

MAIR, Peter. Os partidos políticos e a democracia. Análise Social, vol. 28, nº 167, 2003, p. 

277-293. 

MAIR, Peter. Representative versus Responsible Government. Working paper of Max Planck 

Institute for the Study of Societies, Cologne, 2009, p. 5-19.    

MANIN, Bernard. As metamorfoses do governo representativo. Revista Brasileira de 

Ciências Sociais, nº 29, 1995, 5-34. 

16 

MICHELS, Robert [1912]. As tendências burocráticas das organizações partidárias. In: 

CARDOSO, Fernando; ESTEVAM MARTINS, Carlos. Política & Sociedade. Volume 2. 

Companhia Editora Nacional. São Paulo: 1979. 

PANEBIANCO, Angelo. Modelos de partido: organização e poder nos partidos políticos. 

São Paulo: Martins Fontes, 2005. 

REBELLO, Maurício. Clivagens sociais e sistema partidário brasileiro: o caso do PT. In: 

GALLO, Carlos; SOUZA, Bruno; LEÃO MARTINS, Joyce. Ciência Política Hoje. Porto 

Alegre: Evangraf, 2012. 

SAFRAN, William. The Catch-All Party Revisited. Reflections of a Kirchheimer student. 

Party Politcs, vol. 15, nº 15, 2009, p. 136-165. 

SARTORI, Giovanni. Partidos e Sistemas partidários. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 

SOUZA, Maria Campello. Estado e partidos políticos no Brasil (1930-1964). São Paulo: 

Alfa-Omega, 1976.     

WOLINETZ, Steven. Beyond the Catch-All Party: Approaches to the Study of Parties and Party 

Organization in Contemporary Democracies. In: GUNTHER, Richard; MONTERO, José; LINZ, 

Juan. Political Parties. Old Concept and New Challenges. Oxford University Press, 2002. O artigo do Autor: Professor Dr. Maurício Michel Rebello (UFFS)  Na Universidade Unipampa.

As disputas entre PT e PDT se estendem por quase 40 anos, competindo pela liderança da esquerda brasileira, mas se aprofundaram recentemente devido a choques eleitorais e ideológicos. Após o apoio do PDT a Lula no segundo turno de 2022, a relação voltou a se tensionar, resultando na saída do PDT da base aliada de Lula em maio de 2025. 

Histórico da rivalidade

Fundação e competição: A rivalidade começou já na redemocratização, com o PT e o PDT (fundado por Leonel Brizola) disputando a hegemonia da esquerda e o legado do trabalhismo.

Aliado e rival: Os partidos já formaram alianças e se enfrentaram em diferentes pleitos. Mesmo como aliados, como na eleição de 2022, divergências ideológicas e políticas persistem. 

Principais pontos de atrito recentes

Eleição de 2022: O rompimento se acentuou após a eleição presidencial de 2022, quando o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) se candidatou à Presidência e não teve o apoio do PT, intensificando a desavença pessoal com Lula.

Disputa no Ceará: O atrito em 2022 gerou uma ruptura profunda no Ceará, onde os partidos eram aliados. As intervenções de lideranças nacionais de PT e PDT resultaram em um divórcio eleitoral e na implosão da aliança local.

Rompimento com o Governo Lula:

2025: A relação azedou no início de 2025 devido à pressão do Centrão por cargos ministeriais. A saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, em maio, foi a gota d'água.

Saída da base: A bancada do PDT na Câmara dos Deputados anunciou que não fazia mais parte da base aliada do governo Lula. 

Desdobramentos atuais (2025)

Rompimento em 2025: O PDT formalizou sua saída da base aliada do governo Lula em maio de 2025, após a exoneração de Lupi. A decisão foi vista por analistas como um passo para o PDT se afastar do PT e buscar uma identidade mais independente.

Eleições municipais de 2024: Apesar das rusgas nacionais, alianças pontuais foram tentadas nas eleições municipais de 2024. No entanto, o embate em cidades como Fortaleza, com trocas de farpas públicas entre as legendas, mostrou que a tensão se manteve acesa. Em contrapartida, outras alianças, como entre PDT e PSB, surgiram para manter redutos contra o avanço do PT em alguns locais.

Disputa por espaço ministerial: Em setembro de 2025, uma nova disputa pelo Ministério do Turismo, vaga com a saída de Celso Sabino, voltou a opor PT, PDT e União Brasil. 

Confira a reportagem no UOL.                                                  .https://noticias.uol.com.br/colunas/carlos-madeiro/2025/10/08/lula-age-para-conter-racha-e-juntar-os-cacos-da-base-pos-flavio-dino-no-ma.htm

E assim caminha a humanidade

Imagem ; Jornal O Globo.



 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário