Não tardou, claro!, para que aparecessem tontos de extrema direita e de esquerda para exercitar mentiras convenientes. Uns querem dizer que só passei a me importar com o tema quando a força-tarefa chegou ao PSDB. Há quem tenha (des)estruturado seu miolo mole na pressuposição de que eu seja tucano... Para outro, só depois da Vaza Jato eu teria passado a apontar os descaminhos da força-operação. Esse, então, nem errado consegue ser, coitado!, de acordo com o jornalista Reinaldo Azevedo, no portal UOL.
Que a academia venha a fazer aquilo que, até agora, infelizmente, a imprensa não fez — e, quando acontece, não é sem resistência ou reticência: apontar a essência autoritária da Lava Jato. A justa indignação da sociedade com um sistema corrupto conferiu a procuradores e juízes a licença para atropelar a lei, o devido processo legal e o estado de direito. Um dos desdobramentos deletérios tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro, de acordo com o jornalista.
O professor analisou 194 entrevistas concedidas por membros da força-tarefa e pelo então juiz Sergio Moro. E encontrou uma espécie de padrão: o inconformismo com as regras do jogo que organizam uma sociedade democrática. Transcrevo em azul trechos da entrevista de Sa e Silva. Volto depois, segundo o jornalista. Veja leitor (a), as transcrições do jornalista Reinaldo Azevedo, no Portal UOL.
"ILIBERALISMO Muita gente entendia esses promotores e juízes como agentes do liberalismo político, que estavam tornando o Brasil um país com mais accountability e transparência. Mas, na minha pesquisa, noto que eles articulam uma visão sobre a ação anticorrupção e o Estado de direito conflitiva com o liberalismo político. Eles têm uma visão iliberal. É uma categoria que se tornou popular nos últimos tempos para descrever figuras que, uma vez no poder, começam a minar as condições democráticas que permitiram a sua própria eleição. Como o que [Nicolás] Maduro fez na Venezuela, aprovando novas Constituições e trocando a composição da Suprema Corte. Ou, mais recentemente, como [Donald]rump vem aparelhando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. É minar as instituições e regras que garantem a limitação do seu poder. Porque a democracia liberal é a combinação entre a possibilidade de elegermos alguém que nos governa, mas também a certeza de que essa pessoa não irá abusar do poder que lhe foi conferido".
INIMIGOS DO POVO Embora no começo da força-tarefa houvesse um argumento de que a Lava Jato foi possibilitada pelo direito, depois o direito passa a ser um obstáculo que precisa ser denunciado. Vem a campanha das "Dez medidas [contra a corrupção]" capitaneada pelo Deltan [Dallagnol] e a defesa de reformas para ampliar o poder dos próprios agentes que conduzem a iniciativa anticorrupção. Quando surge uma resistência de setores da sociedade e do Congresso a essas reformas, há um procedimento de denúncia daqueles que resistem, como sendo inimigos do povo que querem que a corrupção reine. Usando uma linguagem alarmista, eles constroem uma oposição entre o povo e as elites, que desejariam perpetuar uma situação de corrupção endêmica. Por fim, quando o obstáculo do direito se coloca de maneira frontal ao que a Lava Jato está fazendo, não apenas se contorna o direito, como busca-se justificar o contorno como algo necessário para proteger o povo e a sociedade. Isso acontece no episódio da liberação das gravações do Lula pelo Moro e em outros eventos
POPULISMO No conceito de populismo há essa ideia de uma oposição entre o povo e os "inimigos" do povo, sendo que o líder se coloca como alguém capaz de proteger o povo. Isso sem dúvida está muito presente na Lava Jato, é só olhar a forma como os agentes da força-tarefa eram representados, e o Moro como um super-herói. Não foi só uma cobertura acrítica de parte da mídia que permitiu que eles chegassem lá, eles trabalharam conscientemente para se posicionaram como esses protetores
AMEAÇA E DOENÇA COMO METÁFORA Essa parte foi algo que me surpreendeu na análise, é uma linguagem que se repete e se expande. Começa com a ideia do monstro, de que a corrupção é um monstro. Depois, que a corrupção é um câncer. E que o câncer está em metástase. E precisa de um tratamento. E o tratamento são as "Dez medidas". Uma das maneiras pelas quais o poder do [Vladimir] Putin, uma liderança iliberal, se afirmou foi construindo a necessidade de proteger a Rússia da União Europeia, que seria um inimigo, uma fonte de promiscuidade e práticas culturais contrárias à identidade nacional russa. Tinha a ideia de que a Rússia era um corpo virgem, puro, sendo vilipendiado por uma força externa maligna. É um pouco o tom do argumento da força-tarefa no Brasil.
