quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Partidos Fisiológicos.

 



O União Brasil é um partido político brasileiro de centro-direita criado em 2022 a partir da fusão entre o Partido Social Liberal (PSL) e o Democratas (DEM). Em 2025, o partido aprovou a formação de uma federação com o Partido Progressistas (PP), tornando-se a maior força política do Congresso Nacional. 

História e formação

Origem: A formação do partido foi aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro de 2022, unindo o PSL, sigla pela qual o ex-presidente Jair Bolsonaro foi eleito em 2018, e o DEM, um partido com raízes no antigo Partido da Frente Liberal (PFL).

Federação com o PP: Em abril de 2025, o União Brasil e o Partido Progressistas (PP) formalizaram uma federação partidária, resultando na criação da maior bancada do Congresso. Segundo o acordo, Ciro Nogueira (PP) e Antônio de Rueda (União Brasil) dividiriam o comando da federação até dezembro de 2025. 

Posição política e turbulências

Relação com o governo Lula: Em setembro de 2025, o União Brasil, junto com o PP, anunciou seu afastamento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da decisão, o partido enfrenta divisões internas, com alguns de seus membros, como o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, permanecendo no governo.

Cenário turbulento: A um ano das eleições de 2026, o partido passa por um cenário turbulento, com disputas e rachas na liderança e na base de apoio. Em outubro de 2025, a sigla convocou uma reunião para votar a expulsão do ministro Jader Filho e do ministro Celso Sabino, que desafiaram a determinação do partido de deixar a base do governo Lula. 

Desempenho eleitoral em 2024

Eleições municipais: O partido teve um bom desempenho nas eleições municipais de 2024.

Foi o partido que mais elegeu prefeitos no estado de Goiás.

No Centro-Oeste, foi a sigla com o maior número de prefeitos eleitos.

Financiamento de campanha: Em agosto de 2024, o partido aprovou os critérios para a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as eleições municipais. 

Liderança em 2025

Câmara dos Deputados: O deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) assumiu a liderança do partido na Câmara em fevereiro de 2025. No mesmo mês, ele destacou economia e inteligência artificial como prioridades para o ano.

Disputa pela presidência da Câmara: Em maio de 2024, o União Brasil declarou apoio a Elmar Nascimento (União-BA) para a presidência da Câmara em 2025, uma decisão que recebeu o apoio  na disputa pela presidência da Câmara: Em maio de 2024, o União Brasil declarou apoio a Elmar Nascimento (União-BA) para a presidência da Câmara em 2025, uma decisão que recebeu o apoio do PSB. 

Confira abaixo o artigo do autor Ricardo  Borges  Gama  Neto*  


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O CONCEITO  DE MÁQUINA  K)LÍTICA  Ricardo  Borges  Gama  Neto*  1 - O Desenvolvimento do Conceito  '  O   conceito   de   máquina   politica   surgiu   dos   primeiros   estudos  sobre  a  política  partidária  norte-americana.  Inicialmente  as máquinas eram concebidas como anomalias que interferiam na vida  pública,  e  se  caracterizavam  pela  utilização  de  mecanismos  considerados  pouco  lícitos,  quando  não  criminosos,  tais  como:  corrupção,   violência,   suborno,  fraude  eleitoral,   clientelismo,   etc...  Estes  estudos  partiam  do  princípio  de  que  "as  máquinas  eram  imorais"  (Gottfried,   1968:  248).  Em  contraste  com  as  máquinas políticas,  estes estudos percebiam os  clubes políticos e as  agremiações  partidárias  como  o  lado  bom e  digno  da  prática  política.  Desta  maneira,  enquanto  estes  últimos  faziam a política legítima,  sustentados  na  ideia  da  realização  do  bem público,  as  máquinas  promoviam  a  política   ilegítima,  tendo   como  único  objetivo  a  maximização  dos  ganhos  pesssoais  de  seus  líderes.  Este  tipo  de  entendimento  do  que  era  o  partido  máquina  fazia  com  que  muitos  estudos  de  política  local  fossem  reduzidos  a  meras  denúncias  moralistas  onde  "máquinas  honestas  eram  algo  não natural" (ibidem). A partir  da  década  de  1930,  as pesquisas  afastaram-se  de  tais  pressupostos  éticos  e  passaram  a  investigar  as  máquinas  assumindo   uma  atitude   axiologicamente  neutra.  No  entanto,  estes trabalhos possuíam uma visão pouco nítida teoricamente da máquina  enquanto  tipo  específico  de  partido  político.  Um  claro  exemplo  destas  falhas  é  a  definição  dada  por  Gottfried  do  que  seja o partido-máquina.  Segundo este autor  aquela  seria qualquer *  Professor  Departamento  de Ciências  Sociais da  UFRR.  '  Este  trabalho  sobre  o  conceito  de  mAgim^  politica   é  uma  versão  modificada  ad  hoc  de  parte  do referencial  teórico de  minha  dissertação  de mestrado  em  Ciência  Politica defendida  em março de  1995 na Universidade  Federal de Pernambuco. 

