Uma maquina partidária é a capacidade de influencia geopolítica, financeira e política, que um partido possui, não somente em termos de defender seu território político, como também aumentar sua influencia geopolítica, financeira e hierárquica dentro e fora de seu espectro político.
Na área geopolítica, uma maquina partidária, as políticas territoriais na relação de poder e influencia dentro de seu espectro político, aonde se visa manter seu poder e influencia política dentro de um determinado seguimento. Uma maquina partidária, envolve no seu sentido geopolítico, o gerenciamento e expansão de poder e influencia de um determinado partido em um determinado espectro político.
Na área hierárquica, uma maquina partidária é uma esfera de poder aonde um determinado partido administra e mantem sua hierarquia e influencia , em conjunto de expansão territorial, na administração governamental , aonde este partido se torna a maior agremiação política dentro de um determinado espectro político.
Uma maquina partidária, na sua área hierárquica, garante a influencia absoluta de um determinado partido dentro do seu espectro político. Com uma maquina partidária, na sua área hierárquica, garante a influencia expansionista de um determinado partido, além das bases do seu espectro político.
No âmbito financeiro, uma maquina partidária, garante á um determinando partido, se sobrepor pelo poder econômico. Mantendo sua influencia geopolítica e hierárquica, uma maquina partidária, representa a concepção total na sua "natureza política", em uma clara manifestação da hierarquia econômica, política e territorial de um determinando partido, dentro e fora de seu espectro político.
Uma maquina partidária, garante a "natureza política" de um determinado partido, no seu total e absoluto poder e influencia expansionista por meio do seu poder econômico, que se traduz na "natureza política", dentro e fora do seu espectro político, em uma influencia geopolítica, hierárquica e financeira, pelo "natureza política" do poder econômico que uma maquina partidária proporciona á um determinado partido político.
Uma maquina partidária, garante á um determinado político, a plena capacidade de estrutura e poder político, para se adaptar organicamente a qualquer mudança em uma sociedade.
"Liderança nacional" refere-se à capacidade de influenciar e guiar um conjunto de pessoas em todo o país para alcançar metas e objetivos comuns, seja no contexto político, social ou empresarial. Envolve inspirar, motivar e direcionar as atividades em prol do desenvolvimento e bem-estar coletivo.
Contextos de Liderança Nacional no Brasil
Política: No âmbito político, a liderança nacional é exercida por figuras como o Presidente da República, ministros, senadores, deputados e líderes de bancadas partidárias, que representam os interesses do governo ou da oposição no Congresso Nacional.
Social e Empresarial: Fora da política, o termo pode se referir a personalidades que influenciam a sociedade através de suas ações, reputação ou impacto em suas áreas de atuação (como esportes, cultura, ativismo ou negócios), como Luiza Helena Trajano, Ayrton Senna (in memoriam), Marta (futebolista), Sônia Guajajara e outros.
Influência Digital: Em um contexto mais moderno, personalidades com grande influência nas redes sociais, como Neymar e Virginia Fonseca, também são consideradas líderes de opinião em nível nacional, especialmente entre os jovens.
Papel da Liderança Nacional
O papel da liderança nacional é crucial para o desenvolvimento do país, abrangendo:
Definição e implementação de políticas públicas;
Gestão eficiente de recursos (orçamentários, humanos, tecnológicos);
Promoção do aprimoramento institucional;
Defesa da democracia e da institucionalidade;
Representação dos interesses do país em nível internacional;
Inspiração e engajamento da população em torno de uma visão compartilhada de futuro.
Exemplos Atuais de Lideranças no Brasil (política)
Luiz Inácio Lula da Silva: Presidente da República, listado pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2023.
Rodrigo Pacheco: Presidente do Senado Federal, destacado por seu papel na defesa da democracia e na aprovação de reformas importantes.
Randolfe Rodrigues: Líder do Governo no Congresso Nacional.
Rogério Marinho: Senador, líder da oposição no Senado Federal.
Jair Bolsonaro e Nicolas Ferreira: Apontados em pesquisas como nomes de destaque na liderança da direita e das pautas conservadoras no Brasil
termo centro político se refere a uma posição ideológica que busca um meio-termo entre a esquerda e a direita em um espectro político. Caracteriza-se por uma postura pragmática e moderada, buscando conciliar elementos de ambas as ideologias em vez de adotar uma abordagem extremista.
Características do centro político
Equilíbrio: A filosofia do centro político se baseia no equilíbrio, evitando tanto o radicalismo de esquerda quanto o de direita.
Pragmatismo: O centro costuma focar em soluções práticas para problemas sociais e econômicos, em vez de seguir estritamente uma ideologia fixa.
Consenso: A busca por consensos e acordos é uma marca do centro, que tenta diminuir as tensões políticas.
Reformismo: Em vez de rupturas radicais, o centro político tende a apoiar reformas graduais no sistema.
Conciliação econômica: Combina políticas econômicas liberais, como o livre mercado, com políticas sociais que promovem a igualdade.
O "Centrão" brasileiro
É importante notar a diferença entre o conceito de centro político e o termo "Centrão" no Brasil.
Origem histórica: O "Centrão" surgiu durante a Assembleia Constituinte de 1987-1988.
Natureza e ideologia: No contexto brasileiro, o termo se refere a um grupo de partidos que não se define por uma ideologia clara, mas sim por interesses de ocasião e pragmatismo político, geralmente negociando apoio ao governo em troca de cargos e recursos.
Representantes: Atualmente, partidos frequentemente associados a essa coalizão incluem Progressistas (PP), Republicanos e União Brasil.
Partidos de centro no Brasil
Embora o espectro político seja complexo e as alianças mudem com frequência, alguns partidos são frequentemente posicionados como de centro ou buscam essa identidade.
Partidos mais alinhados ao centro
Movimento Democrático Brasileiro (MDB): Um partido histórico que, ao longo de sua trajetória, transitou pelo centro e, por vezes, pela centro-direita.
Partido Social Democrático (PSD): Um partido mais recente, que costuma ocupar o espaço de centro e centro-direita no debate político.
União Brasil: Surgido da fusão entre PSL e DEM, o partido se posiciona como de centro-direita e é um dos maiores do Brasil.
Partidos próximos ao centro
Alguns partidos podem ser vistos como de centro-esquerda ou centro-direita, dependendo da aliança política:
Partido Democrático Trabalhista (PDT): Geralmente posicionado como centro-esquerda.
Partido Socialista Brasileiro (PSB): Também considerado de centro-esquerda.
Partido Verde (PV): Normalmente visto como centro-esquerda.
Os partidos de centro são aqueles que conciliam visões de igualdade, uma bandeira mais à esquerda, com preocupações como liberdade individual. Eles procuram conciliar visões pró-mercado e crescimento econômico com justiça social.
A esquerda acredita em uma educação que foque no contexto em que os alunos vivem. A esquerda acredita em uma educação voltada para a cidadania e os valores. O conservadorismo também foca em uma educação voltada para cidadania e valores. Mais nos valores antigos das familias tradicionais.
A esquerda prega o investimento na educação pública .
A esquerda prega a igualdade social. Uma intervenção do Estado na economia e maior regulação dos mercados financeiros. A esquerda tem uma maior preocupação com o desemprego. Uma esquerda mais moderna. Tem facilidade em garantir a facilidade para fazer negócios. Como vimos na América do Sul e nos países escandinavos.
A esquerda aceita déficits fiscais na contas públicas. Focando nos investimentos em Saúde, Educação , Moradia e Seguridade Social.
A esquerda acredita em uma saúde universal e gratuita para todos. Como o SUS.
A Direita defende o Estado Mínimo. Que se limite as questões da ordem pública. A Direita acredita que o mercado deve coordenar a vida social em qualquer pis no mundo.
Uma Direita Liberal. Defende uma educação técnica, focada em profissões que possam ser uteis a economia. A Direita liberal acredita em uma educação privada. Com vouchers para financiar a educação das pessoas de baixa renda.
Para a Direita o crescimento econômico deve funcionara sem qualquer intervenção do Estado na economia do país. Para a Direita, o mercado deve ter total liberdade, sem qualquer interferência do governo.
A Direita se preocupa com o controle da inflação , por meio da redução de gastos públicos. A Direita prega que as empresas não devem ser objeto de regulação por parte do Estado. Assim como a Direita prega uma flexibilização de leis trabalhistas e de leis ambientais.
A Direita foca no contenção dos gastos públicos. Mas tende a ser mais simpática com gastos com a defesa e com os militares.
A Direita prega que o Estado deve facilitar o investimento privado na Saúde.
O termo Centrão refere-se a um grupo de partidos políticos brasileiros, majoritariamente de centro e centro-direita, que não possui uma ideologia rígida, mas se articula no Congresso Nacional em torno de interesses pragmáticos, como a obtenção de cargos, emendas e verbas orçamentárias. Sua força reside no grande número de parlamentares que podem garantir a governabilidade de um presidente, aprovando ou rejeitando projetos.
Origem histórica
Constituinte de 1987-1988: O termo surgiu durante a Assembleia Nacional Constituinte. Na época, parlamentares que haviam apoiado a ditadura militar e estavam insatisfeitos com as propostas mais progressistas do grupo majoritário (o PMDB) se organizaram em um bloco para influenciar a redação final da Constituição.
"Centro" estratégico: A auto-intitulada posição de "centro" era uma forma de evitar o desgaste de se posicionar abertamente como direita, em um contexto de redemocratização.
Características e atuação
Apoio por conveniência: O Centrão negocia apoio com o Poder Executivo em troca de espaço na máquina pública. Sua aliança com o governo do momento não se baseia em alinhamento ideológico, mas na capacidade de influenciar a distribuição de recursos e cargos.
Articulação de blocos: O grupo se organiza em blocos partidários para aumentar seu poder de barganha, como ocorreu em 2014, quando o então deputado Eduardo Cunha (MDB) reativou o conceito ao formar um "Blocão" para disputar a presidência da Câmara.
Partidos que geralmente o compõem: Embora a composição possa variar, partidos como PP, PSD, PL, Republicanos e Solidariedade são frequentemente associados ao Centrão. O PSD, por exemplo, é frequentemente classificado como um partido "pega-tudo" e parte do Centrão.
Influência duradoura: O Centrão tem sido um ator recorrente e crucial na política brasileira, com sua presença se mantendo relevante ao longo de diferentes governos, como os de Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Papel na governabilidade
Poder de negociação: Para um presidente aprovar leis e manter a estabilidade no mandato, é necessário negociar com o Centrão, que detém um número significativo de votos no Congresso.
Risco e instabilidade: A negociação com o grupo pode envolver a concessão de privilégios e verbas, gerando críticas de fisiologismo e clientelismo. Além disso, a aliança pode ser instável, já que o Centrão pode retirar o apoio se seus interesses não forem atendidos.
Confitra O artigo da autor Rudson Pinheiro Soares1
A aliança explícita firmada em 2021 entre o governo Bolsonaro e o bloco
parlamentar de direita liderado por PL, PP e Republicanos teve como finalidade
imediata blindar o ex-capitão de mais de 100 pedidos de impeachment e outros
de aberturas de CPIs, mas deu grande protagonismo ao “Centrão”. Como o
governo Lula lidará com esse problema ao longo do mandato? “Não será fácil
governar sem correr o risco de vetos sistemáticos. A decantada habilidade de
Lula será posta à prova”, comentou Cláudio Couto, docente da FGV
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados: "Centrão" no comando do parlamento
J. Batista/Câmara dos Deputados
A vitória de Arthur Lira (PP--AL) na disputa pela presi
dência da Câmara dos De
putados em fevereiro de 2021, com
apoio do Palácio do Planalto, ato
contínuo a nomeação da deputada
Flávia Arruda (PL-DF) para minis
tra-chefe da Secretaria de Governo
e, no início do segundo semestre, a
posse do senador Ciro Nogueira (PP--PI) como titular da Casa Civil, mar
caram a ascensão e consolidação do
“Centrão” na sala de comando do
governo de Jair Bolsonaro.
Eleito com o discurso de comba
ter a velha política, Bolsonaro não
demorou a fazer o contrário. Mais
do que buscar uma aliança com o
Centrão, algo ocorrido em outras
gestões, o presidente pôs o grupo
no coração de seu governo. Oito de
seus ministros filiaram-se a parti
dos do bloco e o próprio Bolsonaro
ingressou no Partido Liberal (PL),
controlado pelo ex-deputado Valde
mar da Costa Neto, eminência parda
do agrupamento.