PERSEGUIÇÃO DO INIMIGO Tomamos como pressuposto que a ação dos integrantes da Lava Jato era voltada à promoção da transparência e da responsabilidade. Mas, se analisarmos o repertório cultural que eles foram construindo, vemos que isso dá margem para outras coisas, que são contrárias aos ideais de transparência e responsabilidade. Estão muito mais próximas da ideia de identificação e perseguição do inimigo do que propriamente da contenção de arbitrariedade no exercício do poder, que é a chave do liberalismo. É uma gramática política que pode ser invertida e mobilizada contra os ideais do liberalismo.
LAVA JATO COMO FRUTO, NÃO COMO INTENÇÃO Existe esse debate, se a Lava Jato deve ser considerada culpada de tudo o que acontece no Brasil desde 2016 e se a força-tarefa tinha ou não a intenção de fragilizar a democracia no país. Mas, como disse no início, não estou interessado nas intenções, estou mais interessado nos efeitos gerados a partir da interação entre aquilo que eles fizeram com aquilo que outros fizeram, circunscrevendo a análise a esse campo cultural. Nesse sentido, é difícil negar que a luta anticorrupção serviu como plataforma para a extrema direita no Brasil. Se foi construída como esse fim, ou se foi instrumentalizada, deixo para outros responderem". Essas são as transcrições do jornalista, hoje no UOL.
A iniciativa do professor Sa e Silva é mais importante do que parece. Junto com o negacionismo homicida de Bolsonaro veio uma acusação antes mesmo que surgissem os primeiros indícios de roubalheira na área de Saúde em tempos de pandemia. O presidente sugeriu que haveria governadores e outros políticos interessados em superestimar os perigos do coronavírus para... assaltar os cofres públicos, de acordo com o jornalista no portal de imprensa.
Sim, é verdade! Em matéria de corrupção, no Brasil, estamos como uma das máximas da minha Dois Córregos: "A cada enxadada, uma minhoca". Assim, é fundamental que se combatam as práticas corruptas, é claro! E é um fato que existem evidências de roubalheira em vários lugares, segundo o jornalista no canal de imprensa, na manhã desta segunda feira (26).
Á você que está me lendo eu digo :O patrimonialismo foi implantado no Brasil pelo Estado colonial português quando o processo de concessão de títulos, de terras e poderes quase absolutos aos senhores de terra legou à posteridade uma prática político-administrativa em que o público e o privado não se distingue perante as autoridades.
O bolsonarismo é uma corrente de extrema direita, que é elevada ao mais grau mais radical do direitismo dentro do aspecto politico. A politica do bolsonarismo, envolve uma oposição radical ao modernismo do socialismo liberal. O bolsonarismo tem total desprezo pelo igualitarismo liberal, acreditando na hierarquia social entre os indivíduos.
A Social Democracia é uma corrente de pensamento politica modernista. A Social Democracia é uma corrente social liberal, que foca no bem estar social dentro de um capitalismo liberal. O Brasil teve anos terríveis de arrocho salarial no período militar.
Com a redemocratização do país em 1985, o Brasil passou a ter uma Social Democracia Liberal. com foco no bem estar social dentro do capitalismo econômico. No governo do ex presidente Fernando Henrique Cardoso, se iniciou a valorização do salário mínimo, por emenda constitucional.
No governo do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tivemos a introdução de programas sociais, como o Bolsa Família e o Fome Zero, ambos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como os programas que possibilitaram a saída do país do mapa da fome. Nos governo de centro e centro esquerda, a Social Democracia Liberal, era a ordem nacional no Brasil, desde a sua saída do período militar, não havendo espaço para uma extrema direita tão radical.
Contudo, veio a Operação Lava Jato, que devastou os grandes partidos de centro e centro esquerda no Brasil, PT, PSDB e MDB, foram aniquilados, e também a Social Democracia Liberal. Nascia uma polarização raivosa no Brasil, entre os Sociais Democratas Liberais e os Bolsonaristas. Havia a subversão a ordem nacional que sempre tivemos no Brasil desde a sua redemocratização.
A corrupção envolvendo os grandes partidos existiu. Houveram provas. Contudo, baseado no meu raciocínio Histórico, que compartilho com você leitor(a), eu chego á uma certeza. Sem Operação Lava Jato, jamais existiria Jair Bolsonaro.
O eleitorado de classe média, em sua ampla maioria, sempre foi fragmentado na Social Democracia Liberal, entre os campos políticos progressista e de centro. Em condições normais, o eleitorado de classe média, não iria aderir a extrema direita bolsonarista. Sem Lava Jato, esse eleitorado de classe média, seria fragmentado entre os campos políticos que representam a Social Democracia Liberal. A eleição de Jair Bolsonaro, foi uma subversão dessa ordem nacional.
E assim caminha a humanidade.