"organização    hierárquica    cujos    membros    desempenhassem    diferentes  funções,  representassem  vários  papéis  e  ocupassem  vários  setores.  E  tivessem  ainda  uma  liderança  que  definisse  e  seguisse  objetivos  e  políticas  com  eficiência  e  regularidade  tais  que  pudessem   ser  comparadas  a  um  esquema  de  máquina"  (ibidem).  Estas   falhas  teóricas   faziam   com  que   as  análises  perdessem a  especificidade  da  máquina  política  enquanto  objeto  de   análise,   permitindo   que   qualquer   estrutura   institucional   rigidamente  hierárquica  fosse colocada dentro deste conceito. Não  obstante  estas  claras  imprecisões  conceituais,  dois  trabalhos  desta  mesma  linha  de  investigação,  ou  seja,  a  que  tentava  analisar a máquina política de uma postura neutra,  foram  importantes no aprofundamento  e na especificação do conceito. O primeiro  trabalho  foi o de Harpld Gosnell (1968)2,  que  destacou  entre outros aspectos o caráter de agregador  social da máquina  política  democrática  na  cidade  de    Chicago.  Em  seu  estudo, este autor demonstra que a cidade era altamente dispersa e  desorganizada,  com  alto  potencial  conflitivo.  Isto  se  devia  ao  fato    de    que    sua    área    urbana    abrigava    uma    grande    heterogeneidade  étnica,  social  e  religiosa.  Somando-se  a  sua  diversificada  composição  social,  os  efeitos  nefastos  da  grande  depressão  de  1930 que  multiplicavam por  muito  o  seu  potencial  conflitivo.  Desta  maneira,  a  atuação  da  máquina  reduzindo  o  grau de conflito demonstra o seu lado positivo como organização política.  No  entanto,  Gosnell  também  observa  o  lado  negativo  daquela  maneira  de  fazer  política  e  advertiu  que os  "frequentes  métodos  empregados  pelo  partido-máquina  para  financiar  suas  várias  atividades  têm  transformado  nossa  democracia  em  uma  plutocracia demagógica" (p. 191). O   segundo   destes   trabalhos   foi   realizado   por   Robert   Merton  (1964),  que,  coerente  ao   seu  paradigma  de  análise  funcional  da  sociedade,  afirmou  que:   não  obstante  a  máquina  política ter suas origens ligadas às histórias particulares e práticas sociais  ilegítimas,  como  o  roubo,  a  corrupção  e  a  extorsão,  aquela  ao  preencher  funções   socialmente  necessárias  para  as  2  A primeira edição deste trabalho é de 1937. 

classes  sociais  menos  favorecidas,  como  nas  áreas  de  assistência  social e auxílio jurídico, que de outra maneira dificilmente  seriam  preenchidas   em   razão   da   dispersão   do   poder   político   na   sociedade americana, adquire estabilidade  funcional.  No  entender  de  Merton,  a  força  da  máquina  política  está  em   "não   considerar   o   eleitorado   como   massa   amorfa   e   indiferenciada  de eleitores. Com  uma  intuição  sociológica  aguda,  a  máquina  sabe  que  o  eleitor  é  uma  pessoa  que  mora  numa  determinada  vizinhança,  com  determinados  problemas  sociais  e  aspirações  sociais.  As saídas  em público  são  abstratas e remotas; os   problemas   particulares    são   extremamente   concretos   e   imediatos.  Não  é  através  de  apelos  generalizados  às  grandes  preocupações  públicas  que  a  máquina  opera,  mas  através  das  relações  diretas  quase  feudais,  entre  os  representantes  locais  da  máquina e os  eleitores  da  vizinhança.  As eleições  são  ganhas na zona eleitoral. A máquina  une  seus  elos  com homens e  mulheres  por  um  entrelaçado   minucioso   de   relações   pessoais.   A   política   se   transforma  em laços pessoais" (p.67). Por  fim,  um  desenvolvimento  mais  moderno  do  conceito  que  distingue  a  máquina  das  outras  organizações  partidárias.  Esta   última   definição,   adverte   que   não   se   deve   confundir   máquina  política  com  política  de  máquina,  pois  a  confusão  no  uso   destes   diferentes   fenómenos   faz   com   que   se   perca  a  especificidade   da   máquina  enquanto  tipo  distinto  de  partido  político. De acordo  com  Wolfinger  (1972), " política  de  máquina é manipulação   de   certos   incentivos   à   participação   político-partidária:   favoritismo   nas   decisões   políticas   baseadas   em   critérios pessoais e manipulação das leis. Uma máquina política é uma  organização  que  pratica  política  de  máquina,  isto  é,  que  atrai e direciona  seus  membros  primeiramente  para  o  uso  destes  incentivos" (p.374). A distinção  executada  por este autor possui duas utilidades básicas:   primeiro,   abre   espaço   para   a   análise   sobre   quais   modalidades  de  incentivos  a  participação  política  distingue  a  máquina  de  outros  tipos  de  organização  partidária,  e  segundo,  

demonstra  que  outros  tipos  de  partidos  políticos   como  os  partidos   de   massas,   segundo   a   classificação    de   Maurice   Duverger,     podem     muitas    vezes,    para     se     consolidar     institucionalmente,    utilizarem    técnicas    de    patronagem    e    clientelismo.3 1.1.  A Caracterização  da Máquina  Política  e os Incentivos à Participação. Existem duas unanimidades entre os diversos autores sobre as  características  da  máquina  política:  a  primeira  é  a  reduzida  importância  que  este tipo  de  organização  partidária  fornece  aos  princípios  éticos  e  ideológicos  em  face  dos   mecanismos  de  patronagem  e  clientelismo  político,  o  segundo  é  a  importância  das  recompensas  e  incentivos  materiais  para  o  funcionamento  destas  (Diniz,  1982; Lowi,  1964; Weber,  1982; Gosnell,  1968 e Wolfinger,  1972).  As  recompensas  de  que  se  utiliza  a  máquina  para  sua  estabilidade   e   funcionamento    incluem   atos   de    filantropia    (distribuição de alimentos, roupas e diversos materiais de auxílio direto  como  cimento,  tijolos  e  máquinas  de  costuras,  etc...),  distribuição   de   empregos   e   cargos   públicos,   alterações  na  legislação,   isenção    fiscal,    favorecimento    em   contratos   e   concessão de serviços públicos, tráfico de influência  e diferentes outros privilégios, que são na sua maioria ilegais. Gosnell   (1968)   observa   que   da   mesma   maneira   que   manipula a legislação e favorece  seus membros e simpatizantes, a máquina   pode   utilizar-se   destes   mecanismos   para   punir   empresários,  ou  indivíduos  que  apenas  não  queiram  colaborar  3   Diniz   (1982),   citando   Tanow,   destaca   que   "o   Partido  Comunista   Italiano   envolveu-se num  trabalho  de  organização  e  mobilização do campesinato  do sul do país,  através  de  um  processo  pelo    qual    os  laços  clientelistas   foram  não    só    mantidos,   como reforçados.   O   clientelismo   dos   notáveis   transformou-se    num    sistema  de  patronagem  baseado  numa  maciça  distribuição  de  favores  e  proteção,  através  de uma  ação combinada  envolvendo o governo  e a  máquina   partidária.  Em  outros   termos,   partidos   ideológicos  podem  comportar-se  como máquinas  ao nivel local" (p.35). 

com  a  mesma.  Desta  forma,  "alguns  homens  de  negócio  são  muito mais vulneráveis do que outros (...)";  são aqueles que para atuar  necessitam  dos  favores  ",  (...)  que  tem de  ser  dados  pela  máquina   e   as   condições   estipuladas   pelos   chefes   é   que   consolidam o seu poder" (p.  40).  O    mesmo    autor    demonstra    as    ligações    que    se    estabaleceram  entre  a  máquina  política  democrata  e  a  liderança  do submundo da cidade. Esta  união aparentemente  esdrúxula,  se  observarmos    a    tradição    liberal-protestante    da    sociedade    americana,€ra    bastante   racional.   Isto   porque   existia   uma   afinidade  eletiva entre a máquina e os gangers da cidade, ocorria que  ambos  para  sobreviver  tinham  que  violar  constantemente a lei, por causa  disto é que "os políticos e os reis do jogo  de azar uniam  seus  interesses  na  perpetuação  da  máquina  política.  Em  Chicago,   numerosos   membros   dos   comités   dos   diretórios   municipais  do  Partido  Democrata  tinham  sido  proprietários  de  casa  de jogos de azar" (p. 43). Como     já   ressaltamos   anteriormente,   as   organizações   partidárias  utilizam-se  de  estratégias  de  alocações  de  recursos  escassos   da   sociedade,   durante  o   processo   de   competição   política, no objetivo de manter ou ampliar sua base eleitoral Para aprofundar   o   entendimento   acerca   dos   tipos   de   incentivos   específicos à participação política utilizada pela máquina em suas atividades,  Wolfinger  (1972)  dividiu  os  benefícios  em  quatro  categorias  ideal-tipo  que  são  classificadas  ao  longo  de  duas  dimensões: tangíveis/intangíveis e  rotineiros/substantivos.  Na   primeira   categoria   estão   os   chamados   incentivos   tangíveis/rotineiros,  são os benefícios  materiais.  As organizações partidárias que  fundamentam   suas estratégias  de  ação  baseadas  neste  tipo  de  incentivo  controlam rigidamente o  acesso    dos    indivíduos  a  este.  Os  benefícios  materiais  são  concedidos  pelas  lideranças  do  partido  como  uma  recompensa,  um  prémio  por  serviços prestados  à organização.  Esta  modalidade de incentivos sustenta   atividade   política    através   da   patronagem   e   do   clientelismo,   é   por   este   fato   que   as   máquinas   políticas   encontram-se nesta categoria de benefícios. Diniz  (1982)  ressalta  ainda  que tais  incentivos  podem  ser  

'.'classificados   em   exclusivos   ou   individuais.   Exclusivos,   na   medida   em   que   disponíveis   apenas   para   os   membros   da   organização, que nessa qualidade, adquirem o direito de acesso a bens  ou  serviços  por  ela  fornecidos  ou  prestados.  Individuais,  quando  concedidos  uma  base     pessoal  como   recompensa  a  contribuições      individuais      à      organização.      Prebendas,      emolumentos,  salários,  distribuição   de  empregos,  cargos  ou  contratos seriam exemplos típicos" (p.  29).  -  Na  segunda  categoria,  estão  os  denominados  incentivos  tangíveis/substantivos,    são    os    benefícios    coletivos.    Estas    recompensas     surgem    como    resultado    de    políticas    de    favorecimento   geral,  no  qual  inexiste  um  grupo   ou  parcela  determinada  da população que  sé beneficie.  Estes  incentivos não estimulam  normalmente   a   ação   da   máquina   política,   quase   sempre os benefícios  coletivos  são irrelevantes  para  este tipo de partido. Na   terceira   categoria,   estão   os   chamados   incentivos   rotineiros/intangíveis,  são  os  benefícios  solidários.  Estes  nascem  do   sentimento   de   solidariedade   existente   entre   os   diversos   indivíduos   que   compõem   uma   organização   partidária.   As   recompensas   ocorrem   tanto   no   nível   individual,   prémios,   honrarias, deferências  pessoais, quanto no  coletivo, do prestígio de  pertencer  à  mstituiçãe.  Os  benefícios  solidários  podem  ser  desfrutados   pelos  membros  de  qualquer  partido  político,  no  entanto, no  caso  específico  da  máquina  estes  são  no  fundo,  um  resultado   do   sistema  de  incentivos   materiais  que  produzem  interações mais frequentes e estáveis entre seus membros. Por     fim,     temos     a     categoria      dos      incentivos      intangíveis/substantivos,    são    os    benefícios    gerados    pela    ideologia.  Este  tipo  de  recompensa  decorre  do  sentimento  de  identificação  dos  membros  de  uma  agremiação  partidária  com  determinados   princípios  ideológicos  e  da   satisfação   que  os  indivíduos   sentem  por  participar  de   uma   causa   que  lhes  é  percebida como justa. 1.2.  Máquina Política, Representação e Institucionalização 

Consideramos  a  máquina  política  como  um  tipo  bastante  peculiar   de   organização   partidária,   em • contraposição   aos   partidos      ideológico-programáticos,       cuja      estrutura      e      funcionamento    sustenta-se   na   sua   capacidade   de   adquirir   recursos monetários, materiais e de serviço que são trocados por votos.   O   caráter   de   instituição   assistencialista   da   máquina   enquanto  partido  político  não  é episódico,  mas constante, desta maneira   a   sobrevivência   daquela   depende   basicamente   da   mediação  que  consegue  estabelecer  entre  os  seus  eleitores  e os órgãos públicos. A   política   clientelista   da   máquina   fundamenta-se   em   demandas tópicas de caráter  restrito  e  individual,  demandas que giram  sobre  objetos  de  decisão  específicos,  cuja  resolução  não  ameaça a  estrutura  do poder  estabelecido,  ou  seja,  a  política da máquina  dificilmente  sai  do  âmbito  da  arena  distributiva4.  Os  objetivos  dessas  políticas  são  claros;  servem  de  instrumento  de  controle  social  procurando  reduzir  as tensões entre a  população  e a ente política. Segundo  Diniz  (1982)  "  (...)  as  máquinas  produzem  e  consolidam  relações  que  se    baseiam  em  fortes  elementos  de  desigualdade    e   assimetria    de   poder.    Nos   vínculos   que   estabelecem com clientelas de diferentes  tipos está presente este componente  de  desigualdade,  cujo  traço  essencial  consiste  no  monopólio   de   posições   que   são   vitais   para   os   clientes,   principalmente   quanto   ao   acesso   aos   meios   de   produção,   principais mercados e centros de poder" (p. 43). O    controle  dos  cargos  públicos,  conjuntamente  com  a  concentração de poder destes,  toma o chefe político da máquina o fiel depositário dos recursos do Estado necessários à resolução das demandas que devam possuir  seus eleitores.  Contudo, estas 4   Refèrimo-nos  neste instaste  a classificação  de politicas  públicas  desenvolvida  por  Lowi  (1964):  distributivas,  regulatórias  e  redistributivas.  A  arena  distributiva  é  aquela  onde é  grande a desagregação  ao nível  das  decisões, podendo  até  chegar a serem  individualizadas,  sendo  mais  ou  menos  isoladas  uma  das  outras.  Uma  característica  distintiva  deste  tipo  de  arena  é  o  de  procurar  evitar  o  confronto  direito  entre  os  diversos  atores  através  da  não  identificação  dos  ganhadores  e  perdedores.  Segundo  Lowi,  "patronagem  é  o  melhor  significado  que  poderíamos  encontrar  como sinónimo para distributivo (...) (p. 690). 

somente  podem ser  solucionadas  se  forem  fragmentadas,  ou  seja,  às quais a realização  se reduz  ao  ganho imediato que é retribuído com   o   apoio   durante   os   pleitos   eleitorais.   O  controle   dos   organismos   governamentais   permite   aos   líderes   da   máquina   estabelecer  com  seus eleitores  relações  diretas  e permanentes  de  troca  de benefícios  e favores  recíprocos.  A  representação  política  promovida  pelo  partido-máquina  sustenta-se  no  estabelecimento  de  relações  de  cunho  paternalista  entre os representantes e os representados, entre os políticos e os eleitores.  Os  vínculos  impessoais  que  deveriam  existir  entre  os  grupos  de  interesse e os órgãos públicos, que  deveria  objetivàr a canalização  dos  recursos  necessários  à  satisfação  das  demandas  sociais  da  população,  são  substituídos  pela  mediação  pessoal  da  política.   As  relações   instrumentais   que   deveriam   existir   no   interior  da  racionalidade  burocrática  são  eliminadas  em  favor  de  uma  teia  de  influência  pessoal.  A  medição  das  demandas  da  população   através   do   uso   clientelista   do   aparelho   estatal,   fundamenta  toda a capacidade de  sustentação  e  desenvolvimento  da  máquina política.  As relações  clientelistas privatizam  as ações públicas  e patrimonializam  os  serviços,  desta  forma,  se  constrói  uma  rede  de  dependência   pessoal,  lealdade  e  obrigação  dos  eleitores  com  seus  representantes,  reforça-se  o  status  quo  e  se  reduz o grau de institucionalização  do  sistema partidário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DINIZ,   Eli.   Voto   e   Máquina    Política:   Patronagem   e   Clientelismo  no  Rio  de  Janeiro.  Rio  de  Janeiro,  Paz  e  Terra, 1982. GOSNELL,  Harold  F.  Machine  Politcs:  Chicago  Model.  Chicago,  The University of Chicago Press,  1968.  GOTTFRIED,   Alex.   Politicai       Machines.    International    Encyclopedia  of The    Social    Sciense.  London,   Colher -Macmillan  Publishers,  1968.  