“O Centrão apoiou sucessivos
governos: FHC, Lula, Dilma, Temer
e, agora, Bolsonaro. Mas hoje tem
mais poder do que jamais teve. Indi
ca ministros e comanda o orçamen
to. O Bolsonaro é completamente
dependente e servil ao Centrão”,
explicou à Revista Adusp, em maio
de 2022, o experiente Arlindo Chi
naglia (PT-SP), ex-presidente da Câ
mara dos Deputados (2007/2009) e
em sua sétima legislatura consecu
tiva na casa.
A maioria dos parlamentares
do grupo, no entanto, já apoiava
a agenda governista. A modalida
de Emendas do Relator, também
conhecida como “Orçamento Se
creto” — instrumento pelo qual
o relator do orçamento direcio
na, sem transparência, emendas a
partir de acordos informais com
parlamentares — não foi vetada
por Bolsonaro, já constando
desde 2020 na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e tendo
importante papel no controle dos
votos do Centrão.
Às vésperas e no dia da
votação da PEC dos Precatórios,
por exemplo, que ocorreu em 3
de novembro de 2021, o governo
liberou R$ 961,7 milhões em emen
das do Orçamento Secreto acorda
das com parlamentares do Centrão.
A PEC, defendida por Bolsonaro, foi
aprovada com 312 votos, quatro a
mais que o necessário. Nas eleições
de 2022, as verbas distribuídas por
meio do Orçamento Secreto pavi
mentariam o crescimento da candi
datura de Bolsonaro, especialmente
no segundo turno.
Mas se já havia uma “simpatia”
do bloco pela agenda governista,
por que houve a ascensão do gru
po ao núcleo central do governo?
A aliança formal que deu protago
nismo ao bloco informal ocorreu
em momento de baixa popularida
de do presidente da República, ou
seja para blindá-lo dos mais de 100
pedidos de impeachment e dos de
aberturas de comissões parlamen
tares de inquérito (CPIs), frutos de
denúncias de corrupção e do desas
troso enfrentamento à pandemia de
Covid-19.
“O Centrão engoliu o Bolsonaro.
Isso se deu não só por causa dos
escândalos e do [movimento] ‘Fora
Bolsonaro’, mas também por uma
absoluta incapacidade política e
administrativa do governo — é um
time absolutamente incompeten
te. Então, em um dado momento o
Bolsonaro quis e precisou compor
formalmente com o Centrão”, ana
lisa Chinaglia. Quem pode abrir um
processo de impeachment do pri
meiro mandatário é o presidente
da Câmara dos Deputados, e Arthur
Lira bloqueou todos os pedidos. Se
riam necessários ainda 342 votos a
favor do afastamento, de um total
de 513 deputados. Ou seja: o grupo
funciona como ferrolho contra a
queda do presidente.
“Bolsonaro se protegeu do impe
achment e também da autorização
da Câmara para que investigações
pudessem torná-lo réu. Temer agiu
assim, no caso JBS”, compara o cien
tista político Cláudio Couto, pro
fessor da Fundação Getúlio Vargas
(FGV). “O Temer passou por uma
absoluta dependência do Centrão,
com grande quantidade de depu
tados-ministros em seu governo”,
lembra Chinaglia.
As três principais legendas do
Centrão, PL, PP e Republicanos,
controlaram juntas, com os minis
térios que exerciam, cerca de R$
150 bilhões do orçamento de 2022.
Comandaram estatais e autarquias,
como o Fundo Nacional de Desen
volvimento da Educação (FNDE), li
gado ao MEC e que tem orçamento
de R$ 54 bilhões. Um traço impor
tante do bloco é a alta capilaridade
partidária. Além dos três partidos
do “núcleo duro”, o Centrão mar
ca presença no PTB, PSC, Patriotas,
Progressistas, PSC, Avante e até em
siglas que, oficialmente, estão na
oposição, como SDD, MDB, União
Brasil, PSDB e PSD.
www.adusp.org.br
72 Revista Adusp dezembro 2022
O “Centrão” surge em
1987, quando a direita
se articula no Congresso
para combater avanços
políticos e sociais no texto
da nova Constituição. Mas
a sua atual configuração
tem origem em 2015,
quando Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), representante
do baixo clero, elege-se
presidente da Câmara dos
Deputados
O termo “Centrão” surgiu em 1987
para designar um grupo de parlamen
tares conservadores e fisiológicos que
se opunham a mudanças mais estrutu
rais defendidas por forças progressistas,
nas discussões e votações da nova Cons
tituição Federal, aprovada em 1988.
Abastecidos por benesses do governo
Sarney, conseguiram impedir avanços
civilizatórios importantes, como a de
mocratização dos meios de comunica
ção. “Sua finalidade era bloquear ini
ciativas percebidas como progressistas.
E o Centrão foi muito bem-sucedido
nisso. Como se tratava de um Congres
so Constituinte [ao contrário do que
muita gente pensa, não houve uma as
sembleia nacional constituinte], esse
grupo também atuou como base de sus
tentação do governo Sarney. Tornou--se célebre a frase do principal líder do
Centrão à época, o deputado Roberto
Cardoso Alves (PTB-SP): ‘É dando que se
recebe’”, recorda Couto.
O perfil médio dos integrantes da
base do Centrão é de um político do
chamado “baixo clero”, parlamen
quando ocorrerem divergências entre
ministérios sobre atos normativos. “O
Centrão sempre teve poder em todos
os governos, mas no governo Bolsona
ro se tornou extremamente poderoso,
tanto no Palácio do Planalto quanto no
Congresso”, pontua a jovem deputada
federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).
tar pouco importante e mais atento
a questões que garantam sua sobre
vivência política (e até financeira) do
que interessado nos grandes temas
nacionais. Daí o habitat natural do blo
co ser a Câmara dos Deputados e não o
Senado Federal, uma vez que, normal
mente, senadores costumam ter maior
prestígio e visibilidade política. O pró
prio Ciro Nogueira, hoje senador li
cenciado, iniciou sua liderança quanto
atuava no “baixo clero”: foi deputado
federal de 1995 a 2010, quando se ele
geu para o Senado pela primeira vez.
O grupo ocupa historicamente
cerca de 200 cadeiras na Câmara, o
que faz com que qualquer governo
precise negociar com estes parlamen
tares, se quiser aprovar pautas na ca
sa. É um bloco sem o menor interesse
em ser oposição, seja a qual governo
for. Apoiou todos os presidentes des
de a redemocratização do país.
A atual configuração do Centrão
tem origem em 2015, momento em
que a expressão voltou à tona, quan
do o então deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), legitimo representante do
“baixo clero”, venceu a eleição para a
Presidência da Câmara. Cunha arregi
mentou uma base de apoio denomi
nada “Blocão”, passando em seguida a
ser chamada de Centrão e que teve pa
pel central no golpe parlamentar, mi
diático e judicial que derrubou a presi
denta Dilma Rousseff (PT) em 2016.
No governo Bolsonaro, porém, as
sumiu um protagonismo nunca visto.
No início de 2022, decreto presidencial
deu poderes a Ciro Nogueira para de
cidir sobre o Orçamento da União. Tal
autoridade era exclusiva de Paulo Gue
des, da Economia. Em fevereiro, outro
decreto de Bolsonaro deu ao minis
tro-chefe da Casa Civil a palavra final
“Noutros governos os ‘partidos
de adesão’, como prefiro denominar
o Centrão, apoiavam agendas subs
tantivas que o Executivo propunha.
O governo Bolsonaro não tem pro
priamente uma agenda de políticas
públicas e se ocupa mais em destruir
as longamente construídas. Com isso,
quem define a agenda é o próprio
Congresso. Ou seja: antes o Centrão
servia aos governos, ainda que re
compensado por isso; agora o Centrão
se serve do governo, sendo seu com
promisso basicamente o de proteger
politicamente o presidente”, refle
te Cláudio Couto, que falou à Revista
Adusp antes da eleição de 2022.
“O Centrão é mais
complexo do que parece.