LOWI,  Theodore.  American  Business,   Public   Polici,  Case  Studies  and  Politicai  Theory.  World  Politcs,  XVI  (July,  1964). .    Introduction.    ImGOSNELL,    Harold    F.    Machine  Politcs:          Chicago  Model.    Chicago,    The    University  of  Chicago  Press,  1968.  MERTON,   Robert.  Teoria   Social  e  Estrutura   Social.   Belo   Horizonte,        UFMG/Faculdade  de  Ciências  Económicas,  1964. WEBER,    Max.    Ensaios    de    Sociologia.    Rio   de   Janeiro,   Zahar  Editores,  1982, 5a  edição.  WOLFINGER,  Raymond.  Why  Politicai  Machines  Have  not  Withèred  Away        and   Other   Revisionist   Thouhts.   The  Journal ofPohtics,  vol. 34,  1972.  O artigo do autor Ricardo  Borges  Gama  Neto*  

Um partido fisiológico é uma agremiação política cuja principal motivação não é a defesa de uma ideologia ou programa de governo, mas sim a busca por cargos, privilégios e recursos do Estado. O termo está diretamente ligado ao fisiologismo, prática política na qual o apoio ao governo é negociado em troca de benefícios, favores e vantagens pessoais ou partidárias. 

Características de um partido fisiológico

Falta de coerência ideológica: Não possui um alinhamento ideológico claro e definido, podendo se aliar a diferentes governos, de direita ou de esquerda, dependendo da oportunidade.

Apego ao poder: A principal estratégia é estar sempre na base do governo, independentemente de quem ocupe o poder, para assegurar acesso a cargos e verbas públicas.

Uso de clientelismo: Utiliza a máquina pública para distribuir favores e benefícios a seus apoiadores e eleitores, fortalecendo as bases eleitorais através do uso de recursos estatais.

Não preza por pautas fixas: Suas pautas e posicionamentos variam de acordo com os interesses e alianças do momento, em vez de seguir um programa partidário consistente. 

Partido fisiológico x partido ideológico

A grande diferença está na motivação e na forma de atuação. Enquanto um partido ideológico se guia por princípios e propostas bem definidos, um partido fisiológico prioriza o poder e os recursos, negociando apoio em troca de benefícios concretos. 

O caso do Centrão no Brasil

No Brasil, o termo "Centrão" é frequentemente associado a um grupo de partidos com características fisiológicas. Embora sua composição possa variar, o Centrão é conhecido por: 

Atuar de maneira pragmática, barganhando apoio ao governo em troca de ministérios, cargos e acesso a verbas.

Ter um poder de influência significativo, especialmente no Congresso, onde seu apoio é crucial para a aprovação de leis e o andamento do governo.

Reunir partidos que não se encaixam facilmente nos rótulos tradicionais de direita ou esquerda. 

Outros exemplos

Ao longo da história política do Brasil, alguns partidos já foram apontados pela literatura acadêmica e por analistas políticos como tendo traços fisiológicos. Entre os nomes mais citados estão o PMDB (atual MDB) e o extinto PFL (atual União Brasil). No entanto, a classificação de um partido como puramente fisiológico é complexa e pode ser questionada. Muitos partidos misturam elementos ideológicos e pragmáticos em suas estratégias.  Segundo o Sociólogo, Mestre e Doutor Cesar Portantiolo Maia, no Quarto Período da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAAM FAAM).

Partidos Fisiológicos. Tem suas peculiaridades.

Confira a noticia no Jornal Estado de São Paulo                         .  https://www.estadao.com.br/politica/eleicoes-2026-uniao-brasil-enfrenta-cenario-turbulento-a-1-ano-da-disputa/

E assim caminha a humanidade

Imagem ; Jornal O Globo. 
        

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