Acabei centralizando as
articulações para derrotar
o voto impresso. E, nesta
condição, conversei com
líderes do Centrão. Eles
não tinham dúvida de
que Bolsonaro estava
procurando confusão, e
o Centrão não embarca
nisso”, avalia Arlindo
Chinaglia (PT-SP),
ex-presidente da Câmara
dos Deputados
Revista Adusp dezembro 2022 73
www.adusp.org.br
Por causa desta dependência do
“baixo clero”, que remete ainda a
outras questões, como a estrutura
partidária e eleitoral brasileira, o
cientista político Sérgio Abranches
cunhou o termo “presidencialismo
de coalizão” para se referir ao siste
ma político de nosso país. Não por
acaso, Arthur Lira, em junho de 2021,
publicou na Folha de S. Paulo o artigo
intitulado “O Centrão é uma força
moderadora”, no qual alega que o
bloco tem papel fundamental na go
vernabilidade e no funcionamento
da máquina pública.
Há sentido no raciocínio. Apesar
de governista, o Centrão não endos
sou arroubos golpistas de Bolsonaro,
como no caso da votação que tentou
aprovar a impressão do voto eletrô
nico. Não querem qualquer ameaça a
um sistema no qual sabem jogar o jo
go, visto que as possibilidades de um
novo terreno político lhes são desco
nhecidas. “Os partidos de adesão não
têm compromisso necessário com o
que só interessa ao presidente [Bol
sonaro]. Estão preocupados com suas
próprias reeleições, logo, não têm
por que criar problemas num âmbito
em que as coisas estão funcionando”,
frisa Couto. “Os membros do Centrão
não gostariam de se indispor com o
TSE e tribunais superiores, apenas
por causa do presidente”, observa
Talíria Petrone.
“O Centrão é mais complexo do
que parece. Por circunstância, acabei
centralizando as articulações para der
rotar o voto impresso. E, nesta condi
ção, conversei com líderes do Centrão.
Eles não tinham nenhuma dúvida de
que o Bolsonaro estava procurando
confusão e o Centrão não embarca nis
so. Não é deslealdade, é posicionamen
to. As benesses do governo não levam
o Centrão a abrir mão, totalmente, do
que defende. O pessoal vai até o limite,
mas não pula na cova junto com o Bol
sonaro, não”, avalia Chinaglia.
O perfil fisiológico do Centrão
não faz do bloco um grupo “sem ide
ologia”, como muitos pensam. São
políticos conservadores. Se bem re
compensados, apoiam governos de
esquerda, mas desde que as pautas
postas em votação pelo executivo
não apontem para mudanças estru
turais de cunho progressista. Não
vão ajudar a democratizar estruturas
que possam lhes tirar privilégios de
classe. “O Centrão tem uma agenda
econômica liberal que os faz ter al
guma identidade ideológica”, afirma
a parlamentar do PSOL.
“A própria origem do grupo, co
mo uma reação conservadora na
Constituinte, mostra que há um limi
te. Trata-se de uma direita tremen
damente pragmática e, portanto, fle
xível, mas ainda assim, uma direita.
Tem o nome de Centrão porque à
época pegava mal se autodenominar
de direita”, explica Couto.
Como se dará a relação entre Luis
Inácio Lula da Silva, a partir de sua
posse em 1º de janeiro de 2023, e o
Centrão? “Um presidente que procu
re liderar sua base parlamentar ten
de a equilibrar mais o jogo ou, quem
sabe, entrar num conflito. Lula terá
dificuldades bem maiores do que te
ve em seu primeiro mandato na rela
ção com o Congresso, por causa des
se empoderamento dos partidos de
adesão”, pensava o professor da FGV,
examinando o que, àquela altura,
ainda era apenas uma hipótese. “Não
será fácil governar sem incorrer em
altos custos políticos e sem correr
o risco de sofrer vetos sistemáticos.
Toda a decantada habilidade de Lula
será posta à prova”, concluiu. O artigo da autor Rudson Pinheiro Soares1
O Centrão foi vitorioso nas eleições municipais de 2024. A consolidação dos partidos de centro e centro-direita garantiu o controle de uma parcela significativa das prefeituras brasileiras, resultando no fortalecimento de seu poder político e de barganha.
E assim caminha a humanidade.
Imagem ; Folha de São Paulo
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário